sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Caridade


Caridade

Inclina teu ouvido, e ouve as palavras dos sábios, e aplica o coração à minha doutrina, a qual terás por formosa, quando a guardares dentro do teu coração, e ela transbordará nos teus lábios. (Pr 22,17-18).

A caridade de Deus está em todos estes momentos através do amor que o Senhor Jesus Cristo difunde em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

O momento de nosso batismo no Espírito Santo é o princípio em que Deus mete dentro de nós o seu Espírito, a fim de que sejamos capacitados a viver revestidos da caridade do amor de Cristo. É por isso que devemos estar com os ouvidos atentos, os pés sobre o caminho, os olhos da luz divina e as mãos estendidas aos outros a espalhar a semente da sabedoria, para colhermos os frutos, a fim de que Jesus, de nossas mãos os distribuam aos necessitados.

Por isso a doutrina nos será sempre formosa, porque aprouve a Deus que a guardemos dentro de nossos corações, a fim de que o Senhor Jesus a transborde de nossos lábios, porque, nesse caso, já não seremos nós, mas aquele que ministra em nós, para que seja do Pai Eterno a operação de tudo em todos.

Nossa vida espiritual deve ser uma entrega íntima e profunda a Deus, em o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, nossa salvação e ressurreição. Do contrário, o Espírito Santo não nos conduzirá como filhos e filhas de Deus, nem testemunhará essa realidade ao nosso espírito (Rm 8,16).

Se não o desejarmos ardentemente, se não o buscarmos de todo o nosso coração, como seremos revestidos da amizade e da intimidade da caridade do amor de Cristo? A caridade é o vínculo de toda a perfeição. É por ela que o Espírito Santo aperfeiçoa e santificam em nós todos os dons infusos e todos os carismas, todas as virtudes e coloca nos frutos de vida eterna a excelência da doçura que possui a palavra de Deus: “Vossa palavra constituiu minha alegria e as delícias do meu coração, porque trago o vosso nome, ó Senhor Deus dos exércitos”! (Jr 15,16b). “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! São-no mais que o mel à minha boca”. (Sl 118,103 = Vulgata).

Assim, pois, é necessário que se conheça a caridade de Cristo, que excede toda a ciência, para que estejamos cheios da plenitude de Deus. O que é a plenitude de Deus senão a vida plena de Cristo em nós, pela graça de sermos conduzidos, amorosamente, pelo Espírito Santo que habita em nós?

Ora, se somos batizados em Cristo, estamos revestidos de Cristo. (Gl 3,27). Na verdade, é também pela fé que somos filhos e filhas de Deus. (Gl 3,25) E porque estamos revestidos de todas as perfeições da Caridade do Senhor Jesus Cristo, voltamos à imortalidade, para qual Deus nos criou no princípio, e já vislumbramos, interiormente, pela luz da caridade do Pai e do Filho, a luz inacessível que nenhum homem viu nem pode ver. “Então conhecerei totalmente como eu sou conhecido”.

João C. Porto

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Templos de Deus


Templos de Deus

Quem imaginou ser templo de Deus aqui, na terra, para viver a esperança que os olhos do coração vislumbram; ou, pelos ouvidos interiores escutar através da voz do selênico a suavidade da sabedoria divina? Ou, ainda, contemplar, sob o influxo da fé que opera pela caridade, o tesouro que se encontra em vasos de barro? São arcanos que somente Deus prodigaliza aos corações de seus filhos e filhas muito amados.

Como diz S. Paulo: Coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam, as quais os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou. (I Cor 2,9)

Diz-nos a sabedoria que quem deseja, ama; quem ama conhece a pessoa amada, e quem a conhece tem os olhos da esperança que, embora de longe, tudo contempla pela visão beatífica da fé que cura pela caridade do amor de Deus.

Todo templo possui o núcleo central. Nos templos católicos, no seu interior, no local mais reservado e íntimo, há o sacrário onde se encontra o Pão vivo que desceu do céu, para salvação do mundo. Assim, também somos templos vivos do Deus Vivo que se esconde em nossa casa (Is 45,15)! Primeiro, porque, pelo espírito somos a imagem viva e perfeita do Senhor e, segundo, porque nosso próprio corpo é templo do Espírito Santo (I Cor 6,19). Assim, concebe-se que no íntimo mais íntimo e perfeito do nosso ser, no núcleo central onde está a árvore da vida, no local mais íntimo e profundo há o sacrário vivo da morada de Deus em nós, o qual chamamos de Coração.

São Paulo nos diz: “Buscai a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá a Deus,” (Hb 12,14). E, Jesus Cristo, nas bem-aventuranças: “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus” (Mt 5,8).

Será sempre do coração, pela fé em Jesus Cristo que manarão de nosso interior os rios de água viva. (Jo 7,38)

Senhor Jesus, ensina-nos como viver do coração a tua vida em nossa vida, andando como tu mesmo andavas. Pois, se permanecermos em ti, no interior do templo o qual somos, e tuas palavras permanecerem em nós, receberemos de ti, tudo quanto a ti pedirmos; porque, nesse caso, já não seremos nós em nós mesmos (Gl 2,20), mas tu mesmo, vivo e ressuscitado em nossos pobres corações.

João C. Porto

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Poço de Água Viva


Poço de Água Viva

Seja agradável ao teu coração viveres como um Poço de Jacó, onde estarás, constantemente, com o Senhor Jesus Cristo, em diálogo interior contigo.

Não é verdade que somos templos de Deus, e que o Espírito de Deus habita em nós? (I Cor 3,16).

No Veni Creator nos diz: “Dá que conheçamos o Pai, revela-nos o Filho. Tu és o Espírito do Pai e do Filho. Que sempre caiamos em Ti”.

Queres conhecer e desfrutar de experiência pessoal com o doce hóspede de tua alma e, inclusive experimentares de que forma ele santifica as faculdades do teu espírito, e como ele aperfeiçoa em teu coração as virtudes teologais e morais? Então, aproxima-te do Poço de Jacó; pois, o Senhor Jesus te instruirá e te ensinará o caminho que deves seguir, guiando-te com seus próprios olhos. (Sl 31,8)

Além disso, o Senhor Jesus saciará, para sempre, tua sede, e criará em teu interior arroios de água viva, conforme falou: “Quem crê em mim, conforme diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva”. (Jo 7,38).

Vinde a mim!... Eu sou manso e humilde de coração!... (Mt 11,28-29).

João C. Porto

domingo, 7 de novembro de 2010

Espírito e Alma


Espírito e Alma

Quando somos concebidos no ventre de nossa mãe, o Espírito de Deus infunde em nosso minúsculo ser a imagem viva e perfeita de Deus; isto é, o homem espiritual, o qual ao interagir com o homem carnal, principia-se a formação da alma vivente, a razão e/ou consciência, mediante a qual somos capacitados à vida e ao movimento consciente no meio sensível da matéria, onde vivemos neste mundo.

Nesse instante, faz-se mister perceber que nossa alma, embora ainda inculta, já traz em si a marca do pecado original.

Assim, quando desperta em nós a razão e desabrocha o coração, teremos mais facilidade em acolher as coisas do mundo e sermos dominados pela natureza da carne.

Nesse momento, embora pelo batismo do Espírito Santo estejamos livres do pecado original, a graça da salvação, os dons e as virtudes da caridade divina, ainda, não estão bem definidos em seus objetivos, ordenações e funções catequéticas necessárias, em torno da fé, da esperança e do conhecimento do amor de Cristo que excede toda a ciência.

Por isso, não realizar boa e necessária formação de fé, de esperança e do amor de Deus, significa paralisar a vida interior dos filhos e filhas amados de Deus.

Na medida em que crescem, a partir de crianças, os encantos da vida terrena e os apetites da carne, aguçam os sentidos, as concupiscências dos olhos e a soberba da vida, e já não se fartam de ver e ouvir.

Nessa situação, nosso corpo e nosso espírito já se mostram de alguma forma, dominados pela alma pecadora, de tudo o que está cheiro o coração. (Lc 6,45b)

Dessa direção, na estrutura de adultos, infelizmente, os católicos tornam-se presas fáceis por quaisquer ventos de doutrinas e/ou filosofias exóticas. Tudo isso, por falta de uma catequese bem estruturada no caminho da fé, da esperança da salvação e da caridade do amor do Pai e do Filho.

Neste instante, não nos referimos a catequese nem cursos bíblicos, mas, sim, a estudo bíblico, isto é, olho, ouvido e coração na palavra de Deus que deve ser guardada, também, na alma, trazida dependurada na mão como um sinal e como faixa posta entre os olhos (Dt 11,18), sem acrescentar absolutamente nada e sem retirar daí coisa alguma (Dt 4,2), pois é a palavra única da verdade que não muda. (Tg 1,17).

Ora, não realizar uma boa formação de fé, a partir da palavra da Verdade Integral (Jo 16,13), em Cristo, Jesus, nos corações de suas criancinhas, poderá corresponder a escandalizá-las diante de Deus e dos homens. .

Jesus Cristo nos diz que não devemos temer aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; devemos temer antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena (Mt 10,28).

Como vemos, é o pecado, que nos leva à morte eterna, que devemos temer.

Foi por causa do pecado de nossos primeiros pais (Adão e Eva) que se rompeu o selo de proteção, pelo qual fomos selados para a imortalidade.

Por isso, a humanidade permaneceu longo período sob o domínio das paixões desordenadas, escravizada aos demônios.

Pois, no princípio, antes do pecado de nossos primeiros pais, o Senhor Javé, Deus vivo e único, nos havia protegido com seu selo de eternidade; os dons preternaturais:

a) A imortalidade da alma

“Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à sua imagem e semelhança” (Sb 2,23).

Como vemos, no princípio, Deus nos guardava e nos defendia contra a possibilidade da morte; tendo em vista o livre-arbítrio.

b) A impassibilidade (ausência de sofrimento e dor)

Tendo sido criados para imortalidade, a dor e o sofrimento não nos atingiriam jamais.

O que o Senhor disse à mulher, como conseqüência do pecado: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores”, (Gn 3,16).

c) Integridade

Por este dom, o homem e a mulher eram protegidos de pecar. Bastariam cumprir o mandamento de Deus: “Come de todas as árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque em qualquer dia em que comeres dele, morrerás indubitavelmente” (Gn 3,16-17). Se não tivessem pecado, ainda hoje seriamos íntegros; teríamos domínio sobre a natureza da carne.

Pelo pecado original perdemos os dons preternaturais e os demais dons da graça divina.

Desse modo, somente no tempo da plenitude (Gl 4,4-6), quando se manifestou a bondade de Deus, o seu amor pelos homens e, sobretudo, sua misericórdia, fomos salvos pelo batismo de regeneração e de renovação do Espírito Santo, que Deus Pai nos prodigalizou por Cristo Jesus, a fim de que, justificados pela sua graça, tornássemos herdeiros da vida eterna, segundo a esperança. (Tt 3,4-7)

A partir de então, pelo batismo na Santa Igreja do Senhor Jesus Cristo, recebemos, não só, a nova filiação (Gl 4,5-6), mas, também, o selo do Espírito Santo que nos havia sido prometido. (Ef 1,13; 4,30)

Ora, a partir do batismo na Igreja, Una Santa, Católica e Apostólica, se aquiescermos e estivermos firmes na fé, viveremos como filhos e filhas de Deus, guiados pelo Espírito Santo, sob sua direção amorosa.

Então renasceremos pela fé que opera pela caridade, à esperança e à caridade das virtudes perfeitas, através da vida nova dos dons infusos (Is 11,2), dos carismas – obras que nos santificam -, das virtudes que revitalizarão em nós a natureza divina e dos frutos de vida eterna que florescerão dos corações, através de nossos olhos, dos ouvidos do coração, dos lábios, das mãos benditas e dos pés que não cessarão de caminhar através da porta estreita, sempre ao lado de Jesus Cristo, o Rei e Senhor da glória!...

João C. Porto

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Coragem, Eu venci o mundo!


O grupo de oração “Poço de Jacó” é um lugar em que, a exemplo da samaritana, todos se encontrarão com o Senhor Jesus Cristo à beira do Poço.

É um encontro com Cristo: dos corações que buscam o Reino de Deus; daqueles que, embora chorando, esperam, confiadamente, as divinas consolações; dos que buscam a mansidão e humildade de coração; dos que procuram ser saciados da fome e sede de justiça; dos misericordiosos que anseiam pela misericórdia de Deus; daqueles que, pela pureza de coração, esperam ver a Deus; de todos os pacíficos, chamados filhos de Deus; dos perseguidos por causa da justiça, da santidade de Deus; de quantos são caluniados e perseguidos por causa do nome do Senhor Jesus; de quantos se alegram e exultam de serem participantes dos sofrimentos de Cristo; e, finalmente, dos que aguardam, humildemente, a grande recompensa nos céus. Pois, assim, nos diz S. Tomás de Aquino: “Ninguém pode chegar à herança daquela terra dos bem-aventurados, se não for movido e guiado pelo Espírito Santo”.

Estes, certamente, já ouviram o eco do “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas”.

Procurai, portanto, ir ao Poço onde eu vos espero! Tocai-me, porque de mim sai uma força que cura a todos. (Lc 6,19).

João C. Porto