Eu vi a face da
bondade de Deus!... Por isso, agora, atrevo-me escrever sobre um assunto muito
íntimo: a visão dos corações apaixonados de Deus; quando, num instante especial
e divino, Deus se vê através dos olhos dos corações de seus filhos e filhas
amados.
O que me veio ao
coração para explicar esse momento especial da visão infusa dos corações adquiridos
por Deus? Certamente, quando, de forma incondicional, colocamos total confiança no Altíssimo, El
Shadday, Aquele que É Senhor Javé!
Assim, pois, reporto-me ao instante divino da
criação do primeiro homem sobre a face da terra, como o sofrido Jó tão bem
retratou com estas palavras: “O Espírito de Deus me criou, e o sopro do
Todo-poderoso me deu a vida” (Jó
33,4).
Ali, tendo Deus, com
suas próprias mãos, modelado o primeiro homem do barro da terra (At 17,26-28) –
não do ouro, da prata, do diamante ou qualquer outra pedra preciosa - e,
soprando em suas narinas para que a obra-prima de suas mãos se tornasse alma
vivente, viu-se dentro dele; pois, acabara de edificar o templo vivo de sua
morada sobre a terra. (Ef 2,19-22)
Vejamos o que o Senhor
Jesus nos fala: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará,
e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23).
Foi assim com o
primeiro Adão, e aprouve a Deus Pai renovar sua aliança, em definitivo, através
do segundo Adão, Jesus Cristo, seu Filho amado, em quem pôs todas as suas
complacências. (Mt 3,17).
Sabemos que Deus é bom e que sua misericórdia
é eterna! O Salmista nos diz: “Provai e vede como o Senhor é bom. Feliz é o
homem que se refugia junto dele” (Sl 33,9).
Ora, “Aquele que não
ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I Jo 4,8). De coração, já nos
deparamos com uma verdade inconteste: O amor é fruto do conhecimento da verdade
integral (Jo 16,13).
Então, Deus é a
bondade infinita, e, como ele está em todo o lugar, até mesmo de nossos
corações, contempla os bons e os maus (Pr 15,3). Na verdade, nada se oculta
ao seu divino olhar!...
Assim, o Espírito
Santo pereniza a visão beatífica da bondade da face de Deus nos corações
daqueles que lhe são íntimos, na palavra da verdade (Dt 11,18), na justiça, na
misericórdia, na fidelidade (Mt 23,23b), na vida de oração (Lc 18,1), na
Eucaristia do pão místico do banquete divino (Jo 6,51; Ap 3,20), na Igreja
Católica, cujo Papa atual é Bento XVI e, principalmente, nos momentos especiais
em que a face de sua bondade misericordiosa se revela aos corações que, ainda, aqui, sobre a terra, são templos vivos da habitação da
Trindade Santíssima. (I Cor 3,16; 6,19-20)
Não é verdade que o
Espírito Divino, pelo constante influxo de seus Dons, regenera e renova o espírito,
a alma e todo o ser mais íntimo e profundo de seus filhos e filhas, pelo
pentecostes pessoal e constante em seus corações, inserindo-nos no Cristo
total?
Assim, pela graça que nos
salva mediante a fé em Cristo, Jesus, há um pentecostes pessoal, íntimo,
afável, misericordioso e indizível, um ascese de intimidade devocional entre o
Senhor e irmãos que vivem da fé. (Hab 2,4; Rm 1,17).
Desse modo, estamos
revestidos da natureza divina, e, sobretudo, pela participação do pão místico
do banque celestial, tornando-nos, por liberalidade de Deus, concorporeos com
Cristo, o Senhor de nossas vidas.
”Nele, também, vós, depois de terdes ouvido a
palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação e tendo crido nele, fostes
selados com o selo do Espírito Santo que, outrora, fora prometido” (Ef 1,13).
Esse selo é a própria face da bondade de Deus; assim como a caridade em nossos
corações é a face do próprio Espírito Santo em nós. Por isso,
acreditamos o porquê São Paulo nos adverte, dizendo: “não contristeis o
Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da vossa redenção.
(Ef 4,30).
Este selo é a marca
indelével da face da bondade de Deus!...
Desse modo, quando, em vezes consoladoras, se olha
para os irmãos em Cristo, com o olhar engraçados de sua graça, o coração, sob o
influxo amoroso do Espírito Santo, vê coisas que não vemos, porque é o próprio Deus
que vê tudo em nós, quando nos movemos pelo caminho da porta estreita (Mt 7,14).
Por isso, ele nos instrui e nos ensina todas as coisas, fitando em nós seus
próprios olhos (Sl 31,8); como ele mesmo nos falou, para a consolação em toda
viva esperança, relativamente à herança reservada aos santos (Tt 3,4-7). E
disse mais: “quem vos toca, toca a menina dos meus olhos” (Zc 2,12 = Vulgata
2,8).
Outrossim, algumas
vezes, até mesmo na “Igreja Uma, Santa, Católica e Apostólica (Calcedônia,
451)”, quando se olha para os irmãos e irmãs em Cristo, com os olhos do coração
engraçado de Deus, ver-se no rosto dos amados do Senhor a face da bondade de
Deus, como luz tênue que por ser mesmo assim tão singela, alcança os olhos dos
corações, para verem alí, contemplando a bondade divina, como Deus se nos apresenta
com a face de sua bondade, do jeito que ele o é em cada um de seus filhos e filhos
queridos, da unidade do seu coração em Cristo, Jesus, com olhar de simplicidade.
Poderia afirmar,
exclusivamente, para glória e louvor de Deus, nosso Pai amado, que já
experimentei, também, essa graça, na face daquela que convive e partilha
comigo, na mansidão e humildade do Senhor Jesus Cristo, minha esposa, Zuleica.
Mas agora, o motivo
pelo qual estou escrevendo este testemunho, sob o influxo da luz do Santo
Espírito, é outro.
Há quatro dias
pretéritos, pela madrugada, acordei e desmaiei com disritmia cardíaca e, por
isso, fui parar na UTI do Prontocárdio. Após dois dias, já restabelecido, no
quarto hospitalar, recebemos, no horário da noite, a agradável visita de Zilete
Porto Caminha, cunhada, irmã de Zuleica.
Enquanto
conversávamos, pude ver em seu rosto a face da bondade de Deus. Essa face
inexplicável, que às vezes transparece em brilho de luz inacessível, através
dos Dons do Espírito Santo que se nos move o coração, e que faz parte das
coisas simples de ubiqüidade da presença sublime do Senhor em nossos ser, a
casa que habitamos aqui sobre a terra..
João C. Porto
João C. Porto
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