sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Culto de Latria, Dulia e Hiperdulia


Na Igreja Católica, como em qualquer outra Igreja cristã, que tem Jesus Cristo como Salvador (Jo 3,16), centro e vida eterna dos filhos e filhas de Deus (I Jo 5,11-12), adora-se exclusivamente a Deus (Mt 4,10; Dt 6,13), Deus de Israel, Deus de Abraão de Isaac e Jacó, o Deus único que Salva (Is 45,15), mesmo porque não há outro, nem antes e nem depois. (Is 43,10).

Portanto, o culto de Latria que corresponde à adoração ao Criador, o Deus Vivo, Perfeitíssimo, Eterno e Santíssimo, El Shadday, o Todo-podereso Deus de Israel, “Eu Sou”, Aquele que é o Senhor Javé.

Por isso, o culto de dulia corresponde a simples veneração aos anjos do Deus Altíssimo, que nos acompanham e nos protegem nesta vida terrena (Sl 33,8); e bem assim aos santos e santas que nos precederam no Reino de Deus, canonizados pela Igreja; pois, as suas vidas de temor de Deus e santidade são úteis para todos os homens e mulheres que, em Cristo, vivem no caminho de perfeição, conduzidos pela direção amorosa do Espírito Santo. Ele nos dirige, fitando em nós seus próprios olhos (Sl 31,8); nós que somos filhos e filhas amados de Deus. (Rm 8,14.16; Lc 12,12: Mt 10,19-20; I Cor 2,12-13).

Finalmente, o culto de Hiperdulia, uma veneração maior a Sempre Virgem e Imaculada Mãe de Jesus (Lc 1,31), Mãe do Filho de Deus (Lc 1,35), Mãe de Deus (Lc 1,43) e Mãe do verdadeiro Deus e da Vida Eterna (I Jo 5,20b).

Estes dados são incontestáveis, porque estão fundamentados na palavra de Deus e, por isso, fazem parte da ordem que o Senhor Jesus Cristo deu aos seus apóstolos, antes de subir aos Céus: “Ensinando-as a observar todas as coisas que vos prescrevi. Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,20).

Ora, o Senhor, nosso Deus, em seu Filho, Jesus Cristo, (Jo 10,30) concedeu a Igreja, que ele mesmo a edificou através do apóstolo Pedro (Mt 16,13-19) e, posteriormente, ao colegiado apostólico (Mt 18,18; Jo 21,15-17), o poder de ligar e desligar sobre a terra, e inclusive de perdoar ou não perdoar os pecados dos homens. (Jo 20,23).

Isto posto, desejo de coração aberto à fé e à revelação do Divino Pai, do Filho Salvador e sob a consolação do doce hóspede de minha alma, o Espírito Santo, emitir minha clarividência sobre o assunto em meditação.

No livro do Ex 23,20-21 Deus promete essa bênção a Moisés: “Vou enviar um anjo diante de ti para te proteger no caminho e para ti conduzir ao lugar que te preparei. Está de sobreaviso em sua presença, e ouve o que ele te diz. Não lhe resistas, pois ele não te perdoaria tua falta, porque meu nome está nele”.

Ora, em qualquer hipótese, o anjo não é outra coisa senão o próprio Deus enquanto atua longe de sua habitação celeste, porque, nesse caso, atua em nome e em o nome de Deus, visto que ele, consoante a teoria angelical defendida por Sto. Agostinho, representa Deus e identifica-se com Deus. Portanto, observemos que o valor e a importância do anjo, em que pese ser puro espírito e, por isso, imagem perfeitíssima de Deus, é o nome de Deus que está nele.

Com efeito, na vocação de Abrão, Deus lhe diz: “Abençoarei aqueles que te abençoarem, e maldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti” (Gn 12,3).

Já que a Igreja de Cristo recebeu do próprio Senhor Jesus o poder de ligar e desligar, de perdoar e não perdoar, de abençoar e não abençoar, tudo o que ela, através do sacerdócio, in persona Cristi, abençoar estará abençoado e consagrado ao Senhor. Por isso, a Igreja consagra todas as coisas, conforme as prescrições do Senhor Jesus. Ela consagra o templo, o altar, o sacrário, ostensório, as vestes sacerdotais etc. e, por essa consagração fica nos bens consagrados o nome do Senhor, porque o que não tem o nome de Deus, não lhe pertence, visto que no nome do Senhor está o selo de suas presença e perfeições. (Ef 1,13; 4,30).

Assim, todas as imagens consagradas pela Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica possuem o nome do Senhor Deus de Abraão, de Isaac e Jacó, do seu Filho nosso Senhor Jesus Cristo, nosso único Salvador, a graça e o Dom perfeito e a unção do Espírito Santo, que recebemos no Batismo. Então, a importância dos filhos e filhas de Deus, dos ícones ou imagens e coisas consagradas pela Igreja de Cristo Jesus, não está tão somente no que eles ou elas representam sobre a terra; mas, sobretudo, no nome de Deus que está neles e nelas, conforme a consagração conferida pela Santa Igreja do Senhor Jesus Cristo. Antes da consagração, a imagem representa a figura do Santo, como um retrato, uma estampa etc. Entretanto, depois da consagração sacerdotal, que seja pelo batismo do Espírito Santo ou outras quaisquer bênçãos celestiais, eis que o nome do Senhor se fará presente. Esta é, portanto, a importância e o valor das imagens e de todos nós, que somos imagens vivas de Deus. Se, porventura, a consagração de quem as consagra, por alguma razão, não possui a unção divina para tal ato de fé e caridade das perfeições do amor de Deus, então será lastimável, porque sem Deus nada existe, e, se existe, sem o nome do Deus Altíssimo, nada nos convém praticar ou viver.

“Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? Ou que daria o homem em troca de sua alma?” (Lc 9,25)

Tudo em Deus e com Deus, e nada sem Deus. Triste de quem adora imagens ou qualquer outra coisa; porque a ordem divina é esta: “Somente a Deus adorarás e a ele servirás” (Mt 4,10). E o Senhor Jesus, ainda, acrescenta: “Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e em verdade” (Jo 4,34).

E por que não pensar nisso? Deus é único, e do nada fez o céu e a terra e tudo quanto neles há. Logo, as digitais das mãos do Criador estão em tudo o que foi criado por ele. A única coisa que falta, em virtude do pecado, é a sua consagração, a bênção do Criador, em o nome glorioso do Senhor Jesus Cristo, seu Filho amado. (Mt 3,17)

Assim, o que não tem o nome do Senhor, como selo de perfeição (Mt 5,48), para nada serve, pois, é “demônio” e ao demônio pertence. (Sb 2,24).

João C. Porto

Nenhum comentário:

Postar um comentário