sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

BOA NOVA DO SENHOR JESUS >> Orar sem cessar

O Senhor Jesus nos ensina: “é necessário orar sempre, sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b). E São Paulo: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17). Diz-se que orar é conversar com Deus, Deus de Israel, o Senhor, nosso Pai, em o nome de seu Filho Jesus Cristo. Isso quer dizer que é importantíssimo orar, sempre revestido interiormente do pensamento do Senhor Jesus, conforme nos afirma o apóstolo Paulo: "Nós temos o pensamento de Cristo” (I Cor 2,16b). Não é verdade, bom e necessário estarmos inseridos na personalidade do Senhor? Convém-nos que a oração, que sair do coração e de nossa boca, seja fruto e bênção de nosso constante encontro com o Senhor, principalmente, através do ascese devoluto de nosso viver.
Um passo, primeiro e importante, para orar é viver incessantemente a certeza de que Deus habita conosco, como falou outrora através do profeta Isaías (Is 45,15) ou como nos exorta o Senhor Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23). Além disso, a oração é como arroios vivos de águas vivas que correm... e correm!... sob a direção amorosa do Espírito Santo, mas, também, sobre o curso da liberdade que se nos excede.
Assim, nossa oração deve nascer da esperança viva que se fundamenta da fé que opera pela caridade, que nos preenche e reflete de nossos corações a face do Espírito Santo, o próprio amor do Pai e do Filho. Ora, para melhor compreendermos estes momentos de simplicidade de vida interior, impregnados da presença divina, vejamos o que o Senhor disse ao profeta Samuel, quando foi à casa de Isaí, por vontade de Deus, para ungir um de seus filhos como rei de Israel: Samuel ao observar o porte físico e esbelto dos jovens e, fitando os olhos em um deles, disse: “Certamente é este!..” Entretanto, o Senhor falou ao seu coração, dizendo: “Samuel ... o homem vê a aparência, mas o Senhor olha o coração”(I Sm 16,7b). O que significa dizer: A oração nasce de nosso encontro pessoal e constante com Deus, no coração; floresce em nosso lábios e frutifica em obras de caridade, atos e ações, conforme o Senhor tem em seus desígnios de eternidade, preparado para cada um de seus filhos amados.
Podemos, ainda, acrescentar que a oração é um diálogo da terra com o céu, do homem com Deus, do coração do homem com o coração do Criador, e, não pode ser diferente. Isto significa que Deus, por amor de si mesmo - por seu Filho Jesus e o Espírito Santo – colocou seu coração na miséria de nossos corações e, então, sua misericórdia nos envolveu (Sl 33,7.18), a nós e ao mundo inteiro, como fundamento e vida do Cristo total, como luz de salvação, de perdão e reconciliação, para todo o que crê no Senhor Jesus Cristo, na poderosa e copiosa redenção de seu sangue preciosíssimo derramado em profusão de amor e resgate da humanidade.
Assim, a oração será sempre fruto de nossa amizade de intimidade com Deus. Ela se derrama através dos frutos do Espírito Santo, principalmente o da alegria do amor, que se constitui na força do poder do alto, pela qual tudo alcançamos através das mãos divinas do Senhor. Por isso a oração segue, também, o curso das águas vivas... lançamo-nos sobre elas como barcos de velas abertas ao sopro do amor eterno e constante, que sempre nos impulsiona ao coração do Pai, sem que haja mais retorno ao flagelo da morte; que singram livremente sobre as águas de onde vêm e para onde vão, ao seio do amor do Pai e do Filho. E tudo isso se move e se manifesta desde o interior, só pela certeza da fé que nutre a esperança de quem em Deus tudo alcança. Nesse instante o Espírito do Senhor nos deixa de tal forma livres sob o curso da plenitude de sua direção bendita, que é como se, já, de alguma forma, ainda que inexplicável, víssemos o invisível!...
Ah!... se nos fosse possível... conduzidos pelo mesmo Espírito, movidos por entre as entranhas do amor perfeito, penetrar no núcleo íntimo e profundo do nosso ser, mesmo que fosse ao diminuto de nosso coração e, ali, fixos de pé, ainda que de soslaio, contemplássemos o esplendor da glória desse encontro, onde o Senhor partilha conosco a refeição, o ágape (Ap 3,20b) ... Pensemos... é, por isso, pela profundidade desse desejo que, contemplamos na Santa Missa o sacerdote consagrar e partilhar conosco o pão místico do banquete divino.
Por isso, podemos afirmar: orar é estar com o coração, constantemente, no coração da SS. Trindade, sob o influxo do Espírito Santo, o qual nos dará o conhecimento de todas as coisas que por Deus nos foram dadas (I Cor 2,12) e colocará em nossa boca, diante do Senhor e de nossos irmãos, as palavras de nossa oração e o sábio conselho para quem nos pede oração. Orar é mais do que simples, é estar com Deus!

João C. Porto

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