sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dom do Entendimento

Aprofundando a Boa Nova do

Senhor Jesus Cristo

PJ 12

Dom do Entendimento

O Dom do Entendimento, na ordem dos Dons de santificação, do Espírito Santo, citados em Is 11,2, é o segundo. Ele é também conhecido como Dom da inteligência sobrenatural.

Quando nascemos para este mundo, aqui, da terra, nossos olhos se abrem sob o influxo das faculdades do nosso espírito – inteligência, vontade, memória, imaginação e afetividades – e dos sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato, principalmente.

Daí, entendemos que o Dom do Entendimento – inteligência sobrenatural – e a nossa faculdade da inteligência – inteligência natural do homem – são as portas que o Espírito Santo nos abre, a fim de que possamos nos mover, interagir e viver no mundo sensível da matéria em que nos encontramos.

Os Dons de santificação, de que nos fala o profeta Isaías (Is 11,2), são as ferramentas de que dispõe o Espírito Santo para a santificação da nossa alma.

Por ocasião do batismo que recebemos na Igreja do Senhor Jesus Cristo, a Igreja Católica, o Espírito Santo os infunde em nosso espírito, em nossa alma, em nosso coração e em todo o nosso ser. Quer dizer, fixou-os dentro de nós como ferramentas adequadas e necessárias a que ele nos santifique através de nossas faculdades espirituais:

Inteligência

Vontade

Memória

Imaginação

Afetividades

Ora, sem a santificação das faculdades do nosso espírito, acima citadas, nossa alma permanecerá “Raimunda” – com a mente, a razão, os pés e as mãos no mundo -; isto é, uma vagabunda que se compraz com o mundo e seus respectivos projetos.

O que Deus nos diz através do profeta Jeremias? “Bem conheço os desígnios que mantenho para convosco – oráculo do Senhor – desígnios de prosperidade e não de calamidade, de vos garantir um futuro e uma esperança” (Jr 29,11).

“Invocar-me-eis e vireis suplicar-me, e eu vos atenderei. Procurar-me-eis e me haveis de encontrar, porque de todo o coração me fostes buscar” (Jr 29,12-13).

É-nos necessário meditar dia e noite no que significa buscar a Deus de todo o nosso coração: “Então procurarás o Senhor, teu Deus, e o encontrarás, contanto que o busques de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Dt 4,29).

Essa obra de regeneração e renovação do Espírito Santo (Tt 3,4-7) que, como luz divina, opera profundamente em todo o nosso ser, tem como princípio a fé que vivemos em virtude da pregação da palavra de Cristo (Rm 10,17), pelo assentimento da verdade integral e o amor de Cristo que está difundido largamente em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado.

O Dom do entendimento é a luz da inteligência sobrenatural que nos ilumina a partir do interior das verdades reveladas, a fim de que as compreendamos do jeitinho amoroso e delicado como o Senhor nos instrui a entender tudo, como nos capacita (II Cor 3,5), segundo o sentido espiritual do que Deus nos fala, do que ele, pelo Espírito Santo, nos ajuda ler em plenitude do coração: “Intelegere!”.

Entender, do latim “intus legere” significa ler interiormente; penetrar no interior das verdades reveladas por Deus.

A luz do Dom do Entendimento – inteligência sobrenatural – que estudamos neste pequeno aprofundamento, é-nos útil para penetrarmos às verdades sobrenaturais e lê-las por entro, a partir do interior mais íntimo e profundo das revelações divinas, conforme nos ensina o Espírito Santo sob o influxo divino da condução amorosa de nossa alma. É por essa razão que a Santa Igreja nos ensina que o Espírito Santo é o doce hóspede de nossos corações.

Assim, na ordem sobrenatural, entender é penetrar ao seio íntimo das verdades divinas. Por isso, através da luz do Dom do Entendimento, o Espírito Santo ilumina os olhos de nossos corações, para que, penetrando as verdades sobrenaturais, façamos a leitura integral da verdade, a partir de nosso íntimo, no profundo de cada uma delas, conforme o Senhor quer que façamos para proveito comum.

Vejamos bem, só assim poderemos degustar e saborear das verdades espirituais, como bem nos falam o profeta Jeremias e o Salmista: “Achei a tua palavra, alimentei-me com ela; a tua palavra foi para mim o prazer e a alegria do meu coração, porque o teu nome foi invocado sobre mim, Senhor Deus dos Exércitos” (Jr 15,16 – Vulgata). “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! São-no mais que o mel à minha boca” (Sl 118,103 – Vulgata).

Chega, agora, ao meu coração uma pequena fagulha da luz que não se apaga e me ilumina quão proveitoso é comparar o Dom do Entendimento como a porta estreita de que nos fala o Senhor Jesus (Mt 7,13-14)

Porque, se assim não for, como que o Dom da Sabedoria revelará nossa inteligência, relativamente às coisas divinas que nos santificarão?

Todo o princípio santificador de nossa alma relaciona-se ao conjunto de nossas faculdades espirituais. Na medida em que o Espírito nos corrige e educa, seremos gradativamente capacitados por Deus, a fim de que, pela nossa aquiescência, possamos viver de fé para fé que opera pela caridade do amor de Cristo Jesus.

“Eu repreendo e corrijo aqueles que amo. Reanima, pois, teu zelo e arrepende-te” (Ap 3,19).

Assim, o Espírito Santo, pelo Dom do entendimento, nos leva ao profundo do conhecimento das verdades divinas, a fim de santificar-nos através da faculdade de nossa inteligência. E, para julgar destas verdades, temos mais três dons:

- O dom da Sabedoria que julga das coisas divinas;

- O dom da Ciência que julga das criaturas; e

- O dom do conselho que julga e dispõe os nossos atos.

Então, para a faculdade de nossa Vontade, que é tão nobre em categoria quanto nossa inteligência, temos apenas um Dom: “O Dom da Piedade, que tem por objeto regular e dispor nossas relações com os demais.” O Dom da Piedade é o dom da nossa filiação, cuja virtude que se nos move é a “justiça”.

Por fim, para mover e dominar a parte inferior do nosso ser há dois Dons:

- O Dom da Fortaleza para tirar-nos o temor do perigo; e

- O Dom do temor ao Senhor para moderar os ímpetos desordenados da nossa concupiscência.

Concupiscências são nossos sentidos: (I Jo 2,15-17).

Finalmente, terminamos, com de costume, com uma palavra do santo Doutor: “O Dom do Entendimento deixa a alma numa profunda desolação para transformar seu entendimento, para purificar os olhos do espírito, para que um dia possa ver a Deus”.

João C. Porto

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