Morada de Deus
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1. O que é uma morada cristã?
É a vida em Jesus Cristo, vida nova (Ef
4,23-24), porque devemos estar constantemente revestidos
do amor de caridade que o Espírito Santo derrama, gratuitamente, em nossos
corações.
“A esperança não traz engano, porque a
caridade de Deus está derramada em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos
foi dado” (Rm 5,5).
A vida cristã é uma graça abundante que
nos germina para a vida eterna. É uma dádiva de Deus (Tg 1,17) pela qual o
Espírito de Deus nos guia (Ra 8,14). Santifica-nos pelas inspirações e moções
amorosas e aperfeiçoa-nos através dos exercícios dos Dons e das virtudes. (I
Cor 13,13; Sb 8,7).
2. Que nos ensina Sto. Agostinho sobre
a virtude?
“A virtude é a ordem no amor”.
Ora, o amor, que é o Espírito Santo,
ordena todas as coisas. Assim, viver em Cristo é viver no amor, revestido da
caridade regeneradora e misericordiosa
de Deus.
“Sobretudo, porém, revesti-vos da
caridade, que é o vínculo da perfeição”. (Cl 3,14).
Desse modo, devemos ser uma morada, não
apenas livre das sevandijas, mas sobretudo, ordenada pelo Espírito Santo de
Deus. Por isso somos uma casa de oração, como falou o Senhor Jesus com relação
ao templo.
“Não façais da casa de meu Pai casa de
negócio”. (Jo 2,16b).
“(...) a minha casa será chama casa de
oração para todos os povos”. (Is 56,7b).
Assim, somos morada de Deus (I Cor
3,16), e a casa que somos não prescinde o Espírito Santo, porque dependemos de
Cristo em tudo na vida. Na verdade. Sem ele, somos uma casa vazia e sem
finalidade frutuosa. (Jo 15,5).
Ora, se estivermos sem Cristo,
certamente o Pai e Espírito Santo também não residirão em nós.
“Se alguém me ama, guardará a minha
palavra, meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada”. (Jo 14,23).
3. Quem somos nós, então?
“Não sabeis que sois templo de Deus e
que o Espírito de Deus habita em vós?”. (I Cor 3,16).
Este templo que somos nós é uma devoção
constante no amor, porque está impregnado da vida sobrenatural, a suavidade da
unção da bondade infinita do Senhor. (Ef 5,9).
4. Como o Espírito Santo nos restaura
à vida em Cristo?
Ele vai reproduzindo nas almas, em
virtude da nossa adesão pessoal ao Senhor Jesus, a imagem de Cristo,
progressivamente, conforme a busca e o desprendimento do coração, “até que
cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do filho de Deus, ao estado do
homem perfeito, segundo a medida da idade completa de Cristo”. (Ef 4,13).
Do contrário, como reconheceríamos a
presença do Senhor Jesus em nós?
“Examinai-vos a vós mesmos, vede se
estais firmes na fé; provai-vos a vós mesmos. Acaso não vos reconheceis mesmos
que Jesus Cristo está em vós?” (II Cor 13,5).
Ora, se na verdade, estamos revestidos
de Cristo, somos casa do amor, casa da viva esperança (I Pd 1,3) e morada
da fé que nasce da palavra de Cristo.
(Rm 10,17), da justiça que vem de Deus pela fé (Fl 3,9b), uma verdadeira morada
cristã.
“Todos os que fostes batizados em
Cristo, revestistes-vos de Cristo”, (Gl 3,27).
Assim devemos ser conforme a imagem de
Cristo, andando como ele andou. (I Jo 2,6).
“Os que ele conheceu na sua
presciência, também os predestinou para serem conforme a imagem de seu Filho,
para que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29).
Sendo assim, a vida em Cristo aprofunda
em nosso viver e através de nossas ações, a perfeita semelhança, em tudo, com o
Senhor Jesus, pelo Espírito que nos dirige, ensina e ordena na caridade todas
as coisas do que somos para Deus.
“Vivo, mas já não sou eu que vivo, é
Cristo que vive em mim. E a vida sobrenatural com que eu vivo agora na carne,
vivo-a da fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim”.
(Gl 2,20).
Contudo, não poderá haver vida de
Cristo em nós se não renascermos da água e do Espírito (Jo 3,5). Assim, para
que possamos viver plenamente em Cristo Jesus, deveremos assimilar, pelo menos,
quatro atitudes.
a) Conversão e arrependimento.
“Convertei-vos, mudai de vida e
mentalidade, porque o Reino dos céus está próximo”. (Mt 3,2).
b) Perdão e reconciliação.
“Deixa a tua oferta diante do altar,
vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, depois vem fazer a tua oferta”. (Mt
5,24; 18,21-22).
c) Entrega incondicional ao Senhor
Jesus.
“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em
mim segundo a tua palavra”. (Lc 1,38).
d) Ser batizado no Espírito Santo.
“(...) Ele vos batizará no Espírito
Santo e em fogo”. (Mt 3,11b).
Estes quatro fundamentos são,
absolutamente, necessários para que o Espírito Santo exerça em nós sua ação
santificadora e nos inspire à perfeição atrvés do exercício dos Dons e das
Virtudes. (I Cor 13,13; Sb 8,7).
5. Que atitude devemos tomar, a fim de
que sejamos santificados no amor?
Ora, para o exercício da vida cristã,
necessitamos crer no Senhor Jesus com fé no coração (At 16,31), ser revestido
de Cristo pelo batismo (Gl 3,27), conhece-lo pela reflexão da verdade que
liberta (Jo 8,32; Fl 3,8-9), formar um só Espírito com Ele (I Cor 6,17) e nada
fazer senão em ação conjunta com o Senhor. (Jo 15,5b).
Teremos, outrossim, de viver sob a
visão sublime do querigma, anunciando Jesus que
salva (I Tm 2,5), único nome pelo qual importa que sejamos salvos At 4,12;
aquele que veio salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1,21), que liberta e
cura de toda opressão e de todo mal: nosso Senhor e nosso Redentor. (At 10,43).
6. Que certeza devemos viver no
coração?
Que é o Espírito que fala em nossos
corações (Mt 10,19-20; Lc 12,11-12), que nos ensina todas as coisas (Jo 14,26),
que nos conduz ao pleno entendimento da verdade integral (Jo 16,13), que nos
recorda as verdades reveladas por Jesus. (Mt 11,27) e que, na unidade do Senhor
conosco, é o poder que Cristo nos concede para vencer o inimigo e todo mal que
dele procede.
“Eis que vos dei poder de caminhar
sobre serpentes e escorpiões, bem como sobre todo poder do inimigo e
absolutamente nada vos causará dano”. (Lc 10,19).
7. Como a vida em Cristo vai
processando-se em nossos corações?
“Por isso, todos nós que, de rosto
descoberto, refletimos a glória do Senhor como num espelho, somos transformados
em sua imagem, de claridade em claridade, porque é o Espírito do Senhor que
realiza isto”. (II Cor 3,18).
É, sem dúvida, uma realização da
bondade infinita do Senhor, como o óleo que desce da barba de Aarão até a orla
do seu manto ou como o orvalho do Hermon, que desce sobre as colinas do monte
Sião, como a justiça e a misericórdia que Deus derramou ali para sempre. (Sl
132).
“Derramai, ó céus, lá dessas alturas, o
vosso orvalho, e as nuvens façam chover o justo, abra-se a terra e brote o
Salvador e ao mesmo tempo nasça a justiça. Eu sou o Senhor que o criei”. (Is
45,8).
Não foi assim no seio da virgem Maria?
Pela ação do Espírito Santo nasceu o Salvador.
Por isso, como o céu uniu-se à terra,
para que dessa hipóstase brotasse a salvação, teremos de unir-nos a Jesus, para
que o Espírito Santo, amor inefável do Pai e do Filho, reproduza em nossas
almas a imagem perfeita do Senhor.
8. Nesse sentido, que nos diz Dom
Luiz M. Martinez?
“São dois os santificadores essenciais
das almas; o Espírito Santo e a Virgem Maria, porque são os únicos que podem
reproduzir Cristo”.
Assim, embora o Espírito Santo seja o
santificador por essência, Maria, por cooperação, o instrumento escolhido por
Deus à realização de seus desígnios; não há dúvida de que ambos são os
“artífices indispensáveis de Jesus, por isso, os santificadores divinos de
nossas almas”.
Desse
modo, vida cristã é vida no amor de Deus, no Espírito Santo como a
unidade da fé, da justiça e da misericórdia, que nos impregna de Cristo, por
dentro e por fora, como caracteriza o desejo de Tomás de Kempis.
“Dai-me, Deus meu o santo propósito de
imitar vosso Filho e meu Senhor Jesus Cristo; purificai minha intenção conforme
o desejo que me dais, de maneira que todo eu de dentro e de fora só a vós olhe,
a vós contente, a vós ame, por vós suspire e em vós descanse”.
João C. Porto