quinta-feira, 29 de abril de 2010

CURSO DA BOA NOVA DO SENHOR JESUS >> BN 01.2

Crer em Deus Pai Todo-poderoso

Deus existe! Todas as obras, por ele criadas, testemunham de sua existência e de sua presença no meio de nós e, de modo especial, em nossos corações.

“Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar” (Rm 1,20)

“Verdadeiramente um Deus se esconde em tua casa, o Deus de Israel, um Deus que salva!” (Is 45,15)

O Senhor é o único Deus e não há outros. Ele é incriado, sempre existiu e existirá ab aeterno e além de toda a eternidade. (Ex 15,18 – Vulgata).

“Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração,de toda a tua alma e de todas as tuas forças” (Dt 6,4-5).

“Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu. Nenhum deus foi formado antes de mim, e não haverá outro depois de mim. Sou eu, sou eu o Senhor, não há outro salvador a não ser eu” (Is 43,10-11)

É necessário que acreditemos que Deus existe (Hb 11,6); que do nada criou todas as coisas. Ele criou o universo! Criou o céu, a terra e tudo o que neles há. Ele (Deus) nos criou com amor eterno e afeição constante; modelou-nos com suas mãos, soprou nas nossas narinas (Jó 33,4) e transportou-se para dentro de nós, como sua imagem viva, plena e perfeita, e deu-nos uma alma vivente, a fim de que pudéssemos nos mover e interagir no meio sensível da matéria onde vivemos; sobretudo, para que, pela a ação do Espírito Santo em nossos corações, possamos conhecer todas as coisas que, por Deus, nos foram dadas. (I Cor 2,12)

“Homens, clamavam eles, por que fazeis isso? Também nós somos homens, da mesma condição que vós, e pregamos justamente para que vos convertais das coisas vãs ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles há” ( At 4,15)

Na verdade, no princípio da criação o Espírito Santo pairava sobre as águas; pronto para executar a vontade de Deus – Verdade Eterna -, e a fidelidade suprema do Filho – fonte da sabedoria no céu e na terra, conforme os mandamentos eternos.

“No princípio Deus criou o céu e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,1-2)

Quando rezamos, dizemos: “Creio em Deus Pai, Todo-poderoso”. Considerando o que S. Paulo nos ensina: “Ninguém dirá “Senhor Jesus”, senão sob a ação do Espírito Santo” (I Cor 12,3), procure, então, meditar para compreender o “crer em Deus Pai”.

Observemos isto: O Senhor, nosso Deus, quer que o procuremos de todo o coração (Dt 4,29; Jr 29,13). Ele mesmo nos ordena: “Buscai o Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto” (Is 55,6) Ora, a ordenação de nossos esforços ao encontro do Senhor é esta: procuramos, porque o desejamos; desejarmos, porque o amamos; o amarmos porque o conhecemos; e, finalmente, o conhecemos, porque já vivemos num só espírito com o Senhor. (I Cor 6,17)

Por isso é-nos necessário compreender os sentidos das Sagradas Escrituras. Segundo o Catecismo católico, distinguem-se dois sentidos: o sentido literal e o sentido espiritual. O sentido espiritual, no entanto, divide-se em três outros sentidos:

a) Sentido alegórico. Compreenderemos, de forma mais profunda, a significação dos acontecimentos em Cristo. Assim, a travessia do mar vermelho é um sinal da vitória de Cristo, e também do batismo.
b) Sentido moral. “Os acontecimentos relatados na Escritura podem conduzir-nos a um justo agir”, pois eles foram escritos “para nossa instrução” (I Cor 10,11-13).
c) Sentido anagógico. “Podemos ver realidades e acontecimentos na sua significação eterna, conduzindo-nos (em grego: “anagoge”) para a nossa Pátria. Assim, a Igreja na terra é sinal da Jerusalém celeste”.

Desse modo, como está escrito: a letra ensina o que aconteceu; a alegoria, o que se deve crer; a moral, o que devemos fazer; a anagogia, para onde devemos caminhar. Então o crer com fé, com esperança e com caridade, eleva-nos ao conhecimento do amor de Cristo, que excede toda a ciência, para que estejamos cheios da plenitude de Deus. (Ef 3,19)

Assim, quem crê, certamente o faz com fé no coração; pois, conforme diz o apóstolo S. Tiago: “Até os demônios crêem e tremem” (Tg 2,19).

Vejamos como poderemos distinguir o “crer” com fé, do “crer” sem fé. Vejamos como o apóstolo Paulo nos ajuda compreender essa diferença: “A fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo” (Rm 10,17).
Assim, entendemos que, quem não observa a palavra de Deus e não a vive sob o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo o Senhor Jesus Cristo como principal pedra angular que segura e fortalece a fé viva no coração, não pode crer de verdade.

Ora, S. Paulo assim nos fala: “Com efeito, não me envergonho do Evangelho, pois ele é poder de Deus para a salvação de todo o que crê, ao judeu em primeiro lugar e depois ao grego. Porque nele se revela a justiça de Deus, que se obtém pela fé e conduz à fé, como está escrito: O justo viverá pela fé. (Hab 2,4)”.

Quando Deus criou o homem e a mulher, ia ter com eles todas as tardes, na hora da brisa mais fresca depois do meio dia (Gn 3,8), para formar a unidade de conhecimento com eles, e daí promover a amizade e a intimidade de corações com eles.

Assim, tendo o homem pecado, posto que foi tentado e caiu, perdeu a graça santificante, bem assim a felicidade da presença de Deus sobre a terra; e, consequentemente, o Espírito do Senhor deixou de habitar o seu coração. (Gn 6,3)

A partir do pecado original, o homem e a mulher, fora da presença de Deus, e sentindo o grande vazio em seus corações, procuraram meios de uma aproximação necessária.

Assim, depois da queda, a infidelidade de nossos primeiros pais, o Senhor, nosso Deus, Deus de Israel, Deus de Abraão, de Isaac e Jacó, repreendendo o Satanás, prometeu-nos, em seus desígnios de prosperidade, um futuro e uma esperança. (Jr 29,11)

“Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15)
Desse modo, tendo o homem pecado, posto que foi tentado e caiu (Eclo 25,33), perdeu os dons preternaturais: a imortalidade, a impassibilidade, a integridade e, sobretudo, a graça santificante, pelo que o Espírito de Deus já não mais habitava o seu coração; mas que, intermitentemente, o possuía, quando da necessidade de proclamação dos oráculos divinos.

É certo que o homem, inicialmente, se utilizou de meios para reconquistar a amizade do Senhor.

“Passando algum tempo, ofereceu Caim frutos da terra em oblação ao Senhor. Abel, de seu lado, ofereceu dos primogênitos do seu rebanho e das gorduras deles; e o Senhor olhou com agrado para Abel e para sua oblação” (Gn 4,3-4).
“O Senhor respirou um agradável” odor, e disse em seu coração: “Doravante, não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem – porque os pensamentos do seu coração são maus desde a juventude –, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz” (Gn 8,21).

É certo que o homem, tendo sido criado “por Deus e para Deus”, o Senhor, apesar do pecado, nunca retirou dele a sua afeição. (Jr 31,3) Na verdade, o homem e a mulher foram criados segundo à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26; Sb 2,23-24).
O que importa é que, hoje, o Senhor Jesus Cristo representa para nós, no seio de sua Igreja e em nossos corações, a imagem do Deus invisível. (Cl 1,15-20)

Assim, pela redenção da cruz, o Senhor, nosso Deus, devolveu-nos a dignidade de filhos e filhas (Gl 4,4-6). Por isso, a grande vocação de santidade que temos é a nossa comunhão com Deus. Ora, por Cristo, o Senhor, nosso Deus, não apenas reatou a amizade conosco, nos moldes do princípio, mas, na sua imutabilidade, não retirará jamais do homem e da mulher a felicidade que sempre teve e tem reservada para eles em seu coração de Pai de toda a eternidade.

“Mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais meu amor te abandonará e jamais meu pacto de paz vacilará, diz o Senhor que se compadeceu de ti” (Is 54,10).

“Bem conheço os desígnios que mantenho para convosco – oráculo do Senhor –, desígnios de prosperidade e não de calamidade, de vos garantir um futuro e uma esperança. Invocar-me-eis e vireis suplicar-me, e eu vos atenderei. Procurar-me-eis e me haveis de me encontrar, porque de todo o coração me fostes buscar”(Jr 29,11-13).

No curso da história da salvação, certamente o homem aprendeu do Senhor, conforme as suas manifestações, inspirações e a revelação da palavra de vida, as maneiras adequadas ao exercício de sua crença e da fé no Deus Todo-poderoso, El Shadday

Cremos em Deus a partir da veracidade de sua palavra; pois, S. Paulo nos diz que a palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão do espírito e da alma, das junturas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. (Hb 4,12)

Assim, para que possamos crê, verdadeiramente, em Deus, além de confessá-lo diariamente através do Credo – palavra latina que significa creio – existem três Credos que estão em uso na Igreja:

a) O dos apóstolos, que é o que se aprende no catecismo e se reza no começo do rosário.

b) O de Nicéia, que se recita ou se canta na missa, logo após o Evangelho ou pregação, todos os domingos, nas festas do Senhor, de Maria, dos Apóstolos, dos Evangelistas, dos Doutores, e missas votivas solenes.

c) E o de Sto. Antanásio, também chamado Quicumque que se recita no Ofício Divino, em Prima do Domingo da SS. Trindade.

Quem crê em Deus de todo o coração, crê também com o espírito e com a alma, isto é, com todas as forças e disposições do ser interior, íntimo e mais profundamente; com a realidade do Deus vivo com quem falamos, por quem somos instruídos, ensinados e dirigidos com seus próprios olhos, sob a direção amorosa do Espírito Santo.

“Propôs-lhe Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1).

“Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, daí graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda a espécie de mal” (I Ts 5,16-22).

“Toda a Escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, apto para toda a obra boa” (II Tm 3,16-17)

“Portanto, não temais as suas ameaças e não vos turbeis. Antes santificai em vossos corações Cristo, o Senhor. Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito. Tende uma consciência reta a fim de que, mesmo naquilo em que dizem mal de vós, sejam confundidos os que vos desacreditam o vosso santo procedimento em Cristo” (I Pd 3,15-16)

Não é verdade que, em virtude do pecado, ainda hoje, a maioria dos homens e mulheres se escondem de Deus? (Gn 3,9). Eles se escondem detrás da vergonha do pecado (II Tm 2,17), da ignorância religiosa, das preocupações com as coisas do mundo e das riquezas. Daí, muitos buscam fabricar um deus do jeito que convém à sua fé e aos seus interesses. Mas o Senhor Deus de Israel tem em seu Filho amado, Jesus Cristo, seu grande apelo para os homens.

Por isso, ainda que nos esqueçamos de Deus (Is 49,15), o Senhor jamais se esquecerá de nós e, por isso, não cessará de nos procurar (Ez 34,12) e de nos oferecer gratuitamente toda a felicidade do seu coração.

O Catecismo católico nos ensina que o nosso desejo é de busca de Deus, e tem que ser com todo esforço de inteligência e retidão de nossa vontade, de nos encontrar, interiormente, com o autor da vida.

Finalmente, a conclusão deste estudo nos vem de Sto. Agostinho: “Vós sois grande, Senhor, e altamente digno de louvor; grande é o vosso poder, e a vossa sabedoria não tem medida. E o homem, pequena parcela da vossa criação, pretende louvar-vos – precisamente o homem que, revestido da sua condição mortal, traz em si o testemunho de pecado e de que resistis aos soberbos. A despeito de tudo, o homem, pequena parcela da vossa criação, quer louvar-vos. Vós mesmo o incitais a isto, fazendo com que ele encontre suas delícias no vosso louvor, porque nos fizestes para vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em vós”.

João C. Porto

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