sexta-feira, 13 de agosto de 2010

BOA NOVA DO SENHOR JESUS > Senhorio de Jesus


A palavra senhorio quer dizer: direito de senhor, proprietário, autoridade, domínio, dono, senhor. Como se pode concluir o Senhorio é o dono absoluto do bem de sua posse; por compra, herança ou doação.

O dono de um imóvel, por exemplo, é o Senhorio; isto é, o dono, o único que pode renová-lo, destruí-lo, vendê-lo, alugá-lo; em fim, o que bem e melhor pretender, conforme seu direito absoluto de posse; pois é o Senhorio; tem em si a autoridade do direito de senhor e, por isso, pode fazer de seus bens o que de melhor lhe aprouver.

Voltando-nos para o Senhorio de Deus Pai, vejamos o que S. Paulo disse no areópago, em Atenas, aos gregos e seus filósofos: “Ele (Deus) fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da terra”. Fixou aos povos a ordem dos tempos e os limites da sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós. Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser, como até alguns dos vossos poetas disseram: “Nós somos também de sua raça...” (At. 17,26-28).

Ora, Deus está muito mais próximo de nós do que possamos imaginar. Ele nos criou para a imortalidade, segundo sua imagem e semelhança. (Sb 2,23)

Irmãos, sobre a face da terra, nós somos imagens vivas e perfeitas do Senhor, nosso único Deus. Por isso, somos templos de Deus, onde habita seu Espírito (I Cor 3,16), e nosso próprio corpo, diz-nos S. Paulo, é templo do Espírito Santo, que nos foi dado por Deus, que habita em nós, pelo que já não nos pertencemos a nós mesmos, porque fomos comprados por um alto preço. Por isso devemos trazer e glorificar a Deus em nosso corpo (I Cor 6,19-20); porque nossa pertença a Deus é dupla: uma vez porque nos criou e outra, porque nos comprou ao preço de uma moeda irrecusável, seu próprio sangue derramado na cruz, conforme nos instrui S. Pedro apóstolo: “Vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo e que nos últimos tempos, foi manifestado por amor de vós. Por ele tendes fé em Deus, que o ressuscitou dos mortos e glorificou, a fim de que vossa fé e vossa esperança se fixem em Deus” (I Pd 1,18-21).

Irmão, esse Jesus, que se deu na cruz para salvação de toda a humanidade, dele disse S. Pedro apóstolo: “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At. 4,12).

Este Jesus, que com o Pai e o Espírito Santo habita em nós (Jo 14,23), é o único Senhor de nossas vidas!

Desde os tempos em que nossos primeiros pais pecaram, perdemos os dons preternaturais: da imortalidade, da impassibilidade e da integridade. Pior ainda, perdemos a graça de Deus e seu Espírito que habitava no homem. Embora a infidelidade de nossos primeiros pais, o Senhor, nosso Deus, não nos abandonou; Pelo contrário, por amor de si mesmo prometeu-nos a salvação: Ao repreender a serpente, disse-lhe: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15).

Ora, quando Deus chamou Abrão, de Ur da Caldéia, para formação do povo de sua predileção, disse-lhe: “Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrar. Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos. Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti”. (Gn 12,1-3).

A esse propósito, através do profeta Isaías, o Senhor, nosso Deus, falou: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14).

Assim, para conclusão da promessa, com a vinda do Senhor Jesus Cristo, aquele que exerce o senhorio sobre tudo, principalmente, sobre o povo de Deus, povo de sua propriedade, o anjo do Senhor disse a Jose, esposo de Maria: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. (Mt 1,20b-21).

Ora, esse Jesus, nascido da Imaculada e sempre Virgem Maria, é nosso único Senhor, constituído assim por Deus Pai, conforme nos ensina S. Paulo apóstolo: “Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Fl 2,5-11).

Viver sob o Senhorio do Senhor Jesus Cristo é ser constantemente vigilante; isto é, vigiar com cuidado sobre a sua própria conduta, como nos ensina S. Paulo: “Que a vossa conduta não seja conduta de insensatos, mas de sábios que aproveitam ciosamente o tempo, pois os dias são maus”. “Não sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus”. Não vos embriagueis com vinho que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito Santo. Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo o coração os louvores do Senhor. “Rendei graças, sem cessar e por todas as coisas, a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5,15-20).

“Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a si mesmo e se causa a sua própria ruína?”(Lc 9,25)

Jesus Cristo é Senhor de tudo, porque tudo foi criado por ele e para ele. É Senhor, principalmente, de todos que fazem o Reino de Deus. Por isso que diz: “Serás inteiramente do Senhor teu Deus” (Dt 18,13).

O Senhor, nosso Deus, único Senhor em seu Filho Jesus Cristo, quando seu povo estava prestes a possuir a terra prometida a Abraão, a terra de Canaã, falou através de Moisés, dizendo: “Quando tiveres entrado na terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar as práticas abomináveis da gente daquela terra. Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros e ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou a invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus expulsa diante de ti essas nações. Serás inteiramente do Senhor, teu Deus. As nações que vais despojar ouvem os agoureiros e os adivinhos; a ti, porém, o Senhor, teu Deus, não o permite. O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir” (Dt 18,9-15).

Para melhor compreensão de tudo isso, vou contar-lhes uma pequena história, a qual nos ajudará melhor compreender nossa vida sob o Senhorio do Senhor Jesus Cristo, nossa salvação e ressurreição: “Diz-se de um filho de um fazendeiro”. Como na propriedade de seu pai corriam as águas de um rio, o jovem costumava brincar, fazendo pequenos barcos de madeira, com velas, leme e tudo mais. Então ele, aproveitando-se de um pequeno remanso, tomava na mão seu barquinho e, colocando o leme em posição ideal, soltava-o sobre as águas, de sorte que, soprando o vento, o barquinho saia e, dando uma curva sobre as águas, retornava sempre ao mesmo lugar de partida. Com isso ele se distraía horas e horas!... Certo dia, concluindo em si mesmo, disse: Vou construir um barco que seja como a perfeição do meu ideal, e assim o fez!... Então, concluída a obra-prima de suas mãos, levou-a ao rio para aprazerasse com ela. Entretanto, ao colocar sua maravilhosa obra sobre as águas do rio, eis que no auge de sua alegria, o leme de seu barco desgovernou-se e, tomando ele a correnteza forte do rio, rapidamente, desapareceu sobre as águas revoltas e a aflição de seu olhar distante.

Certamente que foi muito dolorida sua perda e seu sofrimento, os quais lhe feriam no profundo amoroso do seu coração; até que, num certo dia seu pai o convidou para que fossem juntos à cidade, para fazer as compras habituais.

Aconteceu que quando estavam na cidade, enquanto seu pai fazia as compras, o jovem resolveu dar uma olhada nas vitrines das lojas. E, percorrendo de uma a uma, de repente, tomou um grande susto mesclado de uma grande alegria: eis que viu a obra-prima, do ideal infinito do seu coração, exposta a venda, na vitrine da loja, por R$ 400,00 (quatrocentos reais). Rapidamente entrou ao recinto da loja e disse para o comerciante: “Eu o criei, o formei e o fiz para minha alegria, este barco é meu”!... O Senhor da loja disse-lhe: Para mim é uma mercadoria e quem pagar o preço justo, leva-a!...

Rapidamente, o jovem correu à casa da fazenda, e, entrando em seu quarto, quebrando todos os cofrinhos de suas pequenas economias, constatou que possuía exatamente o dinheiro necessário. Retornando à cidade, alegre de felicidade, resgatou o tudo que lhe pertencia. Tomando, então, o barquinho em seus braços e o banhando de lágrimas, disse-lhe: “Você agora me pertence duas vezes: “uma, porque eu criei você exclusivamente para mim”, e outra, porque eu comprei você!... Na verdade, eu te criei, te formei e te fiz para minha glória. Eu te remi e te chamei pelo nome: tu és meu!...

João C. Porto

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