domingo, 29 de julho de 2012

Pecado, Perdao e Salvação

                                 CURSO DA BÍBLIA SAGRADA

                                                  CBS Nº 08

                                      Pecado, Perdão e Salvação

    01. O pecado existe?

   A palavra de Deus, além de falar sobre a existência do pecado, nos oferece, por Jesus Cristo, o perdão e a salvação.

   “Porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que está no Senhor Jesus Cristo” (Rm 3,23-24).

   “Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis porque o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio” (I Jo 3,8).

   “Eu vim ao mundo como uma luz, para que todo o que crê em mim não pereça nas trevas” (Jo 12,46).

   “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

   “Veio para o que era Seu, mas os Seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no Seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus” (Jo 1, 11-13).

   “Falou-lhes outra vez Jesus: “Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

   “Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; porque não crê no nome do Filho único de Deus” (Jo 3,17-18).

   Assim o pecado está sempre presente no coração do homem:

   - em mim;
   - em você;
   - em nós;
   - na sociedade;
   - no mundo inteiro.

   2. Qual a origem do pecado?

   O pecado teve sua origem no coração de um anjo de Deus, de um querubim, conhecido pelo nome “Lúcifer”. Era um anjo cheio de luz, ciência e poder de Deus. Porque pecou, perdeu a graça e tornou-se inimigo de Deus. Tornou-se Satanás.

   “Tu eras um querubim, que estendias as tuas asas e cobrias o trono de Deus; eu te coloquei sobre o monte santo de Deus; tu caminhavas no meio das pedras brilhantes como fogo. Tu eras perfeito nos teus caminhos desde o dia da tua criação, até que a iniqüidade se achou em ti” (Ez 28,14-15).

   Assim, pelo que se pode concluir, o pecado teve uma dupla origem:

   - entre os anjos do Senhor;
   - no paraíso através de nossos primeiros pais.

   03. Como o pecado entrou no mundo, mais precisamente no coração do homem?

   O querubim, então Satanás, disfarçado de serpente, enganou a mulher, que abriu seu coração à desobediência juntamente com o homem.

   “Viu, pois, a mulher que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente” (Gn 3,6).

   “Da mulher nasceu o princípio do pecado e por causa dela é que todos morremos” (Eclo 25,33).

   “Por um só homem entrou o pecado neste mundo, e pelo pecado a morte, e assim passou a morte a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5,12).

   04. O que é o pecado?

É a infração à lei santa do amor eterno de Deus. E, também, uma desobediência aos desígnios do amor de Deus para conosco. O pecado é um desamor, uma falta de amor:

   - a Deus;
   - a mim;
   - a você;
   - a nós;
   - à sociedade;
   - ao mundo inteiro.

   Na verdade, qualquer ato que pratiquemos é pecado, se não estiver dentro do contexto da vontade e da sabedoria de Deus. Jesus Cristo nos adverte até mesmo de que qualquer palavra ociosa que tivermos proferido daremos conta dela no dia do juízo.

   “Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiver proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado” (Mt 12,36-37).

   O pecado é uma transgressão a lei, porque o pecado é uma transgressão á lei do amor de Deus.

   “Todo o que comete pecado transgride a lei, porque o pecado é uma transgressão da lei” (I Jo 3,4).
“Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo” (Jo 8,34).

   “Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6,23).

   Ora, pecamos por pensamentos, palavras e atos. São Tiago nos diz que qualquer que observar toda a lei, mas descurar num só ponto é um transgressor da lei.

   “Pois quem guardar o preceito da lei, mas faltar em um só ponto tornar-se-á culpado de toda ela” (Tg 2,10).

   05. Como se pode classificar o pecado?

   Em dois tipos: pecado original e pecado atual.

   O pecado original, como o próprio nome indica, é o pecado da desobediência de Adão e Eva, o pecado que nos veio desde a nossa origem.

   O pecado atual é praticado por cada geração. É o que se pratica hoje. Sua causa está no pecado original. Podemos classificá-lo em dois tipos:

   - Pecado venial;
   - Pecado mortal.

   O pecado venial refere-se às faltas leves, dignas de vênia, fruto de nossas fragilidades.

   O pecado mortal é o que leva a alma à morte, caso não haja uma reparação, isto é, uma conversão, arrependimento, perdão e reconciliação. É uma iniqüidade porque representa um conjunto de coisas injustas e más, que nos causam o afastamento do amor de Deus e, por conseqüência, a morte.

   “dizendo: arrependei-vos – mudai de vida e de mentalidade – porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3,2 = Vulgata).
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12,2).

   06. Quais são as raízes do pecado mortal?

   São, atualmente, mais de sete, também conhecidas como pecados capitais:

   Orgulho, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça, poluição ambiental, desigualdade social, uso de droga e manipulação genética.

   Nós os chamados de raízes porque, de uma forma ou de outra, eles estão sempre presentes no coração do homem, ainda que de forma latente. Se nos descurarmos da fé e da prática do amor de Deus, eles podem despertar e crescer em nossas idéias e ações.

   07. Que prejuízo nos trouxe a queda de Adão e Eva, o pecado original?

   Como conseqüência do pecado original, o Senhor lançou sobre nós três maldições:

    1. Comerás o pão com o suor do teu rosto (Gn 3,19a);
   2. Darás à luz com dor os filhos e estarás sob o poder do marido, e ele te dominará (Gn 3,16b);
   3. Tu és pó e em pó te hás de tornar (Gn 3,19b).

   No entanto, a nossa humilhação não ficou somente nas maldições. Perdemos também todos estes bens celestiais referentes aos dons preternaturais:

   - a graça santificante;
   - o direito ao céu;
   - a imortalidade;
   - a imunidade contra o sofrimento;
   - o paraíso terrestre;
   - o dom a integridade (controle perfeito das paixões pela razão).

   08. O que é o perdão?

   É a remissão daquele que praticou a ofensa através de um ato de amor. Perdoar é esquecer a ofensa sofrida, é retomar a intimidade que fora partida, através da reconciliação no amor de Deus.

   “Sempre sou eu quem deve apagar tuas faltas, e não mais me lembrar de teus pecados” (Is 43,25).

   “Eu lhes perdoarei as suas iniqüidades, e já não me lembrarei dos seus pecados” (Hb 8,12).

   No livro do profeta Isaías, Cap. 1, Vers. 16-18, o Senhor nos convida a:

   - lavar-nos e purificar-nos;
   - tirar de diante dos meus olhos a malícia dos vossos pensamentos;
   - cessar de fazer o mal;
   - aprender a fazer o bem;
   - procurar o que é justo;
   - socorrer o oprimido;
   - fazer a justiça ao órfão;
   - defender a viúva.

   O Senhor acrescenta, ainda:

   “Pois bem, justifiquemo-nos, diz o Senhor. Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã”! (Is 1,18).

   Perdoar é também mudar de pensamento e de atitude com relação ao outro, esquecendo o que passou, retornando ao amor misericordioso de Deus, que tudo perdoa e esquece para sempre.

   “Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo:

   “aprende a conhecer o Senhor”, porque todos me conhecerão, grandes e pequenos – oráculo do Senhor –, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados” (Jr 31,.34).

   Deus é infinitamente misericordioso, mas só nos perdoa se perdoarmos aos outros as suas ofensas.

   “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 6,14-15).

   09. O que é a salvação?

   É uma dádiva de Deus, que nos foi concedida por Seu Filho Jesus Cristo, em virtude do amor eterno e misericordioso do Pai.

   “Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu Seu Filho Unigênito, para que todo o que crê NELE não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

   10. Jesus veio à terra com a missão específica de nos salvar. Em que oportunidade ele nos salvou?

    Na cruz! Do alto do madeiro, pelo sangue da remissão, Ele nos perdoou os pecados e nos salvou, reconciliando-nos com o Pai Eterno.

   “Este mesmo justo, meu servo, justificará’ muitos homens com a sua ciência, e tomará sobre si suas iniqüidades. Por isso eu lhe darei por sorte uma grande multidão e ele distribuirá os despojos dos fortes, porque entregou a sua vida à morte, foi posto no número dos malfeitores, tomou sobre si os pecados de muitos e intercedeu pelos pecadores” (Is 53,11b-12).

   Como vemos a salvação, além de ser um dom gratuito de Deus, já se operou no sacrifício da cruz. Ali, Jesus perdoou os nossos pecados e nos libertou da escravidão das trevas. Por isso é que João, o evangelista, nos diz que a todos quantos receberam Jesus, a todos os que crêem no seu nome, Deus lhes concedeu o poder de se tornarem Seus Filhos. (Jo 1,12).

   Nesse sentido é que Jesus, o Salvador, quer comunicar a todos os corações a alegria da salvação. Por isso, Ele nos exorta, fazendo riquíssimas promessas:

   “Quem estiver com sede venha a mim e beba” (Jo 7,37b).

   “Quem crê em mim, como diz a Escritura: do seu interior manarão rios de água viva” (Jo 7,38).

   “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu julgo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu julgo é suave e meu peso é leve” (Mt 11,28-30).

   Jesus lhe respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).

   “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora” (Jo 6,37).

   “A vontade de meu Pai que me enviou é que todo o que vê o Filho e crê Nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,40).
“Aquele que vencer, eu o farei sentar comigo no meu trono, assim como eu mesmo também venci, e me sentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3,21).
“Porque o cordeiro, que está no meio do trono, os enxugará toda a lágrima dos seus olhos” (Ap 7,17).

             QUESTIONÁRIO PARA APROFUNDAMENTO ESPIRITUAL

   11. Que diz São Pedro, falando sobre si mesmo?

   -Evangelho de São Lucas – Cap. 5, Vers. 8.

   12. Você Já pensou que ninguém se pode julgar isento de pecado? Somos solidários no pecado?

   -Epístola aos Romanos – Cap. 3, Vers. 23.

   13. Nossa solidariedade no pecado é conseqüência do fato de sermos humanos.

   -Livro dos Salmos – Cap. 50, Vers. 7.

   14. Fomos resgatados ao preço do sangue inocente.

   -Primeira Epístola aos Coríntios – Cap. 6, Vers. 20.11

   15. Somos nós que fazemos nossa salvação?

   -Epístola aos Romanos – Cap. 3, Vers. 24.

   16. Como é que Deus me faz conhecer Sua Salvação?

   -Evangelho de São Lucas – Cap. 1, Vers. 77.

   17. Leia a prece de o texto indicado a seguir.

   -Evangelho de São Lucas – Cap. 18, Vers. 13.

   18. Em graus diversos, todos os homens são pecadores. Reflita sobre o texto a seguir:

   -Epístola aos Romanos – Cap. 5, Vers. 8-19.

   19. Medite sobre a atitude de Jesus diante do pecador arrependido. Faça um resumo com suas palavras.

   -A mulher adúltera: Evangelho de São João – Cap. 8, Vers.2-11.

   -Zaqueu: Evangelho de São Lucas – Cap. 19, Vers. 1-10.

   -O bom ladrão: Evangelho de São Lucas – Cap. 23, Vers. 43.

   20. Jesus aponta como causa imediata do pecado.

   A fraqueza humana: Evangelho de São Marcos – Cap. 14, Vers. 38.

   -O escândalo:Evangelho de São Marcos – Cap. 9, Vers. 42-48.

   -As riquezas: Evangelho de São Marcos – Cap. 4, Vers. 4-19.

   Observações.

    João C. Porto


   Bibliografia do Curso da Bíblia Sagrada: CBS:
   Medeiros, J. M. (1976). Meu Curso Bíblico. Edições Paulinas. São Paulo.
   Província Eclesiástica de Alagoas. O Caminho. Edições Loiola. São Paulo.
   Bíblia Sagrada (1972). Barsa. Rio de Janeiro.
   Bíblia Sagrada (1967). Edições Paulinas. São Paulo.







sábado, 28 de julho de 2012

A EUCARISTIA

                           CURSO DA BÍBLIA SAGRADA


                                            C B S Nº 10

                                   A  E U C A R I S T I A

01. O que é a Eucaristia?

   A palavra Eucaristia vem do grego e significa Ação de Graças. EU quer dizer BEM, e CHARIS quer dizer GRAÇA. A Eucaristia é, então, a festa da alegria dos corações remidos em Cristo. É um momento sublime em que os céus e a terra se unem em nossos corações. É o canto festivo de louvor e adoração da alma, na unidade do Pai e do Filho. É o céu presente, transformando as nossa vidas em novos céus.

   “Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Novamente me disse: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o começo e o fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva.

   O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21,5-7).

   Por isso, a Eucaristia é uma ação de graças. São graças que descem e graças que sobem. É como uma graça de Deus que desce ao mundo finito, e este mundo finito, por Jesus Cristo, sobe ao infinito. Tudo isso para que, na unidade do amor eterno de Deus, nos encontremos nos exercícios dos carismas da Igreja viva do Senhor e Salvador, Jesus Cristo, como está escrito:

   “Todos nós participamos da sua plenitude e recebemos graça sobre graça” (Jo 1,16).

   A Eucaristia é o terceiro sacramento na Igreja do Senhor Jesus. Segundo a lei do amor de Deus é também sacrifício de redenção.

   “De agpra em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte” (Rm 8,1-2).

  Como sacramento, a Eucaristia é um sinal real da presença de Nosso Senhor Jesus Cristo na Igreja e em nós, através das espécies do pão e do vinho. Como sacrifício, a Eucaristia é um sacramento memorável que se repete em cada celebração da Santa Missa. Não é mais um sacrifício cruento, como foi a morte de Jesus, mas um sacrifício incruento, visto que o Senhor Jesus se deu uma única e só vez, definitivamente.

   “E não entrou para se oferecer muitas vezes a si mesmo, como o pontífice que entrava todos os anos no santuário para oferecer sangue alheio. Do contrário, lhe seria necessário padecer muitas vezes desde o princípio do mundo; quando é certo que apareceu uma só vez ao final dos tempos para destruição do pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9,25-26).

   Assim, a Eucaristia, como sacrifício, é chamada de Santa Missa, enquanto que, como sacramento, é chamada de Sagrada Comunhão ou Santíssimo Sacramento do Altar.

   Dessa forma, a Eucaristia é o sacramento da vida, porque é o próprio Jesus vivo e ressuscitado que recebemos como alimento e fonte de todas as graças. É ela que nos transforma, porque nela está o amor do Pai e do Filho.

   02. Que diferença há entre a Eucaristia e os outros sacramentos?

   Nos outros sacramentos nos unimos a Jesus Cristo através da graça especial de cada um deles. O Batismo, por exemplo, lava o pecado original e os outros pecados. É o sacramento de um novo nascimento. O sacramento do Matrimônio, por outro lado, dá a graça ao casal para viverem unidos a Cristo, na união da vida matrimonial, com o principal objetivos de gerarem filhos para Deus.

   “Ora, vós sabeis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito. E Sara acrescentou: Tende piedade de nós, Senhor; tende piedade de nós, e fazei que cheguemos juntos a uma ditosa velhice” (Tb 8,9).

   A Eucaristia, no entanto, é diferente. Nela não está apenas a graça em si mesma, mas a própria fonte da graça que é Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, dando-nos seu corpo glorioso. É, portanto, Jesus mesmo que entra em nós para viver e agir conosco. É Jesus Cristo realizando algo muito grande em nós, pois nos transforma nEle, como uma mutação extraordinária. É uma realidade completamente nova.

   “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco” (Jo 14,15-16).

   “Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23).

   “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo” (II Cor 5,17).

   Segundo São Tomás de Aquino, um dos maiores teólogos da Igreja, o efeito característico da Eucaristia é a transformação do homem em Deus, segundo a sua divinização. E o decreto conciliar Lumen Gentium afirma que “a participação no corpo e sangue de Cristo tem como efeito a nossa transformação naquilo que recebemos”.

   Podemos ainda dizer que a Eucaristia é diferente dos alimentos materiais. Enquanto estes, quando consumimos, se transforma em matéria do nosso corpo, a Eucaristia, ao contrário, nos transforma nEle. Transforma-nos em Jesus.

   Para Sto. Alberto Magno, “toda vez que duas coisas se unem, é o mais forte que vence. Isto é, é o mais potente que transforma em si mesmo o mais fraco”. Assim também é a Eucaristia. Ela transforma a nossa alma, nosso coração e nosso espírito em Jesus, dando vida, inclusive, ao corpo material. Por possuir uma força mais potente do que aqueles que a recebem, a Eucaristia transforma em si mesma, isto é, em Cristo, os que dela se nutrem.

    Os padres e doutores da Igreja, apoiados na palavra do Senhor Jesus Cristo, afirmam que sob a aparência do pão nos foi dado o corpo de Cristo, e que sob a aparência de vinho nos foi dado o sangue de Cristo, para que nos tornemos concorpóreos e consanguíneos com Ele, num sentido novo de profunda vida e esperança.

   “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,54).

   03. Quais são as figuras eucarísticas do Antigo Testamento e Novo Testamento?

   Tudo quanto Deus, nos seus desígnios de amor, havia estabelecido para o ministério de seu Filho Unigênito foi profetizado e, muitas vezes, antecipado no Antigo Testamento, nas figuras riquíssimas de esperanças e em acontecimentos históricos, durante a caminhada do seu povo.

   Na Bíblia Sagrada, tando na Antiga como na Nova Aliança, belíssimos momentos configuraram com rara beleza o sentido profético das coisas vindouras e/ou dos bens escatológicos de nossa esperança. Já experimentamos, inclusive, de alguns deles, desde os dias da primeira vinda do Senhor Jesus Cristo.

   Vejamos que momentos são esses.

   a) O sacerdote do Deus Altíssimo, Melquisedec, trazendo em suas mãos pão e vinho, abençoou Abraão, dizendo: “Bendito seja, Abrão, pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e a terra! Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas mãos!” E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. (Gn 14,18-20).

   b) O sacrifício de Isaac, filho único de Abraão, como figura do Cristo que se Deus na cruz para a salvação de toda a humanidade (Gn 22,1-14).

   c) Aquele momento em que Disse a Moisés: “Vou fazer chover pão do alto do céu” (Ex 16,4a).

   d) O cordeiro pascal dos judeus, como figura de Jesus Cristo, nossa páscoa. (Ex 12,1-14)

   e) Os pães da proposição, que eram conservados no tabernáculo, figura de Cristo Eucarístico no sacrário, para saciar e alimentar o povo de Deus, principalmente durante a caminhada dos nossos dias. (Lv 24,5-9)

    f) Elias levantou-se, comeu e bebeu e, com o vigor daquela comida, andou quarenta dias e quarenta noites, até Horeb, a montanha de Deus. (I Rs 19,8)

   g) Jesus, que a exemplo de Elias, após a tentação no deserto, teve fome e recebeu dos anjos do Pai o alimento que lhe restabeleceu às forças e o edificou na ciência de Deus. (Mt 4,11)

   h) Jesus, que, nas bodas de Caná da Galileia, transformou água em vinho. (Jo 2,5-7)

    i) A multiplicação dos pães, quando de cinco pães e três peixinhos, o Senhor Jesus alimentou cinco mil homens e ainda sobraram doze cestos. (Jo 6,1-13)

   04. Que transformação nos traz a Eucaristia?

   A Eucaristia nos transforma individualmente em Cristo e coletivamente na Igreja viva do Senhor. É o sacramento que nos faz irmãos uns dos outros, e irmãos e irmãs do Senhor Jesus, realizando no amor do Pai e do Filho a grande família de Deus na terra. (I Jo 3,1)

   É pela Eucaristia que o Senhor Jesus nos une a si, e com ele formamos um só corpo. É ela que dá vida a esse corpo. É a essência mais ítima e profunda de Deus no coração de seus filhos. É o selo de sua eternidade. (I Cor 6,17; Ef 1,13)

   Um dos bens escatológicos de maior presença que está contida na Eucaristia é a vida eterna (I Jo 5,11-12)

   A Eucaristia transforma criaturas humanas em filhos e filhas de Deus, fortalecendo suas vidas através da fé, da esperança e da caridade do Amor de Deus. Transforma essas criaturas pelo caminho dos dons e das virtudes e da disponível humildade. É canal de grandes graças pelas quais Jesus, o Senhor de nossas vidas, opera, salvando e curando todos aqueles que estiverem famintos e sedentos de justiça, todos aqueles que, em busca da santidade, serão levados à visão beatífica.

    05. De que necessitamos para desejar a Eucaristia?

   As condições essenciais são:

   a) Acreditar em Jesus Cristo, na sua Igreja e doutrina.

   b) Ter como prática de vida o mandamento do amor.

   c) Confessar-se pecador arrependido (Lc 18,13).

   d) Reconciliar-se consigo, com Deus e com o irmão.

   e) Viver sob a direção amorosa do Espírito Santo (Rm 8,14.16.26-27).

    A prática é esta, visto que a palavra de Deus proferida por Jesus Cristo e os apóstolos assim nos instrui:

   “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas” (Mt 7,12).

   “Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco o vosso Pai vos perdoará” (Mt 6,15).

   “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23-24).

   “Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram. Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Rm 12,15-16).

    06. Quais são as condições essenciais para recebermos o Corpo de Cristo Eucarístico?

   A princípio, todos aqueles que estão sem pecado mortal. Aqueles que confessaram seus pecados (Jo 20,23) e, por isso mesmo, estão purificados de toda a iniquidade (I Jo 1,9).

  Todos aqueles que, pela frequente participação no sacramento da penitência ou confissão, encontram-se reconciliados, e, por isso, conservam humildemente a consciência em paz, sem qualquer mancha e sempre limpa diante de Deus e dos homens (At 24,16).

   Todos aqueles que se encontram em estado de renúncia às obras da carne (Rm 8,13), mediante a vivência do Evangelho da salvação, que, segunco São Paulo, é poder de Deus para a salvação de todo o que crê de coração (Rm 1,16).

   Finalmente, todos aqueles que se posicionam sob o senhorio de Jesus Cristo, pois, somente assim, conduzidos pelo Espírito Santo de Deus, podem caminhar sob a revelação de filhos e filhas do Reino do Céu (Rm 8,14.16.26-27).

   O Senhor Jesus, no seu amor, é firme e invencível. Ele nos ama com grande de Pai e, por isso, de uma forma muito especial nos acolhe como filhos.

   Apesar da Salvação, mas diante de nossas fraquezas, Ele se coisificou em pão (isto é o meu corpo...) a fim de que péla Eucaristia recebêssemos seu corpo como alimento e vida. Mais ainda, como um sinal visível de sua presença conosco (Lc 22,15).

   Conclui-se, por isso, que é da vontade do Senhor Jesus que desfrutemos dos seus sentimentos e de sua maneira de pensar e agir. Dessa forma é mais do que justo e rezoável que tenhamos em nós e em comunhão com nossos irmãos a mesma unidade eucarística do Filho com o Pai de toda a eternidade (Jo 17,21).

   “aqule que afirma permanecer nEle deve também viver como Ele viveu” (I Jo 2,6).

   “quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito” (I Cor 6,17).

  QUESTIONÁRIO PARA APROFUNDAMENTO ESPIRITUAL

  07. Que disse Jesus, certa vez, aos judeus que o escutavam?

   Evangelho de São João – Cap. 6, Vers. 53-54.

   08. Que disse o Senhor Jesus sobre Ele mesmo?

   Evangelho de São João – Cap. 6, Vers. 51.

   09. Como o Senhor Jesus instituiu a Eucaristia?

   Evangelho de São Mateus – Cap. 26, Vers. 26-29.

   10. Que afirma São Paulo sobre a dignidade daqueles que participam da Eucaristia?

   Primeira Epístola aos Coríntios – Cap. 11, Vers. 27.

   11. São Paulo chega a dizer que quando alguém se comporta sem caridade na Eucaristia não há “Ceia do Senhor”. Medite a citação abaixo.

   Primeira Epístola aos Corintios – Cap. 11, Vers. 20.

   12. Que disse o Senhor Jesus antes de instituir a Eucaristia?

   Evangelho de São Lucas – Cap. 22, Vers. 15.

   13. Sem a menor dúvida, o gesto da Última Ceia marcou muito os apóstolos do Senho Jesus. Diga o que mais lhe chamou a atenção.

   Evangelho de São Lucas – Cap. 24, Vers. 13-33.

João C. Porto