sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Dom de Fortaleza

Aprofundando a Boa Nova

do Senhor Jesus Cristo

PJ 07

Dom de Fortaleza

Somos templos de Deus (I Cor 3,16) e, inclusive nosso corpo é templo do Espírito Santo (I Cor 6,19-20), a fim de que alcancemos a graça de trazer e glorificar o Senhor, nosso Deus, em nosso próprio coração.

São setes os Dons infusos, dons de santificação das almas dos filhos e filhas de Deus. Por eles o Espírito Santo nos santifica através das faculdades do nosso espírito e move em nós as sete virtudes da obra de nossa perfeição.

As obras, que o Espírito Santo realiza em nossas almas, através dos dons de santificação, dos dons carismáticos e das virtudes da caridade do amor do Pai e do Filho, são:

- A santificação das faculdades do nosso espírito, pelos dons infusos e as virtudes, através deles, movidas:

Faculdades do nosso espírito

Inteligência e/ou entendimento

Vontade

Memória

Imaginação

Afetividades

Pelo Dom de Fortaleza o Espírito Santo move em nosso coração a virtude da fortaleza, confortando-nos com a força do amor de Deus, santificando em nós as áreas da imaginação e afetividades.

- A regeneração e renovação do nosso espírito, da alma e do corpo, através do amor misericordioso de Deus. (Tt 3,4-7)

- O aperfeiçoamento dos filhos e filhas de Deus, através das virtudes:

Esperança

Caridade

Temperança

Prudência

Justiça

Fortaleza

(I Cor 13,13; Sb 8,7)

Pela virtude da fortaleza, o Espírito Santo nos capacita através da caridade do amor do Pai e do Filho a evitar o perigo e vencer todo o mal.

Ensina-nos o “Veni Creator”: “Sê nosso guia no caminho para que possamos evitar todo o mal”.

- A perfeição plena de homem feito, segundo a maturidade da idade de Cristo. (Ef 4,13)

- A obra da entrega incondicional, do íntimo mais íntimo e profundo do coração com Cristo, no silêncio, na escuta e no diálogo, a fim de que sejam produzidos os frutos de vida eterna. (Gl 5,22-23).

Ora, para a prática do bem há em nós grandes dificuldades:

- A inclinação desordenada que temos para praticar o mal.

“O mal se alastra como a gangrena” (II Tm 2,17)

“O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio” (Lc 6,45).

“Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6,21).

- As coisas do mundo, que nos seduzem:

“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2,15-17).

- As atrações que as criaturas exercem sobre nós.

“e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal” (Mt 6,13).

Exemplo:

“Henoc andou com Deus, e desapareceu, porque Deus o levou”.

“Pela fé Henoc foi arrebatado, sem ter conhecido a morte: e não foi achado, porquanto Deus o arrebatou; mas a Escritura diz que, antes de ser arrebatado, ele tinha agradado a Deus” (Hb 11,5; Gn 5,24).

Ora, para o exercício da vida espiritual, ainda que nos esforcemos em busca do objetivo verdadeiro, encontramos muitas dificuldades e perigos.

“Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se cansa de ouvir” (Ecl 1,8).

Por isso que S. Tiago nos ensina, dizendo:

“Já o sabeis meus diletíssimos irmãos: todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar” (Tg 1,19).

- x -

“Se vos irardes não pequeis. Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento” (Ef 4,26).

Não é verdade que, para alcançarmos a felicidade eterna, enfrentamos grandes obstáculos e temos que vencê-los?

Que disse o Senhor Jesus aos seus apóstolos?

“Referi-vos essas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Tudo nos parece difícil diante dos deveres de nossa vida espiritual. Em cada esforço de virtude necessitamos de cuidados e dedicação relativamente ao nosso propósito de vivermos de fé para fé, a fim de encontrar graças para sermos socorridos na oportunidade de lutar e vencer; não por nossas forças, mas pela força daquele em quem tudo, pela fé, nos é possível.

“Tudo é possível a quem crê” (Mc 9,23).

Para tal, nunca nos esqueçamos de que, como filhos e filhas de Deus, viveremos sob a direção amorosa do Espírito Santo.

Que nos diz o apóstolo S. Pedro?

“Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (I Pd 5,8).

Então para vencer nossas dificuldades e fugir dos perigos, o Senhor nos deu um conjunto de virtudes que se unem a virtude moral da fortaleza:

- A paciência

- A perseverança

- A fidelidade

- A magnanimidade

Essas virtudes são como um exército em ordem de batalha, para fortificar-nos na luta cotidiana, a fim de que estejamos capazes de superar as dificuldades e evitar os perigos.

Ora, Dom Luiz M. Martinez nos diz que este grupo de virtudes sobrenaturais, embora eficacíssimas, ainda não são suficientes para que possamos superar todas as dificuldades e fugir de todos os perigos. Porque as virtudes por mais sobrenaturais que sejam, têm o nosso selo, têm o modo humano, e nosso pobre espírito, estreito e limitado é muito débil; pois, os pensamentos dos homens são tímidos e as suas providências incertas.

Desse modo, para alcançarmos a salvação de nossas almas, ainda não é suficiente a virtude da fortaleza com seu conjunto de virtudes.

É-nos, pois, necessário um Dom, o Dom do Espírito Santo, o Dom de Fortaleza, o qual move em nós, principalmente, a virtude da Fortaleza, para que sejamos vencedores, como que, revestidos da potencialidade divina.

Ora, pelo dom de Fortaleza, o Espírito Santo nos move de tal forma, que podemos, por suas moções necessárias, superar todas as dificuldades, fugir dos perigos e trazer em nossa alma a confiança do apóstolo Paulo, quando dizia: “Tudo poço naquele que me fortalece” (Fl 4,13).

Assim será sempre através do Dom de Fortaleza que estaremos fortalecidos, pela fé que opera pela caridade e pela força do amor de Deus que tudo pode e tudo opera em favor de seus filhos e filhas.

Contudo, as virtudes morais, principalmente, não podem aperfeiçoar-nos além de nossas forças. Assim, pois, é-nos profundamente necessário que, pelo Dom de Fortaleza, sejamos santificados pelo Espírito Santo.

Como as demais virtudes morais, a virtude da fortaleza não pode impelir-nos a nenhum objetivo superior ao que podemos; visto que todo potencial de realização e vitória procede dos dons que fortalecem suas respectivas virtudes.

Assim, o Dom da sabedoria move a virtude da caridade. O Dom do entendimento (Inteligência sobrenatural) move a virtude da fé. O Dom do conselho move a virtude da prudência. O Dom de Fortaleza move a virtude da fortaleza. O Dom de ciência move a virtude da fé. O Dom de piedade move a virtude da justiça. E o Dom de Temor de Deus move as virtudes da temperança e da esperança.

Observemos que, sendo o Dom do Temor de Deus o menor entre todos os dons de santificação, por ele, o Espírito Santo move em nossa alma duas virtudes: “a temperança e a esperança”.

Desse modo, cada Dom de santificação nove uma ou mais virtudes. O Espírito Santo as move através de seus Dons. Por isso, na medida em que nossas faculdades são santificadas, realizaremos, através das virtudes morais, principalmente, a obra de nossa perfeição.

“Sede perfeitos assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).

Assim, pois, não devemos enfrentar, por nós mesmos, o que é superior as nossas forças; visto que o Senhor Jesus tudo venceu por nós. Ele é nossa vitória e nossa paz.

Diz-nos o santo Doutor que “a medida do Dom da Fortaleza não são as forças humanas, não são as forças angelicais, é a força de Deus, sua força infinita, sua força onipotente. Pelo Dom da Fortaleza, o Espírito Santo nos impele a tudo aquilo que a força de Deus pode alcançar”.

Quando o apóstolo S. Paulo nos diz, “tudo posso naquele que me dá força”; na verdade, ele quer dizer: “tudo posso, porque conto com Deus, porque possuo a força, porque estou revestido de sua fortaleza divina; tudo posso porque sou confortado por Deus”.

Pelo Dom da Fortaleza os santos alcançaram a perfeição absoluta, pela qual encontraram gozo até mesmo no sofrimento.

Certa vez São Francisco de Assis disse ao seu Irmão Leão: “a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo que tanto quis padecer por nós”.

Assim, pois, somente pelo Dom da Fortaleza é possível a alegria na dor.

Que o Divino Espírito Santo ilumine os olhos de nossos corações, para que assim possamos contemplar as maravilhas que trazemos no núcleo central da vida, no silêncio de nossos pobres corações.

João C. Porto