Somos Morada Cristã
Nossa vida em Deus é espiritual, porque se fundamenta na verdade divina, que é a sabedoria, Jesus Cristo, aquele que nos salva e nos ensina, pela comunicação do Espírito Santo (Jo 16,14), as palavras da vida eterna (Jo 6,69), que nos formam na convivência fraterna.
01. O que é uma morada cristã?
É a vida em Jesus Cristo, vida nova (Ef 4,23s), porque
devemos estar revestidos do amor de caridade que o Espírito Santo derrama, gratuitamente
em nossos corações.
Rm 5,5b:- A caridade de Deus está derramada em nossos
corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado.
A vida cristã é uma graça abundante que nos germina
para a vida eterna. É uma dádiva de Deus (Tg 1,17) pela qual o Espírito de Deus
nos guia (Rm 8,14), santifica-nos pelas inspirações e moções amorosas e
aperfeiçoa-nos através. (I Cor 13,13, Sb 8,7).
02. Que nos ensina S. Agostinho, sobre a virtude?
“A virtude é a ordem no amor”.
Ora, o amor, que é o Espírito Santo, ordena todas as
coisas. Assim, viver em Cristo é viver no amor, revestido da caridade curadora
e misericordiosa de Deus.
Col 3,14:- Sobretudo, porém, revesti-vos da caridade,
que é o vínculo da perfeição.
Desse modo, devemos ser uma morada, não apenas livres
das sevandijas, mas sobretudo, ordenada pelo Espírito Santo de Deus. Por isso, somos
uma casa de oração, como falou o Senhor Jesus com relação ao templo.
Jo 2,16b:- Não façais da casa de meu Pai casa de
negócio.
Mt 21,13:- “A minha casa será chamada casa de oração”,
mas vós fizestes dela um covil de ladrões.
Assim somos morada de Deus e a casa que somos não
prescinde o Espírito Santo, porque dependemos de Cristo em tudo na vida (Jo
15,5b).
Ora, se estivermos sem Cristo, certamente o Pai e o
Espírito Santo também não residirão em nós.
Jo 14,23:- Se alguém me ama, guardará a minha palavra,
meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele morada.
03. Quem somos nós, então?
I Cor 3,16:- Não sabeis que sois templo de Deus e que
o Espírito de Deus habita em vós?
Este templo que somos nós é uma devoção constante no
amor, porque está impregnado da vida sobrenatural, a suavidade da unção da
bondade infinita do Senhor. (Ef 5,9).
04. Como o Espírito Santo nos restaura a vida em
Cristo?
Ele vai reproduzindo nas almas, em virtude de nossa
adesão pessoal ao senhor Jesus, a imagem de Cristo, progressivamente, conforme
a busca e o desprendimento de coração “até que cheguemos todos a unidade da fé
e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado perfeito, segundo a medida da
idade completa de Cristo (Ef 4,13).”
Do contrario, como reconheceríamos a presença do
Senhor Jesus Cristo em nós?
II Cor 13,5:- Examinai-vos a vós mesmos, vede se
estais firmes na fé; provai-vos a vós mesmos. Acaso não vos conheceis mesmos que
Jesus Cristo está em vós?
Ora, se, na verdade, estamos revestidos de Cristo,
somos casa do amor, casa da esperança viva (I Pd 1,3) e morada da fé que nasce
da palavra de Cristo (Rm 10,17), da justiça que vem de Deus pela fé (Fl 3,9).
Gl 3,27:- Todos os que fostes batizados em Cristo,
revestistes-vos de Cristo.
Assim, devemos ser conforme a imagem de Cristo. (I Jo
2,6).
Rm 8,29:- Os que ele conheceu na sua presciência,
também os predestinou para serem conforme a imagem de seu Filho, para que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos.
Sendo assim a vida em Cristo aprofunda em nosso viver
e através de nossas ações, a perfeita semelhança, em tudo, com o Senhor Jesus,
pelo Espírito que nos dirige, ensina e ordena, na caridade, todas as coisas do
que somos para Deus.
Gl 2,20:- Vivo, mas não sou eu que vivo, é Cristo que
vive em mim. E a vida (sobrenatural) com que eu vivo agora na carne, vivo-a da
fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim.
Contudo não poderá haver vida de Cristo em nós se não
renascermos da água e do Espírito (Jo 3,5). Assim, para que possamos viver
plenamente em Cristo, deveremos assimilar, pelo menos, quatro atitudes.
a) Conversão e arrependimento:
Mt 3,2:- Convertei-vos, mudai de vida e mentalidade,
porque o reino dos céus está próximo.
b) Perdão e reconciliação:
Mt 5,24:- Larga tua oferta diante do altar e vai
primeiro reconciliar-te com teu irmão. Então voltarás para apresentar a tua
oferta (Mt 18,21-22).
c) Entrega incondicional ao Senhor Jesus:
Lc 1,38:- Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim,
conforme a tua palavra.
d) Ser batizado no Espírito Santo:
Mt 3,11b:- Ele vos batizará no Espírito Santo e no
fogo.
Estes quatro fundamentos são, absolutamente, necessários
para que o Espírito Santo exerça em nós sua ação santificadora e nos inspire à
perfeição através do exercício das virtudes. (I Cor 13,13; Sb 8,7).
05. Que atitude devemos tomar, a fim de que sejamos
santificados no amor?
Ora, para o exercício da vida cristã necessitamos crer
no Senhor Jesus Cristo com fé no coração (At 16,31), Ser revestidos de Cristo
pelo batismo.
Gl 3,27:- Conhecê-lo pela reflexão da verdade que
liberta (Fl 3,8-9), formar um só Espírito com ele (I Cor 6,17) e nada fazer
senão em ação conjunta com o Senhor Jesus Cristo.
Jo 15,5:- Eu sou a vinha, vós sois os ramos; aquele
que permanece em mim e no qual eu permaneço, esse produzirá fruto em
abundância, pois, separados de mim, nada podeis fazer.
Teremos, igualmente, de vivermos sob a visão sublime
do querígma, anunciando Jesus que salva (I Tm 2,5), o único nome pelo qual
importa que sejamos salvos (At 4,12); aquele que veio salvar o seu povo dos
seus pecados (Mt 1,21), que liberta e cura de toda opressão e de todo mal nosso
Senhor e nossa redenção.
At 10,43:- é dele que todos os profetas dão este
testemunho: o perdão dos pecados é concedido por seu Nome a todo aquele que
nele deposita a sua fé.
06. Que certeza devemos viver no Coração?
Que é o Espírito Santo que fala em nossos corações (Lc
12,12), que nos ensina todas as coisas (Jo 14,26), que nos conduz ao pleno
conhecimento da verdade integral (Jo 16,13), que nos recorda as verdades
reveladas por Jesus Cristo (Mt 11,27b) e que, na unidade do Senhor conosco, é o
poder que Cristo nos concede para vencer o inimigo e todo o mal que dele
procede.
Lc 10,19:- Eis que vos dei poder de caminhar sobre
serpentes e escorpiões, bem como sobre todo o poder do inimigo e absolutamente
nada vos causará dano.
07. Como a vida em Cristo vai processando-se em nossos
corações?
II Cor 3,18:- Por isso, todos nós que, de rosto descoberto,
refletimos a glória do Senhor como num espelho, somos transformados em sua
imagem, de claridade
em claridade,
porque é o Espírito do Senhor que realiza isto.
É sem dúvida, uma realização da bondade infinita do
Senhor, como o óleo que desce da barba de Arão até a orla do seu manto ou como
o orvalho do Hermon, que desce sobre as colinas do monte Sião, como a justiça e
a misericórdia que Deus derramou ali para sempre. (Sl 132).
Is 45,8:- Derramai, ó céus, lá dessas alturas, o vosso
orvalho, e as nuvens façam chover o justo; abra-se a terra e brote o Salvador e
ao mesmo tempo nasça a justiça. Eu sou o Senhor que o criei.
Não foi assim no seio da Virgem Maria? Pela ação do
Espírito Santo nasceu o Salvador.
Por isso, como o céu uniu-se à terra para que dessa
hipóstase brotasse a salvação, teremos de unir-nos a Jesus, para que o Espírito
Santo, amor inefável do Pai e do Filho, reproduza em nossas almas a imagem
perfeita do Senhor.
Nesse sentido, que nos diz Dom Luís M. Martinez?
São dois os santificadores essenciais das almas; o
Espírito Santo e a Virgem Maria, porque são os únicos que podem reproduzir
Cristo.
Assim, embora o Espírito Santo seja o santificador por
essência e Maria, por cooperação, o instrumento escolhido por Deus à realização
de seus desígnios, não há dúvida de que ambos são os “artífices indispensáveis
de Jesus, por isso, os santificadores indispensáveis de nossas almas.”
Desse modo, vida cristã é vida no amor de Deus, no
Espírito Santo como a unidade da fé, da justiça e da caridade que nos impregna
de Cristo, por dentro e por fora, como caracteriza o desejo de Tomás de Kempis.
“Dai-me Deus meu o santo propósito de imitar vosso
divino e meu Senhor Jesus Cristo; purificai minha intenção conforme o desejo
que me dais, de maneira que todo eu de dentro e de fora só a vós olhe, a vós
contente, a vós ame, por vós suspire e em vós descanse”.
João C. Porto.