segunda-feira, 24 de junho de 2013

Espírito Santo - Dons Intelectuais

Os Dons Intelectuais

   Vimos, nos capítulos anteriores, como os três primeiros Dons do Espírito Santo pertencem à parte afetiva do nosso ser; os dois primeiros, o Dom de Temor de Deus e o Dom de Fortaleza, regem a nossa sensibilidade, o Dom da Piedade dispõe a nossa vontade para que tenhamos dignas e santas relações com os demais.
   Os quatro Dons do Espírito Santo de que me resta falar, são Dons intelectuais; esses quatro Dons têm por finalidade aperfeiçoar a nossa inteligência e introduzir-nos profundamente no conhecimento sobrenatural.
   À primeira vista, pode causar estranheza que a maior parte dos Dons sejam intelectuais, mas compreenderemos o motivo disso se nos dermos conta da importância que tem a inteligência humana em nossa vida.
   Em primeiro lugar, é a faculdade mais alta, é a que rege todas; a própria vontade, que tem tanta importância, sobretudo na ordem moral, está sujeita à inteligência. Portanto, se esta faculdade excelsa deve reger as demais faculdades, é natural que seja especialmente excitada e aperfeiçoada pelas santas moções do Espírito Santo.
   Em segundo lugar, o conhecimento sobrenatural tem uma importância capital na vida cristã. Não nos lembramos de que Jesus disse em certa ocasião? “Nisto consiste a vida eterna: que te conheçam a ti, único verdadeiro Deus, e aquele que enviaste, Jesus Cristo?” (Jo 17,3). Também a parte essencial da vida espiritual está no conhecimento de Deus, no conhecimento de Jesus Cristo e no conhecimento de todos os mistérios do Reino dos Céus. Tem uma importância capital, na vida espiritual, contemplar as verdades divinas, aprofundar os mistérios do Reino dos Céus, sobretudo quando esse conhecimento é profundo, íntimo e eficaz.
   E até a imperfeição da virtude teologal da fé, que é obscura, explica que muitos Dons venham, por assim dizer, em auxílio dela, para suprir as nossas deficiências, para robustecê-la em nossa alma.

   Antes de tratar de cada um destes Dons, quero assinalar os caracteres gerais deles.
   Os Dons intelectuais são quatro, como já disse desde o princípio, que correspondem perfeitamente aos hábitos que, segundo os filósofos, existem em nossa inteligência, porque, como santo Tomás de Aquino o expôs de maneira admirável, “a graça se fundamenta na natureza”.
   A uma correspondência, um paralelismo maravilhoso entre as coisas espirituais e as coisas humanas, visto que a natureza e a graça têm a mesma fonte e emanam do mesmo princípio. Deus, que formou a nossa natureza, é também o autor da graça; e como faz tudo admiravelmente, adaptou com perfeição as coisas espirituais às exigências legítimas e nobre da nossa natureza humana.
   Em nossa inteligência existem os primeiros princípios, que são à base de toda consciência; a ciência, que é conhecimento das coisas por suas causas; a sabedoria, que é uma ciência mais profunda que descobre as causas altíssimas e últimas das coisas; e a prudência, que aplica todos os princípios especulativos à ordem prática, à direção das nossas próprias ações individuais.
   E a estes quatro hábitos que existem na ordem natural, correspondem admiravelmente os quatro Dons intelectuais do Espírito Santo; o Dom do Entendimento, o Dom da Ciência, o Dom da Sabedoria e o Dom do Conselho.
   Mas, como já disse, antes de falar de cada um deles, devo assinalar os caracteres gerais destes Dons intelectuais.

   Em primeiro lugar, nesta vida todos os Dons intelectuais se fundamentam na fé.
Já sabemos o que é a fé: uma virtude pela qual conhecemos tudo o que Deus nos revelou, fundando-nos em sua autoridade divina; é a luz que ilumina os caminhos do desterro; é como a lamparina, diz o apóstolo são Pedro, que brilha num lugar tenebroso, enquanto chega o dia esplêndido da glória, enquanto aparece em nossas almas o esplendor da manhã.
   Nesta vida, nós nos guiamos pela fé, e embora os Dons do Espírito Santo tornem mais brilhante e mais profundamente conhecidas as verdades da fé, porque as iluminam com esplêndidos fulgores, no fundo, a luz que serve de base aos Dons intelectuais para o conhecimento sobrenatural é sempre a luz da fé
   Vem-me à mente uma comparação: a ciência pode fazer dos raios do sol muitas aplicações; pode concentrá-los, combiná-los, pode separar os diferentes elementos que os compõem, pode fazer com os raios do sol grandes maravilhas; mas, no fundo de todas estas experiências há uma só realidade, a luz do sol.

   De maneira semelhante, os Dons do Espírito Santo multiplicam, afinam, transforma a luz espiritual da fé, mas sempre é a mesma luz que irradia em todos os conhecimentos sobrenaturais, é sempre a fé que, qual lamparina na terra, nos alumia enquanto chega o dia esplêndido da eternidade.
   Às vezes Deus deixa cair, como centelhas divinas, nas almas a luz da profecia, mas é algo raríssimo que só se encontra em almas escolhidas e que têm uma missão extraordinária. A luz da vida espiritual é a luz da fé, e os Dons do Espírito Santo fundamentam-se nela.
   No céu os Dons do Espírito Santo continuarão, mas naquela morada felicíssima não será a fé, mas será a visão beatífica, a visão esplendida da pátria que servirá de fundamento aos Dons do Espírito Santo; mas na terra, repito, todos os Dons intelectuais se fundamentam na fé e servem precisamente, como já disse antes, para corrigir as deficiências e para descobrir-nos a profundidade dos mistérios divinos.
   Pela fé conhecemos todas as verdades reveladas; mas pelos Dons do Espirito Santo penetramos, por assim dizer, no fundo destas mesmas verdades.
   Atrever-me-ei a fazer uma comparação, fazendo notar que se tratando das coisas divinas, as pobres comparações humanas são sempre deficientes.
Quando uma pessoa que é ignorante numa ciência recebe algum ensinamento relativo à esta ciência dos lábios de um homem que a conhece profundamente e cuja probidade intelectual está fora de dúvida, tal pessoa aceita a verdade que se lhe propõem; não as penetra, mas dá-lhes seu assentimento pela autoridade daquele profissional, daquele mestre.
   Mas, se depois de tê-las conhecido pela autoridade do mestre, essa pessoa pode penetrar a fundo estas verdades, analisa-las e descobrir seus diversos aspectos e suas causas, então já não tem somente a firmeza de sua autoridade para aderir àquelas verdades, mas também pôde penetrar nelas por sua própria inteligência.

   Assim acontece na ordem sobrenatural, pela fé conhecemos todas as verdades que Jesus Cristo quis revelar-nos, conhecemos os mistérios do Reino dos Céus, sabemos tudo de que temos necessidade para a nossa salvação; e o sabemos pela autoridade de Deus, pela autoridade da Santa Igreja estabelecida por Jesus Cristo. Mas, quando por meio dos Dons do Espírito Santo penetramos nestas verdades da fé, então passamos a entendê-las, descobrimos a sua profundidade, apreciamos a harmonia que existe entre umas e outras, temos um conhecimento íntimo, profundo, destas verdades, embora sem que jamais se chegue à evidência objetiva, porque nesta vida a fé nunca perde a sua misteriosa obscuridade.

   Que diferença entre o conhecimento que temos pela simples fé, e o conhecimento que tem a alma quando está sob o regime dos Dons intelectuais d1o Espírito Santo!
   Recordamo-nos de são Francisco de Assis passava noites inteiras repetindo: “Meu Deus e meu tudo?” Estas palavras, para a maior parte de nós, não conseguiriam manter-nos atentos cinco minutos. Por que é que bastava para encher as noites de oração de são Francisco de Assis? Porque ele as via com a luz de Deus, porque os Dons do Espírito Santo lhe revelavam riquezas sobrenaturais em cada uma daquelas duas palavras.
   Pela fé conhecemos as verdades da ordem sobrenatural baseando-nos na autoridade da Igreja; Pelos Dons intelectuais penetramos na profundidade dessas verdades, tendo já, por assim dizer, um conhecimento íntimo delas, embora negativo, como se dirá depois.

   De onde provém este conhecimento mais profundo e mais íntimo que se tem das verdades por meio dos Dons intelectuais do Espírito Santo? É importantíssimo conhecer a explicação desse fenômeno sobrenatural.
   São Tomás de Aquino ensina que há duas maneira de conhecer as coisas: uma é pelo discurso em suas diversas formas; a outra maneira de conhece-las é por uma experiência íntima, porque aquelas coisas não são conaturais.
   O primeiro conhecimento é puramente intelectual; o segundo, por assim dizer, brota das próprias profundidades do amor. Podemos ter o primeiro conhecimento quando lemos livros que nos explicam os mistérios da fé, quando ouvimos os pregadores que explicam estas verdades; é um conhecimento que pode ser mais ou menos amplo, mais ou menos perfeito, mais um conhecimento de pura luz.
   Mas há outro conhecimento que brota do amor, que é próprio das almas que amam.    Porque amam, estão unidos com Deus, e nesta união estreitíssima que o amor realiza, conhecem as coisas divinas por uma doce e íntima experiência delas.
   Este segundo meio de conhecer é próprio dos Dons do Espírito Santo.
   Conta-se que um irmão leigo franciscano disse, em certa ocasião, a são Boaventura, o Doutor Seráfico: “Felizes de vós, homens doutos, que podeis amar a Deus muito mais do que nós, os ignorantes”. E são Boaventura lhe disse: “Não, não é a doutrina, não é a ciência alcançada nos livros que mede o amor: uma pobre velha ignorante pode amar a Deus mais do que um grande teólogo, se estiver unida a Deus”. O irmão logo compreendeu a lição e saiu entusiasmado pelas ruas gritando: Velhinha ignorante, você pode amar a Deus mais do que o Mestre Frei Boaventura!
   E assim é na verdade, há um conhecimento que se mede pelo amor.
   Na ordem natural, o normal e lógico, é que o conhecimento brote do amor; na ordem sobrenatural, ainda que às vezes se observe esta regra de psicologia natural, também do amor nasce a luz, também do amor nasce o conhecimento; aquele que mais ama, mais conhece, e toda história dos santos comprovou isto. Quantas pessoas ignorantes falam que falam das coisas espirituais e divinas melhor do que os letrados! É porque amam, é porque do fundo de seu amor procede ao seu conhecimento.
   Mesmo na ordem natural, o amor é um aguilhão poderoso para o conhecimento; quando amamos uma ciência com entusiasmo, o amor põe em jogo todas as nossas faculdades, fixa a nossa atenção, faz com que sejam mais intensos e frutuosos os esforços que fazemos para conhecer aquela ciência.
   Na ordem natural, uma mãe, já o disse num dos capítulos anteriores, tem conhecimentos intuitivos e maravilhosos sobre os seus filhos, parece que advinha seus pensamentos, parece que vislumbra o mais profundo do seu coração. É que ama, é que o amor estabelece tal proporção, tal harmonia entre os seres que se amam, que parece que são uma só coisa.

   E em virtude dessa harmonia admirável realizada pelo amor, basta, por assim dizer, penetrar em nosso próprio coração para compreender o coração amado.
Mas na ordem sobrenatural, isto é ainda mais perfeito, a caridade, esta virtude divina que enlaça e dá vida a todas as virtudes, une-nos com Deus a ponto de podermos dizer que nos faz uma só coisa com ele: “Aquele que se une ao Senhor constitui, com ele, um só espírito” (I Cor 6,17). A expressão é audaz, mas tem seu fundamento. Em outra ocasião, o mesmo apóstolo são Paulo diz: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
   O amor realiza a união perfeitíssima, e quando a caridade nos une a Deus de tal maneira que nos tornamos um só espírito com ele, então conhecemos as coisas divinas por uma doce experiência.
   Da mesmo forma que nós sentimos o que se passa no fundo do nosso ser, da mesmo forma como não temos necessidades de razões para descobrir os sentimentos íntimos do nosso coração e os pensamentos do nosso espírito, visto que por uma experiência íntima conhecemos o que se verifica em nós mesmos, assim as almas que estão intimamente unidas a Deus pela caridade, têm um conhecimento que brota do amor; conhece-nos por uma doce, por uma íntima experiência, como se encontrassem no fundo do seu próprio ser os elementos necessários para conhecer a Deus.
   Esta é a explicação profunda dos Dons intelectuais; estes Dons nos dão um conhecimento novo, um conhecimento íntimo, às vezes dulcíssimo, das coisas divinas. Por que? Porque as almas que possuem este conhecimento amam; das profundidades do amor, brota a luz, uma luz divina, uma luz celestial.

   Quando são Francisco de Assis passava as noites dizendo: “Meu Deus e meu tudo”, é porque das profundezas brotava a luz esplêndidas dos Dons que ilumina os arcanos de Deus.
   Temos tantos destes exemplos na vida dos santos! Houve santos que pareciam não poderem se afastar do Sacrário, pareciam estar contemplando coisas celestiais, com o seu espírito fixo naquele sacrário onde está Jesus.
   È que amavam, é que do fundo do seu amor brotava a luz esplêndidas dos Dons, particularmente, como direi mais adiante, do Dom da Sabedoria, o mais profundo, e, se assim se pode dizer, o mais divino dos Dons. Mas todos os Dons intelectuais participam deste caráter, todos nos fazem conhecer; por que? Porque amamos. A luz dos Dons do Espírito Santo e a luz que brota do amor.

   Mas não pensemos que os Dons do Espírito Santo nos fazem conhecer a Deus de maneira perfeita, como o conheceremos no céu; os Dons do Espírito Santo aqui na terra, como já expliquei, baseiam-se na fé, e apesar de penetrarem as verdades e de as iluminarem celestialmente, conservam sempre certa obscuridade, que no desterro não desaparecerá nunca. Na Pátria, sem dúvida, os Dons intelectuais, iluminados pela luz da glória, estarão isentos de toda obscuridade e virão completar nossa felicidade.
   Na terra, o conhecimento que os Dons nos dão das coisas divinas, sobretudo do próprio Deus, é negativo; mais do que saber o que Deus é, sabemos o que não é.
   Santo Tomás de Aquino diz que o maior conhecimento que podemos ter de Deus neste mundo é compreender que está acima dos nossos pensamentos e das nossas palavras; saber que nossas pobres forças não conseguem captar perfeitamente a Deus, que Deus é algo maior do que o que podemos exprimir os nossos lábios, maior do que aquilo que nossa inteligência pode conceber; essa é a suprema revelação que podemos ter de Deus.
   Por isso, o conhecimento altíssimo que os místicos têm de Deus é chamado “a treva divina”. É uma obscuridade, mas uma obscuridade mais esplêndida, mais luminosa do que todas as formas da sabedoria da terra.
   Quase não consigo encontrar comparações humanas para exprimir este caráter do conhecimento dos Dons; mas penso que há alguma analogia remota entre o que estou explicando e o que às vezes experimentamos na nossa vida.
   Quando vemos algo grande, algo sublime, não é verdade que não conseguimos definir o que contemplamos o que sentimos, e que precisamente porque é indefinível nosso pensamento, nossa sensação, por isso mesmo é maior?
Quando contemplamos a imensidão do mar, não sentimos uma impressão profundíssima, precisamente porque nem nossos olhos e, talvez, nem nossa imaginação conseguem compreender a imensidão do Oceano?
   Quando, numa noite estrelada, levantamos nossos olhos para o céu e vemos esse espaço imenso onde a distâncias enormes, fantásticas, giram astros colossais, sentimos uma impressão de doce estupor.
É demasiado grande o que vemos, e precisamente por isso nos seduz; se não fosse tão grande, se pudéssemos medir o que vemos, não experimentaríamos a profunda, a sublime impressão do sublime.
   E o mesmo acontece quando contemplamos um traço heroico da ordem moral; enchemo-nos de assombro. E essas grandes impressões do nosso espírito não podemos defini-las, têm algo de negativo; e precisamente porque o têm, enchem-nos, satisfazem-nos, parece corresponder a este desejo de infinito que trazemos no fundo de nossa alma...
   No conhecimento que os Dons intelectuais do Espírito Santo produzem em nosso espirito, não há discurso, mas intuição. O discurso é algo humano, a intuição é algo angélico, ou melhor, algo divino. E pelo conhecimento dos Dons têm-se intuições.
   Há como que um vestígio deste conhecimento na ordem natural; não se diz de um homem que aprofundou uma ciência ou uma arte e que está familiarizado com ela, que tem olho, o olho clínico, o olho artístico? Que outra coisa significa senão que na ordem natural chegou a essa perfeição, a essa altura onde está a intuição? Aquele que tem olho não analisa, não discorre, VÊ, tem uma intuição que lhe faz compreender mais do que pode fazer compreender o discurso.
   E santo Tomás assegura também que na ordem natural há moções de Deus semelhantes às moções do Espírito Santo na ordem sobrenatural; o artista que tem verdadeira inspiração, é movido por Deus, e tem esplêndidas intuições; verifica-se o que dizia um poeta: “Há em nós um Deus e, agitados por ele, sentimos seu calor divino”.
   Na ordem sobrenatural, pelos Dons do Espírito Santo têm-se estas profundas intuições; a alma que está sob o império dos Dons não analisa, não discorre. VÊ, tem intuições; e num ponto, numa intuição, vê maravilhas. O que não conseguiria compreender por uma série de discursos e pela leitura de obras eruditíssimas consegue compreendê-lo no olhar profundo que o Espírito Santo produz nela.
Não é verdade que o mundo espiritual é um mundo de maravilhas? E apenas chegamos aos umbrais deste mundo divino, apenas conseguimos vislumbrar as maravilhas que nele realizam; mas cada vez que nos aproximamos deste muno celestial e que com os olhos atentos vislumbramos os mistérios que há nele, sentimos que é um mundo maravilhoso, que é o mundo divino.
   Prouvera a Deus que vivêssemos nesse mundo, que deixássemos esta pobre terra tão cheia de vicissitudes, de coisas prosaicas, onde a cada passo tropeçamos, onde a cada passo encontramos a dor e a pena. Pudéssemos nós elevar-nos! Quem nos dera essas asas poderosas para elevar-nos das coisas da terra, de suas misérias, de seu prosaísmo, para subir às alturas, para chegar aos cumes excelsos onde se fita o sol e onde o nosso pobre espírito se banha na luz esplêndida de Deus!

 Do Livro: “Dons do Espírito Santo” – Autor: Luís   M. Martinez – Arcebispo Primaz do México.    Apresentação: Pe. Haroldo J. Rahm. SJ.      Edições Paulinas – São Paulo – 1976.

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