Temor de Deus
Quando lemos no livro do profeta Isaias, no capítulo 11,2, observamos que dos sete dons de santificação do Espírito Santo, o Temor de Deus é o menor entre eles, isto é, o sétimo. Entretanto, santo Agostinho e demais doutores da Igreja o relacionam como o primeiro entre eles:
Temor de Deus
Piedade
Ciência
Fortaleza
Conselho
Entendimento
Sabedoria.
Peguemos a palavra do Senhor Jesus Cristo dirigida aos
apóstolos: “O menor entre vós será o maior”. É que o menor é aquele que mais
ama. É como nos diz o Salmista: “Guardo no fundo do meu coração a tua palavra
para não pecar contra ti”. (Sl 118,11). Então, em consequência, o temor de Deus
é ter horror ao pecado; isto é, amar a Deus de todo espírito, de todo o
coração, de toda a alma e com todas as forças do seu ser mais íntimo e
profundo.
O amor, desse modo, é o dom maior, o vinculo de todas as
perfeições, o próprio Deus, na unidade das três pessoas divinas, Pai, Filho e
Espírito Santo.
No decálogo temos que o princípio é amar a Deus sobre
todas as coisas. Este é o maior mandamento da lei de Deus. Ora, é do seio da
lei divina - o amor - que o Senhor Jesus Cristo cita os três maiores pilares da
lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. (Mt 23,23). Assim, como o
apóstolo João nos ensina que “Deus é amor” (I Jo 4,8), consoante nos ensina S. Agostinho: “A medida do amor é amar sem
medida”.
Desse modo, os sete Dons de santificação, que através
do Batismo da Igreja Uma Santa, Católica e Apostólica (Concílio de Calcedônia) o
Espírito Santo infundiu em nossos corações, são os santificadores de nossas
faculdades espirituais: Inteligência, vontade, memória, imaginação e
afetividades.
Porque quando nascemos para viver no seio deste mundo
sensível da matéria, nossas faculdades
espirituais são estimuladas através dos sentidos: visão, audição, tato. Olfato
e paladar. Desse modo, quando despertamos para o mundo racional, nossa razão é estimulada
e influenciada pela cultura do meio onde vivemos.
Dito isto, conclui-se que nossa santificação, a qual
tem como princípio a fé, a esperança e a caridade, completam-se através da
regeneração de nossas faculdades espirituais, em função dos Dons de
santificação. Assim, para a santificação da faculdade de nossa inteligência, a
mais importante e/ou elevada,
o Espírito Santo o faz através dos quatro dons intelectuais: “Entendimento,
Sabedoria, ciência e conselho”. Porque pelo Entendimento penetramos nas
verdades divinas, e para julga-las temos três dons: o da Sabedoria que julga
das coisas divinas; o de ciência que julga das criaturas; o do conselho que
regula e dispõe os nossos atos.
Para a faculdade da vontade, que segue em categoria e
nobreza a nossa inteligência, há um Dom, o dom da piedade, que tem por objeto
julgar e dispor nossas relações com os demais.
E para dominar a parte inferior do nosso ser, há dois
Dons; o de Fortaleza e o de Temor de Deus: o de Fortaleza para tirar-nos o
Temor do perigo; e o Temor de Deus para moderar os ímpetos desordenados da
nossa concupiscência.
Obs: Este pequeno estudo tem o auxílio da sabedoria de
Dom Luiz M. Martinez.
João C. Porto.