sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

De fé para fé



A fé é a primeira, mas a menor das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade). Ela é pequena até mesmo na grafia; mas, mesmo pequenina do tamanho de um grão de mostarda, tem o poder de Deus em todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo, de todo o coração. Mesmo assim, o amor é que a fundamenta, desde o princípio de vida espiritual até ao final de nossa vida sobre a terra; quando, no céu, a fé será substituída pela visão beatífica.
São Paulo nos ensina que o importante, em Cristo Jesus, é a fé que opera pela caridade (Gl 5,6). Por isso, a caridade é das três virtudes, a maior de todas; porque, na vida eterna, é a única que permanece; visto que é fruto do amor, a própria face do Espírito Santo em nossos corações; pois, “Deus é amor” (I Jo 4,8).
Que nos ensina S. Paulo?
- “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram” (Hb 11,6).
A fé, no princípio da salvação, é a virtude de quem crê em Deus, a partir de sua palavra. Por isso o Senhor Jesus nos declara: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16,16).
Então, examinando as Escrituras Sagradas, cremos em Deus; mas, é pelo batismo do Espírito Santo que recebemos o selo da promessa do Pai Eterno. (Ef 1,13).
Assim, foi a partir desse momento que ingressamos na plenitude do Senhor Jesus Cristo. (Jo 1,16-17).
Não foi desse modo que aconteceu com o Senhor Jesus, logo após o seu batismo no Rio Jordão? Na verdade, quando ele saía das águas, o Espírito Santo desceu sobre ele, revestindo-o da graça, dos dons, dos carismas, das virtudes e dos frutos do amor do Pai.
Então, os céus se abriram e, o Pai Eterno revelou-o e o apresentou a toda a humanidade, dizendo: “Este é o meu Filho muito amado, em quem ponho minha afeição” (Mt 3,17).
Ora, como a fé é o fundamento da esperança (Hb 11,1), Deus, em virtude da nova filiação de seus escolhidos (Gl 4,5-6), tornou-nos herdeiros de Deus e   co-herdeiros de Cristo (Rm 8,15).
- “E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
Então, que devemos fazer?
Sermos participantes da herança reservada aos santos (Tt 3,4-7); revestir-nos da caridade, que é o vínculo da perfeição. (Cl 3,14). Então, desse modo, seremos transformados pela renovação do nosso espírito,  revestidos do homem novo criado por Deus, em verdadeira justiça e santidade. (Ef 4,23-24).
 “A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará” (I Cor 13,8).
Assim, a fé, no princípio, é a virtude dos que creem em Deus, que é a Verdade Eterna; em Jesus Cristo, que é a Fidelidade Suprema, fonte da sabedoria no céu e na terra; e no Espírito Santo, que é a Bondade Infinita.
“Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus...” (Jo 1,12-13).
A fé inicial é a que nos leva a acreditar no Deus Todo-poderoso criador do céu e da terra e de tudo quanto neles há. Essa é a fé que nos conduz ao amor primeiro, que afervora e abrasa nossos corações.
“Dizia então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).
Diz-nos Santo Agostinho que, quando lemos a palavra de Deus, é Deus que fala conosco e, quando oramos, somos nós que falamos com Deus. Ora, é nesse escutar e falar com Deus que nossa fé se torna poderosa, infinitamente, de maior força do que a alavanca de Arquimedes: não removerá somente a terra, mas nossos corações, para transformá-los em templos de Sua morada.
Essa fé do princípio de nossa conversão; é a que nos leva ao entendimento do Pai e do Filho – Jesus Cristo –, ao autoconhecimento de si próprio e do próximo, que nos conduz, a partir da palavra de Deus, sob a direção amorosa do Espírito Santo. (Rm 8,14.16).
 “Vou te ensinar, dizeis, vou te mostrar o caminho que deves seguir; vou te instruir, fitando em ti os meus olhos:” (Sl 31,8a); “pois, quem vos tocar, toca a menina dos meus olhos” (Zc 2,8 = Vulgata e Zc 2,12 = Ave-Maria).
A fé confiante é a de quantos confiam plenamente em Deus.
“O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo?” (Sl 26,1).
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31).
“Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13).
“Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8,35a).
A fé operante é a que nos santifica através das obras.
Ela nos santifica, na medida em que vivenciamos os carismas do Espírito Santo.
A um é dado pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro a graça de curar os doentes, no mesmo Espírito; a outro o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz.
“O que importa é a fé que opera pela caridade” (Gl 5,6). A caridade do Amor do Pai e do Filho é o vínculo de perfeição e santidade da nossa fé que tudo realiza segundo a vontade de Deus.
Desse modo, a confiança que depositamos nele é esta: “em tudo quanto lhe pedimos, se for conforme a sua vontade, ele nos atenderá”. “E se sabemos que ele nos atende em tudo quanto lhe pedimos, sabemos daí que já recebemos o que pedimos” (I Jo 5,14-15).
É por isso que o Senhor Jesus Cristo nos ensina dizendo:
“Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (Mt,21,22).
Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crendo que o tendes recebido, e ser-vos-á dado. (Mc 11,24).
Disse-lhe Jesus: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá” (Lc 17,6). 
Bom é vivermos de fé em fé; pois, o justo vive da fé! 

João C. Porto

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