Imitação de Cristo e do desapego das vaidades do mundo.
1. Quem me sege não anda em trevas, diz
o Senhor. São estas as palavras de Cristo pelas quais somos exortados a imitar
sua vida e seus costumes, se verdadeiramente desejamos ser esclarecidos e
livres de toda a esgueira de coração. Seja, pois, nosso principal empenho
meditar a vida de Jesus Cristo.
2. A sua doutrina sobreleva a de todos
os santos e, quem possuir o seu espírito encontrará um maná escondido.
Acontece, porém, que muitos da
frequente audição do Evangelho tiram pouco proveito, por não terem o espírito
de Cristo.
Quem quiser, pois, entender plenamente
e com proveito as palavras de Cristo, deve conformar sua vida com a dele.
3. Que te aproveita discorrer
sabiamente sobre a Trindade se, por falta de humildade, lhe desagradas?
De certo não são as palavras sublimes
que tornam o homem santo e justo; mas uma vida virtuosa o faz agradável a Deus.
É preferível experimentar a compulsão a
saber defini-la.
Ainda que soubessem de cor toda a
Bíblia e as máximas de todos os filósofos, de que me serviria tudo isso sem
caridade e a graça de Deus?
4. Vaidade das vaidades e tudo vaidade;
exceto amar a Deus e só a ele servir.
A suprema sabedoria consiste em
procurar o reino dos céus pelo desprezo do mundo.
Vaidade, pois, buscar riquezas
perecedouras e nelas pôr sua confiança.
Vaidade também desejar honras e
comprazer-se na elevação.
Vaidade seguir os apetites da carne e
ambicionar o que mais tarde deve ser verdadeiramente punido.
Vaidade aspirar a longa vida, sem
cuidar de que seja boa.
Vaidade atender somente a vida
presente, sem prever as coisas futuras.
Vaidade amar o que tão depressa passa e
não buscar, pressuroso, a felicidade que sempre dura.
Lembra-te amiúde do provérbio: Os olhos
não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir.
Aplica-te, pois, em desviar de teu cora
o amor das coisas visíveis e volta-te para as invisíveis; pois os que seguem os
atrativos da carne, mancham a consciência e perdem a graça de Deus.
Obs.: Este estudo é do Livro “Imitação
de Cristo”, de autoria de Tomas Kempis. Edições Paulinas – 1982.