sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

De fé para fé



A fé é a primeira, mas a menor das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade). Ela é pequena até mesmo na grafia; mas, mesmo pequenina do tamanho de um grão de mostarda, tem o poder de Deus em todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo, de todo o coração. Mesmo assim, o amor é que a fundamenta, desde o princípio de vida espiritual até ao final de nossa vida sobre a terra; quando, no céu, a fé será substituída pela visão beatífica.
São Paulo nos ensina que o importante, em Cristo Jesus, é a fé que opera pela caridade (Gl 5,6). Por isso, a caridade é das três virtudes, a maior de todas; porque, na vida eterna, é a única que permanece; visto que é fruto do amor, a própria face do Espírito Santo em nossos corações; pois, “Deus é amor” (I Jo 4,8).
Que nos ensina S. Paulo?
- “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram” (Hb 11,6).
A fé, no princípio da salvação, é a virtude de quem crê em Deus, a partir de sua palavra. Por isso o Senhor Jesus nos declara: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16,16).
Então, examinando as Escrituras Sagradas, cremos em Deus; mas, é pelo batismo do Espírito Santo que recebemos o selo da promessa do Pai Eterno. (Ef 1,13).
Assim, foi a partir desse momento que ingressamos na plenitude do Senhor Jesus Cristo. (Jo 1,16-17).
Não foi desse modo que aconteceu com o Senhor Jesus, logo após o seu batismo no Rio Jordão? Na verdade, quando ele saía das águas, o Espírito Santo desceu sobre ele, revestindo-o da graça, dos dons, dos carismas, das virtudes e dos frutos do amor do Pai.
Então, os céus se abriram e, o Pai Eterno revelou-o e o apresentou a toda a humanidade, dizendo: “Este é o meu Filho muito amado, em quem ponho minha afeição” (Mt 3,17).
Ora, como a fé é o fundamento da esperança (Hb 11,1), Deus, em virtude da nova filiação de seus escolhidos (Gl 4,5-6), tornou-nos herdeiros de Deus e   co-herdeiros de Cristo (Rm 8,15).
- “E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
Então, que devemos fazer?
Sermos participantes da herança reservada aos santos (Tt 3,4-7); revestir-nos da caridade, que é o vínculo da perfeição. (Cl 3,14). Então, desse modo, seremos transformados pela renovação do nosso espírito,  revestidos do homem novo criado por Deus, em verdadeira justiça e santidade. (Ef 4,23-24).
 “A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará” (I Cor 13,8).
Assim, a fé, no princípio, é a virtude dos que creem em Deus, que é a Verdade Eterna; em Jesus Cristo, que é a Fidelidade Suprema, fonte da sabedoria no céu e na terra; e no Espírito Santo, que é a Bondade Infinita.
“Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus...” (Jo 1,12-13).
A fé inicial é a que nos leva a acreditar no Deus Todo-poderoso criador do céu e da terra e de tudo quanto neles há. Essa é a fé que nos conduz ao amor primeiro, que afervora e abrasa nossos corações.
“Dizia então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).
Diz-nos Santo Agostinho que, quando lemos a palavra de Deus, é Deus que fala conosco e, quando oramos, somos nós que falamos com Deus. Ora, é nesse escutar e falar com Deus que nossa fé se torna poderosa, infinitamente, de maior força do que a alavanca de Arquimedes: não removerá somente a terra, mas nossos corações, para transformá-los em templos de Sua morada.
Essa fé do princípio de nossa conversão; é a que nos leva ao entendimento do Pai e do Filho – Jesus Cristo –, ao autoconhecimento de si próprio e do próximo, que nos conduz, a partir da palavra de Deus, sob a direção amorosa do Espírito Santo. (Rm 8,14.16).
 “Vou te ensinar, dizeis, vou te mostrar o caminho que deves seguir; vou te instruir, fitando em ti os meus olhos:” (Sl 31,8a); “pois, quem vos tocar, toca a menina dos meus olhos” (Zc 2,8 = Vulgata e Zc 2,12 = Ave-Maria).
A fé confiante é a de quantos confiam plenamente em Deus.
“O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo?” (Sl 26,1).
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31).
“Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13).
“Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8,35a).
A fé operante é a que nos santifica através das obras.
Ela nos santifica, na medida em que vivenciamos os carismas do Espírito Santo.
A um é dado pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro a graça de curar os doentes, no mesmo Espírito; a outro o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz.
“O que importa é a fé que opera pela caridade” (Gl 5,6). A caridade do Amor do Pai e do Filho é o vínculo de perfeição e santidade da nossa fé que tudo realiza segundo a vontade de Deus.
Desse modo, a confiança que depositamos nele é esta: “em tudo quanto lhe pedimos, se for conforme a sua vontade, ele nos atenderá”. “E se sabemos que ele nos atende em tudo quanto lhe pedimos, sabemos daí que já recebemos o que pedimos” (I Jo 5,14-15).
É por isso que o Senhor Jesus Cristo nos ensina dizendo:
“Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (Mt,21,22).
Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crendo que o tendes recebido, e ser-vos-á dado. (Mc 11,24).
Disse-lhe Jesus: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá” (Lc 17,6). 
Bom é vivermos de fé em fé; pois, o justo vive da fé! 

João C. Porto

domingo, 16 de dezembro de 2012

Feliz Natal!...


Feliz Natal!...

Natal feliz é um Natal de felicidade, com o Senhor Jesus Cristo nascendo e crescendo nos corações das famílias Inteiras, onde mora o Natal do amor que nos foi dado: o Espírito do Pai e do Filho.
Desejamos neste Natal do Senhor Jesus, um Natal de Justiça, de paz e alegria no Espírito Santo ao mundo inteiro, principalmente àqueles que buscam, através da fé, da esperança e da caridade, entrar no caminho da porta estreita. (Mt 7,13):
- Feliz Natal aos que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus!
- Feliz Natal aos que choram, porque serão consolados!
- Feliz Natal aos mansos, porque possuirão a terra!
- Feliz Natal aos que têm fome e sede de Justiça, porque serão saciados!
- Feliz Natal aos misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
- Feliz Natal aos puros de coração, porque verão a Deus!
- Feliz Natal aos pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
- Feliz Natal aos que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
- Feliz Natal aos que são falsamente caluniados por causa do nome do Senhor Jesus Cristo, porque experimentarão as alegrias dos santos!
Feliz Natal ao universo inteiro: as estrelas, ao sol, a terra e a lua!...
Feliz Natal a tudo quanto existe sobre a terra e respira o hálito do dom da graça de Deus!
Feliz Natal a todos os irmãos em Cristo Jesus, a todos os amigos, inclusive ao seguidores do blog “Poço de Jacó” e a quantos visitam suas páginas (www.jcarvalhoporto.blogspot.com).
Feliz Natal a todas as criancinhas que se encontram nos braços do Senhor Jesus Cristo. (Mt 18,3).
Feliz Natal a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica e as demais Igrejas que, no mundo inteiro, conjuntamente e harmoniosamente pregam conosco a palavra de Deus com justiça, misericórdia, fidelidade e desprendimento de riquezas terrenas. (Mt 23,23).
Finalmente, Feliz Natal de um Natal feliz para todos!
“Gravai, pois, profundamente em vossos corações e em vossas almas estas minhas palavras; prendei-as às vossas mãos como um sinal, e levai-as como uma faixa frontal entre os vossos olhos” (Dt 11,18).
Feliz Natal para a humanidade inteira!...

João Porto e Zuleica Porto

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Poder da Oração


ORAÇÃO DE PODER

Todos os que nascem da vontade de Deus têm o poder de Deus ao seu alcance; porque são templos de Deus, sacrários do Espírito Santo – amor do Pai e do Filho –, que tudo crê tudo espera, tudo suporta e tudo opera, na vontade e poder do Todo-poderoso, Senhor Javé.
“Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,12-13).
Como podemos observar, os que estão no Senhor Jesus Cristo são novas criaturas; pois nasceram da água e do Espírito. (Jo 3,5).
São filhos e filhas de Deus que renovaram sem cessar o sentimento da sua alma, e, por isso, estão revestidos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade. (Ef 4,23-24).
São pessoas, profundamente, amadas de Deus (Rm 1,7), que em o nome do Senhor Jesus Cristo já não se conformam com a secularização dos tempos, mas, transformaram-se pela renovação do seu espírito; isto é, mudaram de vida e de mentalidade; para que possam discernir qual seja a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe é agradável e o que é perfeito. (Rm 12,2).
Na verdade, os verdadeiros filhos e filhas de Deus, vivem na graça e da graça da plenitude do Senhor Jesus Cristo. (Jo 1,16). Têm o coração circuncidado (Rm 2,29), e são autênticos templos do Espírito Santo (I Cor 3,16; 6,19-20).
Todos, eles e elas, pelo batismo, estão revestidos de Cristo (Gl 3,27). E já não são eles que vivem, falam e operam, porque é Cristo neles (Gl 2,20). Por isso, a oração, da fé dessas pessoas é, na verdade, de poder, conforme nos ensina o Senhor e Salvador Jesus Cristo.
“Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o recebereis” (Mt 21,22).
Por isso vos digo: “Tudo o que pedirdes na oração, crendo que o tendes recebido, ser-vos-á dado” (Mc 11,24).
Disse-lhe Jesus: “Se podes alguma coisa!... Tudo é possível ao que crê.” (Mc 9,23)
Convenhamos, irmãos, o poder da oração é a nossa fé! Por isso,  a palavra de Deus nos diz: “Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta amoreia: “Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá.” (Lc 17,6)”.
Existe até um tipo  “midrash” muito interessante: “Um jovem foi ao convento aconselhar-se com um monge sobre a oração de poder”. O monge, ao final de sua catequese, disse ao jovem: “Meu filho, o poder da oração é a nossa fé”! Você está vendo aquele rochedo? Estou, sim, disse o jovem! Então, se você tiver fé e disser aquele rochedo: Vem para cá, ele virá. Nesse instante o rochedo começou a se deslocar em sua direção. Então, o monge disse ao rochedo: “Volte para seu lugar, eu estou dando, apenas, um exemplo!”
Ora, o Espírito Santo nos foi dado gratuitamente!... Ele é a direção amorosa dos filhos e filhas de Deus.    (Rm 8,14.16; Sl 31,8).
“e a esperança não trás engano, porque a caridade de Deus está derramada em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
“Ora, nós não recebemos o espírito deste mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, para conhecermos as coisas que por Deus nos foram dadas” (I Cor 2,12).
Não é verdade: O homem espiritual julga todas as coisas e não é julgado por ninguém, pois tem o pensamento de Cristo. (I Cor 2,15-16).
Já me disseram: seu João, se a oração daqueles que vivem de fé para fé não é poderosa para alcançar as graças das quais necessitamos, que adianta orar?
Cuidado, doutores da Igreja!... Teólogos, sacerdotes e leigos; vós todos que em canal de televisão dizeis que não há oração de poder!... A grande maioria de pessoas simples e de pouco conhecimento das coisas santas, vivem da fé que cura e liberta e, por isso, os leva a crer no poder de Deus, ou seja, oração forte e de poder dos  corações de quantos  O amam sob o influxo do Temor de Deus. A respeito dessa realidade, o Deus de Israel manifesta-se na oração de poder de seus filhos e filhas amados:
  “Então tua luz surgirá como a aurora, e tuas feridas não tardarão a sincretizar-se; tua justiça caminhará diante de ti, e a glória do Senhor seguirá na tua retaguarda. Então às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá: Eis-me aqui!”
Que não sejais culpados da perdição dos pequeninos do Senhor; pois eles creem na oração de poder. Alguns já começaram demonstrar intranquilidade diante do que vós dizeis: “Não existe oração de Poder”!... O Senhor e Salvador Jesus Cristo e seus apóstolos não quebraram o “caniço rachado” nem apagaram a “mexa que ainda fumega”!... Vós, porém, não recebestes o múnus de Cristo? Como sois capazes de pensar diferentemente do pensamento de Cristo?
Vejam o que São Boaventura disse a um dos seus: “Uma velha, pobre e ignorante, pode amar mais a Deus do que o maior de todos os teólogos da Igreja”.
Devemos, pois ter amor aos “pequeninos”, amados do Senhor, e tudo medir e falar com a linguagem do seu entendimento:
“Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: desce do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade. Por sua vontade é que nos gerou pela palavra da verdade, a fim de que sejamos como que as primícias das suas criaturas. Já o sabeis, meus diletíssimos irmãos:  todo homem deve ser pronto para ouvir, porém, tardo para falar e tardo para se irar; porque a ira do homem não cumpre a justiça de Deus.” (Tg 1,17-20).
Vejamos como o Senhor, nosso Deus, é profundamente bom:
“Eu repreendo e corrijo aqueles que amo. Reanima, pois o teu zelo e arrepende-te” (Ap 3,19)
“Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17,7).
Porventura não vos lembrais mais do conselho de Gamaliel, no Sinédrio? (At 5,34-40).

João C. Porto

sábado, 24 de novembro de 2012

Fugir do pecado


Pecado e Salvação 

O Pecado é um desamor a Deus onipotente, a si mesmo, ao próximo e ao ambiente no qual vivemos. 

Há muitas formas de pecados – pecados mortais e pecados veniais – entretanto todos são pecados e, pequenos ou grandes, todos matam a alma de quem vive conforme as concupiscências da carne, a concupiscências dos olhos e a soberba da vida (I Jo 2,12-17). 

O pecado nos leva à morte eterna; a salvação, ao contrário, nos liberta da morte eterna do pecado e, em Jesus Cristo, nossa salvação, nos dá a graça de sentarmos em seu trono, à sua direita. 

Ao vencedor concederei assentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono (Ap 3,21). 

Mas, não é apenas assentar-se com o Senhor Jesus no seu trono, porque somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo. 

“O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21,7). 

Assim, “de agora em diante, pois, já não há mais nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo”. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. (Rm 8,1-2). 

(Sl 2,1-6) 

- “Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta à mesa dos escarnecedores”.

- Feliz aquele que se compraz na lei do Senhor e medita sua lei dia e noite.

- Ele será semelhante à árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, prospera.

 - Os ímpios não são assim! Mas são como a palha que o vento leva.

- Por isso os ímpios não suportarão no dia do Juízo, nem os pecadores se assentarão na assembleia dos justos.

- Porque o Senhor conhece o caminho dos justos, ao passo que o caminho dos ímpios perecerá. 

(Eclo 21,1-4) 

“Filho, pecaste? Não o faças mais. Mas ora pelas tuas faltas passada, para que te sejam  perdoadas”.  

“Foge do pecado como se foge de uma serpente, porque, se dela te aproximares, ela te morderá”. 

“Os seus dentes são dentes de leão, que matam as almas dos homens”. 

“Todo o pecado é como uma espada de dois gumes; a chaga que ele produz é incurável”.  

O Senhor Jesus e S. Paulo falam do pecado:

(Jo 8,34 e Rm 6,23) 

“Respondeu Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: “Todo o homem que se entrega ao pecado é seu escravo” 

“Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo, nosso Senhor”. 

“Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei”. Graças, porém, sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Por consequência, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, aplicando-vos cada vez mais à obra do Senhor. Sabeis que o vosso trabalho no Senhor não será em vão. (I Cor 15,56-58)”. 

A Salvação nos foi dada em Jesus Cristo, o Senhor.
(Jo 3,16-18) 

“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.

“Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.

“Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; porque não crê no nome do Filho único de Deus”. 

Todos nós somos templos de Deus 

“Eis a lei do templo, no cume da montanha, todo o espaço que o rodeia é área sagrada (Santíssima)” (Ez 43,12). 

Cada um dos batizados é templo de Deus, porque está revestido de Cristo.

(Gl 3,27) 

“Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós”? (I Cor 3,17) 

Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Trazei e glorificai, pois, a Deus no vosso corpo. (I Cor 6,19-20).

(I João 2,12-17 – perigo do mundo)  

Filhinhos, eu vos escrevo, porque vossos pecados vos foram perdoados pelo seu nome (I Jo 2,12). 

Quando o apóstolo nos chama de filhinhos, é porque já mudamos de vida e de mentalidade (Mt 3,2), estamos renovados, e conhecemos a perfeita vontade de Deus (Rm 12,2). Agora, vivemos sob a direção amorosa do Espírito Santo, como filhos e filhas de Deus (Rm 8,14.16), porque pelo Espírito mortificamos as obras da carne (Rm 8,13). 

Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio.
Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno (I Jo 2,13). 

Quando o apóstolo nos chama de pais, é porque, pela fé, nos encontramos na maturidade da idade de Cristo (Ef 4,13); vivemos com Ele na intimidade em nossos corações.

Quando o apóstolo nos chama de jovens é porque nascemos de novo (Jo 3,5) e, por isso, somos novas criaturas, revestidos do homem novo criado por Deus, na verdadeira justiça e santidade (II Cor 5,17; Ef 4,23-24). 

Crianças, eu vos escrevo, porque conheceis o Pai. 

Quando o apóstolo nos chama de criancinhas, é porque já estamos nos braços do Senhor Jesus, totalmente convertidos. (Mt 18,3-4). 

Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio.

Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o Maligno. (I Jo 2,14).

Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. (I Jo 2,15).  

Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procedem do Pai, mas do mundo. (I Jo 2,16). 

O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente (I Jo 2,17). 

     João C. Porto


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Léxico Bíblico


ESCOLA MATER “ECCLESIAE”

Léxico Bíblico 

Vocábulos técnicos, específicos do linguajar exegético bíblico  

Gênero literário: conjunto de normas de estilo e de vocabulários que regem a explanação de determinado assunto. Assim, os textos de leis têm seu expressionismo e seu estilo próprio (claro e conciso); ao contrário, a poesia tem outro expressionismo (metafórico e reticente); uma carta familiar diferente, por seu linguajar, de uma carta comercial... – Como há gêneros literários na linguagem moderna, há-os também na linguagem bíblica; a consciência disto tornou-se clara aos cristãos a partir de fins do século passado (19); em conseqüência, hoje, quando o leitor está para abordar o texto bíblico, deve informar-se a respeito do respectivo gênero literário (será poesia?... parábola?...). Cada gênero literário, tendo suas regras de expressão próprias, tem também suas regras de interpretação particulares, de modo que não se pode entender um texto de leis como se entende uma poesia ou uma parábola.  

A definição do gênero literário de um determinado texto não se pode fazer arbitrariamente, mas deve obedecer a critérios científicos (exame das características do texto). 

Hagiógrafo: autor sagrado ou autor de algum livro bíblico. Um só livro pode ter mais de um autor ou hagiógrafo. 

Hermenêutica: arte de interpretar (hermeneuein, em grego). Interpretar é procurar compreender e explicar – o que tem de ser feito segundo critérios objetivos e não conforme opiniões ou pareceres subjetivos. Embora a Bíblia seja palavra de Deus, que tem eficácia santificadora própria, ela é a palavra de Deus encarnada na palavra do homem; por isso precisa de ser entendida primeiramente como o instrumento das ciências históricas e lingüísticas para se perceber o sentido da roupagem que a Palavra de Deus quis assumir. Só depois de depreender o que o autor sagrado tinha em vista exprimir com sua linguagem, é possível passar para o plano da fé e da teologia. 

Inferno: do latim infernus, adjetivo que vem de infra, abaixo. Inferno seria a região inferior, colocada debaixo da superfície da terra. Significaria o cheol dos judeus antigos. Na linguagem cristã, feita abstração de topografia ou de geografia do além, inferno significa o estado póstumo dos que renegaram consciente e voluntariamente a Deus. 

Inspiração bíblica: distingue-se da inspiração no sentido usual da palavra, pois não é ditado mecânico nem é comunicação de idéias que o homem ignorava. Inspiração bíblica é a iluminação da mente de um escritor para que, sob a luz de Deus, possa escrever, com as noções religiosas e profanas que possui, um livro portador de autêntica mensagem divina ou um livro que transmite fielmente o pensamento de Deus revestido de linguajar humano.

A finalidade da inspiração bíblica é religiosa, e não da ordem das ciências naturais.  

Toda a Bíblia é inspirada de ponta a ponta, em qualquer de suas partes.  

Certas passagens bíblicas, além de inspiradas, são também portadoras de revelação ou da comunicação de doutrinas que o autor sagrado não conhecia através da sua cultura (Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, chamou-nos para o consórcio da sua vida, mandou-nos o Filho como Redentor, etc.).

A distinção entre inspiração bíblica e revelação se faz muito clara no livro de Jô. Este trata do sofrimento do homem justo; por que é abatido pela doença? O autor sagrado só tinha noção do cheol; ignorava a retribuição póstuma; Deus não lhe quis revelar a vida póstuma consciente; mas quis inspirá-lo para escrever o livro de Jô. Isto quer dizer que o autor procurou dentro dos limites da vida presente uma resposta para a questão do sofrimento dos justos. Não a encontrou porque só se elucida a luz da ressurreição e da vida póstuma, consciente. Em conseqüência, o hagiógrafo pode dizer que o sofrimento nem sempre supõe pecados pessoais, como se fosse um castigo. (o que já era um progresso na mentalidade de Israel); quanto ao mais, terminou pedindo o silêncio do homem diante do mistério da dor; é certo que Deus é mais sábio do que o homem e não se engana, mas o homem não é capaz de abarcar os desígnios de Deus. Esta conclusão é plenamente válida, é digna de um livro inspirado; mas não contém a revelação da ressurreição dos mortos e da vida póstuma consciente, que só mais tarde teria lugar em Israel. Por último, Jesus nos revelou que o sofrimento, aceito em união com Ele, é Páscoa ou passagem para a ressurreição e a glória definitiva. 

Algo de semelhante se deu com o livro do Eclesiastes. É inspirado de ponta a ponta, mas não traz a revelação da vida póstuma consciente, sem a qual é impossível debater o problema da felicidade, que o hagiógrafo encara. Não obstante a conclusão do livro é verídica não só para um judeu, mas para um leitor cristão; cf. Ecl 12,13s. Ver revelação. 

Javé: é o nome com o qual Deus se revela a Moisés em Ex 3,14s. Pode ser interpretado de várias maneiras: a tradição dos judeus de Alexandria, muito dados a especulações filosóficas, traduziu Javé por ho on, Aquele que é; queriam indicar assim o Absoluto ou o Transcendente de Deus. Todavia parece que, segundo a concepção dos judeus da Palestina, menos propensos a elevações filosóficas, o nome Javé significa Aquele que é fiel, que acompanha o seu povo e lhe está sempre presente. 

Lei: na linguagem paulina designa freqüentemente a Tora ou a lei de Moisés de modo que, quando o Apóstolo censura a Lei (cf. Gl 2,6; 3,10.19), tem em vista não qualquer lei nem a boa ordem pública, mas a Lei de Moisés, que era um provisório preparativo da vinda do Cristo. 

Messias: vocábulo hebraico que significa Ungido; foi traduzido para o grego por Christós. Eram ungidos os reis de Israel        (cf. I Sm 10,1; 16,13; 2 Sm 2,4...), que por isso traziam o nome de “Ungidos de Javé”. A unção significa relação particular entre o Senhor Deus e o ungido, que assim era revestido de autoridade especial e inviolável (cf. I Sm 24,7; 26,9.11...). Ungidos eram também os sacerdotes em Israel (cf. Ex 28,41; Lv 10,7; Nm 3,3). Aos profetas se aplicava uma unção não em sentido próprio, mas em sentido metafórico (cf. I Rs 19,19; II Rs 2,9-15). – Visto que o Salvador prometido Gn 3,15 seria Rei, filho de Davi (cf. II Sm 7,12-16), Sacerdote (cf. Hb 7,1-25; Gn 14,17-20) e Profeta, o título de Ungido lhe foi atribuído na literatura judaica e nos escritos do Novo Testamento (cf. Jo 1,41; 4,25). Jesus foi ungido com o Espírito Santo e com poder (At. 10,38); Ele mesmo aplicou a Si o texto de Is 61,1, apresentando-se como o Ungido que veio anunciar aos povos a Boa-Nova (cf. Lc 4,18-21). 

Com o tempo, a palavra Ungido, que era um adjetivo próprio, justaposto a Jesus; donde Jesus Cristo, e não Jesus o Cristo. 

Midraxe é uma narração de fundo histórico, ornamentada pelo autor sagrado para servir à instrução teológica e à edificação dos seus leitores. O autor conta o fato de modo a pôr em relevo o valor ou o significado religioso desse fato. A sua intenção não é estritamente a de um cronista, mas de um catequista ou teólogo. Como exemplo, citemos o caso do maná: em Nm 11,4-9 é apresentado como alimento insípido e pouco atraente; mas em Sb 16,20s é tido como cheio de sabor, adaptando-se ao paladar dos que comiam. Parece haver contradição; na verdade não a há: o autor de Nm escreve uma narração de cronista, ao passo que o de Sb nos apresenta o sentido teológico do maná num midraxe: o maná era pão delicioso não por seu paladar, mas porque era o penhor da entrada do povo na Terra Prometida; visto no contexto da história da salvação, o maná foi delicioso. 

Parábola: história fictícia que serve para ilustrar uma verdade teológica. É, pois, uma longa comparação; caracteriza-se pelas fórmulas “O reino dos céus é semelhante..., é como...”. A parábola nunca aconteceu. Deve-se interpretar a parábola procurando a linha mestra do seu ensinamento e transpondo tal mensagem para o plano da fé. Assim em Lc 15,11-32 a bondade do Pai para com o filho pródigo ilustra a misericórdia de Deus para com os pecadores; Lc 10,30-37 a solicitude caridosa do bom samaritano ilustra a maneira como devemos tratar o próximo, qualquer que seja a sua condição humana ou social. 

A alegoria carece da fórmula “é semelhante, é como...” Exprime diretamente o nexo entre o sujeito e o predicado: “Eu sou o bom Pastor” (Jo 10,11), “Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15,1... Na alegoria os pormenores da imagem podem ser aplicados ao plano transcendental com mais rigor do que na parábola (esta geralmente fala apenas por seu fio condutor). 

Parusia: visita que o Imperador Romano fazia às cidades do Império; tal aparição do Imperador era sempre ocasião de alegria festiva. – Ora os cristãos assumiram este vocábulo para designar a segundo vinda de Cristo ao mundo a fim de consumar a história; Ele virá como Senhor, Kyrios, Imperador a fim de julgar o mundo e restaurar plenamente a ordem. 

Presbítero: ver Bispo. 

Promessa: no vocábulo paulino, é a promessa, feita por Deus a Abraão, de que sua posteridade seria numerosa e por ela todos os povos receberiam a bênção (= o Messias);      cf. Gl 3,16.18. Tal promessa se cumpriu em Cristo; cf. II Cor 1,20. 

Querigma: ver catecúmeno. 

Revelação: A Bíblia nos dá a saber que Deus falou aos homens comunicando-lhes o mistério da sua vida trinitária e o seu desígnio de salvação, centrado em Cristo Jesus. Nunca os homens chegariam por si a conhecer tais verdades. Por isto o judaísmo e o Cristianismo são religiões reveladas.  

A Bíblia contém a revelação de Deus aos homens, mas nem todas as páginas da Bíblia, embora inspiradas, são portadora de revelação divina. Note-se, por exemplo, que em Is 7,14 está predito que uma virgem conceberia e daria à luz um filho: isto foi consignado no texto sagrado por efeito de dois carismas (o da revelação e o da inspiração); mas, quando      Mt 1,20-23 e Lc 1,26-38 nos dizem que a virgem concebeu e deu à luz um filho, já não escrevem por efeito de revelação (o fato ocorrera e era notório), mas unicamente por efeito do dom da inspiração bíblica. – Toda profecia é fruto de revelação divina. 

As razões de diversidade de numeração são históricas e de pouca monta.

Em nossas aulas indicaremos sempre as duas numerações de cada salmo, quando as houver; a anterior será a da Vulgata, e a posterior a do texto hebraico. 

Satã ou Satanás: termo hebraico que significa “adversário”. Satã podia ser o indivíduo que diante de um tribunal exercesse o papel de acusador (cf. Sl 108,6). Tal vocábulo, aos poucos a partir do século V a.C., foi reservado a um anjo que Deus criou bom, mas que se perverteu pelo pecado e se tornou adversário ou tentador do gênero humano; cf. Jô 1,6-2,7; I Cr 21,1. Foi identificado com a serpente de Gn 3,1. (cf. Sb 2,24). Portanto Satã não é uma figura mitológica nem é a realidade neutra do Mal, mas é uma criatura inteligente, incorpórea, que o Criador fez para sua glória e que se afastou livremente de Deus; atualmente recebe do Senhor autorização para provar os homens, dando-lhes ocasião de acrisolar e corroborar a sua fidelidade a Deus; cf. Rm 16,20; Ef 6,16; I Pd 5,8. Com Satã muitos outros anjos se perverteram pelo pecado e são atualmente chamados “anjos maus” ou “demônios”. Estes estão subordinados a Deus; cf. Ap 12,7-17. S. Agostinho nos diz que Satã é um cão acorrentado, que pode latir fortemente, mas só consegue morder a quem se lhe chega perto ou a quem se lhe entrega.  

Semitas: são os descendentes de Sem, filhos de Noé; cf. Gn 10,22-30. Correspondem a diversos povos, entre os quais o hebreu ou israelita, o assírio, o babilônico, o etíope, o fenício, o púnico,m o moabítico, o aramaico. 

Sínodo: congresso de rabinos ou de bispos. Tenha-se em vista o Sínodo de Jâmnia ou Jabnes, no qual os rabinos, por volta de 100 a.C., definiram quatro critérios para reconhecer um livro sagrado como inspirado por Deus e canônico: fosse escrito em hebraico (não em aramaico nem em grego), na terra de Israel (não no estrangeiro), antes de Esdras (século V a.C.), em conformidade com a lei de Moisés. – Tenha-se em vista também o Sínodo de Trulos II (Constantinopla), que em 692 no Oriente definiu o cânon bíblico, incluindo os sete livros deuterocanônicos que os judeus em Jâmnia não aceitaram. 

Teofania: etimologicamente, manifestação de Deus, em grego. Ocorre, por exemplo, na sarça ardente em favor de Moisés (Ex 3,2), no final do livro de Jó (38,1-42,6), antes da paixão de Jesus (Jo 12,27-30). 

Testamento: A Bíblia consta de dois testamentos: o Antigo e o Novo. A razão desta divisão e nomenclatura é a seguinte: Os judeus, movidos pelo próprio Deus, designavam as suas relações com Javé como sendo um Berith       (= aliança); por isso falavam dos livros da aliança. Todavia, nos séculos III/II a. C., quando se fez a versão da Bíblia hebraica para o grego em Alexandria, os intérpretes traduziram Berith por diatheke (= disposição); queriam de esta maneira ressalvar a unicidade e soberania de Deus; na verdade, quem faz aliança com alguém, é par ou igual com esse alguém, ao passo que quem faz uma disposição é soberano ou Senhor. Assim os livros sagrados de Israel foram chamados livros da diatheke ou da disposição (de Deus em favor dos homens). Quando a palavra diatheke foi traduzida para o latim entre os cristãos, estes usaram o vocábulo testamentum (= disposição que se torna válida em caso de morte do testador). Recorreram à palavra testamentum, porque ficou comprovado que a disposição de Deus em favor dos homens só se tornou plenamente, válido e eficiente mediante a morte de Cristo. Assim os livros sagrados, entre os cristãos, foram distribuídos em duas categorias: os da Aliança (ou testamento) antiga e os da nova Aliança ou do novo Testamento; cf. II Cor 3,14s. 

Traduções gregas do Antigo Testamento. Além da tradução dita dos Setenta, que será apresentado no módulo III deste Curso (1ª Etapa), devem ser mencionadas as de Teodocião, Áquila e Símaco.  

Teodocião é um prosélito ou pagão convertido ao judaísmo, que traduziu o Antigo Testamento para o grego no século II d. C., a fim de tentar extinguir o uso do texto dos LXX. Esta tradução, realizada em Alexandria entre 250 e 100 a. C., era muito utilizada pelos Cristãos para provar a messianidade de Jesus. Visto que isto desagradava aos judeus, Teodocião se dispôs a fazer nova versão, que é mais propriamente uma versão retocada do texto dos LXX. O texto de Teodocião teve importância para os cristãos, pois a partir dele se fez a tradução latina dos partes deuterocanônicas do livro de Daniel. 

Áquila, também no século II, fez uma autêntica tradução grega do A. T. O seu texto se prende muito à letra do hebraico, esforçando-se por guardar em gregas expressões tipicamente semitas.  

Símaco é o terceiro tradutor do Antigo Testamento para o grego. A sua versão é mais livre do que as anteriores; procura levar em conta o espírito e as peculiaridades da língua grega. Tanto Símaco como Áquila tentavam suplantar o uso dos LXX.  

Vulgata é a tradução latina da Bíblia que se deve a S. Jerônimo (+ 421). No século IV era grande o número de traduções latinas das Escrituras, todavia apresentavam grandes deficiências de forma e de conteúdo. Por isso o Papa S. Damaso pediu a S. Jerônimo preparasse uma versão nova e fiel dos livros sagrados. Este sábio, de grande erudição na sua época, aplicou-se à tarefa entre 384 e 406. Não chegou a traduzir de novo o texto do Novo Testamento, mas fez a revisão dos textos já existentes cotejando-os com bons manuscritos gregos. Para traduzir o Antigo Testamento, Jerônimo estabeleceu-se na Terra Santa, onde aprendeu o hebraico com os rabinos e traduziu em Belém todo o Antigo Testamento, menos Br, I e II Mc, Eclo e Sb.

A tradução de S. Jerônimo aos poucos substituiu as anteriores, de modo a chamar-se Vulgata editio ou edição divulgada. Tornou a tradução oficial da Igreja até o Concílio do Vaticano II (1962-65). Todavia a tradução de S. Jerônimo não podia deixar de ter suas falhas, pois foi feita em época na qual não havia os recursos arqueológicos, históricos, lingüísticos. .. de nossos tempos. Por isso, após o Concílio do Vaticano II, Paulo VIU mandou refazer a tradução latina dos livros sagrados, que, uma vez pronta, é chamada a Neo-Vulgata. 

Obs.: Trata-se de uma cópia fiel do Curso de Formação bíblica da ESCOLA “MATER ECCLESIAE”, elaborado pelo Pe. Estevão Tavares Bettencourt O. S. B.







segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Curso Bíblico da "Mater Ecclesiae"


ESCOLA MATER “ECCLESIAE”

Curso Bíblico
Léxico Bíblico

Vocábulos técnicos, específicos do linguajar exegético bíblico  

Amanuense: a pessoa que escreve quando lhe é ditado por outrem, sem colocar algo de próprio. Ver autor. 

Apócrifo: em grego, apókryphos quer dizer oculto. Tal era o livro não lido em assembléia pública de culto, mas reservado a leitura particular. Apócrifo opõe-se a canônico, pois canônico era o livro lido no culto público, porque considerado palavra de Deus inspirada aos homens. Ver inspiração.

Apócrifo não tem necessariamente sentido pejorativo. É simplesmente o texto que, por um motivo qualquer, não era de uso público; pode conter verdades históricas, como a da Assunção corporal de Maria SS. Aos céus. 

Apocalipse: do grego apokálypsis, revelação. É um gênero literário ou um modo de redigir escritos que têm as seguintes características: imagina o fim da história, por ocasião do qual o Senhor virá a terra sensivelmente para julgar os homens e restaurar a ordem violada. Esse aparecimento de Deus é assinalado por sinais no mundo, abalo da natureza, catástrofes... Tal gênero literário recorre freqüentemente a símbolos e imagens, que devem ser interpretados segundo critérios objetivos ou de acordo com a mentalidade dos escritores antigos. Determinado símbolo podia significar uma coisa para os antigos e pode significar outra parta os modernos. 

Apocalipse de São João é o nome de um apocalipse, que vem a ser o último livro da Bíblia. Há, entre os apócrifos, o apocalipse de Henoque, o de Elias... 

Aramaico: língua dos filhos de Aram (cf. Gn 10,22), muito próximo do hebraico. Tornou-se língua diplomática ou internacional no Oriente antigo a partir do século V a.C. Os judeus após o exílio (587-538 a.C.) a adotaram como língua corrente, reservando o hebraico para o culto sagrado. Havia o dialeto aramaico de Jerusalém e o da Galiléia (cf. Mt 26,73). Jesus e seus discípulos falavam aramaico.

Autor: a pessoa que concebe idéias ou o conteúdo de determinado escrito; é o responsável supremo pelo teor do seu livro. Tal é o caso de São Paulo em relação à ½ Ts, Gl, 1 Cor... 

Em alguns casos na antiguidade, o autor não escrevia diretamente, mas ditava a um companheiro, que escrevia. Este era chamado escriba ou amanuense. Ver escriba. 

Em outros, casos o autor não ditava, mas deixava ao companheiro a tarefa de compor e exprimir as idéias do autor. Tal companheiro então se chamava redator, pois era ele quem redigia a mensagem do autor. Há, por exemplo, quem admita que Hb teve como autor São Paulo e, como redator, um discípulo de Paulo, como seria Apolo ou Barnabé.  

Bíblia: a palavra vem do grego bíblos, livro. O diminutivo é bíblion, livrinho, que no plural faz bíblia, livrinhos. O diminutivo perdeu sua força própria com o passar do tempo, de modo que bíblia ficou sendo simplesmente o mesmo que livros. A Bíblia é, pois, etimologicamente falando, uma coleção de livros.  

Bispo: é o sacerdote que mais participa do sacerdócio de Cristo, estando colocado no grau supremo do sacramento da Ordem. Abaixo dele vêm os presbíteros e, a seguir, os diáconos. 

Enquanto os apóstolos viviam, eram eles os pastores ambulantes de toda e qualquer comunidade cristã. Em cada uma destas instituíam um colegiado de presbíteros            (= anciãos, em grego), também chamados “superintendentes” ou “vigilantes” (epískopoi, em grego); cf. At. 14,23; 11,30; Tt 1,5; Fl 1,1; At. 20,17.28. Governavam a comunidade sob a jurisdição dos Apóstolos. Com a morte dos Apóstolos, as comunidades passaram a ser governadas por um pastor residente, escolhido dentre os presbíteros ou epíscopos (superintendentes). Esse pastor supremo local ficou exclusivamente com o nome de epíscopo (= bispo), ao passo que os membros do colegiado subalterno ficaram sendo chamados exclusivamente presbíteros (= padres, no sentido de hoje). No início do século II, isto é, nas cartas de S. Inácio de Antioquia (+ 107) se registra a existência do episcopado monárquico como ele é hoje.  

Cânon: do grego kanná, caniço. Significa medida, régua; em sentido metafórico, designa regra ou norma de vida (cf. Gl 6,16). Os antigos falavam do cânon da fé ou da verdade, para designar a doutrina revelada por Deus, que era critério para julgar qualquer doutrina humana e para nortear a vida dos cristãos. Derivadamente cânon significava também catálogo, tabela, registro; neste último sentido os cristãos passaram a do cânon bíblico ou da Bíblia (= catálogo dos livros bíblicos). 

Protocanônico é o livro que sempre pertenceu ao cânon ou catálogo. Deuterocanônico é o escrito que primeiramente foi controvertido e só depois entrou definitivamente no cânon sagrado. Próton = primeiro (da primeira hora). Déuteron = segundo (em segunda instância). 

Carisma: do grego chárisma, quer dizer dom em geral. Já nas epístolas de São Paulo carisma é dom para tal ou tal tipo de serviço; cf. I Cor 12,7; 14,26-31; Ef 4,12-16. O dom das línguas, por exemplo, nada vale se não há quem as interprete para o serviço e a edificação dos ouvintes; cf. I Cor 14,5-13. Existe os carismas da profecia, das curas, do governo, do apostolado... Mas o melhor carisma é o da caridade (ágape), que não produz espalhafato, mas tudo perdoa, tudo crê, tudo suporta (I Cor 13,7). Muitos carismas nada têm de portentoso: o de assistir aos enfermos, o de educar crianças, o de instruir os ignorantes, o de liderar um grupo...  

Catecúmeno: pessoa submetida à catequese ou ao ensino sistemático da fé cristã. Geralmente o catecumenato precedia o batismo de adultos e foi rigorosamente aplicado até o século V.  

O catecumenato e a catequese supunham o kérygma ou querigma, anúncio sumário e muito vivaz da Boa-Nova de Jesus Cristo; quem aderisse a essa mensagem breve, era levado à catequese. Como exemplos de querigma, temos os discursos de S. Pedro em At. 2,14-36; 3,11-26; 4,8-12; 5,29-32... Como exemplo de catequese, citem-se Mt 5-7 (o sermão da montanha), Mt 13 (as sete parábolas do Reino), Lc 15 (as três parábolas da misericórdia)... 

Chalon: palavra hebraica que significa Paz. Em hebraico tem sentido muito mais rico do que em português: não significa apenas “ausência de guerra”, mas “bem-estar, harmonia do homem com Deus, com a natureza e consigo mesmo”. Os profetas bíblicos tinham consciência de que o pecado introduzira a desordem no mundo; em conseqüência anunciavam a paz; esta seria o grande dom do Messias; cf. Ml 5,4; Is 9,5s. No Novo Testamento, diz São Paulo que Cristo é a nossa paz; Ele fez de dois povos (judeus e pagãos) um só povo ou um só corpo (Ef 2,14-22). Por isto Cristo, vitorioso sobre a morte após a ressurreição, deixou aos apóstolos a sua paz, junto com o dom do Espírito Santo e o poder de perdoar os pecados (Jo 20,19-23); são estes que se opõem à paz dos homens com Deus e entre si. Temos que tornar realidade crescente essa paz de Cristo na terra: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). “O nome da cidade “Jerusalém”, símbolo da bem-aventurança final (AP 21,9-27), é interpretado como visão da paz”.  

Cheol: os judeus chamavam cheol um lugar subterrâneo, por eles imaginado, onde estariam, inconscientes ou adormecidos, todos os indivíduos humanos após a morte. A terra era tida como mesa plana, debaixo da qual se encontraria a “mansão dos mortos”; esta em grego era chamada Hades; em latim, inferni (da preposição infra, que significa abaixo; donde inferni = inferiores lugares). 

Em conseqüência, os antigos judeus não podiam admitir retribuição póstuma nem para os homens bons nem para os infiéis, pois todos se achavam inconscientes; ver, por exemplo, Jô 14,21s; 21,21; Is 14,10; 38,18; 63,18; Sl 6,6; 29(30),10... A justiça divina, segundo tal concepção, devia exercer-se no decorrer mesmo da vida presente; os homens fiéis seriam recompensados com saúde, vida longa, dinheiro..., ao passo que os pecadores sofreriam doenças, morte prematura, miséria...

Com o tempo as concepções antropológicas dos judeus foram-se esclarecendo, de modo que já no século II a.C. admitiam a ressurreição dos mortos e a retribuição final para bons e maus depois da morte. Ver Dn 12,2s: “Muitos dos que dormem no país do pó acordarão, uns para a vida eterna, e outros para o opróbrio, para o horror eterno. Os sábios resplandecerão como o esplendor do firmamento; e os que tornaram justos a muitos, como as estrelas por toda a eternidade refulgirão” (cf. II Mc 7,9.11.14).

No tempo de Jesus os judeus já admitiam sorte póstuma diferente para os bons e os maus; veja-se, por exemplo, a parábola do ricaço e do pobre Lázaro, em Lc 16,19-31, onde aparece a separação de uns e outros. Na terminologia cristã latina, a palavra infernos ficou reservada para designar a sorte póstuma dos réprobos. Todavia a topografia do além, supondo terra plana e compartimentos subterrâneos para bons e maus, está superada. A fé cristã professa a realidade da vida póstuma ou a subsistência da alma humana após a morte, mas não pode indicar lugar determinado para o céu e o inferno (o que não esvazia em absoluto os conceitos respectivos).  

Circuncisão: oblação ou retirada do prepúcio feito com um cutelo de pedra (cf. Js 5,3). Originariamente, fora de Israel, era um rito de integração do menino no clã e de iniciação ao matrimônio. No século XIX a.C., com Abraão, a circuncisão veio a ser o sinal da aliança do israelita com Javé. Através dos tempos, os profetas insistiam na espiritualização da circuncisão, que deveria coincidir com a conversão do coração; cf. Jr 4,4; 6,16; Dt 10,16; 30,6. 

Concílio: é uma reunião de pastores da Igreja ou de rabinos da Sinagoga, destinada a tratar de assuntos doutrinários ou disciplinares. Pode ser regional ou local, se congrega apenas os responsáveis de uma determinada região. É ecumênico (ou universal) quando reúne os bispos do mundo inteiro. Diz-se que o primeiro Concílio da história da Igreja foi o de Jerusalém (At. 15), embora só uma minoria dos Apóstolos tenha lá comparecido; no ano de 49, vários dos Apóstolos já se tinham dispersado para pregar o Evangelho. 

Epíscopo: ver bispo.

Escatologia: é a doutrina referente ao eschatón ou aos últimos acontecimentos ou ainda a consumação da história. Esta pode ser coletiva (a consumação da história da humanidade ou o fim do mundo), como pode ser individual (a consumação da história terrestre ou da peregrinação de determinada pessoa). 

Escatológico é o que se refere aos últimos acontecimentos. Perspectiva escatológica, por exemplo, é a consideração dos fatos presentes à luz da eternidade ou da consumação para a qual tendem. Bens escatológicos são os bens definitivos já presentes em meio ao tempo.  

Escriba: entre os cristãos, é o amanuense, que escreve quando lhe é ditado; tal foi o caso de Tércio (cf. Rm 16,22). Entre os judeus, os escribas eram aqueles que, desde o tempo de Esdras (século V a.C.), eram entendidos nas coisas da lei; por isso eram também chamados “legisperitos” ou “doutores da lei” (cf. Lc 5,17); Mt 22,35). Os escribas tiveram grande influência na vida do povo judeu. 

Exegese: do grego exégesis, explicação, explanação. É a arte de expor ou explicar o sentido de determinado texto, especialmente da Bíblia; para ser rigorosamente conduzida, requer o estudo de línguas, história, arqueologia... orientais. Segundo São João     (Jo 1,18), Jesus é o grande exegeta do Pai, pois Ele nos revelou (exegésato) o Pai. 

Exegeta é a pessoa que cultiva a exegese. 

Geena: vem de Ge-hinnam, em aramaico. Nos arredores de Jerusalém havia um vale (ge’, em hebraico) pertencente aos filhos de Hinnom (bem-hinnom). Donde ge’-bem-hinnom ou ge’hinnom, em hebraico. Nesse vale se sacrificavam crianças ao deus Maloc, da Babilônia; cf. II Rs 16,3; 21,6; Jr 32,35. Depois do exílio (587-538 a.C.), os judeus lá queimavam seu lixo. Por isso, o ge’hinnom ou a ge’hinnam era um lugar de fogo. Jesus se serviu do vocábulo para designar a sorte póstuma dos que negam a Deus; cf. Mc 9,43.45.47. 

Obs.: Trata-se de uma cópia fiel do Curso de Formação bíblica da ESCOLA “MATER ECCLESIAE”, elaborado pelo Pe. Estevão Tavares Bettencourt O. S. B.