sábado, 25 de dezembro de 2010

O Espírito Santo: Curso da Bíblia Sagrada



CBS – 04
O E S P Í R I T O S A N T O
01. Quem é o Espírito Santo?
É a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Ele corresponde ao amor do Pai e do Filho; o Espírito que nos foi dado por Deus, em o nome do Seu Filho amado, para difundir largamente em nossos corações a caridade do amor que aperfeiçoa e santifica nossas almas.
02. Como a gente pode concluir essa afirmativa?
A partir da santa palavra de Deus, observando o que Jesus Cristo nos ensinou:
“Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
Os apóstolos também, em suas pregações, falaram das três pessoas da Trindade Santa:
“A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, a caridade de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (II Cor 13,13).
Assim, observamos nos versículos citados que Deus é a unidade de três pessoas distintas:
Ele é o Pai;
Ele é o Filho, Jesus Cristo;
Ele é, também, o Espírito Santo.
Cada uma dessas pessoas divinas corresponde às virtudes ou atributos do próprio Deus onipotente, único e verdadeiro: El Shaddai.
Por isso é que São Paulo nos ensina que Jesus Cristo é a fonte de todas as graças: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo...” (II Cor 13,13). Nesse mesmo versículo, ele nos afirma ainda que o amor procede do Pai, e que ao Espírito Santo pertence à comunicação e, certamente, a unidade, a comunhão de todas as ações do amor do Pai e do Filho.
Dessa forma, é justo que atribuamos ao Pai o poder da vontade criadora:
“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26).
Do mesmo modo, devemos atribuir ao Filho o poder da sabedoria, pelo qual tudo foi criado, consoante a vontade do Pai, a sabedoria do Filho e a ação de realizar tudo, na vontade e na sabedoria de Deus, que é do próprio Espírito Santo:
“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi feito” (Jo 1,3).
E ao Espírito Santo devemos atribuir a ação realizadora de Deus, mediante a qual, o Pai e o Filho criam tudo, fazem tudo e renovam todas as coisas.
“A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2).
“O Espírito de Deus me fez e a inspiração do Todo-poderoso me deu Vida” (Jó 33,4).
“Eis que renovarei todas as coisas” (Ap 21,5).
Na verdade, quando Deus realiza qualquer obra do seu infinito amor, o que é feito é fruto do trabalho das três pessoas santas, isto é, do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Quando separamos as três tarefas da obra de Deus e as relacionamos com as três pessoas trinas, certamente o fazemos por efeito didático, visto que se dissermos que o Pai criou, o Filho salvou e o Espírito Santo é quem santifica todas as coisas feitas e salvas, então, o entendimento chega mais fácil ao coração.
Assim são três o momento em que a eternidade de Deus operou e ainda opera, hoje, sobre a terra: na criação, na salvação do homem e na santificação de nossas almas.
Nesta lição, estamos falando desse último momento da operação de Deus sobre a terra, a qual se refere à santificação do homem espiritual. Esta é uma obra que se faz como conseqüência da ação do amor de Deus, isto é, é uma obra do Espírito Santo.
Este período da atividade do Espírito Santo de Deus em nossos corações vem desde o dia de Pentecostes e vai até a segundo vinda gloriosa do Senhor Jesus à terra. (I Ts 4,13-18)
03. Que profecias do Antigo Testamento falam melhor desse momento do derramar do Espírito Santo sobre nós?
“Eu vos retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos conduzirei ao vosso solo. Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações. Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos. Habitareis a terra de que fiz presente a vossos pais; sereis meu povo, e serei vosso Deus” (Ez 36,24-28)
“Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel – oráculo do Senhor – Incutir-lhe-ei a minha lei; gravá-la-ei em seu coração. Serei seu Deus e Israel será o meu povo. Então ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: “Aprende a conhecer o Senhor”, porque todos me conhecerão, grandes e pequenos – oráculo do Senhor –, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados” (Jr 31,33-34).
“Depois disto, acontecerá que derramarei o meu espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão; os vossos velhos serão instruídos por sonhos, e os vossos jovens terão visões. Derramarei, também, naqueles dias, o meu espírito sobre os meus servos e sobre as minhas servas. Acontecerá que todo o que invocar o nome do Senhor será salvo, porque, sobre o monte Sião e em Jerusalém, haverá um resto, como o Senhor disse, e entre os sobreviventes estarão os que o Senhor tiver chamado” (Jl 3,1-2.5)
“Eis que vem o tempo, diz o Senhor, em que eu enviarei fome sobre a terra: não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a palavra do Senhor” (Am 8,11).
Ora, no princípio da plenitude dos tempos, em que vivemos para a consumação da obra salvífica e a santificação dos filhos e filhas de Deus, o Senhor Jesus Cristo, ressuscitado, mas antes de subir aos céus, disse aos seus apóstolos: “Eu vos mandarei o prometido do meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49).
Como se observa, Deus falou pelos profetas sobre o derramar de sua graça por seu Filho Jesus, para a salvação de todos os homens. Também, de forma muito carinhosa e cheia de amor, Ele falou sobre a ação reveladora e santificadora, pela qual todos seriam, nos tempos da plenitude, envolvidos graciosamente pelo amor do Pai e do Filho, amor esse que é o próprio Espírito Santo de Deus. Assim, tudo o que recebemos de Deus é gratuito (Jo 1,17). Jesus é a fonte das graças porque nos veio de graça e corresponde, por isso, à benevolência de Deus.
Cremos que, quando o Pai apresentou Jesus às margens do Jordão, definiu claramente a bondade do Seu coração: “Este é o meu Filho amado, no qual pus as minhas complacências” (Mt 3,17b); e na transfiguração: “Este é o meu Filho dileto, ouvi-o” (Lc 9,35b).
Com isso, podemos ter certeza de que Deus estava preparando as realizações de Suas promessas pentecostais, isto é, anunciando para nós que já não suportava mais ver o sofrimento da humanidade e ver, sobretudo, o nosso coração longe do Seu Santo Espírito, coração endurecido como pedra, insensível, portanto, ao Seu apelo de Pai misericordioso. Bondoso que é, malgrado nossas fragilidades, desejava colocar dentro de nós o selo de Sua eternidade (Jo 6,27b), porque somente o Espírito tinha o poder de Deus em si, de refazer, de reconstruir, de regenerar, de renovar e modelar, o nosso interior, restabelecendo de forma definitiva a sua imagem e semelhança segundo a qual nos fez no paraíso, e que Satanás, com seus enganos e nosso auxílio, havia destruído.
Assim, o Espírito Santo nos veio por Jesus. Ele é o outro advogado prometido, o Paráclito que veio, não apenas para nos defender, proteger e consolar, mas, sobretudo, nesse mister, nos ensinar todas as coisas e recordar dentro do nosso coração tudo quanto Jesus falou (Jo 14,26). É por isso que João Batista nos declara que Jesus Cristo é o único que batiza no Espírito Santo e com fogo (Mt 3,11b).
O Espírito Santo, como se pode concluir é a fonte das águas vivas. Como fonte é a unidade e a comunicação, de onde as águas se derramam através dos áridos desertos, para torná-los verdejantes e floridos, e para que dêem frutos apreciáveis aos olhos de Deus e dos homens, e para que agradem ao paladar dos que têm fome.
Nas águas do amor infinito, firme e invencível de Deus, é que somos, pelo sangue da regeneração de Cristo Jesus, lavados, purificados, renovados, transformados, regenerados, e, consequentemente, santificados (Ap 22,17).
“Em verdade, em verdade te digo que quem não renascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).
04. Que faz o Espírito Santo sobre a terra, no coração do homem?
Através da nossa adesão ao Senhor Jesus e pelo batismo do Espírito Santo na Santa Igreja do Senhor – Igreja, Una Santa, Católica e Apostólica – sela-nos com o selo do Paráclito que nos fora prometido (Ef 1,13; 4,30), e santifica a nossa alma, pois sem a santificação é impossível ver a Deus. (Hb 12,14).
Aliás, o próprio Jesus, no sermão da montanha, declara bem-aventurados os corações puros, porque, diz ele, verão a Deus (Mt 5,8). Ora, um coração puro é fruto da santificação do Espírito Santo.
05. De que forma o Espírito Santo trabalha em nós para nos santificar?
Através dos dons espirituais.
06. Que dons são esses?
O Espírito Santo é a fonte dos dons, carismas, virtudes e frutos do Pai e do Filho, visto que é o amor de ambos.
Os dons distribuídos livremente e de forma gratuita pelo Espírito Santo, são de duas ordens:
- dons infusos ou de santificação;
- dons carismáticos ou de serviços.
07. Quais são os dons de santificação?
“Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de piedade; e será cheio do espírito do temor do Senhor” (Is 11,2).
Como observamos nesta citação do profeta Isaías, são sete os dons de santificação.
Através desses dons o Espírito Santo não apenas santifica nossa alma, mas, também, nos move relativamente ao aperfeiçoamento das virtudes:
- Sabedoria (Caridade)
- Entendimento (Fé)
- Conselho (Prudência)
- Fortaleza (Fortaleza)
- Ciência (Fé e Caridade)
- Piedade (Justiça)
- Temor de Deus (Temperança e Esperança)
08. Quais são os dons carismáticos?
São nove os dons ou carismas enumerados por São Paulo (I Cor 12,8-10).
- dom da linguagem da sabedoria;
- dom da linguagem da ciência;
- dom da fé;
- dom das curas;
- dom de operar milagres;
- dom da profecia;
- dom do discernimento dos espíritos;
- dom da variedade de línguas;
- dom da interpretação das línguas.
09. Como o Espírito Santo trabalha em nós através desses dons?
Os dons de santificação nós os recebemos na oportunidade do nosso batismo. Assim, o Espírito Santo se apodera dos dons infusos e opera em cada um daqueles que querem e se abrem à ação da graça, para a santificação das faculdades de nosso espírito:
- Inteligência;
- Vontade;
- Memória;
- Imaginação;
- Afetividade.
A santificação dessas potências interiores do nosso espírito é obra da exclusiva competência do Espírito Santo. De nossa parte, apenas desejamos e aquiescemos que o Paráclito faça crescer em nós, com a nossa indispensável ajuda, a vida em Cristo, a vida eterna.
O que dissemos, em outras palavras, é que o Espírito Santo, através dos dons da sabedoria, do entendimento, do conselho e da ciência, santifica as áreas de nossa inteligência e de nossa vontade, e, com os dons da fortaleza, da piedade e do temor de Deus, santifica as áreas da memória, imaginação e afetividade.
Como podemos observar com quatro dons infusos o Espírito Santo opera em nós pelas faculdades da inteligência e da vontade, e, com os três restantes, opera em nós pelas faculdades da memória, imaginação e afetividade. Estas cinco faculdades ou potências interiores são próprias do espírito do homem. Nuns e noutros dons, o Espírito Santo nos move na direção da Santificação e do aperfeiçoamento espiritual de nossa alma. De um lado, ele torna nossa inteligência hábil na virtude da fé, e por outro lado, ele fortalece nossa vontade, aperfeiçoando-a na virtude da caridade do amor de Deus.
10. Então, de que dons o Espírito Santo se utiliza para a santificação e o aperfeiçoamento de nossas faculdades espirituais?
Pela inteligência e vontade, Ele nos santifica mediante os dons da sabedoria, do entendimento, do conselho e da ciência. Pela memória, imaginação e afetividade, Ele nos santifica através dos dons da fortaleza, da piedade e do temor de Deus. É, pois, uma obra do amor de Deus, a qual nos leva, contando com a nossa indispensável colaboração, à santificação e ao aperfeiçoamento espiritual de cada um, individualmente. É dessa forma que o Espírito Santo esculpe nosso interior mais íntimo e profundo a imagem e semelhança de Deus.
Por outro lado, os carismas ou dons carismáticos são dons de serviços. São concedidos pelo Espírito Santo a quem Deus quer, para que, através deles, o Senhor Jesus opere no seio de Sua Igreja, para o bem comum de todos os que fazem à comunidade cristã.
Nesse sentido, todos a quem o Espírito Santo concede dons carismáticos são meros instrumentos, livres e disponíveis nas mãos do Senhor, através dos quais Jesus Cristo faz passar Sua graça, para operações diversas do Espírito, tanto no âmbito da libertação, como no da cura espiritual, física e psíquica.
“Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: somos servos como quaisquer outros; fizemos o que deveríamos fazer” (Lc 17,10).
Com efeito, D. Luiz M. Martinez, no seu livro “O Espírito Santificador”, nos diz que “somente o Espírito Santo, entrando no mais íntimo do nosso ser, possui-nos e se deixa possuir por nós e, no divino abraço de amor, realiza em nossas almas a luminosa transformação que deseja”.
O Espírito Santo, na verdade, se torna conhecido por todos aqueles que buscam viver o amor de Deus, como o amor do Pai e do Filho. Nesse sentido, costuma-se afirmar que são três as obras do amor do Espírito Santo:
- a regeneração;
- a revelação;
- a santificação.
Como já dissemos de outra forma, o Espírito Santo é o único espírito que pode tocar o nosso espírito, santificando-nos e transformando-nos em preciosos instrumentos da vontade e da sabedoria de Deus. É pela graça que nos salvou mediante a fé em Cristo (Ef 2,8), santifica os que Deus quer (Jo 6,27), conduzindo-os concomitantemente ao refinamento da vida de fé, de esperança e de amor; criando em cada um de seus filhos ornamentos próprios do selo eterno de Deus, quais sejam: os frutos ou virtudes espirituais, valores que somente Ele, com o Pai e o Filho pode realizar no coração daqueles que, ardentemente, buscam ser discípulos do Divino Mestre.
Concluindo, podemos afirmar que dons, virtudes, frutos e ministérios são da amorosa obra santificadora do Espírito Santo, concedidos aos filhos de Deus, para a conversão, a santificação e as obras do amor eterno de Deus, junto aos irmãos, visto que todo o cristão deve estar sempre cheio do Espírito Santo.
Entretanto é importante, observar a realização dessa obra santificadora, como se pode dividir na forma que o faz São Paulo, a participação conjunta de cada pessoa da Santíssima Trindade, conforme os versículos que se seguem:
“Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (I Cor 12,4-6).
QUESTIONÁRIOS PARA REFLEXÃO E APROFUNDAMENTO
11. A quem é prometido o dom do Espírito Santo?
Evangelho de S. João – Cap. 1, Vers. 12 (Jo 1,12)

12. Quem recebe o dom do Espírito Santo?
a) Evangelho de S. João – Cap. 7, Vers. 37-39 (Jo 7,37-39)
b) Atos – Cap. 11, Vers. 17 (At. 11,17)
13. Como se recebe este dom maravilhoso?
a) Epístola aos Gálatas – Cap. 3, Vers. 14 (Gl 3,14)
b) Epístola aos Efésios – Cap. 1, Vers. 13 (Ef 1,13).
14. Quando a gente recebe?
Atos – Cap. 2, Vers. 38-39 (At. 2,38-39)
15. Somos habitação do Espírito Santo?
a) I Epístola aos Coríntios – Cap. 3, Vers. 16 (I Cor 3,16)
b) II Epístola a Timóteo – Cap. 1, Vers. 14 (II Tm 1,14).
16. O que um cristão autêntico deve saber?
I Epístola aos Coríntios – Cap. 6,19 (I Cor 6,19).
17. Qual a ação do Espírito Santo no coração cristão?
a) Evangelho de S. João – Cap. 14, Vers. 26 (Jo 14,26).
b) Evangelho de S. João – Cap. 16,13-14 (Jo 16,13-14).
18. Que faz o Espírito Santo em favor do cristão?
Epístola aos Romanos – Cap. 8, vers. 26-27 (Rm 8,26-27).
19. Qual é a ação do Espírito Santo no mundo?
Evangelho de S. João – Cap. 16, Vers. 8-9 (Jo 16,8-9).
20. O que não se deve fazer, segundo os versículos abaixo?
a) Evangelho de Marcos – Cap. 3, Vers. 28-30 (Mc 3,28-30).
b) Atos dos Apóstolos – Cap. 5, Vers. 3 (At. 5,3).
c) Atos dos Apóstolos – Cap. 5, Vers. 9 (At. 5,9).
d) Atos dos Apóstolos – Cap. 7, Vers. 51 (At. 7,51)
e) Epístola aos Efésios – Cap. 4, Vers. 30 (Ef 4,30).
21. Qual é o meio de o cristão não entristecer o Espírito de Deus?
Atos dos Apóstolos – Cap. 24, Vers. 16 (At. 4,16).
22. O que não se deve fazer como cristão?
I Epístola aos Tessalonicenses – Cap.5, Vers. 19-20 (I Ts 5,19-20).
João C. Porto
Obs.: Este Curso de Introdução à Bíblia Sagrada se encontra na Apostila do autor (1992).

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