domingo, 13 de dezembro de 2009

BOA NOVA DO SENHOR JESUS >> Jesus Reinará Eternamente

O questionamento é este: o Filho do Altíssimo viria, no tempo preestabelecido por Deus, reinar sobre a terra, como Homem Deus, independentemente de que tivessem Adão e Eva pecado ou não. Nascido da mesma Virgem de Nazaré, portanto, da mesma Maria e predestinado ab aeterno, a reinar sobre a mesma obra que o Senhor criou “por ele e para ele” (Col 1,16b) , porquanto “todas as coisas subsistem nele”. (Col 1,17)
Quando o Senhor criou todas as coisas, céu e terra e tudo o que neles há, em primeiro lugar, disse: faça-se, e tudo foi feito! Ora, Deus falou de forma impessoal; Ele disse: faça-se e tudo foi feito. Entretanto, para formar o homem, Ele falou de forma diferente: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26); quer dizer, o Senhor falou em nome das três pessoas da SS. Trindade.
Esse modo, diferente ou pessoal, de falar, com relação a criação do homem, denota, da parte do Senhor, um amor de predileção, uma afeição íntima e profunda, que Deus, em seus desígnios, nutre pelo homem, obra-prima de suas mãos. Por isso, colocou no homem a sua imagem e semelhança. Isso, na verdade significa: um espírito do seu Espírito e a santidade de sua Santidade; algo como, de alguma forma, a essência de sua própria essência, alguém de alguém para andar como esse alguém anda, amando como é amado, ouvindo a voz do seu Senhor e permanecendo unido a ele, eternamente, à obra do seu coração.
Assim, podemos conceber, de forma intuitiva e criativa, a maneira especial como o Senhor operou de forma divina e humana, para criar o primeiro Adão. Ele tomou do barro da terra (Gn 2,7) e o tornou flexível com as águas cristalinas do Éden e, então, com suas próprias mãos o modelou. É que Deus já o amava, de tal forma e com tamanha intimidade de coração, que fez questão de transferir para esse ser do barro, tão pequenino e incapaz, todas as qualidades e os diversos aspectos do amor de si próprio, inclusive as marcas digitais de suas próprias mãos.
Não é verdade que, quanto menor nos percebemos, o Senhor nos surpreende com sua grandeza? Quando somos fracos, então, é que somos fortes (II Cor 9,12)
Ora, se somos incapazes de pensar, sobrenaturalmente, alguma coisa que seja boa! Em tudo Deus nos capacita (II Cor 3,5), e tudo o que recebemos vem do céu (Jo 3,27) Assim, até mesmo o jeitinho de andar e de falar, recebemos do Senhor. A única coisa que não nos veio de Deus foi o pecado. Por isso é que o apóstolo João nos ensina, dizendo: “Aquele que diz que está nele, deve andar como ele andou”. (I Jo 2,6)
Ora, sentindo assim, da fonte do alto, estas coisas no coração, percebo que o segundo Adão, Jesus Cristo, teria que vir do mesmo jeito, isto é, modelado por Deus, da mesma argila, com todas as características específicas e com as marcas das digitais das mãos e dos dedos do único Deus santo e verdadeiro que, pelo seu Espírito, modelara o primeiro. Daí porque S. Paulo nos ensina que Ele foi feito da mulher, feito sob a lei, a fim de que remisse aqueles que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.

“O espírito de Deus me fez, e o sopro do Onipotente me deu vida”. (Jó 33,4)

“Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a criação. (15)
Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, Dominações, Principados, Potestades: tudo foi criado por ele e para ele. (16)
Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele. (17)
Ele é a cabeça do corpo da Igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas. (18)
Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude (19) e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus”. (Col 1,15-20)

“Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível”

Na verdade, antes que o primeiro Adão fosse feito por Deus, no paraíso de delícias, o Segundo, Jesus Cristo, existia, não criado, mas gerado antes da eternidade e além de toda a eternidade, no seio do Pai Eterno (Sl 2,7); porque ele é a sabedoria da Verdade Eterna (Deus), gerada eternamente do ideal divino do coração do Altíssimo, a Palavra que tudo criou no amor e para o amor.

“A fonte da sabedoria é o Verbo de Deus nos céus, e os seus caminhos são os mandamentos eternos. A quem foi descoberta a raiz da sabedoria? E quem conheceu os seus desígnios? A quem foi revelada e manifestada a habilidade da sabedoria? E quem compreendeu a multiplicidade dos seus passos? Um só, que é o Altíssimo Criador onipotente, e rei poderoso sumamente terrível, que está assentado sobre o seu trono, o Deus dominador. Foi ele que a criou no Espírito Santo, e que a viu, e que a contou, e que a mediu. Ele a difundiu por todas as suas obras, e por toda a carne, segundo a sua liberalidade, e a comunicou aos que o amam”. (Eclo 1,5-10)

O profeta Isaías nos fala do Deus escondido: “Verdadeiramente tu és um Deus escondido em tua casa, o Deus de Israel, um Deus que salva!” (Is 45,15) Porque, certamente, sendo “Espírito”, conforme nos afirma o Senhor Jesus Cristo: “Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade”. (Jo 4,24), não pode ser visto por homem algum, porque aquele que o ver, certamente, morre: “Mas, ajuntou o Senhor, não poderás ver a minha face, pois o homem não me poderia ver e continuar a viver”. (Êx 33,20)
Esta expressão: “quem ver a Deus, morre”, tem para nós o sentido de conversão e vida nova; isto é, quando vemos a Deus, pela fé em Jesus Cristo e a intimidade do coração com ele, morremos; mas, para o pecado, renascendo, pelo batismo do Espírito Santo, para a vida do amor no Senhor, formando com ele um só Espírito e um só coração. (I Cor 6,17)
Então o Filho de Deus teria que vir à terra como Deus-homem, isto é, na imagem e semelhança de Deus. Um Deus visível aos olhos de todos os homens e mulheres, para que, nessa condição de Homem-Deus, reinasse sobre a obra do amor que o Pai Eterno criou para Ele, a partir de seus desígnios de vida eterna.
Ora, sendo o Senhor Jesus a imagem do Deus invisível (escondido), o Primogênito de toda a criação, para que ele viesse reinar sobre o mundo visível, teria que nascer da mesma mulher, a Virgem de Nazaré, ab aeterno predestinada a ser a própria Mãe de Deus, como, verdadeiramente, o afirmam a Antiga Aliança (Gn 3,15; Is 7,14; Eclo 24,5.24) e a Nova Aliança (Lc 1,43; I Jo 5,20b). Jesus Cristo é Deus com o Pai e o Espírito Santo! Não é esta a certeza que nos dá a grande oração Eucarística, na Santa Missa? Não é certo que a Igreja do Senhor liga e desliga na terra e nos céus (Mt 16,19; 18,18), tendo, outrossim, recebido do Cristo a capacidade de em todos os tempos de sua existência neste mundo, através dos apóstolos e de seus sucessores, perdoar ou não perdoar os pecados dos homens e mulheres (Mt 28,20), para que, no amor de Deus, vivêssemos, abundantemente, da esperança viva? (Jo 20,23)
É certo que Maria de Nazaré, a segunda Eva, é Mãe de Deus (Lc 1,43; I Jo 5,20b), Mãe da Igreja e nossa Mãe (Jo 19,26-27); a própria Igreja, em cujo seio gerou, do Espírito Santo, a nova geração de filhos e filhas de Deus, a geração dos ressuscitados, cuja primícia (primogênito) é nosso Senhor Jesus Cristo, nosso irmão mais velho, nossa salvação e ressurreição.
Assim, pois, São Maximiliano Kolbe (+ 1941) nos afirma: “Mãe do próprio Criador, por isso, também, das criaturas”.
É preciso e necessário que vivamos toda esta graça do amor de Deus em nossos corações. Jesus Cristo está vivo e habita no núcleo central de nossa vida, onde, pelo batismo de regeneração e de renovação do Espírito Santo (Ti 3,5-6) recebemos o doce hóspede de nossas almas, o Espírito do Pai e do Filho, o Espírito da alegria interior, da luz que excede nosso entendimento, aquele que, em nós, nos revela a ciência de sua vontade para conosco, o conhecimento de todas as coisas que, por Deus, nos foram dadas. (I Cor 2,12) É certo que, aqui dentro de mim e de você, no íntimo que vai além do íntimo, encontramos o tesouro mais sublime e mais precioso de nossa vida, Jesus Cristo, referência única do nosso viver.
Ó Deus eterno, Deus sublime, Deus de infinita misericórdia! Como podes nos amar tanto, a ponto de colocares nestes vasos de barro – Habemus thesaurum istum in vasis fictilibus - (II Cor 4,7) o teu Eterno Tesouro? Certamente foi para que viesses sempre em auxilio as nossas fraquezas e misérias, a fim de que o vosso Espírito, na mais excelsa e sublime oração e cânticos de línguas angelicais, pudesse fazer transbordar em cada um de teus filhos e filhas (Rm 8,16) o poder da virtude do teu amado Filho, para que transpareça claramente que o poder extraordinário de tua manifestação divina no homem, provenha de Ti mesmo e não de nós, pobres pecadores.
Portanto, o reinado do Filho de Deus, em virtude do pecado original, ficou dividido em dois tempos: o tempo da redenção, que já se cumpriu pela morte de Cristo na cruz e pelo sangue, ali, derramado, preço altíssimo de nosso resgate (I Cor 6,19-20; I Pd 1,18-19); e o novíssimo tempo no qual o Senhor Jesus, brevemente, virá reinar (Lc 1,33) sobre os escolhidos (Jo 15,16). Esse será o seu reinado propriamente dito, na gloria do Pai, já aqui mesmo, a partir da terra, oportunidade em que todos os seus filhos e filha, renovados no “Sim” de Maria, pela fé em Cristo Jesus, e pelo amor de caridade do Pai e do Filhos, a exemplo da Antiga Aliança, entrarão na nova Canaã, a Jerusalém celeste que já se vislumbra descendo dos céus para nos acolher em seu seio de glórias.

Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra

Em Jesus, o Filho dileto do Pai, o que significa dizer que, por ele, todos nós somos amados de Deus (Rm 1,7), Deus Pai criou os céus e a terra e tudo o que neles há. Criou-os pelo seu excessivo amor, por ele e para ele. (Col 1,16b) Ora, Deus nos criou por amor a seu Filho, a fim de que ele viesse reinar sobre um reino sacerdotal de um povo absolutamente santo. (Êx 19,6) De outra forma, criou por amor ao homem e à mulher, não só um espelho universal esplendoroso, mas, sobretudo, na terra, uma natureza exuberante e incomparavelmente bela, para que vendo-a o encontrássemos (Rm 1,20), e encontrando-o, sentíssemos profundamente amados e acolhidos por ele. Então, encontramo-nos aqui, chamados a ser santos como Ele é santo (Lv 19,2), e testemunhas autênticas do Senhor, conforme toda nossa maneira de vivermos no seu misericordioso amor. (I Pd 1,15)

Jesus Cristo é o primogênito de toda a criação

Sendo o primogênito de toda a criação, tem o primeiro lugar em todas as coisas, na terra e nos céus. “Por isso aprouve a Deus fazer habitar nele toda a pleennitude, e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas; por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus”..
O Verbo Divino é gerado eternamente do Ideal Onipotente do Eterno Pai. Sendo Todo-poderoso em sua ubiqüidade, a luz incriada como substância simples, eterna, una e imutável, significa que o Filho de Deus será sempre gerado eternamente e além da eternidade, porque está no coração de Deus e, saindo de sua boca, transbordando de seus lábios, possui o eterno poder e a divina autoridade (Mt 28,18), e sendo a própria e terna ciência, a plenitude do saber e a infinitude do amor (Sb 7,22-27); aí já não existe mais nada além nem aquém, porque é simplesmente Deus, Senhor do Alfa ao Ômega, antes e além de tudo, sendo o hoje, eternamente aquém e além, como a reta do infinito cujos extremos não se encontram, porque o Senhor nosso Deus simplesmente “É”, hoje, ontem e para sempre o mesmo. (Hb 13,8), presente em todos os corações possuídos do amor.
Assim, do seio do Pai, ele é o primogênito, a primícia de toda a criação. Por isso, para que fôssemos salvos da ira vindoura, o Espírito Santo de Deus o fecundou no seio da Virgem de Nazaré, a Segunda Eva, porque todos os nascidos dessa Mãe universal, não pertencerão mais a esta geração, mas sim a geração dos ressuscitados, cuja primícia é o Verbo encarnado (Jo 1,14), a salvação que brotou da cruz, que Deus o ressuscitou em plena glória e glória de todos os filhos e filhas de Deus, “como de Unigênito do Pai, cheio de glória e verdade”, um grande povo, uma grande nação de filhos celestiais, todos gerados de uma só Mãe, ressuscitados em Cristo para vida eterna no seio das bem-aventuranças do Pai.

“Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”. (Sl 2,7)

Jesus Cristo, por isso, é a fonte de toda sabedoria, o Verbo Divino nos céus e, na terra, os mandamentos eternos (Eclo 1,5), como caminho, verdade e vida, única via pela qual chegaremos ao Eterno Pai. Assim, já não há outro, “porque em nenhum outro há salvação, visto que debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12)

“Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu. Nenhum deus foi formado antes de mim, e não haverá outro depois de mim. Sou eu, sou eu o Senhor, não há outro salvador a não ser eu. Fui eu quem predisse e salvei, e não um deus estranho entre vós. Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, eu sou Deus desde toda a eternidade. Ninguém poderia escapar de minha mão; quando executo, quem poderia destruir minha obra? (Is 43,10-13)

Não é correto que Jesus Cristo nos trouxe a graça e a verdade? (Jo 1,17b) Ele é a fonte e a plenitude de cura e salvação, e dele todos nós temos recebido graça sobre graça (Jo 1,16) e temos, por isso, bebido de um só Espírito. (I Cor 12,13b)

“Aproximemo-nos, então, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar graça para sermos socorridos no tempo oportuno”. (Hb 4,16)

Assim é necessário que o busquemos de todo o espírito, de toda a alma e de todo o coração (Dt 4,29; Jer 29,13), pois é-nos extremamente preciso que estejamos em Jesus, e que suas palavras permaneçam em nós. Desse modo, somente pela fé revestida da caridade, teremos certeza de que tudo o que pedirmos ao Pai, em seu nome, certamente, o receberemos. (Jo 15,7)

Toda palavra que sai da boca de Deus tem poder eficaz (Hb 4,12) e, partilhada sobre a mesa da verdade, gera vida nova (II Cor 5,17; Ef 4,23-24), porque foi enviada do céu à terra para que sejam realizados todos os objetivos para os quais Deus a enviou aos corações dos homens e das mulheres. (Is 55,11b) Assim, pois, como a sabedoria divina tem retorno certo ao seio do Pai, é-nos também de fé e esperança que ela nos transforme em cristos de Cristo, para que permaneçamos na casa de Deus, como instrumentos de amor em suas mãos; pois, diz o Senhor: a minha casa é casa de oração para todos os povos. (Is 56,7b)

Na verdade, quem tiver observado toda a lei, mas houver faltado num único ponto, tornou-se culpado de todos eles. (Tg 2,10)

Explicação: Quem transgride, ainda que seja um único preceito da lei, vai contra a razão formal da lei, que é a obediência devida a Deus e, portanto, está virtualmente disposto a transgredi-la toda. A pena essencial do pecado (perda da graça de Deus e condenação eterna) resulta tanto de um único pecado, como de muitos.

Quanto mais santa é a lei da liberdade, tanto mais severo é o juízo.

“Ponde, porém, em prática a palavra e não vos contenteis só com ouvi-la, enganando-vos a vós mesmos; pois se alguém escuta a palavra e não a põe em prática, é semelhante ao homem que contempla as suas feições naturais num espelho: espelha-se, parte e imediatamente se esquece de como era. Pelo contrário, aquele que fixa seu olhar na lei perfeita, a lei da liberdade, e nela o mantém fixo, não como ouvinte desmemoriado, mas como praticante ativo, esse será feliz na prática da mesma”. (Tg 1,22-25)
O Senhor Jesus Cristo virá, sim, reinar sobre a terra como Senhor amado e adorado de todos os filhos e filhas do Altíssimo.

João C. Porto

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