quarta-feira, 23 de maio de 2012

Amor a Deus


Divina Sabedoria
DS  Nº  14
(A Palavra de Deus)

Amar a Deus

Amo a Deus, meu Pai, porque é amor e por amor me criou para a imortalidade, segundo a sua imagem e semelhança (Sb 2,23).

Deus me amou primeiro! A terra nem existia e ele já me amava; a humanidade inteira estava em seus desígnios. Desde a eternidade ele me concebeu, e antes das coisas mais antigas (Pr 8,22-23), eu, igualmente a todos, já estava em repouso no berço da luz inacessível (I Tm 6,16). Quando lhe aprouve estabelecer os seus desígnios, no momento em que as águas brotaram das fontes, eis que, pelo seu Espírito, soprou nas narinas de sua obra-prima e a transformou em alma vivente; olhou-a e viu-se no seio do barro, antes inerte, agora com vida e movimento; viu-se dentro do homem, sua imagem viva e perfeita sobre a terra, o templo vivo do ideal divino, o trono de sua morada no universo inteiro.

Coitado de mim!... É impossível não amar a Deus Pai que nos criou... É impossível não amar o Filho de Deus, nosso único Senhor Jesus Cristo, que na cruz do calvário nos perdoou todos os pecados e nos reconciliou com o Pai Eterno e, pelo beneplácito divino, colocou o Espírito Santo mais uma vez dentro de nós; agora, em definitivo, como escolha predileta dos corações apaixonados da Verdade Eterna. Sim, é impossível não amar o amor do Amor, o próprio amor do Pai e do Filho, o Espírito de Deus, o Paráclito que nos ensina todas as coisas; que nos foi dado por Deus, para que conheçamos todas as coisas que por Deus nos foram dadas (I Cor 2,12), e para recordar-nos tudo que, outrora, o Senhor Jesus nos falou; o Deus todo-poderoso!... Deus de Abraão, de Isaac e Jacó; Deus de Israel; que nos ama tanto que se nos declara “a menina de seus olhos”. (Zc 2,8 = Vulgata e 2,12 = Ave-Maria).

Amo a Deus, meu Pai, porque foi ele que me amou primeiro!... E porque me criou para a imortalidade (Sb 2,23) e me fez a sua imagem e semelhança.

Amo o meu Senhor Jesus Cristo, que me salvou da morte do pecado e me reconciliou com Deus meu Pai.

“De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte” (Rm 8,1-2).

Amo o Espírito Santo – hóspede e consolador de minha alma – que me santifica por inteiro: a alma, o espírito, o  corpo e todo o meu ser, principalmente, no mais íntimo e profundo, no núcleo central da vida, o coração, local onde as vestes alvejadas e embranquecidas no sangue do Cordeiro resplandecem mais sob o esplendor da luz inacessível da morada divina. (Ap 7,14).

“Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Cor 3,16).

“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (I Cor 6,19-20).

Ouço em meu coração a recordação de um “terço”, do qual só me chega à mente a lembrança destas três expressões:
“Creio em vós, Senhor, que sois a Verdade Eterna!...”

“Espero em vós, Senhor, que sois a Fidelidade Suprema!...”

“Amo-vos, Senhor, que sois a Bondade Infinita!...”

- Verdade Eterna
- Fidelidade Suprema
- Bondade Infinita

Estas expressões refletem a Trindade Santíssima em nossos corações, com justiça, paz e alegria do Espírito Santo, Reino de Deus que nos modela em homens novos criados por Deus, na verdadeira justiça e santidade. (Ef 4,24).

Assim, pela Verdade Eterna, Deus é Justiça e Santidade; pela Fidelidade Suprema, Deus é a viva esperança de nossos corações. (Tt 3,7) e pela Bondade Infinita Deus é a Divina Misericórdia. (Tt 3,5-6).

Finalmente, que disse o Senhor Jesus aos escribas e fariseus?

“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar sem, contudo deixar o restante” (Mt 23,23).

“Ai de mim, que sou um homem pecador!...” (Profeta Isaías)."

João C. Porto

domingo, 20 de maio de 2012

O Tesouro do Coração é o Senhor Jesus Cristo


Divina Sabedoria
DS    13
(A Palavra de Deus)

O Tesouro do Coração é Jesus

No fundo do quintal de nossa casa, Zuleica, minha senhora, e eu, construímos um quarto de alvenaria, com bom espaço, para despejarmos as coisas que, no momento, não eram utilizáveis.

De vez em quando, supervisionávamos uma vistoria no referido quarto, e, lançávamos no lixo tudo quanto não mais nos interessava.  

 Certo dia, mais recente, eu mesmo fiz uma visita um pouco demorada, ao quarto de despejos!... E, refletindo, intuiu-me no íntimo mais profundo do meu coração, uma pergunta: “Por que o quarto de despejos continua sempre mais cheio?”

“Não seria assim o teu coração!?”

Não seria necessário dizer que chorei!... Mas, que me enxugaram  as lágrimas (Ap 21,4a) sob a luz que me iluminava a alma, o fogo que me aquecia o coração e a unção da graça que  restaura às coisas santas.

Então, pude meditar duas expressões de São Paulo apóstolo e a maravilhosa sabedoria de Sto. Tomás de Aquino:

“Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para reconheçais qual é a vontade de Deus, boa, agradável e perfeita” (Rm 12,2 – Vulgata).

“Renovai-vos, pois, no espírito do vosso entendimento, e revesti-vos do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade verdadeira” (Ef 4,23-24).

“Ninguém pode chegar à herança daquela terra dos bem-aventurados, se não for movido e guiado pelo Espírito Santo” (Sto. Tomás de Aquino).

João C. Porto

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Santificação de Nossa Alma


Divina Sabedoria
DS    12
(A Palavra de Deus)

Santificação de Nossa Alma

É importante saber:

Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26a), como o Senhor Jesus falou à samaritana: “Deus é Espírito” (Jo 4,24).

Assim, o espírito do homem é a “imagem viva e perfeita” do Criador; enquanto a nossa alma é o “coração”, em sua estrutrua de santidade.

Deus disse: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará todas as minhas vontades” (At. 13,22).

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).

“Procurai a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém pode ver da Deus” (Hb 12,14).

“Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14b).

Obs.: Imagem de Deus = Espírito do homem.

“Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à sua imagem e semelhança” (Sb 2,23)

Semelhança de Deus: A alma santa.
Não é verdade que o Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para libertar o homem (o eu) da alma pecadora?

Jesus dizia aos judeus que nele creram: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,31-32).

“Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres” (Jo 8,36).

Ora, o Senhor Jesus Cristo, no sacrifício do Calvário, perdoou-nos os pecados e reconciliou-nos com Deus, nosso Pai; a fim de que, regenerados e renovados pelo batismo do Espírito Santo (Tt 3,5), quando de nossa libertação material, subamos a presença do Senhor, revestidos da alma de santidade, sem a qual ninguém poderá ver a Deus. (Mt 5,8; Hb 12,14)

Por isso, o Senhor, nosso Deus, nos diz: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo” (Lv 19,2)

“Vós sereis para mim um reino sacerdotal e um povo santo” (Ex 19,6).

“A exemplo da santidade daquele que vos chamou sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: “Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (I Pd 1,15; Lv 19,2).

Como o Espírito Santo nos santifica, santificando nossa alma através dos Dons infusos; isto é, Dons de santificação do Espírito Santo. (Is 11,1-2)

Na verdade, o próprio Espírito Santo infunde seus Dons em nós, fixando-os no núcleo mais íntimo e profundo do nosso ser, no núcleo central da vida, em nosso coração, como ferramentas próprias de suas inspirações, revelações e moções santificadoras de todo o nosso ser. É obra exclusiva de sua propriedade; somente Ele pode realizá-la. Apenas, nós a desejamos e a assentimos em o nome glorioso do Senhor Jesus Cristo, nossa salvação, ressurreição e glória.

Ora, o doce hóspede de nossa alma, o Espírito Santificador, desperta em nós, a partir da palavra de nossa salvação: a fé, a esperança e a caridade do amor do Pai e do Filho, as virtudes de suas perfeições divinas.

“Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo” (Rm 10,17).

“A esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

“Mas acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3,14).

Assim, pois, o homem renasce da água e do Espírito (Jo 3,5) para a vida nova do Reino de justiça, de paz e alegria do Espírito Santo (Rm 14,17), pela renovação da mente, como homem novo criado por Deus, na verdadeira justiça e santidade. (Ef 4,23-24).

Quando cremos em Deus e vivemos de fé para fé na palavra de Deus, que está no coração e na alma, o Espírito Santo, livremente, toma posse de todo o nosso ser e, através dos dons e das virtudes, principia o aperfeiçoamento dos filhos e filhas de Deus, a partir de nossas potências interiores, as faculdades do nosso espírito, a saber:

- Inteligência
- Vontade
- Memória
- Imaginação
- Afetividades

Ora, essa batalha é árdua, porque sob o influxo de nossas faculdades temos os sentidos e/ou as concupiscências, como nos fala o apóstolo João em sua carta:

“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2,15-17).

Os sentidos, geradores das concupiscências:

- Visão
- Audição
- Olfato
- Paladar
- Tato

Ora, com os Dons de santificação e suas respectivas virtudes, o Espírito Santo, que recebemos no batismo da Igreja e habita em nós (I Cor 3,16; 6,19-20), com nossa aquiescência, opera profundamente em nós, para nos santificar em todas as áreas de nossas faculdades espirituais.

Para nossa santificação, o Dom do entendimento, que corresponde à inteligência sobrenatural, é a porta que o Espírito Santo nos abre para que sejamos santificados, também, através dos demais Dons, a fim de que possamos compreender o que Deus nos fala relativamente no íntimo do profundo das verdades reveladas, em sua singeleza e santidade das coisas divinas – Intelegere – para a regeneração, renovação e santificação de nossa alma, a partir de nossas faculdades espirituais.

Assim, para a santificação da área de nossa inteligência, o Espírito Santo dispõe de três Dons.

- O Dom da Sabedoria, que julga das coisas divinas;

- O Dom da Ciência, que julga das criaturas;

- O Dom do Conselho, que regula e dispõe nossos atos.

Para santificação da área de nossa vontade, o Espírito Santo dispõe de um Dom:

O Dom da Piedade, que objetiva regular e dispor nossas relações com os demais, conforme nos ensina Dom Luiz M. Martinez

E, finalmente, para reestruturar e santificar a área inferior do nosso ser (memória, imaginação e afetividade), o Espírito Santo dispõe dois Dons:

- O Dom de Fortaleza para tirar-nos o temor do perigo, revestindo-nos de ânimo e coragem para vencer todo o mal.

- O Dom do Temor de Deus, para moderar os ímpetos desordenados da nossa concupiscência, conforme nos ensina o Santo Doutor, acima citado.

João C. Porto