quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Revelação Divina



A Revelação Divina
A revelação de Deus nos vem ao coração, através de duas vertentes:
a) A razão natural pela qual o homem pode, através das coisas criadas, perscrutando inclusive seus movimentos e o canto das belezas naturais, obras da sabedoria que as criou, encontrar-se, de alguma forma, com o Criador.
“São insensatos por natureza todos os que desconheceram Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer aquele que é, nem reconhecer o artista, considerando suas obras. Tomaram o fogo, ou o vento, ou o ar agitável, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa, ou os astros dos céus, por deuses, regentes do mundo. Se tomaram essas coisas por deuses, encantados pela sua beleza, saibam, então, quanto seu Senhor prevalece sobre elas, porque é o criador da beleza que fez essas coisas. Se o que os impressionou é sua força e seu poder, que eles compreendam, por meio delas, que seu criador é mais forte, pois é a partir da grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece seu autor. Contudo, estes só incorrem numa ligeira censura, porque, talvez, tenham caído no erro procurando Deus e querendo encontrá-lo: vivendo entre suas obras, eles as observam com cuidado, e porque eles as consideram belas, deixam-se seduzir pelo seu aspecto. Ainda uma vez, entretanto, eles não são desculpáveis, porque, se eles possuíram luz suficiente para poder perscrutar a ordem do mundo, como não encontraram eles mais facilmente aquele que é seu Senhor?” (Sb 13,1-9).
Pôs o seu olhar nos seus corações para mostrar-lhes a majestade de suas obras, a fim de que celebrassem a santidade do seu nome, e o glorificassem por suas maravilhas, apregoando a magnificência de suas obras. Deu-lhes, além disso, a instrução; deu-lhes a posse da lei da vida; concluiu com eles um pacto eterno e revelou-lhes a justiça de seus preceitos” (Eclo 17,7-10).
“Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar” (Rm 1,20).
“Já que o mundo, com sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem” (I Cor 1,21).
“O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra, e não habita em templos feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma coisa, porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da terra. Fixou aos povos a ordem dos tempos e os limites da sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós. Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser, como até alguns dos vossos poetas disseram: “Nós somos também de sua raça...” Se, pois, somos da raça de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra lavrada por arte e gênio dos homens” (At. 17,24-29).
b) Pela inspiração reveladora do Espírito de Deus, que preenche o céu, a terra e todo o universo e, de forma muito própria de si mesma, ilumina nossos corações, porque somos aqueles que, como imagens vivas e perfeitas de Deus, Ele os criou, os formou e os fez para sua glória.
“Temos esta confiança em Deus, por Cristo; não que sejamos capazes por nós mesmos de pensar alguma coisa (sobrenaturalmente boa), como vinda de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus”, (II Cor 3,4-5).
Ora, através da razão natural, pelas coisas criadas,.conhecemos a Deus e, pela razão sobrenatural, recebemos do Senhor Jesus o entendimento, para conhecermos todas as coisas reveladas pelo Espírito Santo, conhecendo, assim, a Deus e a extensão de sua vontade em nossos corações.
“Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o verdadeiro. E estamos no verdadeiro, nós que estamos em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (I Jo 5,20)
O Senhor, nosso Deus, ensina-nos todas as coisas, através do Espírito Santo que se nos habita na alma, no espírito, no coração e em todo nosso ser. O que faz a diferença é sabermos separar as coisas que estão em nós mesmo; isto é, o que é próprio do espírito do homem, do que provém do Espírito de Deus.
“Pois quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito que nele reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” (I Cor 2,11).
O pecado, infelizmente, criou esse abismo dentro de nós: o que o espírito do homem conhece é a ciência própria do mundo. Mas, todo homem que possui o Espírito Santo, que o recebeu através do batismo na Igreja do Senhor Jesus, é ensinado por Deus e não por homens (Jr 31,34) e, de quebra, recebe o perdão de todos os pecados; porque Deus mesmo é quem apaga todas as nossas faltas, por amor de si mesmo. (Is 43,25).
Por isso, S. Paulo nos escreve, dizendo: “Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais” (I Cor 2,12-13).
Portanto, é importíssimo viver, por experiência de vida amoroso do Espírito Santo, em nossos corações, a fé, a viva esperança e a graça do conhecimento relativo ao tripé da revelação divino:
a) As Sagradas Escrituras.
“Toda Escritura, divinamente, inspirada por Deus, é útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, apto para toda obra boa” (II Tm 3,16-17).
b) A Sagrada Tradição.
“Permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as tradições, que aprendestes, ou por nossas palavras ou por nossa carta” (II Ts 2,14 = Vulgata).
c) O Magistério da Igreja.
“Se não ouvir, dize-o à Igreja. Se não ouvir a Igreja, considera-o como um gentio e um publicano. Em verdade vos digo: Tudo o que ligares sobre a terra, será ligado no céu; e tudo o que desatardes sobre a terra, será desatado no céu” (Mt 18,17-17)
João C. Porto

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