segunda-feira, 12 de março de 2012

Dom de Conselho

Aprofundando a Boa Nova do
Senhor Jesus Cristo
PJ Nº 10
Dom de Conselho
Deus contemplou toda a sua obra e viu que tudo era muito bom (Gn 1,31).
O Senhor, nosso Deus, dispõe tudo com sabedoria! Todas as obras que criou são perfeitas; de sorte que não há campo algum da vida espiritual em que Deus não tenha vindo ao encontro das nossas necessidades.
Na verdade, para que o procuremos, ouçamos a sua voz e permaneçamos sempre unidos a Ele, estabeleceu em nós a obra da graça sobre a obra da natureza.
Assim, “cada uma das obras de atividade que há em nós, Deus providenciou:
- na ordem natural com as faculdades e os sentidos.
Muitas vezes, nos momentos de nossas dificuldades em discernir perfeitamente nossos problemas e questões a resolver, procuramos pessoas cheias de experiências para que nos aconselhe o que devemos fazer.
Libertação dos apóstolos a conselho de Gamaliel (At. 5,34-40).
- na ordem sobrenatural com as virtudes e os dons.
O Dom do Conselho tem como virtude de suas moções a prudência que, como virtude moral, tem o selo de nossa imperfeição. Todavia, pela visão da fé que tudo opera pela caridade, regula e dispõe nossos atos segundo a reta justiça. (Jo 7,24).
“Mestre, que devo fazer de bom para ganhar a vida eterna?... Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19,16-21).
Diz-nos o Santo Doutor: “Compreende-se outra diferença que existe entre a prudência virtude e o Dom do Conselho: A prudência é regida pela razão, o Dom do Conselho, movido pelo Espírito Santo. A prudência põe um modo humano em nossos atos: incerteza e timidez; o Espírito Santo põe um modo divino nos atos que procedem do Dom do Conselho”.
O Dom do Conselho é o que está mais próximo dos dons afetivos, o que dirige os Dons do Temor de Deus, da Fortaleza e da piedade.
Ora, o Dom do Conselho objetiva aplicar todos os princípios especulativos à ordem prática da vida, à direção dos nossos atos e/ou ações; pois, Ele regula e dispõe os nossos atos.
Assim, pois, está voltado para os dons afetivos:
- O Dom do Temor de Deus, que modera os ímpetos desordenados das nossas concupiscências;
“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2,15-17).
- O Dom de Fortaleza, que retira de nós o temor do perigo;
“Até os adolescentes podem esgotar-se, e jovens robustos podem cambalear, mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para frente sem se fatigar” (Is 40,30-31).
- E o Dom da Piedade, que tem por objetivo regular e dispor nossas relações com os demais.
“Caríssimos com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu”. (I Jo 3,1).
“Eu repreendo e corrijo aqueles que amo. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te” (Ap 3,19).
Isto, na verdade, é bem de regeneração e renovação; pois, pelo Temor de Deus, o Espírito Santo move em nossos corações, as virtudes da esperança e da temperança. Assim, também, pelo Dom da Fortaleza, o Espírito Santo nos move a virtude moral da fortaleza e, pelo Dom da Piedade, o Espírito Santo nos move a virtude da Justiça.
“Mostrai-me a moeda com se paga o imposto! Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: “De quem é esta imagem e esta inscrição? De César, responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: “Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. (Mt 22,19-21)
Como obra do Espírito Santo em nossos corações, o Dom da Piedade desenvolve o afeto filial a Deus, e assim, por sermos filhos e filhas, ocupamo-nos da honra e da glória do nosso Pai.
Ora, tudo em nossa vida, desde nascer ao por do sol, dependemos do Espírito de Deus. È Ele plenitude, verdade e graça que recebemos do Pai Eterno, por seu Filho Jesus Cristo, nosso único Senhor.
“Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça, pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. (Jo 1,16-17).
O Espírito Santo, como já dissemos, é a alma de nossa alma e a vida de nossa vida.
Ensina-nos Dom Luiz M. Martinez: “Encontramos tantos sofrimentos, tantas dificuldades, tanta contrariedade em nossa vida, que se não tivéssemos outra direção a não ser a nossa pobre prudência, não conseguiríamos chegar ao termo”.
Assim, embora as virtudes, regidas pela nossa razão, tenham um selo, selo de imperfeição; os Dons como nos ensinam o santo Doutor, manejados pelo Espírito Santo, têm um selo divino, um selo de perfeição.
Certamente, por isso, Santa Catarina de Sena passava Quaresmas inteiras sem tomar outra coisa a não ser a Sagrada Comunhão. Assim, ela, não considerava a regra da razão, mas, pelo dom do Conselho, a regra altíssima da vontade de Deus.
Damos graças a Deus por todos estes ensinamentos necessários na vida de nossos corações.
Finalmente, é Dom Luiz M. Martinez que encerra esta página para nós, os filhos e filhas de Deus, no Poço de Jacó: “Felizes as almas que são conduzidas pelo Espírito Santo no meio das vicissitudes da vida, entre os tortuosos caminhos da terra! A mão de Deus as guia de maneira segura e trazem em seu coração a tranqüilidade e a paz, porque trazem a luz, porque o Espírito Santo as move, porque vão, por assim dizer, sob a sombra de suas asas caminhando triunfantemente pelas sendas da vida que hão de levá-las a doce eternidade”.
João C. Porto

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