quarta-feira, 21 de março de 2012

Divina Sabedoria

Divina Sabedoria

DS 10

(A Palavra de Deus)

“Há diversidade de dons, mas um só é o Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (I Cor 12,4-6).

- Há dons

- Há ministérios

- Há operações

Assim, entendemos – Intus-legere – que Deus, como nos ensina o apóstolo Paulo, pela atividade trinitária de Deus Pai, com o Filho e o Espírito Santo, é que harmoniza e, conjuntamente, opera tudo em todos; entretanto, o Senhor, nosso Deus de Abraão, de Isaac e Jacó, tudo chama, dá e concede a quem ele mesmo quer chamar, conceder, consagrar e enviar ao exercício dos ministérios.

Por isso mesmo é Deus quem:

a) Capacita os escolhidos.

“Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica. (II Cor 3,5-6).

b) Dá a conhecer as coisas que, por Deus, nos foram dadas.

“Ora, nós não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito que vem de Deus, para conhecermos as coisas que por Deus nos foram dadas, as quais também anunciamos, não com palavras doutas de humana sabedoria, mas com a doutrina do Espírito, adaptando as coisas espirituais às coisas espirituais” (I Cor 2,12-13 = Vulgata).

c) Instruí, ensina e guia pelo Espírito Santo.

“Porque não sereis vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é o que falará em vós” (Mt 10,20 = Vulgata).

“Porque o Espírito Santo vos ensinará, naquele mesmo momento, o que deveis dizer” (Lc 12,12 = Vulgata).

“Inteligência te darei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; fixarei sobre ti os meus olhos” (Sl 31,8 = Vulgata).

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14,26 = Vulgata).

Ministérios é serviço, por isso, carisma, fidelidade, amor e dedicação incondicional a vontade do Senhor, que nos chama, capacita e envia a seara do seu Reino de justiça, de paz e alegria no Espírito Santo. (Rm 14,17).

- Quais são as características do ministério?

a) É superior ao velho testamento.

“Ao nosso Sumo-Sacerdote, entretanto, compete ministério tanto mais excelente quanto ele é mediador de uma aliança mais perfeita, selada por melhores promessas” (Hb 8,6).

b) É ação do Espírito Santo.

“quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito!” (II Cor 3,8).

Ob.: Ministério do Espírito = o Novo Testamento.

c) É fruto da misericórdia de Deus.

“Por isso, não nos desanimamos deste ministério que nos foi conferido por misericórdia” (II Cor 4,1).

d) É vocação, chamado e, certamente, envio.

“Dou graças aquele que me deu forças, Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério” (I Tm 1,12).

e) É dom e carisma.

“Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério.” (Rm 12,7a).

- Os tipos de ministérios.

1. Ministério da ordem = sacerdócio ministerial.

“Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação” (II Cor 5,18).

“Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos ministérios de Deus” (I Cor 4,1).

2. Ministérios não ordenados = Leigos (Sacerdócio batismal).

“Vós, porém, sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido por Deus, a fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à luz admirável (maravilhosa)” (I Pd 2,9).

“e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém” (Ap 1,6).

Assim, os leigos ministeriados são cooperadores da ação ministerial da Igreja do Senhor.

“Saldai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus” (Rm 16,3).

“Saldai Urbano, nosso colaborador em Cristo Jesus, e o meu amigo Estáquis” (Rm 16,9).

3. Exigências para o exercício dos ministérios.

- Dedicação e fidelidade:

“Recompensai aqueles que vos esperam pacientemente, a fim de que vossos profetas sejam achados fieis” (Eclo 36,18).

“Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor!” (Jr 48,10a).

- Evitar competições:

“É verdade que alguns pregam Cristo por inveja a mim e por discórdia, mas outros o fazem com a melhor boa vontade. Estes, por caridade, sabendo que tenho por missão a defesa do Evangelho; aqueles, ao contrário, pregam Cristo por espírito de intriga, e não com reta intenção, no intuito de agravar meu sofrimento nesta prisão. Mas não faz mal! Contanto que de todas as maneiras, por pretexto ou verdade, Cristo seja anunciado, nisto não só me alegro, mas sempre me alegrarei” (Fl 1,15-18).

- Procurar crescer no conhecimento:

“Anseio pelo conhecimento de Cristo e do poder da sua ressurreição, pela participação em seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na morte” (Fl 3,10).

“Despertai, como convém, e não pequeis! Porque alguns vivem na total ignorância de Deus – para vergonha vossa o digo” (I Cor 15,34).

“Mas, se alguém quiser ignorá-lo, que o ignore!” (I Cor 14,38).

“A língua dos sábios ornamenta a ciência, a boca dos imbecis transborda loucura” (Pr 15,2).

“O coração do inteligente procura a ciência; a boca dos tolos sacia-se de loucuras” (Pr 15,14).

Não se pode excluir os sacerdotes nessa busca incessante de conhecimento, por serem os depositários da lei de Deus:

“Porque os lábios dos sacerdotes serão os guardas da ciência; da sua boca se há de aprender a lei, porque ele é o anjo do Senhor dos exércitos” (Ml 2,7 = Vulgata).

“O meu povo calou-se, porque não teve ciência, também eu te rejeitarei a ti para não exerceres as funções do meu sacerdócio; e, visto que te esquecestes da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Os 4,6 = Vulgata).

“Enquanto eu não chegar, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino” (I Tm 4,13).

- Responsabilidade:

“Finalmente, dizei a Arquipo: “vê bem o ministério que recebeste em nome do Senhor, e desempenha-o plenamente” (Cl 4,17).

João C. Porto

quarta-feira, 14 de março de 2012

Divina Sabedoria

Divina Sabedoria

DS 09

(A Palavra de Deus)

A Virgem Maria, a Imaculada e sempre Virgem Mãe do Senhor Jesus Cristo, de Deus, da Igreja e de todos os filhos e filhas do Altíssimo, é Co-Redentora. Assim nos ensina uma boa parte dos mariólogos, como vê e nos instrui sob a luz da fé em Cristo, Jesus.

- Em virtude da Redenção objetiva, que corresponde à aquisição de todas as graças.

“Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28)

Como Maria cooperou com a obra da Redenção?

a) Merecendo pela beleza de suas virtudes a Encarnação do Verbo.

“De tua beleza se encantará o rei; ele é teu Senhor, rende-lhe homenagens” (Sl 44,12).

b) Rogando muito pelos homens enquanto esteve nesta vida.

“Porque olhou para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1,48).

c) Consentindo com seu Fiat (o faça-se) para a Encarnação do Verbo, na unidade da hipóstase do Amor eterno e constante.

“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

d) Sacrificando de boa vontade a vida do seu Filho para nossa salvação.

“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena” (Jo 19,25).

e) Recebendo ao pé da cruz de seu Filho a missão Pentecostal de Mãe universal.

“Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe.” E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa” (Jo 19,26-27).

João C. Porto

segunda-feira, 12 de março de 2012

Dom de Ciência

Aprofundando a Boa Nova do
Senhor Jesus Cristo
PJ Nº 11
Dom de Ciência
O Dom da ciência, na ordem dos dons de santificação do Espírito Santo, citado em Is 11,2 é o quinto. Ele coordena o Dom da Piedade, visto que julgam das criaturas, pelo que possamos ver todos os homens como irmãos, a fim de que vivamos, da fé e da caridade, na fraternidade dos filhos e filhas de Deus.
Ora, tudo nos vem à luz do conhecimento através do Dom do Entendimento! Por este Dom, o Espírito Santo se nos abrasa pela penetração profunda do teor das verdades reveladas. Então:
- pelo Dom da Sabedoria julgamos das coisas santas de Deus; (Jo 7,24).
- pelo Dom da Ciência julgamos das criaturas;
- pelo Dom do Conselho regulamos e dispomos nossos atos e ações;
- pelo Dom da Fortaleza libertamo-nos do temor do perigo;
- pelo Dom da Piedade somos dirigidos e moderados no relacionamento entre irmãos pela fé de Cristo Jesus, a fim de que andemos como Cristo andou. (I Jo 2,6).
- pelo Dom do Temor de Deus somos, sob a condução amorosa do Espírito Santo, conduzidos e moderados em todos os ímpetos desordenados de nossas concupiscências. Quer dizer: amor íntimo e profundo ao nosso único Deus e Senhor.
Ciência quer dizer conhecimento.
Conhecimento das coisas criadas em suas causas, princípios e ordenação;
Conhecimento dos Dons da plenitude das graças divinas no amor de Deus e sua infinita misericórdia;
Em fim, conhecimento de si mesmo e conhecimento do amor de Cristo Jesus:
“Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra, para que vos conceda, segundo seu glorioso tesouro, que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior. Que Cristo habite pela fé, em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade, a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual sejam a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia toda ciência, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3,14-19).
O Dom da Ciência é uma prudência superior pela qual o Espírito Santo nos move e revela todas as coisas, segundo a reta justiça do amor do Pai e do Filho. Quando o Espírito Santo nos toma em sua direção amorosa, não há o que temer, mas, com a prudência divina, proclamar as coisas necessárias segundo as manifestações recebidas do Senhor, ou através das visões sobrenaturalmente manifestadas.
“Quanto aos que a honra, a sabedoria os libertou de sofrimentos; foi ela que guiou por caminhos retos o justo que fugia à ira de seu irmão; mostrou-lhe o Reino de Deus, e deu-lhe o conhecimento da ciência dos santos; ajudou-o nos seus trabalhos, e fez frutificar seus esforços; cuidou dele contra ávidos opressores e o fez conquistar riquezas; ela o protegeu contra seus inimigos e o defendeu dos que lhe armavam ciladas; e, no duro combate deu-lhe a vitória, a fim de que ele soubesse o quanto a piedade é mais forte que tudo” (Sb 10,9-12).
A ciência dos santos é o conhecimento daqueles que possuem a graça de Deus.
A ciência humana é o conhecimento que se tem relativamente às criaturas.
Por outro lado, o Dom da Ciência nos faz compreender divinamente as criaturas, para que por meio delas possamos elevar-nos até Deus.
“Quando muda a rota da vida espiritual, quando Deus chama uma alma a uma perfeição mais elevada, para esta segunda conversão vem o Dom da Ciência a fim de produzir de maneira mais profunda e perfeita a convicção da vaidade das coisas da terra”.
Diz-nos Dom Luiz M.. Martinez:
“Se é verdade que há vaidade nas criaturas, também é certo que há nelas uma centelha divina. Cada criatura parece-me um tosco invólucro que contém uma perola divina; toda criatura é vã porque é deficiente, porque é limitada, porque nunca poderá encher o nosso coração; mas também em qualquer criatura, desde o mais excelso dos serafins até o último átomo que se encontra nos corpos, há uma centelha divina”.
Segundo consta, São Francisco de Assis possuía abundantemente o Dom da Ciência. A ele foi revelada a vaidade das coisas terrenas. Sentiu a necessidade de despojar-se de tudo e lançou as suas vestes nas mãos do pai, dizendo-lhe: “Agora posso dizer melhor: “Pai nosso que estais nos céus”.
Sobre o Espírito Santo, será sempre Dom Luiz M. Martinez que encerra nossos temas:
“No cume deste Dom encontra-se o desprendimento perfeito; as almas que desprezam de maneira definitiva todas as criaturas encontram a santa liberdade dos filhos de Deus, o gozo da liberdade, a alegria profundíssima da pobreza. Ao mesmo tempo seu olhar se torna celestial e olham o mundo de maneira nova, com o olhar divino”.
João C. Porto

Dom de Conselho

Aprofundando a Boa Nova do
Senhor Jesus Cristo
PJ Nº 10
Dom de Conselho
Deus contemplou toda a sua obra e viu que tudo era muito bom (Gn 1,31).
O Senhor, nosso Deus, dispõe tudo com sabedoria! Todas as obras que criou são perfeitas; de sorte que não há campo algum da vida espiritual em que Deus não tenha vindo ao encontro das nossas necessidades.
Na verdade, para que o procuremos, ouçamos a sua voz e permaneçamos sempre unidos a Ele, estabeleceu em nós a obra da graça sobre a obra da natureza.
Assim, “cada uma das obras de atividade que há em nós, Deus providenciou:
- na ordem natural com as faculdades e os sentidos.
Muitas vezes, nos momentos de nossas dificuldades em discernir perfeitamente nossos problemas e questões a resolver, procuramos pessoas cheias de experiências para que nos aconselhe o que devemos fazer.
Libertação dos apóstolos a conselho de Gamaliel (At. 5,34-40).
- na ordem sobrenatural com as virtudes e os dons.
O Dom do Conselho tem como virtude de suas moções a prudência que, como virtude moral, tem o selo de nossa imperfeição. Todavia, pela visão da fé que tudo opera pela caridade, regula e dispõe nossos atos segundo a reta justiça. (Jo 7,24).
“Mestre, que devo fazer de bom para ganhar a vida eterna?... Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19,16-21).
Diz-nos o Santo Doutor: “Compreende-se outra diferença que existe entre a prudência virtude e o Dom do Conselho: A prudência é regida pela razão, o Dom do Conselho, movido pelo Espírito Santo. A prudência põe um modo humano em nossos atos: incerteza e timidez; o Espírito Santo põe um modo divino nos atos que procedem do Dom do Conselho”.
O Dom do Conselho é o que está mais próximo dos dons afetivos, o que dirige os Dons do Temor de Deus, da Fortaleza e da piedade.
Ora, o Dom do Conselho objetiva aplicar todos os princípios especulativos à ordem prática da vida, à direção dos nossos atos e/ou ações; pois, Ele regula e dispõe os nossos atos.
Assim, pois, está voltado para os dons afetivos:
- O Dom do Temor de Deus, que modera os ímpetos desordenados das nossas concupiscências;
“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2,15-17).
- O Dom de Fortaleza, que retira de nós o temor do perigo;
“Até os adolescentes podem esgotar-se, e jovens robustos podem cambalear, mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para frente sem se fatigar” (Is 40,30-31).
- E o Dom da Piedade, que tem por objetivo regular e dispor nossas relações com os demais.
“Caríssimos com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu”. (I Jo 3,1).
“Eu repreendo e corrijo aqueles que amo. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te” (Ap 3,19).
Isto, na verdade, é bem de regeneração e renovação; pois, pelo Temor de Deus, o Espírito Santo move em nossos corações, as virtudes da esperança e da temperança. Assim, também, pelo Dom da Fortaleza, o Espírito Santo nos move a virtude moral da fortaleza e, pelo Dom da Piedade, o Espírito Santo nos move a virtude da Justiça.
“Mostrai-me a moeda com se paga o imposto! Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: “De quem é esta imagem e esta inscrição? De César, responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: “Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. (Mt 22,19-21)
Como obra do Espírito Santo em nossos corações, o Dom da Piedade desenvolve o afeto filial a Deus, e assim, por sermos filhos e filhas, ocupamo-nos da honra e da glória do nosso Pai.
Ora, tudo em nossa vida, desde nascer ao por do sol, dependemos do Espírito de Deus. È Ele plenitude, verdade e graça que recebemos do Pai Eterno, por seu Filho Jesus Cristo, nosso único Senhor.
“Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça, pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. (Jo 1,16-17).
O Espírito Santo, como já dissemos, é a alma de nossa alma e a vida de nossa vida.
Ensina-nos Dom Luiz M. Martinez: “Encontramos tantos sofrimentos, tantas dificuldades, tanta contrariedade em nossa vida, que se não tivéssemos outra direção a não ser a nossa pobre prudência, não conseguiríamos chegar ao termo”.
Assim, embora as virtudes, regidas pela nossa razão, tenham um selo, selo de imperfeição; os Dons como nos ensinam o santo Doutor, manejados pelo Espírito Santo, têm um selo divino, um selo de perfeição.
Certamente, por isso, Santa Catarina de Sena passava Quaresmas inteiras sem tomar outra coisa a não ser a Sagrada Comunhão. Assim, ela, não considerava a regra da razão, mas, pelo dom do Conselho, a regra altíssima da vontade de Deus.
Damos graças a Deus por todos estes ensinamentos necessários na vida de nossos corações.
Finalmente, é Dom Luiz M. Martinez que encerra esta página para nós, os filhos e filhas de Deus, no Poço de Jacó: “Felizes as almas que são conduzidas pelo Espírito Santo no meio das vicissitudes da vida, entre os tortuosos caminhos da terra! A mão de Deus as guia de maneira segura e trazem em seu coração a tranqüilidade e a paz, porque trazem a luz, porque o Espírito Santo as move, porque vão, por assim dizer, sob a sombra de suas asas caminhando triunfantemente pelas sendas da vida que hão de levá-las a doce eternidade”.
João C. Porto

Os Dons Intelectuais

Aprofundando a Boa Nova do
Senhor Jesus Cristo
PJ Nº 09
Os Dons Intelectuais
(Dons de Santificação)
Os três primeiros dons do Espírito Santo, dos quais já falamos, são:
- O Dom de Temor de Deus, pelo qual o Espírito Santo – Amor do Pai e do Filho - amorosamente nos move, produz em nossos corações horror ao pecado, pelo que, ao mesmo tempo, é força de Deus para vencer as tentações.
- Pelo Dom de Fortaleza, o Espírito Santo nos move de tal forma, que podemos superar todas as dificuldades, fugir de todos os perigos e possuirmos a confiança do poder caritativo da misericórdia divina, pelo qual S. Paulo dizia: “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13).
- O Dom da Piedade, pelo qual o Espírito Santo, em nossa alma, move e dispõe a faculdade de nossa vontade para que tenhamos dignas e santas relações com os demais. Por este Dom o Espírito Santo nos torna filhos e filhas de Deus, na justiça e na santidade verdadeira. (Ef 4,23-24).
Os outros quatro dons do Espírito Santo são conhecidos como dons intelectuais. Esses dons têm por finalidade aperfeiçoar a faculdade de nossa inteligência, introduzindo-nos, profundamente, nos nossos corações o conhecimento sobrenatural.
Ora, nossa inteligência é a faculdade mais alta do espírito do homem, a que, segundo Dom Luiz M. Martinez, rege as demais faculdades. À vontade, que é tão importante na ordem moral, está sujeita a inteligência.
Assim, pois, se a inteligência deve reger as demais faculdades de nosso espírito, é natural que seja excitada e aperfeiçoada pelas moções do Espírito Santo.
Por isso, o conhecimento sobrenatural tem grande importância na vida dos filhos e filhas de Deus.
Vejamos o que nos ensina o Senhor Jesus Cristo sobre o ápice do conhecimento:
“Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, ó Pai, um só Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste” (Jo 17,3).
“E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem possui o Filho possui a vida; quem não tem o Filho não tem a vida” (I Jo 5,11-12).
Na verdade, o conhecimento das coisas santas é de grande importância capital na vida espiritual dos filhos e filhas de Deus, sobretudo o conhecimento íntimo, profundo e eficaz:
- para contemplar as virtudes divinas;
- para aprofundar os mistérios do Reino dos céus, sobretudo quando esse conhecimento é profundo, íntimo e eficaz.
O Santo Doutor nos ensina que “até a imperfeição da virtude teologal da fé, que é obscura, explica que muitos Dons venham, por assim dizer, em auxílio dela, para suprir as nossas deficiências, para robustecê-la em nossa alma”
São Tomás de Aquino nos diz que a graça se fundamenta na natureza, porque a natureza e a graça têm a mesma fonte e emanam do mesmo princípio: “Deus, que formou a nossa natureza é também o autor da graça”.
“É como está escrito: coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração do homem imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus” (I Cor 2,9-10).
Assim, em nossa inteligência existem os primeiros princípios, que são à base de toda a consciência:
- a ciência, que é o conhecimento das coisas por suas causas;
- a sabedoria, que é uma ciência mais profunda, que descobre as causas altíssimas e últimas das coisas;
- o conselho (prudência), que aplica todos os princípios especulativos à ordem prática, à direção das nossas ações individuais.
Ora, a estes hábitos que existem, naturalmente em nós, correspondem aos quatro Dons intelectuais do Espírito Santo:
- O Dom do Entendimento;
- O Dom da Ciência;
- O Dom da Sabedoria;
- O Dom do Conselho.
Sobre estas coisas maravilhosas, que nos escreveu Dom Luiz M. Martinez?
“Nesta vida, nós nos guiamos pela fé, e embora os Dons do Espírito Santo tornem mais brilhantes e mais profundamente conhecidas as verdades da fé, porque as ilumina com esplêndidos fulgores, no fundo, a luz que serve de base aos Dons intelectuais para o conhecimento sobrenatural é sempre a luz da fé”.
“De maneira semelhante, os Dons do Espírito Santo multiplicam, afinam, transformam a luz espiritual da fé, mas sempre é a mesma luz que irradia em todos os conhecimentos sobrenaturais, é sempre a fé que, qual lamparina na terra, nos alumia enquanto chega o dia esplêndido da eternidade”.
“A luz da vida espiritual é a luz da fé, e os Dons do Espírito Santo fundamentam-se nela”.
“No céu, os Dons do Espírito Santo continuarão, mas naquela morada felicíssima não será a fé, mas será a visão beatífica, a visão esplêndida da pátria que servirá de fundamento aos Dons do Espírito Santo; mas na terra, repito, todos os Dons intelectuais se fundamentam na fé e servem precisamente para corrigir as deficiências e para descobrir-nos a profundidade dos mistérios divinos”.
“Pela fé conhecemos todas as verdades reveladas; mas pelos Dons do Espírito Santo penetramos, por assim dizer, no fundo destas mesmas verdades”.
Ora, “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6).
João C. Porto

Dom da Piedade

Aprofundando a Boa Nova do
Senhor Jesus Cristo
PJ Nº 08
Dom da Piedade
O Dom da Piedade, na ordem dos Dons de Santificação, é o penúltimo:
Sabedoria
Entendimento
Conselho
Fortaleza
Ciência
Piedade
Temor de Deus
O Dom da Piedade tem como finalidade ordenar todas as nossas relações com os demais irmãos na Igreja, comunidade onde vivemos.
Ora, o Espírito Santo, habitando em nós, tem seu modo próprio de influir definitivamente na ordenação e disposição de tudo o que se refere à parte inferior da nossa alma.
Assim, pelo Dom do Temor de Deus, o Espírito Santo modera as inclinações da nossa sensibilidade, ordena nossas faculdades interiores, para que nunca possamos nos afastar de Deus.
Pelo Dom da Fortaleza, o Espírito Santo comunica as nossas almas vigor e alento, firmeza sobre-humanas, a fim de que possamos levar avante todas as nossas lutas contra o mal, evitando sempre os perigos, para a glória de Deus Pai.
Não é certo que na vida espiritual temos deveres a cumprir com Deus e com nossos semelhantes?
Certamente, é difícil ser ao mesmo tempo justo e afável, conservando sempre a delicadeza no trato com nossos irmãos!
Ora, para que possamos ordenar e dispor nossas relações entre irmãos da fé em Cristo dispomos como centro a virtude moral da Justiça; para com nossos pais, a piedade; para com Deus, a Religião, e para com nossos benfeitores, a gratidão.
Entretanto, cada virtude sempre será movida através de um Dom; pois, tudo, o que diz respeito a nossa santificação e a perfeição de nosso ser mais íntimo e profundo, é obra do Espírito Santo.
Somente assim, “o Espírito Santo por meio de seus Dons eleva e comunica um modo divino às nossas relações com os demais”.
Diz-nos Dom Luiz M. Martinez: “no mundo dos dons não há mais do que um Dom, o Dom da Piedade, que tem como finalidade ordenar todas as nossas relações com os demais; porque nas alturas se unifica o que embaixo é múltiplo”.
“Por ser Deus nosso Pai, temos com Ele estreitíssimas e santas relações filiais, e deste Espírito de adoção que nos faz olhar a Deus como o nosso Pai depreende-se a ordem e a união que o Dom da Piedade estabelece em nossas relações com Deus e com os nossos semelhantes”.
Gl 4,6:- E como vós sois filhos, Deus derramou em vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai!
Rm 8,15:- E não recebestes um espírito de escravos, para recair no temor, mas um espírito de filhos, que nos permite clamar: Abba! Pai!
Sl 115,3:- Mas que poderei retribuir ao Senhor por tudo o que ele me tem dado?
Ora, o Dom da Piedade não vê como norma a dívida, o benefício, mas acolhe Deus em nós como Pai.
“A virtude da Religião leva-nos a agradecer a Deus os benefícios recebidos e a dar-lhe uma honra e um culto por ser ele o Soberano do nosso ser”.
Sempre que damos graças a Deus devemos levar em conta que o fazemos, não pelos dons que recebemos, mas porque é grande e porque é glorioso. Assim, damos-lhe graças por sua glória.
Santo Inácio de Loyola tomou como lema estas palavras: “Para maior glória de Deus” Certamente, ele se inspirou no Dom da Piedade.
Por isso, o Dom da Piedade nos leva a ver todos os homens como irmãos, e faz-nos sentir a fraternidade dos filhos e filhas de Deus.
É como alguns santos disseram: “No amor não há medida; pois, a medida do amor é amar sem medida”
Fala-nos o Senhor Jesus: “Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus” (Mt 18,3)
É-nos importante compreendermos: todos nós, os batizados, têm os Dons; porque não se pode possuir a graça sem os Dons, nem se pode ter a graça sem o Espírito Santo, e nem o Espírito Santo se separa jamais dos Dons.
João C. Porto

Dom do Temor de Deus

Aprofundando a Boa Nova do
Senhor Jesus Cristo
PJ Nº 06
Dom do Temor de Deus
O dom de Temor de Deus nos une profundamente a Deus, faz-nos viver na humildade e mansidão do coração do Senhor Jesus Cristo (Mt 11,29), reconhecendo nossa miséria; sob a temperança, pelo conhecimento de Deus, de si mesmo e do próximo; também nos move sob a luz da esperança, dada a visão beatífica que se nos vislumbra relativamente à herança dos santos.
Dom Luiz M. Martinez nos ensina que os dons infusos, dons da santificação de nossas almas, são maravilhosos receptores sobrenaturais que têm o excelso privilégio de captar as moções do Espírito Santo e que imprime em nossos atos um modo divino, porque os submetem a uma regra altíssima.
O profeta Isaías enumera sete Dons Infusos (dons de santificação – Is 11,2):
- Sabedoria e Entendimento
- Conselho e Fortaleza
- Ciência e Piedade
- Temor de Deus
Assim, principalmente, através desses dons, o Espírito Santo, doce hóspede de nossas almas, dirige de maneira sublime nossa vida espiritual. Ele estabelece nas diversas partes do nosso ser estas realidades luminosas, os receptores divinos através dos quais se comunica conosco, influindo e motivando-nos em todas as faculdades do nosso espírito, sob sua direção amorosa.
“Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus” (Rm 8,14).
São Luis Gonzaga, sob o influxo deste Dom chorava até mesmo em confessar suas pequenas faltas, seus pecados veniais.
Santa Juliana Falcolneri tremia ao ouvir falar de pecado e desmaiava só em ouvir um relato de um crime.O dom do Temor de Deus produz em nossos corações horror ao pecado e, ao mesmo tempo, força para vencer as tentações.
Os dons infusos são uma obra exclusiva do Espírito Santo para a santificação do nosso espírito, da nossa alma, do nosso coração e de todo o nosso ser mais íntimo e profundo.
De todo o nosso espírito, para a santificação de nossas faculdades espirituais:
- Inteligência (entendimento)
- Vontade
- Memória
- Imaginação
- Afetividades
De toda a nossa alma, para que a nossa razão seja algo novo, como uma nova criatura (II Cor 5,17), regenerada e renovada pelo batismo do Espírito Santo.
“Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4,23-24).
De todo o nosso coração, pelo espírito e pela alma, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e apto para toda boa obra.
De todo o nosso ser mais íntimo e profundo, para que já não sejamos mais nós mesmos, mas Cristo em nós, pelo que estamos revestidos de Cristo (Gl 3,27) e já não somos nós que vivemos, mas é Cristo que vive em nós; isto é, fazemos parte do Cristo total.
“Quem se une ao Senhor, torna-se com ele um só espírito” (I Cor 6,17).
Diz-nos o santo Doutor que a inteligência (entendimento) é a nossa faculdade mais alta, a mais nobre que possuímos, a que nos torna semelhantes aos anjos, a que põe em nossa alma um traço da imagem de Deus.
Nessa faculdade, o Espírito Santo coloca quatro dons: Sabedoria, Entendimento, Ciência e Conselho.
Assim, pelo Dom do Entendimento penetramos nas verdades divinas – Intus Legere – e para julgar dessas verdades temos três dons:
- A sabedoria, que julga das coisas divinas;
- A ciência, que julga das criaturas;
- O conselho, que regula e dispõe os nossos atos.
Na vontade, que é a faculdade que segue em categoria e natureza a nossa inteligência, há um dom:
- O Dom da Piedade, que tem por objetivo regular e dispor nossas relações com os demais. Por isso que o Dom da Piedade nos move a virtude da Justiça, principalmente.
E, finalmente, para dominar a parte inferior do nosso ser, há dois Dons:
- O de Fortaleza para tirar-nos o temor do perigo;
- E o Temor de Deus, para moderar os ímpetos desordenados da nossa concupiscência (sentidos).
Desse modo “desde o ápice de nosso espírito, que é a inteligência, até a porção inferior do nosso ser, o Espírito Santo tem os seus Dons para comunicar-se com este mundo que trazemos em nós, para poder inspirar e mover todos os nossos atos humanos”.
Não nos admiremos pelo fato de que na faculdade da nossa vontade tenhamos apenas o Dom da Piedade. Diz-nos Dom Martinez que a razão disso consiste em que, em nossa vontade possuímos duas virtudes altíssimas: a esperança e a caridade. Acrescenta-nos, então, o Santo Doutor: “estas virtudes são superiores aos Dons e podem, por conseguinte, ter ao mesmo tempo função de virtude e função de Dom.
Não é verdade que as virtudes nos servem para a direção que a razão imprime à nossa vida, e que os Dons são preciosos instrumentos que o Espírito utiliza para sua condução amorosa sobre os filhos e filhas de Deus?
“É natural que os instrumentos da direção estejam em proporção com aquele que dirige; mas a caridade e a esperança são virtudes tão altas, são instrumentos tão preciosos, que ao mesmo tempo em que a razão pode dispor deles – imprimindo-lhes, naturalmente, o seu modo humano – o Espírito Santo também as utiliza como preciosos instrumentos para realizar as suas maravilhas”.
Assim a caridade pode imprimir em nossos corações um amor profundo e altíssimo, cuja face é a do Espírito Santo, que nos une a Deus de tal forma, pelo que fita perenemente sobre nós, os seus próprios olhos. (Sl 31,8).
Ora, entre todos os Dons de santificação, o mais perfeito de todos é a Sabedoria; depois vem o Entendimento, em seguida a Ciência, depois o Conselho, a seguir a Piedade e a Fortaleza, e o que é inferior a todos, o Dom do Temor de Deus.
Desse modo, “o Espírito Santo habitando no santuário interior da nossa alma e sendo o doce hóspede dela, tem, por meio dos seus Dons, a posse de todas as nossas faculdades”.
Por isso, o Senhor Jesus, falando com a samaritana, disse-lhe junto ao “poço de Jacó”: “Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva” (Jo 4,10).
Ora, o amor perfeito exclui o temor (I Jo 4,18).
Como é possível que da caridade se tenha o temor de Deus?
Na verdade temos várias classes de temor:
- Temor de pena
- Temor de culpa
- Temor mundano
Há outro temor que nos afasta do pecado e que nos aproxima de Deus, mas que é demasiadamente imperfeito: “O temor servil, o temor do castigo”.
Há, no entanto, um temor que está na base do amor, o Temor Filial. Consiste na repugnância que a alma sente em afastar-se de Deus.
Há um temor que está acima de todos os temores, a separação do amado. Ora, este temor dirigido pelo Espírito Santo é precisamente o que se chama o Dom do Temor de Deus.
É Dom Luiz M. Martinez que nos fala, agora: O Espírito Santo nos une de tal maneira a Ele que nos infunde um horror instintivo, profundo, eficacíssimo, de afastar-se de Deus, que nos faz dizer: “tudo menos perder nossa união estreitíssima com o ser amado” É um temor filial, é um temor nobilíssimo, é um temor que brota das próprias entranhas do amor; esse temor filial, perfeito e amoroso, é o que constitui o Dom do Temor de Deus.
Quando a Escritura nos diz que o temor é o princípio da sabedoria, é importante que se compreenda que esse modo de falar se refere ao sentido de que o Dom produz o primeiro efeito na obra divina da sabedoria.
Dizendo melhor, o temor servil é princípio de sabedoria, mas não no sentido de que influi nela, mas no sentido de que prepara e dispõe a alma para que a ela possa vir à sabedoria.
Assim, o Dom do Temor nos une a Deus; impede que nos afastemos de Deus; pois, por ele, criamos horror ao pecado.
“Senhor, guardo no fundo do meu coração a vossa palavra, para não pecar contra vós” (Sl 118,11).
O Dom do Temor do Senhor nos une a Ele:
“Aquele que se une ao Senhor forma um só espírito com Ele” (I Cor 6,17).
Não é verdade que, quando se ama com o verdadeiro, o amor do coração, o mais leve perigo de nos afastar do bem amada não nos despedaça o coração?
Ora, o Dom de Temor de Deus produz em nós horror ao pecado e nos fortalece para vencer as tentações.
Assim, pelo Dom de Temor de Deus nossa alma se afasta do pecado e nos une a Deus com profunda reverência.
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19,21).
O Espírito Santo vive em nós!... Ele infunde em nossos corações seus preciosos instrumentos para impelir-nos, elevar-nos e para levar-nos às alturas das bem-aventuranças.
“Bem-aventurados os pobres de coração, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3)
É Dom Luiz M. Martinez que nos dá a mensagem final deste estudo: “Contemplemos aquele amor inefável, imenso, perfeito, pessoal que enlaça num abraço de amor o Pai e o Filho; convidemo-lo, desejemo-lo, digamos-lhe que viva em nossas almas, que não nos abandone jamais, que encha nossos corações, e que por meio dos seus Dons, precioso instrumento da sua atividade, influa em nós, nos mova e nos conduza através de todas as vicissitudes do desterro ao cume bem-aventurado da pátria”.
João C. Porto