terça-feira, 24 de maio de 2011

Coração de Compaixão



                             Coração de Compaixão
                                  (Miserere Cordis)


   Amor na simplicidade de Coração; pois, o que é simples é simplesmente perfeito; uma das perfeições de Deus.

   A misericórdia divina é o amor de bondade infinita de Deus; amor gratuito e, por isso, misericordioso; amor que nos sela com o selo do Espírito Santo, que nos fora prometido (Ef 1,13; 4,30).

   Em nós a misericórdia do Pai e do Filho é tão sublime e especial que fecunda e germina nos corações, de geração em geração, conforme a promessa divina: “Eu sou o Senhor teu Deus, um Deus zeloso, que corrijo a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam; mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e observam os meus mandamentos” (Dt 5,9-10).

   A Snta. Faustina, nesse sentido, o Senhor Jesus Cristo, também, falou: “Derramo todo o amor de graças nas almas que se aproximam da fonte da misericórdia”. “A Igreja não terá paz enquanto não se voltar à fonte da minha misericórdia”

   Assim, a misericórdia divina é plenitude de bondade do amor de Deus nos corações de seus filhos e filhas, por ele, amados. É um exercício do coração de compaixão (miserere cordis), de um Deus simples, por isso, profundamente compassivo, lento para ira, cheio de clemência e de fidelidade para com aqueles que se abrem à divina misericórdia, e que, por isso, alcançam abundantes misericórdias (Mt 5,7). Assim nos vem do latim: “cor cordis” = coração; “miserere cordis” = “coração de compaixão”. Coração que é compassivo, lento para julgar, não condena e perdoa “setenta vezes sete” (Mt 18,21-22). Basta que perdoemos aos homens os seus pecados, o Pai celeste nos perdoará (Mt 6,14); e, tem mais: “não guardará na Sua lembrança nossos pecados”(Is 43,25b).

   O apóstolo Paulo, em belíssima saudação, assim se expressou: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias; Deus de todas as consolações, que nos conforta em nossas tribulações; para que, pelas consolações com que nós mesmos somos consolados, possamos consolar aqueles que se encontram em angústia” (II Cor 1,3-4).

   “Ora, o Senhor teu Deus é um Deus misericordioso e não te desamparará” (Dt 4,31).

   “Ainda que os montes sejam abalados e tremam as colinas, jamais afastarei de ti a minha misericórdia” (Is 54,10).

   Porque, eu sou Deus, teu único Senhor, que sempre te amei com amor eterno, e sou constante na minha afeição por ti. (Jr 31,3)

   A misericórdia divina é amor de resgate; amor que é sempre amor forte e invencível, amor de presença indizível, de gratuidade, de entrega incondicional e, por isso, de abandono de si mesmo; aquele que assume, de coração abrasado; como o samaritano que cuidou das feridas do que estava caído à beira do caminho; deitou vinho e óleo nas suas feridas, colocou-o na sua montaria e o levou à hospedaria. Lá chegando, dando dois denários ao hospedeiro, disse-lhe: tomo conta dele até que eu volte, e, se gastares mais, to pagarei.

   Pois, eis o que diz o Senhor Javé: “vou tomar eu próprio o cuidado com minhas ovelhas, velarei sobre elas” (Ez 34,11). “A ovelha perdida eu a procurarei; a desgarrada, eu a reconduzirei; a ferida, eu a curarei; a doente, eu a restabelecerei, e velarei sobre a que estiver gorda e vigorosa. Apascentá-las-ei todas com justiça” (Ez 34,16).

   Desse modo, concluindo, eis aqui, para todos os filhos e filhas de Deus, as ordenações que o Senhor Jesus fez aos que desejarem alcançar as alegrias da vida eterna (I Jo 5,11-12), do reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo: “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; daí, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também” (Lc 6,36-38).

   Misericordioso é aquele que, a exemplo do Senhor Jesus Cristo, na cruz, assume a miséria alheia, concedendo-lhe a igualdade de vida saudável, feliz, alegre e eterna, no reino do coração do Eterno Pai, que já se encontra dentro de nós. (Is 45,15; Lc 17,21).

           João C. Porto