O Gênesis da Plenitude dos tempos
Então, concluída a obra, Deus a
contemplou e viu que tudo era muito bom!...
“Deus contemplou toda a sua obra, e
viu que tudo era muito bom. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o sexto
dia” (Gn 1,31). Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito,
descansou do seu trabalho. Ele abençoou o sétimo dia e o consagrou, porque
nesse dia repousara de toda a obra da criação. Tal é a história “da criação dos
céus e da terra” (Gn 2,1-4).
Assim, também, no início da plenitude
dos templos, quando em João Batista, último profeta da Antiga Aliança, foi encerrado as obras da Lei
Mosaica, Jesus Cristo, Filho de Deus, nasceu de uma mulher – a imaculada e sempre Virgem Maria – submetido à
lei, para remir todos os que estavam sob a lei para que recebêssemos a adoção de filhos de Deus, já desde o início dos noves
tempos.
“Mas quando veio a plenitude dos
tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a
uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua
adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: “Aba, Pai”. Portanto já não és escravo, mas
filho. E, se és filho, então também herdeiro por Deus”. (Gl 4,4-7).
Assim, também, o apóstolo João
escreveu seu Evangelho narrando o Gênesis da plenitude dos tempos, em que
vivemos, conforme se pode observar:
Primeiro Dia
“No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus.
Tudo foi feito por ele e sem ele nada foi feito” (Jo 1,1-2).
No Segundo dia
“No dia seguinte, João viu Jesus, que
vinha a ele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. É
este de quem eu disse: “Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque
existe antes de mim”. Eu não o conhecia, mas, se vim batizar em água, é para
que ele se torne conhecido em Israel”. (João havia declarado: vi o Espírito
descer do céu em forma de uma pomba e repousar sobre ele). Eu não o conhecia,
mas aquele que me mandou batizar em água disse-me: “Sobre quem vires descer e repousar
o Espírito, este é quem batiza no Espírito Santo. Eu o vi e dou testemunho de
que ele é o Filho de Deus”. (Jo 1,29-34).
No Terceiro dia
“No dia seguinte, estava lá João
outra vez com dois dos seus discípulos. E, avistando Jesus que ia passando, disse:
“Eis o Cordeiro de Deus”. Os discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus.
Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais”?”.
Disseram-lhe: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras”? “Vinde e vede”,
respondeu’-lhes ele. Foram aonde ele morava e ficaram com ele naquele dia. Era
cerca da hora décima. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham
ouvido João e que o tinham seguido. Foi ele então logo a procura de seu irmão e
disse-lhe: “Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo)”. Levou-o a Jesus, e
Jesus, fixando nele o olhar, disse: “Tu és Simão, filho de João, serás chamado
de Cefas (que quer dizer pedra)”.
No quarto dia
“No dia seguinte, tinha Jesus a
intenção de dirigir-se à Galiléia. Encontra Filipe e diz-lhe: “Segue-me “.
(Filipe era natural de Betsaida, cidade de André e Pedro). Filipe encontra
Natanael e diz-lhe: achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e os profetas
anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José”. Respondeu-lhe Natanael: “Pode,
porventura, vir coisa boa de Nazaré”? Filipe retrucou: “Vem e vê”. Jesus vê
Natanael, que lhe vem ao encontro, e diz-lhe: “Eis um verdadeiro israelita, no
qual não há falsidade”. Natanael perguntou-lhe: “Donde me conheces?”
Respondeu-lhe Jesus: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas
debaixo da figueira”. Falou-lhe Natanael: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és
o rei de Israel”. Jesus replicou-lhe: “Porque eu te disse que te vi debaixo da
figueira, crês! Verás coisas maiores do que esta”. E ajuntou: “Em verdade, em
verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do homem”. (Jo 1,43-51).
Quinto Sexto e Sétimo dias
Três dias depois, celebravam-se bodas
em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados
Jesus e os seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe:
“Eles já não têm vinho”. Respondeu-lhes Jesus: “Mulher, isso compete a nós?
Minha hora ainda não chegou”. Disse, então, sua mãe aos serventes: “Fazei-o que
ele vos disser”. Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações
dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. Jesus ordenou-lhes: “Enchei
as talhas de água”. Eles encheram-nas até em cima. “Tirai agora, disse-lhes
Jesus, e levai aos chefes dos serventes”. E levaram. Logo que o chefe dos
serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que
soubessem os serventes, pois tinham tirado a água) chamou o noivo e disse-lhe: “É
costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados estão quase
embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora”. Este
foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. (Jo 2,1-11a).
Como vemos, tivemos o “Gênesis” da
criação dos céus e da terra, e o “Gênesis” da plenitude dos tempos; isto é, o
princípio da redenção do gênero homano, dos céus, da terra e de todo o universo.
“Todos nós recebemos da sua plenitude
graça sobre graça. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram
por Jesus Cristo” (Jo 1,16-17).
“Mas um dia apareceu à bondade de
Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens. E não por causa de obras
de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia,
ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito
Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador,
para que a justificação obtida por sua graça nos torne, em esperança, herdeiros
da vida eterna” (Tt 3,4-7).
João
C. Porto
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