segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Profeta


O Profeta

O apóstolo Paulo afirma aos coríntios: “Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (I Cor 12,4-6). “A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum” (I Cor 12,7). Em outras palavras, S. Paulo nos diz que é o Espírito Santo que distribui os dons a cada um, na Igreja, conforme lhe apraz. Assim, também, o Senhor Jesus Cristo é quem escolhe, chama e envia aos respectivos ministérios, os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e doutores (Ef 4,11) e, em tudo isso, é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

Ora, no conjunto de toda essa obra, diz-se na Igreja: “Profeta é todo aquele que proclama a palavra de Deus”. Entretanto, profeta mesmo é todo aquele que, vivendo num só espírito com o Senhor (I Cor 6,17) é escolhido e enviado por Jesus ao exercício da profecia para anunciar o que ouvir Deus falar ao seu coração. É por isso que o Senhor Jesus nos diz: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Profeta é, certamente, todo aquele que, possuindo o múnus sacerdotal de Cristo, guarda em seu coração a doutrina do Senhor, e que, por isso, sob a ação do Espírito Santo, a doutrina do amor de Deus transborda de seus lábios (Pr 22,17-18).

Vejamos isto: “Vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins da terra” (At. 13,47; Is 49,6). E mais: o profeta não diz nada de si mesmo, mas o que o Senhor falar aos ouvidos do seu coração. Por isso é que o Senhor Jesus, verdadeiro profeta das nações (Gn 12,3b; Is 49,6), ensina-nos a ser profeta, na forma em que nos fala no Evangelho de S. João: “O que eu vos digo, digo-o segundo me falou o Pai” (Jo 12,50).

É, pois, necessário que aprendamos de Deus (I Cor 2,11b-13; II Cor 3,5-6) o que ele nos ensina, o que nos capacita e o que fala aos nossos ouvidos interiores e nos diz: “Proclamai exatamente como a voz do meu coração ao vosso coração, conforme acabais de ouvir; isto é, sem acréscimo e nem decréscimo (Dt 4,2), porque quem vos fala ao coração é o único Senhor, que habita o céu e em vós. (Is 45,15; Jo 14,23; I Cor 3,16).

Ora, o profeta proclama, exatamente, o que ouve Deus falar em seu coração (Mt 10,20; Luc 12,12), para que transborde de seus lábios, pelo múnus do Sacerdote Eterno, Jesus Cristo, a verdadeira missão sacerdotal, a qual não pode resumir-se aos confessionários, nem tampouco as homilias da Santa Missa, máxime, momentos abundantes da glória de Deus aos corações. Certamente que muito mais!... Quantas famílias das diversas paróquias esperam avidamente por um visita espontânea de um sacerdote de sua paróquia, para ouvir de seus lábios a verdadeira doutrina do Evangelho de Cristo; para ouvir falar da Virgem Maria, como Mãe da Igreja e nossa também! Para receber do seu coração e de suas mãos uma cura, uma libertação, um aconselhamento e a bênção do seu coração, como bênção do Deus Todo-poderoso, Senhor Javé, Deus de Israel, Deus de Abraão, de Isaac e Jacó.

Hoje, já aos meus oitenta anos, sinto saudades de muitas coisas santas e sublimes!... Quanta vez, nos bairros pobres de minha cidade natal encontrava um sacerdote caminhando a pé, em visita aos lares do povo mais pobre. Prazerosamente me aproximava dele para dizer-lhe: A bênção Padre! Ao que ele, retirando o chapéu de sua cabeça, dizia: “Deus te abençoe meu filho!” Outro momento que me lembro agora, quando eu e Zuleica, minha esposa, visitava as famílias participantes dos Círculos Bíblicos, dos quais tínhamos a coordenação. Havia uma em especial, Dona Alzira, que reunia toda a família presente diante de nós, para ouvir a doutrina da palavra de Deus. Ela os reunia não apenas por nossa presença, mas, sobretudo, pela excelência do que poderiam ouvir de nossos lábios, vindo do coração do Senhor aos nossos pobres corações.

Amigos e irmãos da fé de Jesus Cristo, essa é a “cara” da missão verdadeira e da família que vive no temor do Senhor!...

João C. Porto