sábado, 27 de outubro de 2012

Pecado e Salvação

                                           

                                      Pecado e Salvação
   As palavras “pecado” e “salvação” são profundamente antagônicas; porque a primeira mata o corpo, a alma e o espírito, pela escravidão do pecado (Jo 8,34), a segundo corresponde à redenção liberativa no sangue de nosso Senhor Jesus Cristo:

   “Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé (em Jesus Cristo). Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus”. (Ef 2,8).

   Quando se ouve falar de pecado e salvação, temos que colocar os ouvidos do coração atentos a três realidades íntimas e profundas, relativamente a sabedoria divina da graça que, pela fé em Jesus Cristo, ilumina o profundo do nosso ser, tendo em vista os aspectos relevantes da doutrina celestial.

   - A Deus Pai, que é a verdade eterna.

   Deus é um Espírito perfeitíssimo, santo e eterno, criador do céu e da terra e de tudo o que neles há.

   Deus, na verdade, é uno, isto é, único em três pessoas:

   - O Pai, que é a verdade eterna, a quem a Igreja atribui à obra da criação;

   - O Filho, que é a divina sabedoria no céu e na terra (Eclo 1,5) – fidelidade suprema – o qual nos trouxe a redenção liberativa (Jo 8,32. 36), concedendo-nos gratuitamente o perdão dos pecados, a reconciliação, a ressurreição dentre os mortos e a vida eterna.

   “E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem possui o Filho possui a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (I Jo 5,11-12).

   - O Espírito Santo, amor do Pai e Filho, que é a bondade infinita.

   “O Senhor reinará eternamente, e além da eternidade” (Ex 15,18 = Vulgata).

   “Que é o único que possui a imortalidade e que habita numa luz inacessível, o qual não foi nem pode ser visto por nenhum homem, ao qual seja dada honra e império sempiterno. Amém.” (I Tm 6,16)

   O pecado nos veio através de um querubim, anjo de luz e de conhecimento da ciência de Deus.

   “Eis o que diz o Senhor Javé: “Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza acabadas”. Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas coberto de gemas diversas: sardônica, topázio e diamante, crisólito, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda; trabalhados em ouro. Tamborins e flautas estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado. Eras um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre as pedras de fogo. Foste “irrepreensível em teu proceder desde o dia em foste criado, até que a iniquidade apareceu em ti” (Ez 28,11b-15).

   “Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez a imagem de sua própria natureza. Foi por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão”. (Sb 2,23-24).

   “Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém!” (Rm 1,25).

   “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: A justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem, contudo, deixar o restante” (Mt 23,23).

   “Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14,6)”.

   Através do primeiro Adão, a morte entrou no mundo; mas, pela redenção no sangue preciosíssimo do segundo Adão (Jesus Cristo), a morte é retirada do mundo.

   “Todo aquele que peca transgride a lei, porque o pecado é transgressão da lei. Sabei que Jesus apareceu para tirar os pecados, e que nele não há pecado. Todo aquele que permanece nele não peca, e todo o que peca não o viu, nem o conheceu” (I Jo 3,4-6).

   Não é verdade, o Eclesiástico nos diz que foi por causa da mulher que começou o pecado?

   “Foi pela mulher que começou o pecado, e é por causa dela que todos morremos”. (Eclo 25,33).

   Assim, também, é pela mulher que todos temos a salvação, a ressurreição e a vida eterna.

   “Ela (Maria de Nazaré, a Imaculada e sempre Virgem Mãe de Deus e de seus filhos na Santa Igreja do Senhor) dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).

   “Mas a todos os que o receberam, deu poder de se tornarem filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. (Jo 1,12-13).

       João C. Porto

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amor de Deus

                                                 

                                             Amor de Deus

   1. Amor gratuito.

   Is 43,4:- Porque és precioso aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti.

   2. Amor incondicional.

   II Cor 6,2:- Pois ele diz: Eu te amei no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação. Agora é o tempo favorável, agora é o dia da Salvação.

   3. Amor bondoso.

   Sl 117,1:- Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque eterna é a sua misericórdia.

   4. Amor infinito.

   Jr 31,3:- De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e por isso sou constante em minha afeição por ti.

   Jr 33,3:- Invoca-me e te responderei, revelando-te grandes coisas misteriosas que não conheces.

   Is 58,9:- Então as tuas invocações o Senhor, o Senhor responderá, e a teu gritos dirá: Eis-me aqui!

   Is 49,16:- Eis que estás gravado na palma de minha mão, tenho sempre sob os olhos tuas muralhas.

   Is 54,10:- Mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais meu amor te abandonará.

   5. Amor filial.

   Sl 2,7-8:- Vou publicar o decreto do Senhor. Disse-me o Senhor: “Tu és meu filho, eu hoje te gerei”. Pede-me; dar-te-ei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo.

   Ap 3,21:- Ao vencedor concederei assentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono.

   6. Amor de Fidelidade Suprema.

   I Cor 1,9:- Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

   7. Amor Ágape.

   Ap 3,20:- Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo.

   8. Amor misericordioso.

      II Cor 3,4:- Tal é a convicção que temos por Deus em Cristo.

   II Cor 4,7:- Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós.

   Sl 33,9:- Provai e vede como o Senhor é bom. Feliz é homem que se refugia junto dele.

   Sl 117,1:- Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque eterna e a sua misericórdia.

   Santa Faustina:- “Estás tratando com o Deus da Misericórdia; a tua miséria não a esgotará, pois não limitarei o número dos Meus perdões (D. 1487)”.

    JCP/jcp.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A Graça

                                    CURSO DA BÍBLIA SAGRADA

                                                    C B S Nº 16

                                                       A Graça

   A palavra Graça é empregada constantemente pelos cristãos, fazendo parte de seu vocabulário de todas as horas.

   O sentido maior da graça é o favor e a benevolência de Deus para com seus filhos.

   “O menino crescia e se fortificava cheio de sabedoria, e a graça de Deus era com ele” (Lc 2,40).

“Dali navegaram para Antioquia, donde tinham sido recomendados à graça de Deus para obra que tinham concluído” (At 14,26).

   Nas epístolas cristãs, habitualmente são apresentados votos de graças como favor de Deus ou do Senhor Jesus Cristo.

   “A todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados santos. Graça vos seja dada e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (I Cor 1,3).

   “Graça e paz vos sejam multiplicadas” (I Pd 1,2b).

   01. O que é a graça de Deus?

   A graça nos vem pela afeição e corresponde à grande estima e predileção que Deus tem por cada um daqueles que o buscam.

   A graça é, pois, a benevolência e o perdão, pelos quais o Senhor, nosso Deus, por virtude do seu imenso amor, nos favoreceu em seu Filho, como garantia de vida eterna.

   A graça pode significar:

- Favor ou aceitabilidade.

   “Noé encontrou graça diante do Senhor” (Gn 6,8).

   A graça, no Novo Testamento, pode significar uma dádiva espontânea de Deus pela qual um homem se torna aceita a Ele, ou é por Ele auxiliado a fazer alguma coisa agradável aos seus olhos.

   “Pela graça de Deus sou o que sou” (I Cor 15,10).

   A graça é um dom gratuito que, pelos méritos de Cristo, Deus dá aos homens para a salvação de suas almas. Desse modo, a graça tem dois significados:

   a) Graça santificante;

   b) Graça atual (eficaz).

   A graça santificante é dada permanentemente por Deus, desde o batismo, e desde que o homem não a faça cessar pela vida de pecado mortal.

   Assim, pela graça santificante o homem pode se conservar em estado de graça e, nesse mister, ele é santo e agradável a Deus.

   “Recebendo um reino imutável, temos a graça pela qual agradando a Deus o sirvamos com temor e reverência” (Hb 12,28).

   - É filho adotivo de Deus:

   “De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8,13-17).

   “Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu” (I Jo 3,1).

   - È templo do Espírito Santo:

   “Respondeu-lhe Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos a nossa morada” (Jo 14,23)”.

   “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (I Cor 6,19-20).

   - Tem o direito a entrar no céu:

   “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus” (I Pd 1,3-4).

   A graça atual é como a inspiração do Espírito Santo ou revelação, como uma luz para a inteligência e uma força para a vontade, a fim de que se faça o bem e se evite o pecado.

   Observando por outro ângulo da verdade:

   a) Graça batismal:

   - A graça que se recebe no batismo.

   b) Graça eficaz:

   - Semelhante a graça atual. É a graça que se opera em determinado momento ou situação.

   c) Graça habitual:

   - O mesmo que a graça santificante.

   d) Graça sacramental:

   - A graça inerente a cada sacramento.

   Assim, os dons de santificação (Infusos) e os dons carismáticos (Efusos) são como graças recebidas de Deus pelo Espírito Santo; para que, por meio delas, realizemos sua vontade nos diversos aspectos de sua ação amorosa nos corações de seus filhos e filhas amados.

   02. Como chega até nós a graça de Deus?

   Por Jesus Cristo, graça e verdade de Deus. Ele é fruto da graça, isto é, fruto do amor de Deus. Nasceu da Virgem cheia de graça e se constituiu, na terra e nos céus, fonte das graças e de todos os favores para com todos os homens e mulheres.

   “A lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade foram trazidas por Jesus Cristo” (Jo 1,17).

   Assim, a graça que o Senhor Jesus Cristo nos trouxe é o único meio pelo qual, através da fé, recebemos de Deus, em nome de seu Filho, o perdão, a salvação e a vida eterna.

   “E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem possui o Filho possui a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (I Jo 5,11-12).

   03. De que forma Jesus Cristo se tornou fonte de graça para nós?

   No sacrifício da cruz. Ele tomou sobre si nossos pecados e enfermidades, sacrificando-se o justo pelo pecador. Tornou-se, então, mediador da nova e eterna aliança selada no seu sangue. Tornou-se fonte de graça, isto é, de perdão e salvação para todo o gênero humano.

   Efetivamente, a graça de Deus corresponde à sua grande bondade. Não apenas em virtude de sua imagem e semelhança em que fomos criados, mas, sobretudo pela sua misericórdia infinita.

   A graça é perdão! Jesus Cristo, tanto como graça quanto como fonte de graça, é perdão de Deus aos homens. Perdão que se efetivou na morte da cruz e na ressurreição dos mortos.

   Essa grande graça do perdão e da salvação já se realizou, portanto, concretamente. O que falta acontecer, para que se conclua em nós essa obra do amor de Deus, é a nossa conversão, isto é, o nosso perdão e reconciliação. Estaremos assim sendo gratos a Deus em retribuição à sua graça em Cristo Jesus, pelos grandes benefícios e maravilhas que nos fez, dando-nos uma vida nova para que sejamos definitivamente felizes.

   04. Em que se fundamenta a graça de Deus?

   No grande amor que Deus tem pelos homens, que chegou ao ponto de dar o seu próprio Filho, para que, por ele, tivéssemos a vida eterna (Jo 3,16).

   São Paulo, assim, nos fala:

   “E vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. E a vida com que eu vivo agora na carne, vivo-a da fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2,20).

   Devemos estudar a graça de Deus a partir de três dimensões fundamentais:

   a) A graça como Dom Gratuito.

   Jesus Cristo é a grande dádiva de Deus a todos os homens e mulheres. Em si, ele já é a riquíssima graça, porque veio por amor e se deu por amor, para fazer retornar o amor – o Espírito Santo – aos nossos corações. Ao se dar na cruz, o Senhor Jesus nos trouxe a graça do Pai, do Espírito Santo e a sua própria graça, pelas quais recebemos o perdão, a reconciliação, a salvação e a vida eterna.

   João Batista, falando sobre Jesus, afirmou que todos nós participamos de sua plenitude e recebemos dele graça sobre graça (Jo 1,16).

   O Arcanjo Gabriel, diante da Virgem Maria, exclamou: “Deus te salve, cheia de graça, o Senhor é contigo. Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1,28).

   O discípulo, cheio do Espírito Santo, realizava grandes obras, porque a graça do Senhor estava nele.

“Estevão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes prodígios e milagres entre o povo” (At 6,8).

   Jesus Cristo, na realidade, é a grande graça do perdão de Deus. Ele nos trouxe a graça e se derramou como graça, pelo amor do Pai e de si mesmo, no batismo que recebemos na Igreja do Senhor. Esta é a graça como Dom de Deus. O Senhor nos deu a sua graça, isto é, deu-nos o seu Espírito, no qual ele realizou tudo em todos e através de todos (I Cor 12,6).

   “Fomos salvos pelo batismo de regeneração e renovação do Espírito Santo, que Deus mesmo, por amor a todos nós, prodigalizou-nos em profundo amor em seu Filho Jesus Cristo; a fim de que justificados pela sua graça sejamos herdeiros da vida eterna, segundo a esperança” (Tt 3,4-7).

   Assim, Deus Pai, como graça eterna, corresponde ao apelo do Criador, que nos chama à sua sabedoria, a sua santidade, à sua intimidade, através do seu Filho Jesus, que é sua revelação gloriosa.

   O Senhor Jesus, ainda como graça do Pai, é a presença de Deus entre nós (Mt 18, 19-20), em forma de perdão, salvação e vida eterna (I Jo 5,11-12).

   “Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida àquele que quer” (Jo 5,21).

   “Eu vim ao mundo como uma luz para que todo o que crê em mim não fique nas trevas” (Jo 12,46).

    Dessa forma, somente pela graça do Pai, isto é, através da fé em Jesus Cristo, entraremos no Reino dos Céus (Jo 1,12; 3,3.5).

   “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).

    Convém notar que Jesus Cristo, como salvação de Deus para os homens de boa vontade, é o grande Dom. Como a grande graça do Pai que desceu dos céus, ele se fez como nós, embora sem pecado, para nos fazer como ele.

    Por outro lado, o Espírito Santo é graça do Pai e do Filho em forma de comunicação e unidade, que recebemos no batismo. É por Jesus Cristo, o Senhor de nossas vidas, que ele habita em cada um dos filhos da nova geração de ressuscitados, da qual o Senhor Jesus é o primogênito, nascido da Virgem Maria, nossa Mãe.

   Vejamos alguns exemplos da graça como Dom:

   “Respondeu-lhe Jesus e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é que te diz “dá-me de beber”, tu certamente lhe pedirias e ele te daria de uma água viva” (Jo 4,10).

   “Todo aquele que bebe desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der nunca, jamais, terá sede, mas a água que eu lhe der virá a ser nele uma fonte de água que salva para a vida eterna” (Jo 4,13-14).

“É pela graça que fostes salvos, mediante a fé em Cristo Jesus e isto não vem de vós, porque é um dom de Deus” (Ef 2,8).

   b) A graça como benevolência de Deus.

   Neste sentido a graça corresponde à grande estima e predileção de Deus pelos escolhidos, como a estima que alcançamos diante de nossos irmãos, pelos méritos do Senhor Jesus Cristo que se encontra em todos.

   “O Senhor disse: Exterminarei da face da terra o homem que criei, desde o homem até os animais, desde os répteis até as aves do céu; porque me pesa de tê-los feito. Porém Noé achou graça diante do Senhor” (Gn 5,7-8).

   “Abraão disse: Senhor, se, achei graça diante de teus olhos, não passes adiante do teu servo” (Gn 18,3).

   “O Senhor, porém, foi com José e, compadecido dele, fê-lo encontrar graça diante do governador da prisão” (Gn 39,21).

   “O anjo disse-lhe: não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus” (Lc 1,30).

   Assim, a graça já corresponde ao favor que recebemos da pessoa que nos procura ou nos ouve com amor, para nos oferecer sua afeição gratuita, como amizade e bondosa intimidade de coração.

   Poderemos até afirmar, numa expressão de agradecimento e alegria: o Senhor achou-me engraçado aos seus olhos.

   É importante que se saiba que esta graça existe como perdão e salvação da parte de Deus. Para que nos achemos engraçados aos seus olhos, é-nos necessário simplicidade e humildade de coração (Mt 5,3-5), consequência de uma consciência pura e bem formada diante de Deus e dos homens (At 24,16). Não me parece ser coisa difícil viver essa graça. Abra seu coração e verá! É mais uma disposição de nossa alma em viver uma entrega simples, mas incondicional, ao Senhor Jesus, fonte de todas as graças.

   c) A Graça como gratidão a Deus.

   É a ação de graças que celebramos festivamente em nossos corações pelos infinitos favores que Deus nos tem concedido. Corresponde à nossa gratidão diante de Deus pelas suas maravilhas de que participamos. Tais dádivas ocorrem em nossas vidas pelos méritos do Senhor Jesus e pela excelência do seu nome, que é fonte de salvação e alegria no Espírito Santo. (Rm 14,17).

   “Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, a qual, também, fostes chamados, para formar um só corpo, e sede agradecidos...” (Cl 3,15).

   “Em tudo dai graças (a Deus), porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus, em relação a todos vós” (I Ts 5,18).

   Assim, porque vivemos no amor de Pai, na graça do Filho e na comunhão do Espírito Santo, somos filhos de Deus (Rm 8,14). E, porque participamos de todas as suas riquezas e das maravilhosas operações do seu amor, devemos ser profundamente agradecidos, devolvendo, com respeitoso amor ao Senhor da vida, um preito merecido de agradecimento, adoração e louvor.

   05. Em que outros aspectos poderemos observar a graça?

   A graça poderá ainda se referir ao nome da pessoa com quem falamos ou de quem nos lembramos. Seu nome passou a fazer parte de nossa intimidade ou apenas de nossa consciência, como a memória da aparência ou caráter de alguém.

   Às vezes, a graça é uma dádiva de renovação espiritual que recebemos do Senhor. Outras vezes, é algo que recebemos de pessoas de nossa amizade ou não, como um presente ou uma boa e agradável notícia que nos traz a alegria da espera. Assim, a graça poderá estar relacionada ao objeto da promessa alcançada.

   A graça poderá ainda ser uma manifestação da benevolência, algo que acontece concretamente e de forma coletiva. Assim como a coleta que São Paulo fez em benefício dos pobres de Jerusalém. É uma graça em forma de obra de caridade. (I Cor 8,6.19).

   A graça, finalmente, só tem uma face: a bondade de Deus, a qual nos poderá alcançar diretamente pelas mãos do Senhor ou através dos filhos do Reino. De qualquer forma, a nossa capacidade de tudo o mais vem do alto (II Cor 3,5; Jo 3,27).

             QUESTIONÁRIO PARA APROFUNDAMENTO ESPIRITUAL

   06. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, a glória que um Filho Unigênito recebe de seu Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1,14).

   - Às vezes, esta palavra significa a graça sobrenatural dada ao homem.

   - Epístola de aos Romanos - Cap. 1, Vers. 5.

   07. São Paulo sente a glória de seu apostolado na graça que Deus lhe deu.

   - II Epístola aos Coríntios – Cap. 1, Vers. 12.

   08. Muitas vezes, é em nossa fraqueza que se revela a força de Deus através da graça.

   - II Epístola aos Coríntios – Cap. 12, Vers. 9.

   09. É por Jesus Cristo que recebemos a graça em abundância.

   - Evangelho de S. João – Cap. 1, Vers. 16.

   10. A vocação na Igreja é uma graça. Copie e reflita.

   - Epístola aos Gálatas – Cap. 1, Vers. 15.

   11. A graça de Deus nos leva a um compromisso para não ser inútil ou estéril.

   - I Epístola aos Coríntios – Cap. 15, Vers. 10.

   12. A própria vocação ao cristianismo se deve à graça de Cristo.

   - Epístola aos Gálatas – Cap. 1, Vers. 6

   13. Não basta receber a graça; é necessário nela crescer.

   - II Epístola de S. Pedro – Cap. 3, Vers. 18.

   14. “Dar graças” ou “ação de graças” são expressões que traduzem gratidão para com Deus.

   - Evangelho de S. João – Cap. 6, Vers. 11.

   15. A graça de Deus é de tal forma abundante que se opõe ao pecado e o supera por sua riqueza. Resuma com suas palavras:

- Epístola aos Romanos – Cap. 5, Vers. 15-20.

   Observações.

          João C. Porto