sábado, 10 de julho de 2010

BOA NOVA DO SENHOR JESUS > Povo de Deus

Deus criou nossos primeiros pais, Adão e Eva, para que formássemos um só povo do amor do seu coração sobre a face da terra, um único povo.

Tudo em Deus é uno, quer dizer: um, único, singelo e simples, perfeito e santíssimo. Não há imperfeição em Deus, por isso o que é imperfeito não pode fazer parte de Sua unicidade, de Sua eternidade, de Sua simplicidade, de Sua ubiquidade e nem de Sua imutabilidade. Por isso, ninguém pode receber coisa alguma se não lhe for dada do céu (Jo 3,27); porque, toda boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de vicissitude. (Tg 1,17).

Vejamos como S. Paulo, ao povo único, se refere: Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites da sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós. Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser, como até alguns dos vossos poetas disseram: nós somos também de sua raça... (At. 17,26-28).

São Paulo pronunciou estas palavras no Areópago, em Atenas, diante dos gregos e alguns de seus filósofos; mas foram pouquíssimos os que se converteram. Quem sabe, um deles tenha sido Dionísio, o areopagita. Aliás, de Dionísio, conta-se, que na sexta-feira da paixão de Cristo, na hora em que o Senhor entregou seu espírito ao Pai, ele, Dionísio, se encontrava em Roma. Ao observar, da sacada do palácio, a convulsão universal e os aspectos dos acontecimentos relativamente à natureza, ele teria exclamado: “ou ocorreu alguma mudança no universo ou, então, acaba de morrer uma divindade”.

Retomando o assunto sob comentário, observa-se que, com o pecado da infidelidade de nossos primeiros pais, interrompido estava a unidade de um só povo sobre a face da terra; visto que o pecado, diante da perfeição e santidade de Deus, na verdade, abalou o universo inteiro, a terra e os céus e tudo o que neles havia, de alguma forma, ordem ou natureza.

Então, daí para frente, é como S. Paulo disse a Timóteo: “o mal se alastra como a gangrena” (II Tm 2,17). Por isso o mal foi se alastrando ao ponto que Caím matou Abel, seu irmão.

Entretanto, o amor de Deus pelo homem, sua imagem viva e perfeita sobre a terra, é algo tão extraordinário, profundo e maravilhoso, como um mistério o qual só o compreenderemos no dia em que, escolhidos de sua predileção, estivermos com Ele face a face. Todavia, ficamos neste ponto, assim nos parece, mesmo porque o Espírito Santo me traz ao coração esta expressão do Senhor Jesus Cristo, no livro do Apocalipse: “Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Novamente me disse: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva. O vencedor herdará tudo isso, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. (Ap 21,5-7).

Ora, Deus, na sua infinita bondade e no seu amor eterno e constante (Jr 31,3), deu a Adão e Eva outro filho de sua predileção: Set, semelhante a Abel, através do qual, pelo que se pode concluir, nasceu a descendência dos Filhos de Deus, uma unidade duradoura, um povo escolhido de sua predileção.

Aconteceu, entretanto, que os filhos de Deus acharam as filhas dos homens bonitas e belas e, por isso, apaixonaram-se por elas; e, isso, desagradou a Deus. (Gn 6,1-2).

O Senhor, então, disse: “Meu espírito não permanecerá para sempre no homem, porque todo ele é carne...” (Gn 6,3).

Como se pode observar, o homem sem o Espírito de Deus, embora seja a imagem viva e perfeita de Deus sobre a terra, infelizmente é só carne; isto é, pecado que se alastra sobre a face da terra.

“O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos do seu coração estavam continuamente voltados para o mal”.

O Senhor então disse: “Exterminarei da face da terra o homem que criei”. Contudo, como os desígnios do Senhor são eternos, desígnios de prosperidade e não de calamidade, que nos garante um futuro e uma esperança (Jr 29,11), Noé encontrou graça aos olhos de Deus. Por isso, sob os olhos da justiça, da misericórdia e de sua fidelidade suprema, o Senhor nosso Deus enviou o dilúvio, pelo que apenas oito pessoas foram salvas sobre as águas; prefiguração do batismo que recebemos na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, o batismo de regeneração e de renovação no Espírito Santo que, por Cristo Jesus, está largamente difundido em nossos corações como garantia de nossa justificação e da herança eterna reservada aos santos (Ef 1,17-18), conforme a viva esperança dos filhos e filhas de Deus.

Entendendo as coisas que o Espírito de Deus, até aqui, de Adão ao dilúvio, nos trouxe ao coração, esta é a terceira intervenção divina, no sentido de que houvesse um só povo de sua predileção sobre a terra, como fora criado no princípio.

Ora, ao desenrolar da história da salvação, agora, a partir da descendência de Noé: Sem, Cam e Jafet, o Senhor chamou dentre os semitas, de Ur da Caldéia, a Abrão e sua esposa Sarai, para formação do povo de sua predileção. Com esse objetivo, fez com Abrão uma aliança, trocando-lhe o nome de Abrão para Abraão e de sua esposa Sarai, para Sara; pelo que Deus disse a Abraão que ele teria uma descendência tão numerosa como as estrelas do céu e os grãos de areia da praia.

Na verdade, Abraão seria pai de muitas nações!... Nesse sentido, ele, Abraão, foi abençoado por Melquisedec, rei de Salém – Sacerdote eterno – a quem Abraão pagou o dízimo dos despojos dos reis vencidos na batalha em Sodoma e Gomorra.

A partir de Isaac, o filho da promessa, nascido de Abraão com Sara, sua esposa, e, principalmente, através de Jacó, filho de Isaac, a descendência da fé de Abraão começou a crescer.

Foi, entretanto, no Egito, acolhidos por José, um dos doze filhos de Jacó, então, ministro do Faraó, que o povo de Deus, da linhagem de Abraão, começou a crescer e tornou-se um povo número. Todavia, foi escravizado por um período de 430 anos; após o que Deus com braço forte e grande poder o libertou através de Moisés, seu servo. Daí, então, fê-lo passar entre as águas do mar vermelho a pé enxuto, e a caminhar durante quarenta anos através do deserto, até que, finalmente, sob a condução de Josué, entraram na terra de Canaã prometida por Deus a Abraão.

Ora, no Evangelho de João, ler-se: “Porque, se a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1,17).

Assim, pois, Moisés foi o primeiro libertador do povo de Deus. Ele, na verdade, o libertou de uma escravidão histórica de 430 anos, do Egito, com vista à libertação espiritual futura, conforme o Senhor, nosso Deus, prometera desde os primeiros tempos.

Ora, no tempo da plenitude, Deus enviou o seu Filho feito da mulher, feito sob a lei, para remir todos os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos. Nesse sentido, o Senhor Jesus, no calvário, com a morte de cruz, aspergindo-nos com seu próprio sangue, salvou-nos da escravidão espiritual do pecado, com vista à libertação histórica através do arrebatamento dos vivos e a ressurreição dos mortos, oportunidade em que ele mesmo reinará com todo o povo de Deus sobre a face da terra.

Nessa visão história e espiritual concluímos que Deus segundo seus desígnios eternos fez no tempo oportuno o último chamado à segunda Eva, isto é, Maria de Nazaré desposada com José, da qual mediante o seu sim a Deus e por obra do Espírito Santo, nasceu Jesus Cristo, o Filho único do Pai, para a redenção e formação do povo escolhido de Deus desde antes de toda a eternidade.

Desse modo, atualmente, temos a Deus como nosso único Pai, a Jesus Cristo como único Salvador e Senhor, o Espírito Santo como Santificador de todos os filhos e filhas de Deus e a Imaculada sempre Virgem Maria, nossa Mãe universal, porque foi através dela que recebemos em nossos corações a vida sobrenatural do Criador.

Sabemos, também, conforme as Escrituras, que Maria é a Mãe do Senhor Jesus (Lc 1,31), por conseguinte Mãe do Filho de Deus (Lc 1,35). Também é a Mãe de Deus (Lc 1,43) e Mãe do verdadeiro Deus e da vida eterna (I Jo 5,20). Ela é nossa própria Mãe, Mãe da Igreja e a própria Igreja, em cujo seio fomos gerados como filhos e filhas de Deus, conforme a graça de vivermos sob a direção amorosa do Espírito Santo..(Rm 8,14.16).

João C. Porto

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