domingo, 10 de janeiro de 2010

BOA NOVA DO SENHOR JESUS >> O Espírito de Deus Repousa

A Trindade Santíssima compreende-se como a unidade de três pessoas absolutamente distintas, em um só Deus Verdadeiro. São três pessoas que formam nosso “Único Deus e Senhor” (Dt 6,4), as quais são: a “Verdade Eterna”, a “Fidelidade Suprema” e a “Bondade Infinita”; isto é, o Amor (I Jo 4,8b). Da Verdade Eterna (o Pai) temos: a Palavra, o Verbo, a Sabedoria de Deus nos céus e os mandamentos eternos na terra, isto é, Jesus Cristo, nossa vida, salvação e ressurreição (Eclo 1,5); da “Verdade Eterna” e da “Fidelidade Suprema” recebemos a “Bondade Infinita”, o “Espírito do Pai e do Filho”, o Espírito Santo que, pelo batismo na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, tornamo-nos morada de Deus (Jo 14,15-16.23), posto que fomos mergulhados nas águas da vida, bondade divina, que o Senhor em sua infinitude agradou-se em fazer sua morada no íntimo de sua imagem viva sobre a terra, isto é, em nossos corações. (Is 45,15)
A Igreja nos ensina que devemos atribuir ao Pai a obra da criação, ao Filho a obra da redenção e ao Espírito Santo, a santificação de nossas almas. São Paulo nos diz que, pelo batismo, o Espírito Santo, que habita em nós, concede-nos os dons e carismas, conforme lhe apraz; Jesus Cristo ministeria os enviados ao anúncio do Evangelho do Reino de Deus e, o Pai é quem opera tudo em todos. (I Cor 12,4-6) Como se pode entender isso? Tudo, o que é criado, formado ou feito, é operação conjunta das três pessoas; isto é, quando o Pai criou, o Filho e o Espírito Santo criaram com Ele; quando o Filho, na cruz do calvário, salvou o seu povo de seus pecados (Mt 1,21), salvaram também com Ele o Pai e o Espírito Santo; e, finalmente, quando, nos tempos da plenitude em que nos encontramos, o Espírito Santo santifica as almas dos pecadores convertidos ao nome glorioso do Senhor Jesus, santificam, igualmente, com Ele o Pai e o Filho. Entretanto, observemos, acima, que para a realização de cada obra o nome do Pai é citado em primeiro lugar, o que quer dizer que é Deus - a unidade das três pessoas - que opera tudo em todos. (I Cor 12,-6)
Mas, como poderemos observar a existência da unidade divina? Deus é puro Espírito (Jo 4,24), incriado, perfeitíssimo e eterno! Como vemos então o Filho e o Espírito Santo? Façamos, agora, uma paradinha, e olhemos para nós, que somos imagens vivas de Deus!... É no espírito que está a idéia e/ou o ideal, assim como em Deus, principalmente.
Ora, quando entramos no íntimo de nós mesmos, alcançamos de nossas entranhas divinas a capacidade que Deus, por sermos suas verdadeiras imagens, nos deu para pensar, idealizar e concluir; e tudo isso sai do núcleo mais íntimo e profundo do nosso ser, a idéia que se revela e se manifesta pela palavra, o Verbo que é gerado e que transborda de nossos lábios. Então, a idéia, que geramos do ideal eterno que está em nós, jorra de nossos lábios como palavras vivas e conclusivas. Agora, para conclui-las em obras o objeto da palavra que foi gerada como idéia consumada, basta levar “as mãos ao barro” para que tenhamos o que do ideal, pela palavra e a ação, foi gerado, assim como Deus nos modelou, conforme o ideal da vida que recebemos do alto e que se deve vive-la em Deus (Gn 2,7), porque tudo veio do Pai e indubitavelmente voltará ao seio do único e verdadeiro Deus, o Senhor.
Então podemos idealizar conclusões que nos fazem sentidas no coração: o Verbo, a palavra que se fez carne e armou sua tenda em nossos corações, é o Senhor Jesus Cristo, não criado, mas gerado ab aeterno do seio do Pai, a segunda pessoa da Trindade Santa. Assim, como Deus é amor (I Jo 4,8), o Filho, o Verbo (Eclo 1,5), gerado do ideal divino de Deus, é igualmente amor eterno. Por isso o Pai ama o Filho, e o Filho, igualmente, ama o Pai. Ora, desse amor mútuo, constante e eterno é o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho; por isso, também, o Espírito do Pai e do Filho. Em outras palavras, o Espírito Santo é a atividade de Deus, sua ação criadora, poderosa, de regeneração e de renovação pelo batismo do Espírito Santo. (Tt 3,4-7) Ele, sob sua direção amorosa, conduz tudo à perfeição e a santificação do espírito, da alma e do corpo (I Ts 5,23) através das virtudes da caridade do amor dinâmico de Justiça, misericórdia e fidelidade, que nos vem, por ele, do Pai e do Filho.
O Espírito Santo, no início da criação, pairava sobre as águas (Gn 1,2) e com certeza morava no coração do homem, até que, pelo pecado, Deus o suprimiu de nossos corações (Gn 6,3).
Mas, na medida em que se aproximava os tempos da plenitude, o Senhor fez promessas sobre o retorno do seu Espírito ao coração do homem, como esta, através do profeta Ezequiel: “Quero manifestar a santidade do meu augusto nome que aviltastes, profanando-o entre as nações pagãs, a fim de que conheçam que eu sou o Senhor – oráculo do Senhor Javé -, quando sob seus olhares eu houver manifestado minha santidade por meu proceder em relação a vós. Eu vos retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos conduzirei ao vosso solo. Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações. Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais as minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos. Habitareis a terra de que fiz presente a vossos pais; e sereis meu povo; e serei vosso Deus” (Ez 36,23-28).
O Senhor Jesus Cristo, referindo-se, principalmente, a este texto, depois de sua ressurreição, disse aos apóstolos: “Eu vos mandarei o prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49).
No livro do profeta Isaías, no capítulo 61,1-3ss; e no Evangelho de S. Lucas 4,18-21, falam de como o Espírito Santo repousou sobre o Senhor Jesus, em seu batismo no Jordão, para que ele cumprisse, com fidelidade, sua missão salvífica; pelo que o Pai falou do alto: ”Este é o meu Filho muito amado em quem pus todas as minhas complacências” (Mt 3,17).
Assim, para finalizar, observemos que todos nós, os batizados no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11c), recebemos do senhor Jesus Cristo a mesma missão que Ele conferiu aos apóstolos no dia de Pentecostes: “Recebereis a virtude do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, na Samaria e até às extremidades da terra” (At 1,8) “Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus” (Mt 10,32-33).
Assim, pois, já que fomos chamados a nos encontrar com o Senhor Jesus à beira do Poço de Jacó, achequemos a Ele, já que se deixa encontrar, e o invoquemos do imo do coração, já que está perto (Is 55,6); pois Ele nos diz: "...recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas"(Mt 11,29). Para este mister o Senhor Jesus nos diz: "estou à beira do Poço, sentado, esperando por você! Vinde a mim!... e traga no coração um pouquinho de fé, muita esperança e o amor necessário ao nosso encontro de salvação, ressurreição e vida eterna.

João C. Porto

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