Desejo de Moisés
Creio que o maior desejo, de grande
parte dos que creem em Deus, é estar com o Senhor Jesus no paraíso e
contemplar, face a face, o Deus de Abraão, de Isaac e Jacó.
Moisés desejava ver a Deus. O Senhor Javé,
então, lhe disse: vou fazer passar diante de ti todo o meu esplendor, e
pronunciarei diante de ti o nome de Javé. Dou a minha graça a quem quero, e uso
de misericórdia com quem me apraz. Mas, ajuntou o Senhor, não poderás ver a
minha face, pois o homem não me poderá ver e continuar a viver. Eis um lugar
perto de mim, disse o Senhor; tu estarás sobre a rocha. Quando a minha glória
passar, ti porei na fenda da rocha e te cobrirei com a mão, até que eu tenha
passado. Retirarei depois a mão, e me verás por detrás. Quanto a minha face,
ela não pode ser vista. (Ex 33,18-20).
Observemos que Moisés, chamado por Deus e enviado de
volta ao Egito com a missão de libertar o seu povo, de uma escravidão de cerca
de quatrocentos anos, atravessando a pé enxuto o mar vermelho e, caminhando,
através do deserto, por cerca de quarenta anos, até que encerrou sua missão
libertadora sobre o monte santo de Deus, de onde, finalmente, contemplou a
terra prometida por Deus a Abraão, onde corria leite e mel, após o que seu corpo
não foi encontrado, desapareceu.
Quando lemos a Epístola de São Judas, o que se lê no
versículo nono? O arcanjo Miguel
discutia com o demônio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar
contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor
te repreenda”! (Jd 9).
Ora, que podemos depreender desse diálogo do Arcanjo
contra o demônio? Uma conclusão que me
vem ao coração: O Senhor, Deus de Israel, teria ordenado que o Arcanjo Miguel
sepultasse o corpo de Moisés em lugar desconhecido dos israelitas, certamente,
para evitar romarias e cultos ao libertador do povo de Deus, de uma escravidão
histórica, do Egito. Assim, o que o
demônio, certamente, desejava, era exatamente o contrário, que os israelitas
ficassem presos à figura de Moisés. (Dt 34,1-12). Também, parece-me que, para
evitar coisas semelhantes, o profeta Jeremias escondeu a arca da aliança em uma
caverna, em lugar ignorado. (II Mc 2,1-6).
Como se pode concluir, nosso Deus é ciumento; não
aceita outros deuses dividindo com ele seu amor nos corações de seus filhos!...
Pois, nosso coração é templo de Deus (I Cor 3,16); e nosso corpo é templo do
Espírito Santo. (I Cor 6.19-20).
Assim, pois, nós, que estamos salvos em Jesus Cristo
(Jo. 1,11-13), somos moradas de Deus (Jo 14,23); isto é, o Éden interior, em
cujo centro se encontra a árvore da vida, Jesus Cristo, nossa salvação e vida
eterna; “glorificai-o em vosso corpo”.
Sabemos, principalmente, que, através da Graça e o Espírito
Santo, trazemos a Trindade Santíssima em
nossos corações; a fim de que possamos conhecer
o Amor de Cristo que excede toda a ciência, para que estejamos cheios da
plenitude de Deus (Ef 3,19).
Concluímos, pois, que, na antiga aliança, o povo de
Deus não desfrutava, ainda, da morada do Espírito Santo em seus corações. (Gn
6,3a). Desse modo, quando o Senhor, nosso Deus, se determinava transmitir ao
povo os oráculos divinos, o Espírito Santo, de forma intermitente, possuía seus
profetas, através dos quais anunciava as metas necessárias à caminhada de seu
povo.
Entretanto, de uma forma ou de outra, o Senhor, nosso
Deus, sempre nos amou com amor eterno e afeição constante. (Jr 31,3).
Deus é Deus de todos e, por isso, nos diz: “Porque és
precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te ama, permuto reinos por ti,
entrego nações em troca de ti” (Is 43,4). Acrescentando, nos exorta: “Todos aqueles que me louvam, eu os criei, os
formei e os fiz para minha glória” (Is 43,7 – Vulgata).
Assim, somos glória de Deus; independente de raça ou
de cor; por isso, para que possamos ver a Deus em nós, interiormente, é
necessário conhecer o amor de Cristo que excede toda ciência, para que
estejamos cheios da plenitude de Deus.
"Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1,16-17).
"Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1,16-17).
João C. Porto e Zuleica M. Porto.
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