quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Novo Nascimento!


                                            Nasci de Novo!...

No princípio, quando vim ao mundo, cheguei aqui em virtude dos desígnios de vida e de prosperidade do Criador (Jr 29,11); entretanto, nasci da carne, do sangue e da vontade do varão. (Jo 1,13).
Este primeiro nascimento, para mim, é uma bênção de vida que vem de Deus; mas, para retornar ao seio do Criador, teremos que renascer da água e do Espírito (Jo 3,5); isto é, através do batismo de regeneração e renovação pelo Espírito Santo. (Tt 3,5).
“Jesus replicou-lhe: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus.” (Jo 3,3)”.
A vida comum, aqui, na terra, tem a cara do mundo!... Embora tenhamos vindo de Deus, o jeitinho secularizado do mundo, através dos nossos sentidos, mais que de repente, estrutura nossas faculdades interiores – inteligência, vontade, memória, imaginação e afetividades – dando-nos uma consciência de virtudes e de vícios; de onde os maus hábitos (vícios) predominam, arrastando-nos a caminhos que nos afastam da presença de Deus, petrificando, pouco a pouco, nossos corações (Ez 36,26-27), visto que, facilmente, tendemos andar através da senda espaçoso da porta larga (Mt 7,13-14).
Que faremos, então, para reencontrar a verdadeira via do Reino de Deus, a senda da justiça, da paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14,17; I Cor 4,20)? Teremos que renascer da fé, para uma viva esperança (I Pe 1,3), agora, revestidos da caridade do amor de Deus, que é vinculo de perfeição (Cl 3,14); pois, foi Deus que nos amou primeiro (I Jo 4,19). E Deus nos amou primeiro, não porque somos bons; mas, porque ele é a bondade infinita. Aliais, antes de toda a eternidade e além da eternidade, já éramos amados de Deus,

“Todo aquele que está em Cristo, é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!” (II Cor 5,17).

Ora, o que o Senhor, nosso Deus, revela aos corações simples de seus filhos amados? 

“Olhe, fui eu o primeiro a amar você. Você não estava ainda no mundo. O mundo nem existia, e eu já o amava. Eu amo você desde que sou Deus. Amo você, e desde que amei a mim mesmo, amei também você!” (Do livro “A Prática do Amor a Jesus Cristo”, de Santo Afonso de Ligório).

Que faremos para ser novas criaturas? Tornarmo-nos um só espírito com o Senhor (I Cor 6,17).

Como se fará isso?

Convertermo-nos, de modo incondicional, ao Senhor Jesus Cristo; isto é, de todo o espírito, de toda a alma, de todo o coração e com todas as forças íntimas e mais profundas da totalidade do nosso ser.

Pois, “A palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).
Ora, para andarmos como o Senhor Jesus Cristo andou (I Jo 2,6) é-nos imperativo:
a) Ter a palavra de Deus gravada, profundamente, no coração e na alma (Dt 11,18) para evangelizar; como o fez o Senhor Jesus Cristo (Jo 8,31-32).
b)  Caminhar de fé para a fé (Rm 1,17), pois, o justo viverá pela fé (Hab 2,4).
c)   Alimentar-se do pão vivo que desceu do céu (Jo 6,51)
d)   Dessedentar-se da água viva da fonte perene e eterna (Jo 7,37; Ap 22,17);
e) Caminharmos sob o influxo do batismo de regeneração e renovação pelo Espírito Santo (Tt 3,5b);
f) Andarmos sob o influxo da luz da fé que opera pela caridade (Gl 5,6b);
g) Esforçar-se em realizar as obras que o Senhor Jesus Cristo realizou (Jo 14,12-14);
h) Dessedentar-se da água viva da fonte perene e eterna (Jo 7,37; Ap 22,17);
i) Vencer, finalmente, para sentar-se a sua direita, em seu trono (Ap 3,21).

Essa converção será sentida, a partir do batismo do Espírito Santo (At 19,1-7); pois, pelos Dons de santificação (Is 11,2) é o Espírito Santo que nos santifica; e pelos Dons carismáticos, através das obras, somos nós que nos santificamos a nós mesmos através dos serviços, revestidos da fé que opera pela caridade, para uma viva esperança (I Pe 1,3) em nosso Senhor Jesus Cristo.


João C. Porto

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Fé Natural e fé Sobrenatural

Fé Natural e Sobrenatural

A fé natural é própria da natureza humana. Nós viemos do Eterno e, indubitavelmente, retornaremos ao Eterno!

Assim, sem exceção, todos nascem com o caráter voltado à religiosidade, isto é, sentimos saudade intuitiva da fonte de onde viemos. Esse é um sentimento comum a todos os seres humanos.

Todos os homens e, bem assim, todas as mulheres, naturalmente, ainda que não se apercebam, cultuam um deus ou a vários deuses, ainda que seja a si próprio.

Desse modo, quando buscamos a Deus, sem o conhecimento de si mesmo, para conhecermos Aquele que nos criou, nos formou e nos fez para a sua glória (Is 43,7 = Edição Vulgata), continuamos na estrutura própria do mundo. Por isso, tendemos até mesmo viver sob o efeito do sincretismo religioso, através do qual há tendência, por falta de conhecimento da Verdade Integral (Jo 16,13), ao fanatismo religioso.

O que o Senhor Jesus dizia aos judeus convertidos? “Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,31-32).  “Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres” (Jo 8,36). “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será concedido” (Jo 15,7).

Neste instante, não desejamos apresentar a fé em suas múltiplas definições, como o fazem os doutos: “fé viva, fé virtude, fé dom, fé amorosa, fé salvífica, fé que opera pela caridade, fé expectante, etc.” Não!... Apenas em dois sentidos, como iniciamos este momento: fé natural e fé sobrenatural.

Fé natural é a fé de quem crer por crê, simplesmente, em alguém, em alguma coisa, ou até mesmo em si próprio!... Por isso, a fé natural é a fé dos sentidos; isto é, como quem crê, extrinsecamente, na fé própria de quem  assimila tudo a partir do meio sensível da matéria onde vive. É, portanto, uma tendência natural do mundo secularizado (Rm 12,2).

Vejamos o que o apóstolo são João nos fala em sua carta:
Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2,15-17). Mas, mesmo assim, quem diz, ainda que naturalmente, eu creio em Jesus Cristo, o autor da vida, sem a fé sobrenatural, pela misericórdia divina, confessa que crê no Senhor (Jl 3,5; Rm 10,12-13).

São Paulo e Silas: “Então o carcereiro pediu luz, entrou e lançou-se trémulo aos pés de Paulo e Silas; depois os conduziu para fora e perguntou-lhes: “Senhores, que devo fazer para ser salvo”“? Disseram-lhe: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua família” (At 16,29-31).

A fé sobrenatural, unção e condução amorosa do amor do Pai e do Filho (Rm 8,14); é uma fé intrínseca, isto é, que nasce e cresce, interiormente, a partir de um novo coração (Ez 36,25-27), pelo que  liberta e renova todas as coisas, a partir do Espírito Santo que nos foi dado. (I Cor 2,12-13). Por isso é que se diz: “A fé que opera pela caridade” (Gl 5,6).

Daí é que, através da sabedoria da verdade eterna, a fé natural é restaurada e renovada em fé sobrenatural; isto é, em fé viva, de fé para a fé (Rm 1,16-17).  Ela nasce e cresce nos corações, em virtude de nossa entrega incondicional ao Senhor Jesus Cristo e, bem assim, sob a direção e moções do Espírito Santo, pelo que une nossos corações ao coração do Senhor Jesus Cristo, através de sua direção amorosa (Rm 8,14).

- Que nos diz são Tomás de Aquino?

“Ninguém pode chegar à herança daquela terra dos bem-aventurados, se não for movido e guiado pelo Espírito Santo”.

Assim, se vivermos da fé dos sentidos, isto é, do aprendizado das coisas próprias que existem sobre a terra, de onde flui a fé comum aos corações que não conhecem a Verdade Integral (Jo 16,13), tenderemos ao fanatismo, porque não cremos em Deus, e tampouco conhecemos o Senhor único de nossas vidas. Porque, o Senhor Jesus, nossa única salvação, nos diz que veio ao mundo, não para condená-lo; mas, para salvá-lo. Continuando, o Senhor Jesus Cristo acrescenta: “quem nele crê não será condenado; mas, quem não crê, já está condenado; porque não crê no nome do Filho único de Deus” (Jo 3,17-18).

O Senhor Jesus nos apresenta dois caminhos, a senda apertada da porta estreita e a via espaçosa da porta larga (Mt 7,13-14). Qual que é o caminho da fé sobrenatural?: O caminho da porta estreita!... Qualquer outra via que não seja esta, é via da ‘fé natural’ que conduzirá à morte eterna.
Ora, o Senhor Jesus é o único caminho que nos leva ao Pai (Jo 14,6). Por isso, a fé sobrenatural é a única luz que nos faz viver num só Espírito com o Senhor (II Cor 3,27).

Ora, por que alguém não vive, sobrenaturalmente, da fé que opera pela caridade? Porque não conhece o Senhor Jesus Cristo! Imagina que o conhece, mas, na realidade, ainda não conhece, se quer, a si próprio.
E os ignorantes, que vivem exclusivamente da fé? Eles acreditam em Deus, em Jesus Cisto, na Virgem Maria, mãe do Senhor e nossa mãe, nos anjos e nos santos!... Por isso, os que vivem a fé sob o temor de Deus, são, interiormente, santificados pelo Espírito Santo e, por isso, bem-aventurados de Deus, Pai de todos, incluídos, sobrenaturalmente, no corpo do Cristo total.

Que nos diz são Boaventura?: Um monge de sua congregação, certo dia, ao vê-lo, disse-lhe: “Bem-aventurados sois vós, os doutos, porque amais mais a Deus do que nós, os ignorantes!” São Boaventura, então, lhe respondeu: Engana-te! ‘Uma velha ignorante pode amar mais a Deus do que o maior de todos os teólogos’.


João C. Porto