quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dom da Sabedoria


                                      Aprofundando a Boa Nova do
                                               Senhor Jesus Cristo

                                                     P J Nº 13

                                             Dom da Sabedoria



   Vindo ao mundo, o Senhor Jesus nos trouxe duas realidades espirituais: “A graça e a verdade” (Jo 1,17b); a graça que nos salva (Ef 2,8) e a verdade que nos liberta (Jo 8,32. 36).

   A gente vê a graça que salva, a benevolência do Pai Eterno, a bondade infinita do seu coração, o amor de Deus, o próprio Espírito Santo, fonte eterna dos corações do Pai e do Filho, que comunica aos corações de seus escolhidos, gratuitamente, o tudo que Deus nos enviou por seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.

   Então, a graça é o dom supremo, porque, sendo o próprio Espírito de Deus, é o amor do Pai e do Filho, a salvação que o Salvador, Jesus Cristo, nos trouxe (Jo 1,17b), sem preço, gratuitamente. Assim, todos os dons e carismas, todos os frutos e virtudes, vieram sob as asas do refúgio amoroso do Pai e repousaram em nossos frágeis corações como proteção salvífica do Eterno.

   Abemus thesaurum istum in vasis fictilibus. “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro (frágeis), para que a superioridade da força (da pregação) seja de Deus e não de nós”. (II Cor 4,7) 

   Que grandeza de amor eterno e constante! Quão maravilhados e extasiados nos sentimos diante de tão infinita confiança de Deus Pai, por seu Filho Jesus Cristo, por ter depositado todo o seu tesouro de eternidade em nossos frágeis corações! É!... Não merecemos!... Mas foi da liberalidade do Seu infinito e misericordioso amor que recebemos este dom para reconstrução do reino do Amor Bendito sobre a terra, a partir dos corações de pobres. (Mt 5,3)

   Na verdade, porque somos de uma argila frágil, Deus nos torna inquebrável, e porque somos incapazes de tudo, ele mesmo, pelo seu Espírito de vida em Cristo Jesus (Rm 8,1-2), nos capacita para tudo de sua bondade, com a sabedoria do seu coração e a força do seu amor firme e invencível.

   Ora, “Tudo é possível ao que crê”! (Mc 9,23). “Temos essa confiança em Deus, por Cristo; não que sejamos capazes de nós mesmos ter algum pensamento, sobrenaturalmente bom, como vinda de nós mesmos. o qual também nos fez idôneos ministros do Novo Testamento, não pela letra (da lei), mas pelo Espírito, porque a letra mata, mas o Espírito vivifica”. (II Cor 3,4-6)

   Certamente que o dom da sabedoria não é superior à graça, mas, vindo da graça e de graça, é o maior dom de santificação. É ele que comanda todos os demais dons, que os coordena e os ordena em seus princípios, com seu jeitinho sutil, ágil e indelével de aperfeiçoar na caridade e com caridade todas as coisas do amor, principalmente, nossos frágeis corações de pecadores convertidos ao Senhor Jesus.

   Ora, este dom, que é “uma exalação do poder divino, o clarão da luz eterna”, é como “o espelho sem mácula da Majestade divina e a imagem de sua bondade”. É nele que o Espírito Santo, com os dons do entendimento, do conselho e da ciência, fecunda de santidade todas as áreas de nossa inteligência, aperfeiçoando-as através da caridade, da luz da fé, da viva esperança e da prudência; emanações das perfeições divinas.

   Assim, também, o mesmo Espírito, pela sua própria coordenação, germina de santa eternidade todas as áreas de nossa vontade, com os dons da piedade, da fortaleza e do temor ao Senhor, e bem assim as virtudes da fortaleza, justiça, esperança e temperança, objetivando que sejamos santos e, também, perfeitos do amor de Cristo, de cuja plenitude de Deus nos ascende à vida dos profetas e dos amigos do Deus.

   De que forma o Espírito Santo opera em nossos corações através do dom da sabedoria?

   Ora, se no princípio, pelo pecado original, perdemos os dons preternaturais da imortalidade, da impassibilidade e da integridade, o que poderemos imaginar sem a habitação do Espírito Santo no coração do homem (Gn 6,3)? Mas, graças a Deus que, por Jesus Cristo, seu Filho amado, desde o Pentecostes da Igreja (At 2,14) e do nosso batismo (Mt 28,19; At 19,6), o Doce Hóspede de nossas almas, vem, aí, derramando em nossos corações todos os dons, todos os carismas e todas as virtudes do alto, para que nos tornemos santos, perfeitos e irrepreensíveis filhos e filhas do seu amor terno, bondoso e misericordioso.

   Não é verdade que o Espírito Santo infundiu em nossas almas os sete dons de santificação (Is11, 2), derramou em nossos corações a multiplicidade de seus carismas (I Cor 12,8-10) e nos plenificou de todas as virtudes (Sab 8,7; I Cor 13,13) e dos frutos próprios do amor do Pai e do Filho (Gl 5,22-23)?

   O que havíamos perdido pelo pecado original, ganhamos, em dose dupla, pela redenção liberativa do preciosíssimo sangue do Senhor Jesus (I Pd 1,18-19).

   Agora, tudo quanto à perversão dos séculos projetou em nossas almas, tornando-as trevas imundas e escuras, pela concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo 2,16) como conseqüências de nossos pecados; pelo arrependimento, pela conversão e a mudança de vida e de mentalidade (Mt 3,2) em o nome glorioso do Senhor Jesus Cristo, o Espírito de Deus, a partir do batismo (Ef 4,5), fará, se quisermos, uma renovação plena, transfigurística e perfeita.

   “Mas um dia apareceu à bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens. E, não por causa de obra de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador, para que a justificação obtida por sua graça nos torne, em esperança, herdeiros da vida eterna”. (Ti 3,4-7)

   Como vemos, o dom da sabedoria é um instrumento do amor de Deus, pelo qual o Espírito Santo regenera nossa alma, em todas as cicatrizes e marcas que ofuscaram a face do Senhor em nossos corações, a fim de que ela volte a resplandecer em nosso interior íntimo e profundo, no núcleo central da vida, com a clareza da doutrina e objetividade da ciência do Senhor Jesus em nossa alma, renovando-a com seus traços indeléveis e fecundos, a fim de que sob o resplendor da luz divina, transbordemos com palavras de sabedoria ensinadas pelo Espírito de Deus, para que adaptemos as realidades espirituais em termos espirituais. (I Cor 2,13)

   O dom por excelência, aquele que dirige todos os demais dons, porque, sendo a fonte do conhecimento sobrenatural, coordena, não só as áreas dessa ciência, mas, também, do conhecimento natural, como que, adaptando o natural às realidades das coisas espirituais e, por isso, abstraindo-nos pelo entendimento, sabedoria, ciência e conselho, tudo quanto não nos convém viver.

   “Não extingais o Espírito, não desprezeis as profecias. Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda espécie de mal” (I Ts 5,19-22).

   Ora, o dom da sabedoria é o dom que coordena todos os conhecimentos sobrenaturais. Por isso é que se diz que ele é o dom coordenador, isto é, que ordena e instruem todos os demais dons do Espírito Santo, de modo especial os dons infusos.

   “Eu te instruirei e te ensinarei o caminho que deves seguir, guiar-te-ei fitando em ti os meus olhos” (Sl 31,8)

   O dom da sabedoria é a principal capacidade sobrenatural pela qual o Espírito Santo nos eleva ao conjunto de conhecimentos de todas as coisas, separando-os por assunto, como que por um sistema perfeito e bem ordenado, segundo a sabedoria divina. Daí é que o Espírito de Deus opera em nós e através de cada um dos filhos de Deus. Ele abstrai do seio de cada unidade do saber, das coisas que, por ele, nos convém ser regidas e elevadas aos objetivos de santificação de nossa alma. Por isso, ele nos eleva pela caridade do amor, ao caminho da ciência dos santos, a fim de que nos exercitemos de forma, espiritualmente, simples, humilde, mansa, paciente e perseverante, deixando-nos, livres em suas mãos, como instrumentos de amor, conduzidos ao exercício da fé que opera pela caridade; tudo por uma naturalidade bem ordenada e disposta, de fé para fé, sob a perspectiva dos desígnios eternos.

   Desse modo, o dom da sabedoria nos move com a sutileza dos movimentos ágeis, sublimes e constantes, com o sabor da verdade, os olhos contemplativos da esperança e a fragrância da caridade do amor que nos faz um só espírito com o Senhor, para que:

   a) a visão interior veja todas as coisas com os olhos do Senhor Jesus Cristo.

   “Os olhos do Senhor contemplam toda a terra, e inspiram força aos que confiam nele com um coração perfeito”. (II Cr 16,9)

   b) compreendamos todos os arcanos e mistérios revelados do seio da verdade que liberta.

   “Invoca-me e eu te atenderei e te anunciarei coisas grandes e certas que tu ignoras". (Jer 33,3)

   c) sejamos instrumentos adequados às revelações do amor, com palavras de sabedoria e prudência.

   “O Espírito Santo vos ensinará, naquele mesmo momento, o que deveis dizer”. (Lc 12,12)

   d) contemplemos, extasiados, as palavras e visões próprias da ciência dos santos, pela condução amorosa do Espírito, em seus arcanos de justiça, misericórdia e fidelidade.

   “De longe se me deixou ver o Senhor. Eu amei-te com amor eterno, por isso, compadecido de ti, te atraí a mim”. (Jer 31,3)

   e) estejamos inseridos na nova filiação divina, pelo que, em Cristo Senhor, invoque a Deus: Abba! Pai! (Gl 4,6).

   “Mas, quando chegou à plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, feito da mulher, feito sob a lei, a fim de que remisse aqueles que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos”. (Gl 4,4-5)

   f) seguindo o caminho da justiça, da misericórdia e da fidelidade, vivamos o amor ágape, pelo que já não nos será mais possível pecar contra Deus, contra nós e os irmãos; e, tudo isso, pela caridade do amor.

   “O temor do Senhor é fonte de vida, para nos preservar dos laços da morte”. (Pr 14,27)

   -Que nos diz S. Paulo?

   “O homem espiritual julga todas as coisas e ele não é julgado por ninguém”. (I Cor 2,15) E ele diz mais: “nós, porém, temos o pensamento de Cristo”. (I Cor 2,16)

   -Quem é a fonte da sabedoria senão o Verbo do Deus, Jesus Cristo, homem?

   “A fonte da sabedoria é o Verbo de Deus nos céus, e os seus caminhos são os mandamentos eternos”. (Eclo 1,5)

   Devemos, pois, recorrer a Deus Pai, por Jesus Cristo, e pedir-lhe toda a intimidade de corações apaixonados da luz do sol oriente, que nunca se apagará.

   “Se algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não lança em rosto, e ser-lhe-á concedida”. (Tg 1,5)

   Logo, a sabedoria, que está em nós, é a nossa própria paz, nosso Senhor Jesus Cristo. (Ef 2,14a) Ora, porque o Espírito Santo alcança todas as coisas, tudo é sondado por ele, até mesmo às profundezas de Deus (I Cor 2,10), compreendemos que a sabedoria nos vem ao coração por ele; pois ele não é apenas o comunicador da sabedoria divina, mas também, o que nos ensina, o que nos orienta, corrige e ordena segundo Deus quer, inclusive para o bem comum de todos.

   “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para proveito comum”. (I Cor 12,7)

   -Quem coloca a sabedoria de Deus nos lábios do homem senão o Espírito Santo, que, em Cristo Jesus, a recebe do Pai e preenche os corações rendidos e apaixonados do amor?

   Ora, o amor do Pai e do Filho é o próprio Espírito Santo; logo, por ele, temos acesso a essa graça do conhecimento, ainda que tênue, de seus arcanos e de todas as coisas que nos foram dadas por Deus.

   “Ora, nós não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito que vem de Deus, para conhecermos as coisas que por Deus nos foram dadas” (I Cor 2,12)

   Quanto mais amamos mais compreendemos os sentimentos da pessoa amada. Assim, a caridade, fonte de todas as perfeições, aperfeiçoa-nos, principalmente, na unidade do amor entre irmãos.

   “O meu preceito é este: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15,12)

   O dom da sabedoria, pelo Evangelho da vida, eleva-nos através do sabor do conhecimento de Deus. E pela alegria, ele nos edifica por uma experiência íntima, em virtude do amor que nos inspira e nos move a que nos deixemos ser conduzidos, em tudo, pelo Espírito Santo, o doce hóspede de nossa alma.

   “(...) enchei-vos do Espírito Santo”. (Ef 5,18b)

   É por isso que o profeta Jeremias, referindo-se a palavra de Deus, exorta-nos, dizendo: “Achei a tua palavra, alimentei-me com ela; tua palavra foi para mim o prazer e a alegria do meu coração”. (Jer 15,16)

   Por outro lado, é própria da sabedoria ser perfeita na caridade e, no seu curso divino, movimentar nos corações que amam toda a força do amor e de sua excessiva caridade, para que na relação com a Igreja e entre irmãos, tornemo-nos mais e mais dóceis às moções do Espírito e ao estreito relacionamento amoroso, íntimo e perfeito com o Senhor Jesus Cristo.

   Ora, a graça é um dom de salvação e a sabedoria, do conhecimento íntimo dos corações, das coisas e das criaturas em seu relacionamento com o corpo místico e com Deus, para que vivamos em vida de santidade. Por isso, de santificação de nossa alma através do Espírito que nos edifica pela união amorosa como Senhor e entre irmãos da mesma fé viva, que opera pela caridade do amor de Deus.

   Não é verdade o que os doutores nos ensinam? “A sabedoria é a coordenação de todos os nossos conhecimentos pelas causas altíssimas das coisas”. Assim, o dom da sabedoria ordena e coordena todos os conhecimentos sistematizados em nossa razão, conforme os princípios que os regem, isolados ou em conjuntos. Por isso, entre os dons de santificação é o dom por excelência, principal e mais sublime.

   “O homem espiritual julga todas as coisas e ele não é julgado por ninguém”. (I Cor 2,15)

   É que todos nós temos em nossos corações o Espírito de Deus. E ele sonda todas as coisas, inclusive as profundezas do próprio Deus (I Cor 2,10). Ora, como ele perscruta os corações e penetra os pensamentos do espírito, conhece na intimidade dos corações e pede segundo Deus quer para seus filhos e filhas amados. Por essa razão é que, creio, S. Paulo afirma: “nós temos o pensamento de Cristo”. (I Cor 2,16)

   Ora, porque o provérbio nos diz que “os olhos do Senhor estão em todo o lugar e observam os bons e os maus”. (Pr 15,3), podemos ter um conceito bem firme do quanto, pelo dom da sabedoria, o Espírito fará em nós e através de nós.

   Na verdade, os dons de santificação, pela caridade que nos une no amor, estreitam-nos intimamente com Deus, conduzem-nos a uma sempre maior união íntima e amorosa com o Senhor nosso Pai; sendo que o Dom da sabedoria é o que mais se evidencia nesses aspectos da unidade de um só espírito com o Senhor. (I Cor 6,17)

   Ora, a bondade de nossa experiência íntima com Deus tem a face da caridade unitiva do amor e todos os aspectos da atividade sublime do dom da sabedoria, que nos estreita na afeição amorosa de um só coração com o Senhor. Ensina-nos também os santos doutores da justiça divina: “O dom da sabedoria brota do seio da caridade e conduz à caridade”.

   É bem feliz dizer-se que o amor é a moção principal de todas as coisas, nos céus e na terra. Assim, os sete dons infusos, por serem dons instrumentos de santificação, são como um tesouro do amor de caridade escondido em nossos corações. Somente quando abrimos o coração à vida com o Senhor Jesus é que os percebemos, com profunda alegria, a partir de quando o Espírito Santo os toma em suas mãos, como instrumentos de caridade, para santificar a nossa alma, através de nossas faculdades e/ou potências interiores.
   É bem interessante, ainda, observar que, com relação aos carismas, o Espírito Santo é quem nos move para que nos exercitemos em servir à Igreja e aos irmãos, em virtude do amor que, por Jesus Cristo, se difunde largamente em nossos corações. Isto significa dizer que, quando nos movimentamos pelos carismas, somos santificados enquanto servimos à realização do bem comum da comunidade. Ora, com relação aos dons infusos é bem diferente. Na medida em que nos damos ao amor e por ele amamos a Deus, a Igreja, como corpo místico de Cristo, e somos inseridos, interiormente, na vida sacramental, é o próprio Espírito Santo que, em seus movimentos amorosos e delicados de eternidade, santifica-nos em todas as áreas de nossas faculdades espirituais. Assim, entendemos que há dons que são instrumentos de amor, receptáculos amorosos, pelos quais somente o Espírito Santo nos pode santificar; e há dons que, de outra forma, somos santificados por eles, enquanto nos exercitamos, amorosamente, através dos talentos que recebemos do Senhor.
   É algo como se devêssemos dizer: pelos dons infusos é o Espírito Santo que nos santifica; e, pelos carismas, somos nós que nos santificamos a nós mesmos, na medida em que o Espírito Santo nos move a servir, principalmente, aos membros vivos da Santa Igreja do Senhor.

   Ora, tudo é obra do Espírito de Deus; mas, quando o Espírito move em nós os dons infusos, é própria e exclusiva dele a obra santificadora que realiza em nossas almas. Entretanto, quando o Espírito Santo nos move ao exercício dos carismas, somo santificados pela prática dos dons.

   Assim, devemos entender que os dons infusos são instrumentos finíssimos de amor, que, no batismo, o Espirito de Deus os coloca dentro do homem, como ferramentas delicados de caridade, mas, do uso próprio do amor, para a santificação das almas, em todas as áreas da inteligência e da vontade do homem espiritual. Os dons carismáticos, no entanto, não são infundidos, isto é, colocados dentro de nós, mas, por efusão, derramados em nossos corações, para que, pela fé que opera pela caridade, sejamos santificados, enquanto nos movemos por eles no seio da Igreja, em todos seus aspectos de comunidade que salva em Cristo Jesus, o Senhor; pois Jesus é o único que salva. (Mt 1,21; At 4,12)

   O Dom da sabedoria é a linguagem santa, ágil, sutil e amorosa de todos os conhecimentos unificados na verdade do amor eterno. O Espírito Santo o coloca desde a área silenciosa de nosso coração, e, aí, depois de ter realizado todos os objetivos para os quais o Senhor o enviou ao nosso núcleo central da vida, vem, também, aos nossos lábios para exteriorizar em proclamação de graças, vida e salvação, conforme o que o Senhor Deus quer e deseja.

     “Não falamos dessas coisas com palavras doutas, de humana sabedoria, mas com aquelas que o Espírito ensina e que exprimem as coisas espirituais em termos espirituais”. (I Cor 2,13)

   Ora, sendo o Senhor Jesus Cristo a própria sabedoria divina, concebo, em meu coração, que o dom da sabedoria é uma emanação divina e eterna, a imagem invisível do Criador, como “o espelho sem mácula da majestade divina”, própria dos corações do Pai e do Filho, que o Espírito Santo colocou no nosso íntimo mais íntimo, como instrumento de sua ação amorosa e santificadora, para santificar-nos no seu amor, por uma ação própria de sua bondade infinita, de sua misericórdia eterna, para sempre. É o amor irresistível: não perde viagem, nem a obra para qual veio.

   "Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; não tornará para mim vazia, mas fará tudo o que eu quero, e produzirá os efeitos para os quais a enviei”. (Is 55,11)

   Não será oportuno pedir ao Espírito Santo que, empunhando este dom em suas mãos, conclua em nós, sem demora, essa obra de amor?

   -O que o Senhor nos diz através do profeta Isaías?

   “Buscai o Senhor, enquanto se pode encontrar; invocai-o, enquanto está perto”. (Is 55,6)

   Digamos, então, muitas vezes e todos os dias, estas santas jaculatórias: Vinde Espírito Santo, iluminai meu coração com a luz da sabedoria, e acendei em mim o fogo do vosso amor! Venha Espírito criador! Venha luz dos corações e Pai dos pobres! Meu coração é inteiramente vosso, em o nome do Senhor Jesus!

   Os dons de santificação são movidos pelo amor, inspirados pela sabedoria da verdade eterna e, por isso, realizam a partir do interior do homem espiritual a finalidade de seus objetivos, que é a santificação dos filhos e filhas de Deus. Mas, como a obra de santificação é, também, obra de perfeição, eles nos movem pelas virtudes teologais e morais ao aperfeiçoamento de nossas almas. Por isso é que o Senhor Jesus nos diz:

   “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”. (Mt 5,8)

   Assim, o dom da sabedoria nos aperfeiçoa pelo exercício da virtude teologal da caridade; o dom do entendimento, pela virtude teologal da fé; o dom do conselho, pela virtude moral da prudência; o dom da fortaleza, pela virtude moral da fortaleza; o dom da ciência, pelas virtudes teologais da caridade e da fé; o dom da piedade, pela virtude moral da justiça; e o dom do temor de Deus, pela virtude teologal da esperança e a virtude moral da temperança.

   Pelo batismo, que recebemos na Santa Igreja Católica (Ef 4,5-6), recebemos o Espírito de Deus como hóspede de nossas almas. Com ele recebemos o tudo de Deus, porque o Senhor depositou, a partir do Pentecostes, em cada um de seus filhos e filhas, total confiança na reconstrução do seu reino, também, sobre a terra, dando-nos o seu Espírito como penhor de nossa herança.

   “Nele também vós, depois de terdes ouvido a palavra da verdade, o Evangelho de vossa salvação no qual tendes crido, fostes selados com o selo do Espírito Santo que tinha sido prometido, que é o penhor de nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção daqueles que Deus adquiriu para o louvor da sua glória”. (Ef 1,13-14)

   Ora, o selo que o Espírito Santo imprimiu em nossos corações é um selo pessoal e de garantia de vida eterna, e bem assim da herança de todos os bens que nos foram prometidos, em virtude da redenção gloriosa em Cristo Jesus.

   Não é verdade que o Espírito Santo é uma pessoa e, como tal, capaz de sentir tristeza diante de nossa falta de amor e infidelidade a Deus?

   -O que nos diz S. Paulo?

   “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, pelo qual fostes marcados com um selo para o dia da redenção”. (Ef 4,30)

   “Deus seja sempre louvado, e o inimigo vencido!.

            João C. Porto

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