Boa Nova do
Senhor Jesus Cristo
BN 1.3
A Revelação
Divina
a) A razão natural pela qual o homem pode acolher a
revelação divina.
“Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de
Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência,
por suas obras; de modo que não se podem escusar” (Rm 1,20)
b) A inspiração reveladora do Espírito Santo, que nos
capacita sobrenaturalmente.
“Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum
pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus” (II Cor 3,5).
Ora, através da razão natural, pelas coisas criadas,
conhecemos a Deus e, pela razão sobrenatural, recebemos do Senhor Jesus Cristo
o entendimento para conhecermos o verdadeiro Deus e a vida eterna.
“Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu
entendimento para conhecermos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro, nós que
estamos em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (I
Jo 5,20).
Tudo isso, para conhecermos as coisas reveladas pelo
Espírito Santo, conhecendo a Deus e a extensão de sua vontade em nós e através
de nosso viver.
“O espírito Santo vos inspirará naquela hora o que
deveis dizer” (Lc 12,12).
“Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito
de vosso Pai que falará em vós” (Mt 10,20).
Assim, Deus se revela aos homens para que todos
conheçam o mistério de sua vontade.
“Ele manifestou o misterioso desígnio de sua vontade,
que em sua benevolência formara desde sempre, para realiza-lo na plenitude dos
tempos – desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e
as que estão na terra” (Ef 1,9-10).
01 - Qual é o tripé da Revelação Divina?
a) As sagradas Escrituras:
“Toda a Escritura divinamente inspirada por Deus é
útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para formar na justiça, a
fim de que o homem de Deus seja perfeito, apto para toda a boa obra” (II Tm
3,16-17).
b) O Magistério da Igreja:
“Se teu irmão pecar contra ti, vai, e corrige-o entre
ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste o teu irmão; se, porém, não te ouvir, toma
ainda contigo uma ou duas pessoas, para que pela boca de duas outras
testemunhas se decida toda a questão”; se os não ouvir, dize-o à Igreja. “Se
não ouvir a Igreja, considera-o como um gentio e um publicano” (Mt
18,15-17=Vulgata).
c) A Sagrada Tradição:
“Permanecei, pois, constantes, irmãos e conservai as
tradições, que aprendestes, ou por nossas palavras ou por nossa carta” (II Ts
2,14=Vulgata).
02. Em que consiste o mistério da vontade de Deus?
Em que Deus nos enviou o seu Filho, nosso Senhor Jesus
Cristo, e o Espírito de amor para a salvação do mundo; a fim de que
participemos de sua glória.
“A mim o mais insignificante dentre todos os santos,
coube-me a graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo,
e a todos manifestar o desígnio salvador de Deus, mistério oculto desde a
eternidade em Deus, que tudo criou” (Ef 3,8-9).
Esse desígnio, que tem como fundamento a graça e a
verdade, mediante a fé em Jesus Cristo (Jo 1,16; Ef 2,8), é conhecido pela
tradição patrística como a “Economia do Verbo ou a Economia da salvação”.
Sua base é transportar-nos, em nosso Senhor Jesus
Cristo, nas asas do amor do Pai; das trevas e do poder de Satanás à salvação e
a luz admirável (I Tm 6,15-16), para que sejamos em seu único Filho, filhos
adotivos e herdeiros com Cristo. (Gl 4,5-7; Rm 8,17).
“Assim, como nele mesmo nos acolheu antes da criação
do mundo, por amor, para sermos santos e imaculados (I Jo 5,18) diante dele; o
qual nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por (meio de) Jesus
Cristo, para sua glória, por sua livre vontade” (Ef 1,4-5).
Desse modo, Deus nos revestiu da sua graça para nos
capacitar (II Cor 3,5) ao seu conhecimento, para conhecê-lo e amá-lo através do
“SIM” de adesão pela fé em seu Filho Jesus Cristo (Gl 3,26-27).
Santo Irineu de Leão: “Verbo de Deus habitou e fez-se
Filho do Homem para acostumar o homem a apreender a Deus e acostumar a Deus a
habitar no homem, segundo o beneplácito do Pai”.
03. Como observar as etapas das revelações, através
das manifestações divinas, na história do povo de Deus?
a) Deus se dá a conhecer:
Deus está presente em tudo que criou – os céus e a
terra e em tudo o que neles há – através do Verbo divino (Jo 1,1-3). Assim, as
coisas criadas testemunham a existência de Deus (Rm 1,20). Por elas, a partir
de sua razão natural, o homem começa a descobrir o Deus que se revela e que se
manifesta como vida eterna em favor de todos os corações que sabem amar (Jo
12,46).
Por isso, o Senhor nosso Deus, apesar do pecado
original e do atual, jamais deixou de nos amar (Jr 31,3), mas prometeu-nos, por
meio de sua graça e da misericórdia divina, da fé, da esperança e da caridade
do seu amor – o Espírito Santo – alentando-nos com a promessa da redenção, a
fim de que perseveremos na espera da salvação consoladora, conforme a promessa.
(Is 54,10).
Missal Romano: “E quando pela desobediência perderam
vossa amizade, não os abandonastes ao poder da morte”... Oferecestes muitas
vezes alianças aos homens e as mulheres.
É verdade que, após o pecado original, a iniquidade
difundiu-se terrivelmente sobre a terra (II Tm 2,17) até ao ponto em que o
Senhor disse a Noé:
“O fim de toda a carne chegou diante de mim; a terra,
por suas obras, está cheia de iniquidades, e eu os exterminarei com a terra”
(Gn 6,13).
Agora, feche seus olhos e medite um pouco no mal do
pecado que pode conduzir-nos à morte eterna (Mt 10,28) e tente a estabelecer um
paralelo com os benefícios que brotaram da cruz, pelos quais somos resgatados
em Cristo Jesus, para a vida em seu nome glorioso. Então, faça a escolha e um
propósito na vida do seu coração. (Jo 11,40).
E o Senhor disse, ainda, a Noé:
“Eis que vou fazer a minha aliança convosco e com a
vossa posteridade depois de vós” (Gn 9,9).
Ora, após o dilúvio, com o crescimento da humanidade,
cresceu novamente com ela a iniquidade, o orgulho e a vaidade. Por isso, o
Senhor os dividiu na Babel, em povos e línguas diversas (Gn 11,6-9).
Apesar disso, a aliança celebrada com Noé perdurará
sempre (Lc 21,24) e até o tempo das nações (Mt 28,19).
b) Deus chama a Abrão:
Dos semitas, que corresponde a linhagem de Sem, filho
de Noé, Javé chamou de Ur da Caldeia a Abrão, indicou-lhe uma nova terra, fora
do seu pais, da sua parentela e da sua casa; trocou-lhe o nome para Abraão,
porque pela fidelidade de sua fé, tornou-se pai de muitas nações (Gn 17,5).
“Abençoarei os que te abençoares, e amaldiçoarei os
que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as nações da terra” (Gn
22,18).
Olhando para Abraão, o pai da fé, conforme o relato
acima, pois, deixando tudo por obediência a Deus, foi para uma terra estranha e
distante, como você acha que deva ser sua entrega a Deus, na pessoa do seu
Filho, nosso Senhor Jesus Cristo? Medite!...
Então, na descendência de Abraão está a promessa feita
aos patriarcas, ao povo eleito, através do qual o Senhor preparou pacientemente
a plenitude dos tempos, com a presença do seu Filho amado (Mt 3,17) e de sua
Igreja viva (Hb 12,23-24).
c) Israel, povo de Deus.
Na descendência de Abraão, Deus formou seu povo,
Israel, libertando-o da escravidão do Egito (430 anos) através de seu servo
Moisés, a quem deu sua lei e selou a aliança do Sinai com seu povo, em quanto
preparava a vinda do Salvador prometido. (Gn 3,15).
4. Qual a origem do nome “Israel”?
Israel “é o povo daqueles aos que Deus falou em
primeiro lugar, o povo dos irmãos mais velhos na fé de Abraão”.
“E todos os povos da terra verão que é invocando sobre
ti o nome do Senhor, e temer-te-ão” (Dt 28,10).
Na verdade, Deus falou outrora através dos profetas,
para preparar seu povo na esperança da salvação, a fim de que estivessem
aptos a participar da Nova Aliança. (Jr
31,31-34).
Para essa Nova Aliança foi anunciada o batismo de
purificação, tantas vezes prefigurado no Antigo Testamento; um coração e um
espírito novo, o Espírito Santo como selo divino “(Ef 1,13)” dos preceitos que o
povo deveria guardar e praticar, a fim de ser verdadeiramente povo de Deus (Ez
36,24-28).
Igualmente, os profetas anunciaram a salvação para
todas as nações, conforme Deus dissera outrora ao patriarca Abraão: “Em ti
serão abençoadas todas as nações da terra” (Gn 12,3).
Ora, entre o povo, os pobres e os humildes serão
portadores dessa esperança (Sf 2,3).
“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a
tua palavra” (Lc 1,38).
Na verdade, Jesus Cristo é o Filho de Deus feito
homem, o Verbo divino, a sabedoria de Deus que o Pai nos enviou à terra de
nossos corações (Jo 14,6), para a salvação de todo o que crê (At 10,43; Mc
16,16; Jo 6,47).
Desse modo, enquanto Deus falou através dos profetas
da Antiga Aliança, falou face a face conosco, pelo Verbo que se fez carne e
armou a sua tenda no terreno fértil dos corações (Jo 1,14; Hb 1,1-2).
João C.
Porto