A fé é a primeira, mas a menor das
três virtudes teologais (fé, esperança e caridade). Ela é pequena até mesmo na
grafia; mas, mesmo pequenina do tamanho de um grão de mostarda, tem o poder de
Deus em todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo, de todo o coração. Mesmo assim,
o amor é que a fundamenta, desde o princípio de vida espiritual até ao final de
nossa vida sobre a terra; quando, no céu, a fé será substituída pela visão
beatífica.
São Paulo nos ensina que o
importante, em Cristo Jesus, é a fé que opera pela caridade (Gl 5,6). Por isso,
a caridade é das três virtudes, a maior de todas; porque, na vida eterna, é a
única que permanece; visto que é fruto do amor, a própria face do Espírito
Santo em nossos corações; pois, “Deus é amor” (I Jo 4,8).
Que nos ensina S. Paulo?
- “Sem fé é impossível agradar a
Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele
existe e que recompensa os que o procuram” (Hb 11,6).
A fé, no princípio da salvação, é a
virtude de quem crê em Deus, a partir de sua palavra. Por isso o Senhor Jesus
nos declara: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será
condenado” (Mc 16,16).
Então, examinando as Escrituras
Sagradas, cremos em Deus; mas, é pelo batismo do Espírito Santo que recebemos o
selo da promessa do Pai Eterno. (Ef 1,13).
Assim, foi a partir desse momento que
ingressamos na plenitude do Senhor Jesus Cristo. (Jo 1,16-17).
Não foi desse modo que aconteceu com o
Senhor Jesus, logo após o seu batismo no Rio Jordão? Na verdade, quando ele
saía das águas, o Espírito Santo desceu sobre ele, revestindo-o da graça, dos
dons, dos carismas, das virtudes e dos frutos do amor do Pai.
Então, os céus se abriram e, o Pai
Eterno revelou-o e o apresentou a toda a humanidade, dizendo: “Este é o meu
Filho muito amado, em quem ponho minha afeição” (Mt 3,17).
Ora, como a fé é o fundamento da
esperança (Hb 11,1), Deus, em virtude da nova filiação de seus escolhidos (Gl
4,5-6), tornou-nos herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo (Rm 8,15).
- “E a esperança não engana. Porque o
amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
Então, que devemos fazer?
Sermos participantes da herança
reservada aos santos (Tt 3,4-7); revestir-nos da caridade, que é o vínculo da
perfeição. (Cl 3,14). Então, desse modo, seremos transformados pela renovação
do nosso espírito, revestidos do homem
novo criado por Deus, em verdadeira justiça e santidade. (Ef 4,23-24).
“A caridade jamais acabará. As profecias
desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará” (I Cor
13,8).
Assim, a fé, no princípio, é a
virtude dos que creem em Deus, que é a Verdade
Eterna; em Jesus Cristo, que é a Fidelidade
Suprema, fonte da sabedoria no céu e na terra; e no Espírito Santo, que é a Bondade Infinita.
“Mas a todos aqueles que o receberam,
aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus...”
(Jo 1,12-13).
A fé inicial é a que nos leva a
acreditar no Deus Todo-poderoso criador do céu e da terra e de tudo quanto
neles há. Essa é a fé que nos conduz ao amor primeiro, que afervora e abrasa
nossos corações.
“Dizia então um para o outro: Não se
nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as
Escrituras?” (Lc 24,32).
Diz-nos Santo Agostinho que, quando
lemos a palavra de Deus, é Deus que fala conosco e, quando oramos, somos nós
que falamos com Deus. Ora, é nesse escutar e falar com Deus que nossa fé se
torna poderosa, infinitamente, de maior força do que a alavanca de Arquimedes:
não removerá somente a terra, mas nossos corações, para transformá-los em
templos de Sua morada.
Essa fé do princípio de nossa
conversão; é a que nos leva ao entendimento do Pai e do Filho – Jesus Cristo –,
ao autoconhecimento de si próprio e do próximo, que nos conduz, a partir da palavra de Deus, sob a direção amorosa
do Espírito Santo. (Rm 8,14.16).
“Vou te ensinar, dizeis, vou te mostrar o
caminho que deves seguir; vou te instruir, fitando em ti os meus olhos:” (Sl
31,8a); “pois, quem vos tocar, toca a menina dos meus olhos” (Zc 2,8 = Vulgata
e Zc 2,12 = Ave-Maria).
A fé confiante é a de quantos confiam
plenamente em Deus.
“O Senhor é minha luz e minha
salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei
medo?” (Sl 26,1).
“Se Deus é por nós, quem será contra
nós?” (Rm 8,31).
“Tudo posso naquele que me conforta”
(Fl 4,13).
“Quem nos separará do amor de Cristo?”
(Rm 8,35a).
A fé operante é a que nos santifica
através das obras.
Ela nos santifica, na medida em que
vivenciamos os carismas do Espírito Santo.
A um é dado pelo Espírito uma palavra
de sabedoria; a outro uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro,
a fé, pelo mesmo Espírito; a outro a graça de curar os doentes, no mesmo
Espírito; a outro o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o
discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim,
a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes
dons, repartindo a cada um como lhe apraz.
“O que importa é a fé que opera pela
caridade” (Gl 5,6). A caridade do Amor do Pai e do Filho é o vínculo de
perfeição e santidade da nossa fé que tudo realiza segundo a vontade de Deus.
Desse modo, a confiança que
depositamos nele é esta: “em tudo quanto lhe pedimos, se for conforme a sua
vontade, ele nos atenderá”. “E se sabemos que ele nos atende em tudo quanto lhe
pedimos, sabemos daí que já recebemos o que pedimos” (I Jo 5,14-15).
É por isso que o Senhor Jesus Cristo
nos ensina dizendo:
“Tudo o que pedirdes com fé na
oração, vós o alcançareis” (Mt,21,22).
Por isso vos digo: tudo o que
pedirdes na oração, crendo que o tendes recebido, e ser-vos-á dado. (Mc 11,24).
Disse-lhe Jesus: “Se tiverdes fé como
um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no
mar, e ela vos obedecerá” (Lc 17,6).
Bom é vivermos de fé em fé; pois, o
justo vive da fé!
João C. Porto