segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Amar e Evangelizar


                                       AMAR E EVANGELIZAR

   O essencial para evangelizar a alguém é mostrar-lhe, em primeiro lugar, que Deus é amor, e que nos ama constantemente com amor eterno (Jr 31,3). Quer dizer: na eternidade de Deus o amor paira sobre nossos corações, para nos conceder vida eterna, para qual existimos.111

   Deus é amor! Quem ama permanece em Deus e Deus nele (I Jo 4,8. 16).

   Conta-se que, certa vez, alguém perguntou a Madre Teresa de Calcutá: “Irmã, o que é evangelizar?” E ela, então, lhe respondeu: “Evangelizar é ter o Senhor Jesus no coração e mostrar esse Jesus ao irmão”.

   “Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos que estamos nele: aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu” (I Jo 2,5-6).

   Assim, evangelizar não é apenas conhecer a palavra de Deus, discorrer sobre ela com intuições hermenêuticas. Na verdade, é mais do que as conclusões teológicas que se pode alcançar do seio da Verdade Integral.

   “Ai de mim, gritava eu”. Estou perdido porque sou um homem de lábios impuros, e habito com um povo (também) de lábios impuros e, entretanto, meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos! Porém, um dos serafins voou na minha direção; trazendo na mão uma brasa viva, que tinha tomado do altar com uma tenaz. Aplicou-a na minha boca e disse: “Tendo esta brasa tocada teus lábios, teu pecado foi tirado, e tua falta, apagada”. Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: “Quem enviarrei eu? E quem irá por nós?” – Eis-me aqui, disse eu, envia-me” (Is 6,5-8).

   Como vemos, não é aconselhável evangelizar, apenas, com a ciência humana; mas, sobretudo, revestida da ciência dos santos (Sb 10,10), sob a direção amorosa do Espírito de Deus. (Sl 31,8; Gl 8,14).

   Ora, que sentido maior chega ao nosso pequeno e frágil coração, relativamente ao toque da brasa nos lábios do profeta Isaías?

   Todos nós que temos como vida do coração a plenitude dos tempos (Gl 4,4-6), na qual, gratuitamente, fomos adotados como filhos e filhas do Deus Altíssimo, recebemos o Amor do Pai e do Filho; isto é, o Espírito Santo, como brasa viva, que corresponde ao Seu fogo devorador (Dt 4,24), pelo qual, não apenas nos perdoou os pecados, mas reconciliou-nos com o Senhor, selou-nos com seu selo indelével (Ef 1,13; 4,30), e capacita-nos (II Cor 3,5) a falar com palavras de sabedoria ensinadas pelo Espírito Santo (Lc 12,12; Mt 10,20).

   Ora, o apóstolo Paulo, ao nosso entendimento, interior, coloca para os que se aplicam ao ensino da divina doutrina do Senhor (Pr 22,18), como que um frontispício indizível da verdade integral, para que a ouçamos e a vejamos com os ouvidos e os olhos do coração, no profundo da Verdade que liberta – Intus legere – “a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade; isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3,18-19).

   Na verdade, é necessário que tenhamos em nosso espírito a unção da graça que nos salva (Ef 2,8) e, na alma, o influxo dos dons infusos de nossa santificação (Is 11,2); bem assim conservando, dentro do coração, a doutrino do Senhor, a qual, quando transbordar de nossos lábios (Pr 22,18), estejamos, em mansidão e humildade de coração, capacitados do Seu múnus sacerdotal (II Cor 3,5), nós, os leigos – do sacerdócio régio (I Pd 2,9) –, condicionados pela luz da fé, a viva esperança e o conhecimento do amor de Cristo, a podermos empunhar a espada do Espírito com simplicidade e ousadia (Ef 6,17), e, então, finalmente, evangelizadores da vinha do Senhor, sem mérito algum para nós (Lc 17,10).

   “Gravai, pois, profundamente em vosso coração e em vossa alma estas minhas palavras; prendei-as em vossas mãos como um sinal, e levai-a como uma faixa frontal entre os vossos olhos” (Dt 11,18).

   “Não ajuntareis nada a tudo o que vos prescrevo, nem tirareis nada daí, mas guardareis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, exatamente como vos prescrevi” (Dt 4,2).

   “Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi...”. (Mt 28,20a).

   Não é verdade que o Senhor Jesus é a nossa paz (Ef 2,14)? Somos seus amigos, escolhidos por Ele (Jo 15,15-17) e por Ele enviados para que produzamos muitos frutos, frutos de vida eterna!

João C. Porto

Nenhum comentário:

Postar um comentário