Dons de Santificação da Alma
01. Quantos são os dons de santificação do Espírito Santo são meios ou instrumentos concedidos aos batizados, a fim de que o próprio
São sete:
Espírito de Sabedoria e de Entendimento, Espírito de
Conselho e de Fortaleza, Espírito de Ciência e de Piedade, Espírito de Temor do
Senhor.
Obs.: O que Isais chama “Espíritos” é o que na
técnica teológica se chama “Dons”.
Através dos Dons de santificação o Espírito Santo pode
influir em nossas faculdades espirituais. Pela fé que temos no Senhor Jesus
Cristo, somos movidos no caminho da graça; na medida em que o nosso coração
amar mais e mais.
O entendimento e/ou inteligência é a faculdade mais
sublime que o Senhor Deus nos deu. Por isso o Espírito Santo coloca em nosso
interior quatro centelhas de luz, para ilumina-la ainda mais:
“Sabedoria,
Entendimento, Ciência e Conselho”.
Assim, pelo Dom do Entendimento alcançamos as verdades
Divinas (Intus-Legere); e, para avaliar tais verdades dispomos de mais três
Dons:
a) O Dom da Sabedoria, para julgar das coisas divinas;
b) O Dom da Ciência, para julgar das criaturas;
c) O Dom do Conselho, para regular e dispor os nossos atos.
Depois da Inteligência, a faculdade de maior nobreza da
qual dispomos é à da vontade.
Assim, pois, ligado à faculdade da vontade, dispomos
apenas de um Dom: O Dom da Piedade, que regula e dispõe nossas relações com os
demais.
Então, finalmente, para desenvolver a área afetiva,
dispomos de dois Dons, o de Fortaleza e do Temor de Deus.
Fortaleza, para tirar-nos o temor dos perigos, e o do
temor de Deus, que modera os ímpetos desordenados das concupiscências da carne.
(I Jo 2,15-17).
Desse modo, nas áreas das duas maiores faculdades de
nosso espírito, a inteligência e a vontade, o Espírito Santo opera com tais
dons de santificação, para inspirar-nos e mover-nos em todos os nossos atos da
vida terrena.
Além disso, na nossa vontade, para melhor regular
nosso comportamento moral, desfrutamos de duas grandes virtudes: a Esperança e
a Caridade.
Segundo os estudiosos, estas duas virtudes chegam a serem
superiores aos Dons, porquanto têm funções de virtudes e dons.
Na verdade, enquanto nossa razão se utiliza das
virtudes para melhor regular nosso comportamento moral, o Espírito Santo,
através dos Dons, regula sua direção maior de nossa vida.
Observemos que o profeta Isaías (Is 11,2-3) relaciona
os Dons de santificação em pares:
- Espírito de Sabedoria e de entendimento.
- Espírito de Conselho e de Fortaleza;
- Espírito de Ciência e de Piedade;
- Espírito de Temor de Deus.
Ora, D. Luís M. Martinez nos diz que o primeiro de
cada par é diretor do outro; e o Temor de Deus é dirigido diretamente pela
Sabedoria, que é a diretora de todo os Dons.
Assim, a ordem por importância de cada Dom é a
seguinte:
1- Sabedoria;
2- Entendimento;
3- Ciência;
4- Conselho;
5- Piedade;
6- Fortaleza e
7- Temor de Deus.
Ora, o Espírito Santo é a alma de nossa alma e a vida
de nossa vida.
Por isso, Jesus Cristo disse a Samaritana: “Se tu
conheceras o Dom de Deus, e quem é que te Diz: dá-me de beber, tu certamente lhe
pedirias, e ele te daria uma água viva” (Jo 4,10).
Comecemos pelo Dom do temor de Deus, que é o menor de
todos. Na verdade ele é o menor, enquanto relacionados com nossas fraquezas e
limitações. Mas, como Dom do Espírito Santo é tão importante quanto os demais,
pois a base de todos os Dons é o amor e o que vem do amor é perfeito (Col.
3,14).
Ora, no amor não há temor; o amor perfeito lança fora
o temor, porque o temor supõe pena; e aquele que teme não é perfeito no amor.
(I Jo 4,18).
Como é possível que da caridade nasça o temor de Deus?
O Temor servil ou temor de castigo é imperfeito, e,
por isso, não procede do Espírito de Deus.
O temor filial corresponde ao Temor de Deus, porque é
zelo do amor de Deus, é responsabilidade, é fidelidade e obediente; é temor que
as pessoas que amam a Deus têm, de afastar-se dele, de ser-lhe desobediente, de
ofendê-lo, de perdê-lo etc. É um temor que se encontra na base do amor. Por
isso, exclui a imperfeição. O temor de Deus corresponde, igualmente, a uma ação
do Espírito Santo, pelo que a alma teme a separação do amado; é zelo: “Se
zeloso e arrepende-te”. (Ap 3,19b). “Esse temor filial, perfeito e amoroso, é o
que se constitui o Dom do Temor de Deus”.
Pr: 1,7:- O Temor do Senhor é o princípio da sabedoria.
Os insensatos desprezam a sabedoria e a doutrina.
Assim como acontece na ordem natural, na ordem
sobrenatural, as virtudes e os Dons têm seus graus.
O Dom do Temor de Deus, no primeiro grau, produz
horror ao pecado e força para vencer as tentações.
É um sofrimento!... Até que somos vitoriosos pela
nossa fé em Jesus Cristo (I Jo 5,4-5).
No segundo grau do Temor de Deus, a alma não apenas se
afasta do pecado, mas adere a Deus com profunda reverência.
No terceiro grau, do Dom do Temor de Deus, temos um
efeito maravilhoso, porque alcançamos a primeira das bem-aventuranças:
Mt 5,3:- Bem-aventurados os pobres de espírito, porque
deles é o Reino dos céus.
Assim, a Bem-aventurança da pobreza e do
desprendimento é o fruto do Temor de Deus.
Desse modo, contemplar o amor inefável, que é o
Espírito Santo, é estar em união com Jesus Cristo. Devemos, pois, convidar o
Espírito Santo, deseja-lo em nossos corações. Peçamos que viva em nosso
interior e que não nos abandone jamais; que ilumine totalmente todo o nosso ser
e que por seus Dons, verdadeiros instrumentos do amor de Deus, mova-nos para a
vida eterna, vitória de plenitude em nosso Senhor Jesus
Cristo.
João C. Porto.
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