domingo, 7 de novembro de 2010

Espírito e Alma


Espírito e Alma

Quando somos concebidos no ventre de nossa mãe, o Espírito de Deus infunde em nosso minúsculo ser a imagem viva e perfeita de Deus; isto é, o homem espiritual, o qual ao interagir com o homem carnal, principia-se a formação da alma vivente, a razão e/ou consciência, mediante a qual somos capacitados à vida e ao movimento consciente no meio sensível da matéria, onde vivemos neste mundo.

Nesse instante, faz-se mister perceber que nossa alma, embora ainda inculta, já traz em si a marca do pecado original.

Assim, quando desperta em nós a razão e desabrocha o coração, teremos mais facilidade em acolher as coisas do mundo e sermos dominados pela natureza da carne.

Nesse momento, embora pelo batismo do Espírito Santo estejamos livres do pecado original, a graça da salvação, os dons e as virtudes da caridade divina, ainda, não estão bem definidos em seus objetivos, ordenações e funções catequéticas necessárias, em torno da fé, da esperança e do conhecimento do amor de Cristo que excede toda a ciência.

Por isso, não realizar boa e necessária formação de fé, de esperança e do amor de Deus, significa paralisar a vida interior dos filhos e filhas amados de Deus.

Na medida em que crescem, a partir de crianças, os encantos da vida terrena e os apetites da carne, aguçam os sentidos, as concupiscências dos olhos e a soberba da vida, e já não se fartam de ver e ouvir.

Nessa situação, nosso corpo e nosso espírito já se mostram de alguma forma, dominados pela alma pecadora, de tudo o que está cheiro o coração. (Lc 6,45b)

Dessa direção, na estrutura de adultos, infelizmente, os católicos tornam-se presas fáceis por quaisquer ventos de doutrinas e/ou filosofias exóticas. Tudo isso, por falta de uma catequese bem estruturada no caminho da fé, da esperança da salvação e da caridade do amor do Pai e do Filho.

Neste instante, não nos referimos a catequese nem cursos bíblicos, mas, sim, a estudo bíblico, isto é, olho, ouvido e coração na palavra de Deus que deve ser guardada, também, na alma, trazida dependurada na mão como um sinal e como faixa posta entre os olhos (Dt 11,18), sem acrescentar absolutamente nada e sem retirar daí coisa alguma (Dt 4,2), pois é a palavra única da verdade que não muda. (Tg 1,17).

Ora, não realizar uma boa formação de fé, a partir da palavra da Verdade Integral (Jo 16,13), em Cristo, Jesus, nos corações de suas criancinhas, poderá corresponder a escandalizá-las diante de Deus e dos homens. .

Jesus Cristo nos diz que não devemos temer aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; devemos temer antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena (Mt 10,28).

Como vemos, é o pecado, que nos leva à morte eterna, que devemos temer.

Foi por causa do pecado de nossos primeiros pais (Adão e Eva) que se rompeu o selo de proteção, pelo qual fomos selados para a imortalidade.

Por isso, a humanidade permaneceu longo período sob o domínio das paixões desordenadas, escravizada aos demônios.

Pois, no princípio, antes do pecado de nossos primeiros pais, o Senhor Javé, Deus vivo e único, nos havia protegido com seu selo de eternidade; os dons preternaturais:

a) A imortalidade da alma

“Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à sua imagem e semelhança” (Sb 2,23).

Como vemos, no princípio, Deus nos guardava e nos defendia contra a possibilidade da morte; tendo em vista o livre-arbítrio.

b) A impassibilidade (ausência de sofrimento e dor)

Tendo sido criados para imortalidade, a dor e o sofrimento não nos atingiriam jamais.

O que o Senhor disse à mulher, como conseqüência do pecado: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores”, (Gn 3,16).

c) Integridade

Por este dom, o homem e a mulher eram protegidos de pecar. Bastariam cumprir o mandamento de Deus: “Come de todas as árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque em qualquer dia em que comeres dele, morrerás indubitavelmente” (Gn 3,16-17). Se não tivessem pecado, ainda hoje seriamos íntegros; teríamos domínio sobre a natureza da carne.

Pelo pecado original perdemos os dons preternaturais e os demais dons da graça divina.

Desse modo, somente no tempo da plenitude (Gl 4,4-6), quando se manifestou a bondade de Deus, o seu amor pelos homens e, sobretudo, sua misericórdia, fomos salvos pelo batismo de regeneração e de renovação do Espírito Santo, que Deus Pai nos prodigalizou por Cristo Jesus, a fim de que, justificados pela sua graça, tornássemos herdeiros da vida eterna, segundo a esperança. (Tt 3,4-7)

A partir de então, pelo batismo na Santa Igreja do Senhor Jesus Cristo, recebemos, não só, a nova filiação (Gl 4,5-6), mas, também, o selo do Espírito Santo que nos havia sido prometido. (Ef 1,13; 4,30)

Ora, a partir do batismo na Igreja, Una Santa, Católica e Apostólica, se aquiescermos e estivermos firmes na fé, viveremos como filhos e filhas de Deus, guiados pelo Espírito Santo, sob sua direção amorosa.

Então renasceremos pela fé que opera pela caridade, à esperança e à caridade das virtudes perfeitas, através da vida nova dos dons infusos (Is 11,2), dos carismas – obras que nos santificam -, das virtudes que revitalizarão em nós a natureza divina e dos frutos de vida eterna que florescerão dos corações, através de nossos olhos, dos ouvidos do coração, dos lábios, das mãos benditas e dos pés que não cessarão de caminhar através da porta estreita, sempre ao lado de Jesus Cristo, o Rei e Senhor da glória!...

João C. Porto

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