quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Temor filial


Temor de Deus

136-22520Jesus-Sacred-Heart-Posters.jpgOs Dons de santificação, movidos pelo Espírito Santo, têm por característica imprimir em nossos corações e, concomitantemente, em nossos atos, um modo divino de ser e agir, porquanto é uma ordenação de vida interior.

Na verdade, é através dos Dons que o Espírito Santo se comunica conosco.

O Dom do Temor de Deus é moderador dos ímpetos desordenados de nossas concupiscências. ( I Jo 2,15 a 17).

Por intermédio dos Dons de santificação, o Espírito Santo nos possui por completo e nos coordena no viver. Habitando em nosso interior, o Espírito Santo opera através de nossas faculdades espirituais. Ele nos possui e se deixa que o possuamos, sob o influxo da luz divina.

Por isso, D. Martinez nos diz que o Espírito Santo é a alma da nossa alma e a vida da nossa vida.

Realmente, trazemos dentro de nós  um mundo divino e maravilhoso.

Observemos o que o Senhor Jesus disse a mulher samaritana: “Se conhecesses o Dom de Deus e quem é aquele que te diz: Dá-me de beber, tu é que lhe terias pedido, e ele te daria uma água viva”.  (Jo 4,10).

Ora, o amor é a raiz de todos os Dons. Por isso, referindo-se ao Temor de Deus, a Escritura nos diz: “A caridade perfeita lança fora o temor”. {I Jo 4,18).

Há o temor servil e o temor filial: O temor humano (servil) é ter medo do castigo; o que, embora de forma imperfeita, ajuda. O Dom do Temor de Deus, diz-nos D. Martinez: Brota das próprias entranhas do Amor.

Exemplo: E disse (Davi) aos seus homens: “Deus me guarde de jamais cometer este Crime, estendendo a mão contra o ungido do  meu Senhor, pois ele é consagrado ao meu Senhor!” Davi conteve os seus homens com estas palavras e impediu que agredissem Saul. (I Sm 24,7s).

Ora, quem ama, certamente, teme afastar-se da pessoa amada, e jamais imagina ser causa de desgosto para ela. Daí o dizer-se que o temor de Deus está na raiz do amor.

Com efeito, Sto. Agostinho diz: “Dê-me alguém que me ame, e entenderá o que digo”.

O Provérbio diz que o Temor de Deus é o princípio da sabedoria (Pr 1,7). É que ele nos impede de que nos afastemos do bem amado.

O temor de Deus, pele virtude da humildade, é conduzido pelo Dom da sabedoria, e, por isso, faz-nos conhecer a profundidade de nossa miséria humana.

O publicano, porém, conservando-se a distância, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus tem piedade de mim pecador. (Lc 18,13).

A virtude da temperança, como moderadora das concupiscências e dos impulsos desordenados do coração, auxilia, embora de forma diferente, a ação do Espírito, através do Dom do Temor de Deus.

Do amor apaixonado exclui-se qualquer perigo de distância entre os amantes. Conta-se que Sta. Juliana de Falconeri tremia em apenas ouvir falar de crime ou pecado, e que as vezes, por isso, desmaiava.

Os estudiosos atribuem graus aos Dons. Assim, no primeiro grau, o Temor de Deus nos leva a ter horror ao pecado e, por isso, nos fortalece contra as tentações.

Infeliz de mim!... Quem me livrará deste corpo de morte? (Rm 7,24).

No segundo grau, o temor de Deus nos move ao afastamento do pecado e nos une a Deus com profunda reverência.
“Já não sou Digno de ser chamado  te filho, trata-me como um de teus empregados”. (Lc 15,19).

No terceiro grau, o Temor de Deus nos conduz ao estado pleno da primeira das bem-aventuranças.

Mt 5,3:- Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus.

É o desprendimento total, para que alcancemos a perfeição no amor.

“Se quiseres ser perfeito, vai, vende    tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me” (Mt 19,21).

João C. Porto.

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