domingo, 15 de abril de 2012

Divina Sabedoria

Divina Sabedoria
DS Nº 11
(A Palavra de Deus)
Por ocasião de nosso batismo, o Espírito Santo infundiu em nossos corações os Dons de santificação de nossa alma; também, chamados de Dons infusos, visto que os fixou em nosso interior mais íntimo e profundo, no coração, objetivando santificar-nos a partir de nossas faculdades espirituais.
Quais são as faculdades do nosso espírito?
- Inteligência e/ou entendimento natural
- Vontade
- Memória
- Imaginação
- Afetividades
A inteligência e a vontade são chamadas de faculdades superiores porque, pela inteligência penetramos no seio das coisas e/ou situações, ainda que difíceis e adversas, procurando compreendê-las e discerni-las e, pela vontade, decidimos o que fazer diante das adversidades da vida, segundo o reto juízo.
“Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça” (Jo 7,24)
As demais faculdades do nosso espírito, memória, imaginação e afetividade, gostaria de chamá-las de auxiliares no contexto da vida. A memória por ser importante em todos os momentos de nossas recordações. Até o Espírito Santo nos recorda ao coração tudo quanto outrora o Senhor Jesus Cristo falou (Jo 14,26b).
A imaginação!... peço desculpa por chamá-la de a “raimunda”e/ou a“maluquinha”,porque tem a cabeça e os pés no mundo!... Perdoem-me!... Mas é que, por ela, em um instante, permanecendo em nós mesmos, percorremos céus e terra e o universo inteiro e, mesmo assim, o proveito que tiramos, deixando de lado os castelos de areia, geralmente, tem pouca coisa; a menos quando está devidamente ordenada pelos dons de Fortaleza e do Temor ao Senhor.
Vejamos alguns versículos sobre a imaginação:
“Porque tumultuam as nações? Por que tramam os povos vãs conspirações?” (Sl 2,1)
“A fortuna do rico é sua cidade forte; em seu pensar, ela é como uma muralha elevada” (Pr 18,11).
“porque ele se mostra tal qual se calculou em si mesmo. Ele te diz: “Come e bebe” (Pr 23,7).
“Eu não sabia; minha alma colocou-me nos carros de Aminadab” (Ct 6,12).
“Ai dos maquinadores de iniqüidades, dos que tramam o mal nos seus leitos, e o executam logo ao amanhecer do dia, porque têm o poder na mão!” (Mq 2,1).
A imaginação é uma luz sempre acesa, de luminosidade forte que às vezes incomoda. É bom apagá-la e deixar que o Espírito Santo a ilumine. Ela faz parte de nossa santificação!...
Sobre a afetividade, gostaria apenas citar uns versículos bíblicos:
“Eu te amei com amor eterno; por isso, sou constante na minha afeição por ti” (Jr 31,3).
“Porque és precioso aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, e entrego nações em troca de ti” (Is 43,4).
Porque isto declara o Senhor dos exércitos (que me enviou, depois) da provação, contra as nações que vos despojaram: “quem vos toca, toca a menina dos meus olhos” (Zc 2,12 – Vulgata: 2,8),
“Quisestes apartar-vos de Deus; ponde agora dez vezes mais zelo em procurá-lo” (Br 4,28).
João C. Porto

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Dom de Fortaleza

Aprofundando a Boa Nova
Do Senhor Jesus Cristo
PJ Nº 07
Dom de Fortaleza
No estudo anterior, sobre o Dom do Temor ao Senhor, observamos que, para essa obra de santificação de nossa alma, o Espírito Santo opera na base da revelação íntima e profunda do conhecimento das coisas santas aos corações, a partir do Dom do Entendimento, objetivando o aperfeiçoamento de nossos sentimentos, atos e ações, através das faculdades do nosso espírito..
Vimos, alí, que o Espírito Santo nos ilumina com sua luz, aquece-nos com seu fogo e unge-nos com sua unção divina em todas as potências interiores do nosso espírito, visando a que sejamos regenerados, renovados e capacitados por Deus. (II Cor 3,5).
O profeta João Batista, cheio da fortaleza de Deus, dizia no início de sua pregação: “Arrependei-vos e convertei-vos, mudai de vida e mentalidade, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2).
São Paulo, também, para esse mister, nos falou: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que possais discernir qual seja a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12,2)
Ora, tudo isso, que João Batista e o apóstolo Paulo falaram, está em sintonia com o chamado do Senhor Jesus Cristo: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu julgo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mt 11,28-30).
O que nos faz o Espírito Santo através do Dom de Fortaleza?
Para que possamos superar as dificuldades e fugir do perigo, o Espírito Santo nos ilumina através da virtude moral (cardeal) da Fortaleza, a qual se une com as demais virtudes que lhes são, em conjunto, próprias e adequadas:
- A paciência
- A perseverança
- A fidelidade
- A magnanimidade
Ora, como já sabemos, a paciência nos conduz a perseverança, esta nos fortalece na suprema fidelidade, e a fidelidade é própria de uma alma bondosa, generoso e que tem grandeza e magnanimidade de coração; como nos exorta São Paulo: “Tudo posso naquele que fortalece” (Fl 4,13).
Assim, todo princípio nos vem pelo Dom do Entendimento (Inteligência sobrenatural). Por ele penetramos e compreendemos as verdades divinas.
Desse modo, nossa inteligência, que é a maior faculdade do nosso espírito, em seu conteúdo, é ordenada, instruída, transformada e renovada através de três Dons de santificação, como já vimos anteriormente:
- Pelo Dom do Entendimento penetramos nas verdades divinas – intelegere – e as compreendemos, conforme Deus nos revela de suas coisas santas. E, como nos ensina o santo doutor, para julgar destas verdades, há três Dons:
- O Dom da Sabedoria que julga das coisas divinas;
- O Dom da Ciência que julga das criaturas;
- O Dom do Conselho que regula e dispõe os nossos atos.
Para a faculdade de nossa vontade, “que segue em categoria e nobreza a de nossa Inteligência, há um Dom”, o Dom da Piedade, que tem por objetivo regular e dispor nossas relações com os demais.
Observemos que, pelo do da Piedade, o Espírito Santo move e aperfeiçoa, principalmente, em nossa vontade, a virtude cardeal da justiça.
E, como nos ensina Dom Luiz M. Martinez, para dominar a parte inferior do nosso ser, há dois Dons: o de Fortaleza e o de Temor de Deus;
- o de Fortaleza para tirar-nos o temor do perigo;
“Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal” (Mt 6,12-13).
- e o Temor de Deus para moderar os ímpetos desordenados da nossa concupiscência.
“Guardo no fundo do meu coração a vossa palavra, para não pecar contra vós” (Sl 118,11).
Diz-nos Dom Luiz M. Martinez: “Pelo Dom da Fortaleza não só temos a firmeza necessária para superar todas as dificuldades e fugir de todos os perigos, mas o Espírito Santo infunde também em nossas almas uma confiança como a que exprime o apóstolo São Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13).
Observemos isto: “As virtudes têm uma norma diferente dos Dons; a regra da virtude da Fortaleza é a amplidão das forças humanas. A fortaleza nos alenta para acometer empreendimentos árduos, infunde-nos firmeza para superar as dificuldades; mas como tem essa norma, esta medida: nossas próprias forças, a virtude da fortaleza não pode possibilitar-nos algo superior às forças humanas.
Assim, pois, os teólogos nos afirmam: “qualquer desvio da nossa vontade, tanto para a direita como para a esquerda, afasta-nos da virtude.”
Por isso, na Escritura há um conselho prudentíssimo: “Não procureis o que é superior às vossas forças”.
Finalmente, ensina-nos a sabedoria: “os pensamentos dos homens são tímidos e as suas providências incertas” (Sb 4,4).
João C. Porto

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dom do Entendimento

Aprofundando a Boa Nova do

Senhor Jesus Cristo

PJ 12

Dom do Entendimento

O Dom do Entendimento, na ordem dos Dons de santificação, do Espírito Santo, citados em Is 11,2, é o segundo. Ele é também conhecido como Dom da inteligência sobrenatural.

Quando nascemos para este mundo, aqui, da terra, nossos olhos se abrem sob o influxo das faculdades do nosso espírito – inteligência, vontade, memória, imaginação e afetividades – e dos sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato, principalmente.

Daí, entendemos que o Dom do Entendimento – inteligência sobrenatural – e a nossa faculdade da inteligência – inteligência natural do homem – são as portas que o Espírito Santo nos abre, a fim de que possamos nos mover, interagir e viver no mundo sensível da matéria em que nos encontramos.

Os Dons de santificação, de que nos fala o profeta Isaías (Is 11,2), são as ferramentas de que dispõe o Espírito Santo para a santificação da nossa alma.

Por ocasião do batismo que recebemos na Igreja do Senhor Jesus Cristo, a Igreja Católica, o Espírito Santo os infunde em nosso espírito, em nossa alma, em nosso coração e em todo o nosso ser. Quer dizer, fixou-os dentro de nós como ferramentas adequadas e necessárias a que ele nos santifique através de nossas faculdades espirituais:

Inteligência

Vontade

Memória

Imaginação

Afetividades

Ora, sem a santificação das faculdades do nosso espírito, acima citadas, nossa alma permanecerá “Raimunda” – com a mente, a razão, os pés e as mãos no mundo -; isto é, uma vagabunda que se compraz com o mundo e seus respectivos projetos.

O que Deus nos diz através do profeta Jeremias? “Bem conheço os desígnios que mantenho para convosco – oráculo do Senhor – desígnios de prosperidade e não de calamidade, de vos garantir um futuro e uma esperança” (Jr 29,11).

“Invocar-me-eis e vireis suplicar-me, e eu vos atenderei. Procurar-me-eis e me haveis de encontrar, porque de todo o coração me fostes buscar” (Jr 29,12-13).

É-nos necessário meditar dia e noite no que significa buscar a Deus de todo o nosso coração: “Então procurarás o Senhor, teu Deus, e o encontrarás, contanto que o busques de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Dt 4,29).

Essa obra de regeneração e renovação do Espírito Santo (Tt 3,4-7) que, como luz divina, opera profundamente em todo o nosso ser, tem como princípio a fé que vivemos em virtude da pregação da palavra de Cristo (Rm 10,17), pelo assentimento da verdade integral e o amor de Cristo que está difundido largamente em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado.

O Dom do entendimento é a luz da inteligência sobrenatural que nos ilumina a partir do interior das verdades reveladas, a fim de que as compreendamos do jeitinho amoroso e delicado como o Senhor nos instrui a entender tudo, como nos capacita (II Cor 3,5), segundo o sentido espiritual do que Deus nos fala, do que ele, pelo Espírito Santo, nos ajuda ler em plenitude do coração: “Intelegere!”.

Entender, do latim “intus legere” significa ler interiormente; penetrar no interior das verdades reveladas por Deus.

A luz do Dom do Entendimento – inteligência sobrenatural – que estudamos neste pequeno aprofundamento, é-nos útil para penetrarmos às verdades sobrenaturais e lê-las por entro, a partir do interior mais íntimo e profundo das revelações divinas, conforme nos ensina o Espírito Santo sob o influxo divino da condução amorosa de nossa alma. É por essa razão que a Santa Igreja nos ensina que o Espírito Santo é o doce hóspede de nossos corações.

Assim, na ordem sobrenatural, entender é penetrar ao seio íntimo das verdades divinas. Por isso, através da luz do Dom do Entendimento, o Espírito Santo ilumina os olhos de nossos corações, para que, penetrando as verdades sobrenaturais, façamos a leitura integral da verdade, a partir de nosso íntimo, no profundo de cada uma delas, conforme o Senhor quer que façamos para proveito comum.

Vejamos bem, só assim poderemos degustar e saborear das verdades espirituais, como bem nos falam o profeta Jeremias e o Salmista: “Achei a tua palavra, alimentei-me com ela; a tua palavra foi para mim o prazer e a alegria do meu coração, porque o teu nome foi invocado sobre mim, Senhor Deus dos Exércitos” (Jr 15,16 – Vulgata). “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! São-no mais que o mel à minha boca” (Sl 118,103 – Vulgata).

Chega, agora, ao meu coração uma pequena fagulha da luz que não se apaga e me ilumina quão proveitoso é comparar o Dom do Entendimento como a porta estreita de que nos fala o Senhor Jesus (Mt 7,13-14)

Porque, se assim não for, como que o Dom da Sabedoria revelará nossa inteligência, relativamente às coisas divinas que nos santificarão?

Todo o princípio santificador de nossa alma relaciona-se ao conjunto de nossas faculdades espirituais. Na medida em que o Espírito nos corrige e educa, seremos gradativamente capacitados por Deus, a fim de que, pela nossa aquiescência, possamos viver de fé para fé que opera pela caridade do amor de Cristo Jesus.

“Eu repreendo e corrijo aqueles que amo. Reanima, pois, teu zelo e arrepende-te” (Ap 3,19).

Assim, o Espírito Santo, pelo Dom do entendimento, nos leva ao profundo do conhecimento das verdades divinas, a fim de santificar-nos através da faculdade de nossa inteligência. E, para julgar destas verdades, temos mais três dons:

- O dom da Sabedoria que julga das coisas divinas;

- O dom da Ciência que julga das criaturas; e

- O dom do conselho que julga e dispõe os nossos atos.

Então, para a faculdade de nossa Vontade, que é tão nobre em categoria quanto nossa inteligência, temos apenas um Dom: “O Dom da Piedade, que tem por objeto regular e dispor nossas relações com os demais.” O Dom da Piedade é o dom da nossa filiação, cuja virtude que se nos move é a “justiça”.

Por fim, para mover e dominar a parte inferior do nosso ser há dois Dons:

- O Dom da Fortaleza para tirar-nos o temor do perigo; e

- O Dom do temor ao Senhor para moderar os ímpetos desordenados da nossa concupiscência.

Concupiscências são nossos sentidos: (I Jo 2,15-17).

Finalmente, terminamos, com de costume, com uma palavra do santo Doutor: “O Dom do Entendimento deixa a alma numa profunda desolação para transformar seu entendimento, para purificar os olhos do espírito, para que um dia possa ver a Deus”.

João C. Porto