Por acaso estamos esquecidos de que fomos libertados da escravidão deste mundo? Jesus Cristo, na Cruz, nos adquiriu por um alto preço (I Cor 6,20); como nos ensina o apóstolo Pedro: “Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo” (I Pd 1,18-19).
Será que estamos esquecidos da conclusão do Concílio de Calcedônia, que em 451 da história da Igreja de Cristo Jesus, sobre a terra, a proclamou como “Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica?” Então, é uma Igreja Santa e Católica! Ela é Reino Universal do amor divino que se encontra no céu, na terra e em todo o lugar; isto é, Reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14,17) Ela corresponde aos corações regenerados e renovados em seu seio de Mãe universal, como a Virgem Imaculada Mãe de Deus que, pelo Espírito Santo, gerou o primogênito da geração dos ressuscitados, a qual todos os que estão
Ora, todo reino – nação –, que existe sobre a terra, além de ter o território demarcado, possui um governante – rei – que o governa, dirige seu povo e o defende de todos os inimigos. Só que o Reino de Deus, cujo Rei e Sacerdote eterno é o Senhor Jesus Cristo, embora tenha, também, demarcação territorial, nossos olhos não a vêem, nossos ouvidos não ouvem falar de seus confins e nem os corações a percebem realmente como ela é. São, na verdade, “coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam”.
A demarcação do Reino de Deus é a unidade dos corações que o formam. Ninguém o vê, porque ele nasce gratuitamente da graça da salvação mediante a fé
O Reino de Deus foi semeado em nossos corações por Jesus Cristo, o qual, no calvário, justificou-nos através do seu sangue redentor, perdoou nossos pecados e nos reconciliou com o Pai Eterno.
Ora, esse ato de amor de predileção, gratuito e irrevogável que o Pai consumou em virtude da fidelidade suprema do Filho amado, é penhor de vida eterna, para que o Reino dos céus germinasse da boa terra dos corações. Por isso, o Senhor Jesus, no Pentecostes, enviou-nos o prometido do Pai (Lc 24,49); isto é, o outro consolador, para que, pela observância de seus mandamentos, ficasse, eternamente, com todos aqueles que fossem regenerados e renovados pelo batismo do Espírito Santo, que nos concedeu em profusão, para que a justificação obtida por sua graça nos tornasse, em esperança, herdeiros da vida eterna. (Tt 3,4-7)
Na oração sacerdotal, do seio de todas as verdades reveladas, uma delas nos fala mais claramente de que, pela fé
.Será que conhecemos o Pai e o Filho? Disse-lhe Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta”. Respondeu Jesus: “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe!” Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... Não credes que estou no Pai e o Pai está em mim?
Ora, tudo isso nos revela que a Igreja Católica, estando no mundo, passa pelo mundo (I Cor 3,15), mas não lhe pertence, porque a sua universalidade é divina, a qual se nos revela numa unidade, em três dimensões: os que ainda caminham com o Senhor Jesus, sobre a terra, como parte do Reino de Deus em processo de santificação; os que se encontram no purgatório concluindo as penas dos sentidos e dos pecados e, finalmente, todos aqueles que já experimentam, no paraíso, sentados à direita do Senhor Jesus Cristo, as delícias do Reino do Amor do Pai e do Filho. (Ap 3,21)
A Igreja Una, Santa Católica e Apostólica, e bem assim seus filhos e filhas, não podem ser chamados de “romana” e nem seus filhos e filhas de “romanos”; mas, simplesmente de cristãos, porque estamos revestidos de Cristo (Gl 3,27) e, por isso, somos de Cristo ( I Cor 3,22b ); pelo que já não somos nós que vivemos, mas é o próprio Cristo que vive em nós; isto é, agora somos cristos de Cristo.
Na verdade, a Igreja e todos aqueles que foram gerados do Espírito Santo ( Jo 1,12-13 ), em seu seio, feitos, portanto, do seio Imaculado da sempre Virgem Mãe de Deus, que também é Mãe da Igreja e é a própria Igreja, nasceram como membros da geração dos ressuscitados, cujo primogênito é o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Desse modo, se Cristo não é deste mundo, nós também, nele e por ele, estamos trasladados de um estado de vida terrena, que pertence à terra, para a vida eterna que é celeste e pertence aos céus; o que quer dizer: embora ainda estejamos aqui, somos
Assim, torna-se necessário rever os conceitos, posto que a Igreja não é de Roma. Ela, na verdade, está em Roma como está em todo o mundo, está na terra, no céu e em todo o universo. Ora, a Igreja é Católica; por isso, universal. Além disso, a Igreja e todos que nascem do seio imaculado e virginal da Mãe universal, recebemos de Cristo pela excelência do sacerdócio eterno, a vida sobrenatural do Criador. Portanto, não podemos ter qualquer afinidade com o mundo, nem com a grande prostituta (Roma idólatra – Ap 17,1- Bíblia de Jerusalém).
Ora, a Igreja é divina, sua autoridade e poder de ligar e desligar é universal e tem origem
Eu sou católico e amo a Igreja como Corpo vivo de Cristo, na terra e no céu. Mas, momentaneamente, estou no mundo!... Porque busco incessantemente viver o temer a Deus e, certamente, como todos os filhos e filhas de Deus, não nos conformamos com este mundo. Por isso, pelo batismo do Espírito Santo, nascemos da vontade de Deus, e dele recebemos o poder do alto para nos tornarmos, pela fé
Ora, isto não provém de nossos méritos, mas é puro dom de Deus; para que, conhecendo o amor de Cristo que excede todo o entendimento, estejamos cheios da plenitude de Deus. Ora, o mundo não tem a plenitude de Deus, mas a Igreja, como corpo de Cristo sobre a terra, é plenitude de Deus; e o que é plenitude de Deus não é deste mundo, porque nasceu de Deus e é, exclusivamente, de Deus.
No mais, deixamos estas palavras do apóstolo João: “Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2,15-17).
Todo o nome que é dado na terra se extingue com a própria terra; mas, o nome que recebemos de Deus, em o nome do Senhor Jesus Cristo, permanece eternamente. Exemplo: Abrão, para Abraão. Assim também os que são de cristo têm um novo nome: Cristão, que quer dizer: “Ungido de Cristo”, como filhos e filhas do Pai Eterno, eternamente!...
João C. Porto