quarta-feira, 23 de março de 2011

Buscai ao Senhor


Buscai ao Senhor

Leituras necessárias para algumas situações e momentos oportunos de nossas vidas:

“Buscai ao Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que ele está perto” (Is 55,6)

Deus está tão perto de nós, tão pertinho!... Tão unido à sua imagem viva e perfeito sobre a terra, que, ao soprar sobre o homem, trouxe ao coração humano esta pequena história:

Conta-se que Deus, certa vez, disse aos anjos do céu: “escondam-me em um local fácil de o homem me encontrar; mas, ao mesmo tempo, difícil... Num recanto onde floresça a vida, mas pouco visitado por ele”. Dizem que os anjos sugeriram muitos lugares... Então o Senhor Deus lhes disse: “Escondam-me em sua casa, isto é, no seu coração”. E assim foi feito!

“Verdadeiramente um Deus se esconde em tua casa, o Deus de Israel, um Deus que salva!” (Is 45,15)

Obs.: Se esconde: pois não se faz imagem alguma dele, segundo o hebraico: “Tu és um Deus que se esconde”. Ele está presente em todo o lugar.

Dessa forma, para facilitar que visitemos o Senhor no interior de nossa própria casa, registramos abaixo algumas sugestões tão necessárias para todos os momentos de nossa vida, a qual começa no coração, para que se possa pisar firme sobre a terra, ouvindo e vendo melhor com ouvidos e os olhos do coração; porque, nesse caso, ouvimos e vemos como Deus ouve e vê. Estas coisas são tudo de bom de que precisamos vivê-las no coração: único lugar de encontro com o Todo-poderoso Deus de Israel.

Ora, Deus nos ama, não porque somos bons; mas, porque ele é bom: “sua bondade e misericórdia duram para sempre”.

Lembremo-nos de que esse é o dia que o Senhor fez para nós: seja para nós dia de alegria e de felicidade. (Sl 117,24)

Eis, abaixo, os muitos momentos difíceis da condução de nossa cruz:

Para quando a tristeza chegar à nossa porta: Será oportuno lermos o capítulo 14 do Evangelho de São João.

Para quando falarem mal de nós e nos perseguirem: Será oportuno lermos o Salmo 26 (vinte e seis).

Para quando o nervosismo nos abater: Deveremos ler o Salmo 50 (cinqüenta).

Quando estivermos sob o peso das preocupações: Deveremos ler, de preferência, Mt 6,19-34.

Quando estivermos em perigo: Leremos, por oportuno, o Salmo 90 (noventa).

Quando Deus nos parecer distante: Será de todo conveniente lermos bastante o Salmo 62 (sessenta de dois).

Quando precisarmos fortalecer nossa fé e nossa esperança: Deveremos ler o Capítulo 11 (onze) da Epístola de S. Paulo aos Hebreus.

Quando estivermos solitários e com medo: Deveremos ler com viva esperança o Salmo 22 (vinte e dois).

Quando formos ásperos e críticos: Será importante lermos e meditarmos a Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 13 (treze).

Para conhecermos o segredo que nos levará à felicidade: Será oportuno lermos também a Epístola aos Colossenses, Capítulo 3,12-17.

Quando nos sentirmos tristes e sozinhos: Deveremos ler e meditar a Epístola aos Romanos, Capítulo 8,31-39.

Quando necessitarmos de paz e descanso, deveremos ler: Mt 11,25-30.

Quando o mundo nos parecer maior que Deus: Será oportuno lermos o Salmo 89 e Filipenses 4,6-7.

Nosso Deus de Abraão, de Isaac e Jacó, e único Senhor, terá sempre, através da Bíblia Sagrada, uma palavra para cada momento difícil ou especial de nossas vidas.

O Senhor Jesus Cristo nos diz: “Se alguém tiver sede, venha mim e beba” (Jo 7,37). “Quem crê em mim, como diz a Escritura: do seu interior manarão rios de água viva” (Jo 7,38; Zc 14,8; Is 58,11).

João C. Porto

domingo, 20 de março de 2011

A Nova Geração dos Filhos de Deus


A Nova Geração dos Filhos de Deus

Um único Deus!... Duas mulheres!... Dois homens!... Duas gerações!... (Mt 24,34; Mc 13,30; Lc 21,32).
Pela primeira Eva nos veio o pecado e pelo pecado, a morte (Sb 2,23-24).
“Foi pela mulher que começou o pecado, e é por causa dela que todos morremos” (Eclo 25,33).
Pela segunda Eva, Maria de Nazaré, nos vieram à graça, que nos salva mediante a fé, e a verdade que nos liberta em Cristo, Jesus (Jo 1,17). E a plenitude da graça de Deus não é mérito nosso; mas, dom gratuito de Deus, para a salvação de quantos crerem nele.
“Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus” (Ef 2,8).
Assim, se por uma mulher nos vieram o pecado e a morte, por outra mulher, Deus nos enviou à salvação e a vida eterna. Ora, tudo isso é sabedoria de Deus, fonte de vida eterna.
São Paulo nos ensina que quando chegou o tempo da plenitude, Deus enviou o seu Filho, que nasceu de uma mulher, e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção filial. A prova de que sois filhos é a de que Deus enviou-nos aos corações o Espírito de seu Filho, que clama: “Aba, Pai!” (Gl 4,4-6).
Ora, o Espírito Santo testemunha ao nosso espírito de que somos filhos de Deus (Rm 8,16). E, na verdade, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorficados. (Rm 8,17).
Ora, todos são descendentes de Adão; portanto, da geração adâmica; isto é, vindos de Adão e Eva. Mas, desde o tempo da plenitude; isto é, desde Cristo até o final dos tempos, “todos aqueles que o receberem – isto é, a Jesus Cristo – aos que crêem no seu nome, a estes, Deus lhes deu o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus” (Jo 1,12-13)
Então, todos os batizados, os que estão revestidos de Cristo (Gl 3,27) são filhos e filhas de Deus, pela fé em Cristo (Gl 3,26) e pela condução amorosa do Espírito Santo de Deus (Rm 8,14). Estes, na verdade, fazem parte do Cristo total; pois, já não são eles que vivem, mas é o próprio Cristo que vive neles (Gl 2,20). Desse modo, suas vestes já estão lavadas, alvejadas e embranquecidas no sangue do Cordeiro (Ap 7,14). Eles, na verdade, fazem parte da nova geração, a geração dos ressuscitados, cuja primícia é nosso Senhor Jesus Cristo.
Desse modo, podemos observar que na ressurreição de Cristo, ocorreu a primeira ressurreição. Ali, todos os justos do Antigo Testamento ressuscitaram com Cristo, Jesus; como se pode observar no Evangelho de Mateus (27,51-53).
Se alguém quiser ser de Cristo, para que ressuscite com ele no último dia, sendo cristo de Cristo, de modo que seja totalmente dele, busque-o agora, porque o amanhã poderá ser tarde!... Atenção! Lembramos a mim mesmo e a todos por extensão: devemos buscá-lo porque o desejamos, desejá-lo porque o amamos, e amá-lo, porque o conhecemos; conforme a palavra de Deus nos instrui a fazê-lo: “Então procurarás o Senhor, teu Deus, e o encontrarás, contanto que o busques de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Dt 4,29). “Procurar-me-eis e me haveis de encontrar, porque de todo o coração me fostes buscar” (Jr 29,13)
Pense, medite; pense e reflita muitas vezes, até que entendas de todo o espírito, de toda a tua alma, de todo o teu coração e de todas as forças do teu ser mais íntimo e profundo, o que significa de todo o coração!...
Pretendemos inclusive para nós também, citar um versículo como uma boa ajuda para este mister: “a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).
É, pois, necessário que o encontremos dentro do nosso coração; porquanto, este é templo de Deus (I Cor 3,16: 6,19-20) e a nossa casa onde Ele se esconde (Is 45,15)
João C. Porto

sexta-feira, 11 de março de 2011

Maria, Mãe do Senhor Jesus Cristo




                         Curso da Bíblia Sagrada

                                    CBS – 05

               Maria, Mãe do Senhor Jesus Cristo


01. Quem é a Imaculada e sempre Virgem Maria, Mãe do Senhor Jesus Cristo?


É a virgem pura, santa, imaculada; isto é, sem nenhuma mancha do pecado (Ct 4,7). Ela é da descendência de Davi, da mesma forma que seu esposo José.

Para nós, sua virtude maior, no entanto, é ser a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus e Redentor, por quem ela recebeu todas as graças. Ao nos dá Jesus, ela nos deu a fonte de todas as graças, tornando-se, assim, por mérito do seu único Filho, medianeira de todas as graças.


A palavra de Deus, também, fala da Imaculada e sempre Virgem Maria como Mãe do Senhor Jesus Cristo:


“Eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus” (Lc 1,31 - Vulgata).


O arcanjo Gabriel lhe disse, também: “O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; por isso mesmo o santo que há de nascer de ti, será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35 – Vulgata).
Maria é, na expressão de Santa Isabel, a Mãe de Deus: “Donde me vem esta alegria de que a mãe do meu Senhor me visite? (Lc 1,43).
Ora, o Salmista, no Salmo 99, nos diz: Sabei que o Senhor é Deus: ele nos fez, e a ele pertencemos. Somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho” (Sl 99,3).

Na verdade, Isabel estava repleta do Espírito Santo quando proclamou esta verdade. Era um momento tão sublime da graça de Deus que João Batista foi batizado ali mesmo, no ventre de sua mãe.

Por outro lado, através da palavra do apóstolo João, observa-se que Maria é, também, a Mãe do Verdadeiro Deus e a vida eterna, conforme o versículo, abaixo, citado:
“Mas sabemos que veio o Filho de Deus e que nos deu entendimento para que conheçamos o Verdadeiro Deus e estejamos no seu verdadeiro Filho. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (I Jo 5,20).
Obs.: Quando dizemos que Maria é Mãe de Deus, devemos compreender que não estamos afirmando que Maria gerou a Fortaleza de Deus, mas o Deus Forte, o menino que nos foi dado por Deus, em cujos ombros repousa a soberania, e que por isso ele se chama: “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz!” (Is 9,5).
Ora, se Maria é a Mãe do Senhor, ela é a Mãe de Deus:
“Sou Eu, sou Eu o Senhor, e fora de mim não há Salvador. Eu é que vos anunciei e vos trouxe a salvação... vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e Eu sou Deus” (Is 43,11-12b = Vulgata).
02. Que profecias do Antigo Testamento falam sobre a Virgem Maria?
“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar” (Gn 3,15).
“Por isso o mesmo Senhor vos dará este sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel” (Is 7,14).
“O Senhor disse-me: Esta porta estará fechada; não se abrirá e ninguém passará por ela; porque o Senhor Deus de Israel entrou por esta porta e ela permanecerá fechada” (Ez 44,2).
Ora, sobre este versículo do profeta Ezequiel, assim comentou santo Agostinho: “Que significa esta porta fechada senão que Maria foi Virgem Antes, Durante e Depois do Parto?”
03. Que outras passagens da Bíblia são atribuídas à pureza, à beleza e ao poder que Deus conferiu a ela como Mãe de Jesus e nossa Mãe?
“Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo; bendito és tu entre as mulheres” (Lc 1,28b).
“Eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48b).
“Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram” (Lc 11,27b).
“Toda és formosa, amiga minha, e em ti não há mancha alguma” (Ct 4,7).
“Quem é esta que avança como a aurora, quando se levanta, formosa como a lua, brilhante como o sol e terrível como um exército formado em ordem de batalha?” (Ct 6,10).
“Eu saí da boca do Altíssimo, a primogênita antes de todas as criaturas” (Eclo 24,5).
“e na assembléia dos santos estabeleci a minha assistência” (Eclo 24,16b).
“Eu sou a mãe do amor formoso, e do temor, da ciência e da santa esperança” (Eclo 24,24).
“O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, desde o princípio, antes que criasse coisa alguma. Desde a eternidade fui constituída, e desde o princípio, antes que a terra fosse criada. Ainda não havia os abismos, e eu estava já concebida; ainda as fontes das águas não tinham brotado;” (Pr 8,22-24).
“Eis que o Senhor criou uma coisa nova sobre a terra: Uma mulher cercará um homem” (Jr 31,22b).
04. Onde a Virgem Maria aparece pela primeira vez na história de nossa salvação?
Lendo Lc 1,26-27, percebemos que foi em Nazaré:
“Estando Isabel no sexto mês, foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão, chamado José, da casa de David, o nome da virgem era Maria”.
Esta virgem, sem a mancha do pecado, imaculada, pura e santa, seria a única pessoa em condições de, pela vontade de Deus, esmagar a cabeça da serpente enganadora (Gn 3,15). Todas as outras pessoas, manchadas pelo pecado original, inoculadas pelo veneno da desobediência e da auto-suficiência que Satanás colocou em seus corações, jamais teriam em si a força para esmagar a cabeça daquele que as escravizou (V. Gn 3,24). Somente alguém como Maria e como Jesus, que possuíam o dom da integridade, poderia exercer tal obra do poder e do amor de Deus, até mesmo antes da ressurreição de Cristo, Jesus.
Santa Imaculada, Mãe de Jesus, Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe, Maria, por veracidade dos desígnios eternos, tornou-se a fonte das fontes para nós. Foi ela que, pela bondade do Pai Eterno, nos trouxe Jesus Cristo, Filho de Deus e Senhor de nossas vidas, fonte de todas as graças e de toda a verdade que procede da boca de Deus (Jo 1,17b).

 
Não pode, portanto, haver dúvidas de que Maria é nossa medianeira. Se ela, por obra do Espírito Santo de Deus, nos deu Jesus, que é a fonte de todas as graças – “a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” – e o Verbo eterno de Deus nos céus (Eclo 1,5), ela tem a capacidade, dada por Deus, de mediar todas as graças de que seus filhos e filhas necessitam. Se é verdade que “quem pode mais, pode menos”, quem nos deu Jesus poderá conceder-nos, na bondade do Pai e em Jesus, com Jesus e por Jesus, todas as graças do amor perene. Assim, a visão que temos é a de que Maria é como a circunferência do puro amor. Não é verdade que a palavra de Deus nos afirma que uma mulher cercará um homem (Jr 31,22b)?

Então, Maria é a circunferência e o Senhor Jesus é o centro. Por isso, toda graça vinda do trono da glória divina nos vem pelo centro; mas, para chegar até nós passará pela circunferência.

Como se pode concluir, nossa Senhora e mãe nossa é a constante intercessora para a Igreja e para seus filhos e filhas. Por isso, São Francisco de Sales dizia que um pedido de Maria a seu Filho Jesus, é mais que uma súplica, é, na verdade, uma ordem! É, certamente, por tudo isso que a Santa Igreja Católica considera Maria como a medianeira de todas as graças divinas.
05. Pode-se dizer que Maria, sendo esposa de José, é também esposa do Espírito Santo?
Claro que sim! Maria é esposa do Espírito Santo, porque foi por virtude do Espírito de Deus que dela nasceu Jesus (Lc 1,31), o Filho do Deus Altíssimo (Lc 1,35). Isto não seria um caso de bigamia, visto que Deus é o gerador da vida. O homem é apenas instrumento do Todo-poderoso para perpetuar a espécie humana sobre a terra. Nesse sentido, pode-se ler:
“Mas a todos os que o receberam, Deus lhes deu o poder de se tornarem filhos de Deus aos que crêem no seu nome” (Jo 1,12).
06. Por que chamamos Maria de Virgem Santíssima?
Além de a virgindade ser sinal de pureza para nós, era também um exigência profética com relação à Maria.
Façamos uma analogia entre o que o Gênesis diz de Rebeca, esposa de Isaac, e o que Isaías diz de Maria:
“Era uma donzela linda em extremo, e uma virgem formosíssima e não conhecida por homem algum” (Gn 24,16a).
“Uma virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel” (Is 7,14b).
Maria é Santíssima, além de virgem, porque é cheia de graça (Lc 1,28) e sem mancha do pecado (Gn 3,15; 6,3; Ct 4,7). Se no seu seio repousou o Filho do Pai Eterno, ela é, com certeza, mais santa do que todos os anjos e santos.
07. Que mais se pode dizer sobre os atributos da Virgem Santíssima?
a) É modelo de vida espiritual, reverenciado em toda a Igreja, na celebração dos mistérios divinos.
“Maria conservava todas estas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19).
b) É, também na Igreja, riquíssimo modelo de fé e de união com Cristo.
“Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc 1,45).
c) É virgem que sabe escutar e acolher com fé a palavra de Deus.
“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
d) É a testemunha de si mesma diante de todos os acontecimentos da encarnação do Verbo de Deus.
“O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus” (Lc 1,30).
e) É modelo de vida de oração, sempre à escuta do Senhor. “Magnificat” (Lc 1,46-55).
f) É.modelo de Mãe bondosa e cheia de amor, que intercede, constantemente, por seus filhos menores junto a Jesus.

“Faltando vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Não têm mais vinho” (Jo 2,3).
g) É modelo de oração nos cenáculos dos grupos, quando nos reunimos para orar.

“Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres e com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (At. 1,14).
h) É virgem mãe que, agraciada por Deus, gerou na terra o Filho do Altíssimo.
“O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).
i) É para nós modelo de vida de fé, aceitação e confiança, a exemplo de seu sim a Deus.
“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
j) É a virgem oferente, que, ao pé da cruz, traspassada de dor e sofrimentos, ofereceu seu filho ao Pai, Dele recebendo, por intermédio de seu Jesus, o grande encargo de Mãe da Igreja e de toda a humanidade.

“Jesus, vendo Sua mãe e junto dela o discípulo que ele amava, disse a Sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe. E, desta hora em diante, a levou o discípulo para sua casa” (Jo 19,26-27).
                                                    QUESTIONÁRIO PARA REFLEXÃO E APROFUNDAMENTO
08. Como aconteceu o anúncio à Virgem Maria e que saudação lhe fez o anjo do Senhor?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 1, Vers. 26-28.
09. Depois da saudação, que mensagem o Anjo Gabriel transmitiu à Virgem Maria?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 1, Vers. 30-33 .
10. Que tipo de esclarecimento Maria pediu ao anjo, e o que Gabriel complementou sobre o assunto?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 1, Vers.34-35 .
11. Que palavras disse Mara ao anjo Gabriel quando aceitou a vontade de Deus em sua vida?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 1, Vers. 38
12. Que visita importante a Virgem Maria fez, depois que concebeu pelo poder do Espírito Santo?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 1, Vers. 39-40
13. Que saudação Isabel fez a Maria ao recebê-la em sua casa?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 1, Vers. 42-45
14. Que oração de exultação e alegria a Virgem Maria proclamou, em ciência e profecia, diante de Isabel?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 1, Vers. 46-55

 
15. Em que cidade e local a Virgem Maria deu à luz seu Filho primogênito?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 2, 4-7
16. Na oportunidade do nascimento de Jesus, que boa-nova o anjo do Senhor anunciou aos pastores naquela noite?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 2, Vers. 10-12
17. Que atitude teve Maria diante de todos os acontecimentos e testemunhos dos pastores?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 2, Vers. 19
18. Que disse o profeta Simeão a Maria, depois de ter abençoado a Sagrada Família?

Evangelho de S. Lucas – Cap. 2, Vers. 34-35
19. O que disse Maria aos serventes, nas Bodas de Caná, depois de instar junto a Jesus sobre a falta de vinho?

Evangelho de S. João – Cap. 2, Vers. 5

20. Antes de morrer, na cruz, Jesus nos deu Sua mãe como nossa mãe e mãe da Igreja. Que palavras o Senhor Jesus proferiu, nesse sentido, à Virgem Maria e ao apóstolo amado?

Evangelho de S. João – Cap. 19, Vers. 26-27
21. Depois da ascensão do Senhor, em que local a Virgem Maria foi novamente repleta do Espírito Santo, juntamente com os apóstolos do Senhor Jesus?

Atos dos Apóstolos – Cap. 1, Vers. 13-14
João C. Porto
Obs.: Este Curso de Introdução à Bíblia Sagrada se encontra na nossa apostila – 1992.

quarta-feira, 9 de março de 2011

DONS PRETERNATURAIS


Dons preternaturais conferidos aos nossos primeiros pais.

Dom da Integridade

O dom da Itegridade possui o caráter de aperfeiçoar a natureza do homem, sem a elevar a ordem divina. O dom a integridade é, portanto, um dom gratuito. Quando se diz dom da integridade, é o mesmo que dizer: mantém o homem íntegro como o foi criado por Deus; isto é, que conservava o domínio sobre a natureza humana, protegendo-o da infidelidade.

Deus assim os criou e os preservava, para que a alma do homem fosse sempre assim, estruturada pelo próprio Senhor (Gn 3,8), a fim de que pudesse realizar todas as coisas, conforme a sabedoria e a vontade do Criador, único Senhor.

Vejamos como Deus fala através do Salmista: “Vou te ensinar, vou te instruir no caminho que deves seguir; fitando em ti os meus próprios olhos” (Sl 31,8).

- Ciência infusa

- Domínio das paixões

- Imortalidade do corpo

Dom a Imortalidade

Deus não criou o homem para morte:

“Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. Foi por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão” (Sb 2,23-24)

Ob.: Colocamos este versículo, abaixo, para extrair dele uma belíssima alegoria:

“Foi pela mulher que começou o pecado, e é por causa dela que todos morremos” (Eclo 25,33).

O sentido alegórico: “Por Eva nos veio à morte; mas, por Maria, nos veio à salvação e a vida eterna; mesmo porque Maria é a Mãe do verdadeiro Deus e a vida eterna” (IJo 5,20b).

Dom da Impassibilidade

Finalmente, Deus não nos criou para a dor e o sofrimento:

“Deus disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores...” (Gn 3,16a).

João C. Porto

sábado, 5 de março de 2011

A Fé: Curso da Bíblia Sagrada

 
                                   Curso da Bíblia Sagrada
                                              CBS – 11
                                                 A Fé
01. O que é a fé?
A fé é um conjunto de disposições interiores que nos levam a crer em Deus, a partir:
a) da obra da Sua criação, da qual participamos:
“São insensatos por natureza todos que desconheceram Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer aquele que é, nem reconhecer o artista, considerando suas obras” (Sb 13,1).
b) da veracidade de Sua palavra:
“Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,31-32).
c) de Suas manifestações cognitivas:
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12,2).
d) da revelação das coisas visíveis e invisíveis:
“Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar” (Rm 1,20).
e) dos sentidos que despertam os desejos do homem:
“Então procurarás o Senhor, teu Deus, e o encontrarás, contanto que o busques de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Dt 4,29 = Jr 29,13).
Segundo o apóstolo Paulo, a Fé é a realidade das coisas que esperamos e a certeza das que não vemos. (Hb 11,1)
A Fé, na verdade, é o fundamento de nossa esperança. Sem fé não há esperança e sem esperança não haverá vida eterna em Cristo, Jesus (I Jo 5,11-12); nem tampouco a herança que se nos vislumbra através dos olhos do coração; pois, o justo que vive da fé. (Hab 2,4; Rm 1,17).
A Fé pode ainda expressar-se pela segurança decorrente do conhecimento da verdade ou pela esperança que se baseia no testemunho de outrem.
Fé é crer em alguém, ainda que de forma simples, mas real e verdadeira. É crer do íntimo do coração, sem perder de vista o objetivo de suas promessas.
A Fé é, portanto, um sentimento da alma humana que se move na direção do objetivo desejado ou prometido. Desse modo, temos a Fé que nasce de nós mesmos pela capacidade de conquista adquirida e da prática de vida, e a Fé que se fundamenta na promessa eterna.
É por isso que, no campo sobrenatural, o qual abrange também o racional e, portanto, natural, a Fé se eleva a presença de Deus, o Criador de todas as coisas, e, por isso, nutre esperanças em bens definitivos e eternos.
Nesse sentido a Fé é dom do Espírito Santo (I Cor 12,9a) e se desenvolve pela busca e prática da vida espiritual, pelos olhos da esperança e no caminho das virtudes.
Desse modo, a Fé é dom que se consolida no dom maior que é o amor. É necessário saber que, estando a Fé de mãos dadas com a esperança e o amor, possui características ornamentais.
2. Quais são os elementos ornamentais da Fé?
Como dom, a Fé tem ornamentos espirituais e sentimentais; como virtude, a Fé é ordenada pela caridade do amor, fonte de todas as perfeições.
Com efeito, o Espírito Santo é o corolário da Fé, porque através da potência desse dom nos vem o exercício de outros dons. Essa prática é tanto mais perfeita e virtuosa na medida em que permitimos que o amor opere livremente em nossas vida e, conseqüentemente, em todos os nossos atos e ações.
Desse modo, as virtudes e dons que se movem em nós pelo exercício do dom da Fé são ornamentos espirituais, porque ampliam, enriquecem e tornam a Fé cada vez mais viva e operante em nossa vida e no seio da comunidade – Igreja.
Por outro lado, a esperança, a perseverança, a confiança, a entrega incondicional ao Senhor Jesus, o sentir-se envolvido no amor como filhos de Deus e a convicção do eterno são, em parte, os ornamentos sentimentais durante a caminhada de homens e mulheres de fé, fé no Deus vivo, El Hay.
Ora, Santo Agostinho nos diz que a virtude é a ordem no amor. Isto quer dizer que todos os dons do Espírito Santo derramados sobre nós – carismas – dependem de uma ação maior que é o exercício das virtudes teologais (I Cor 13,13), e bem assim da prática amorosa dos frutos do Espírito Santo: alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, longanimidade, mansidão, fidelidade, modéstia, temperança e castidade. (Gl 5,22-23).
3. O que é ter Fé?
Ter fé não é simplesmente crer, pois, nesse sentido, até os demônios crêem e tremem (Tg 2,19). Ter fé é acreditar. Acreditar a partir do potencial natural e sobrenatural de que dispomos, para que, no exercício dos dons e das virtudes, não haja dúvida, mas certeza da realização dos bens de nossa espera, segundo a promessa. (Tt 3,7).
Os trechos a seguir são exemplo do que é ter fé:
“Mestre, trabalhamos a noite toda e não apanhamos nada, mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede” (Lc 5,5).
“Simão Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos nós? “Só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).
“Se eu ao menos tocar na orla do seu manto, serei curada” (Mt 9,21)
.
Ter fé não é uma força mental nem um sentimento natural. É mais que isto. É virtude de Deus que está em nós, opera em nós e através de nós. É virtude que se move no nosso interior, em o nome do Senhor Jesus, pelo poder do Espírito Santo, para a realização consciente da vontade do Deus dos Exércitos, Elohim Sabaoth.
“Todo aquele. que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora” (Jo 6,37). “eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,40b).
A Fé pode ser viva se é operante em Deus, pode ser morta se não é operante ou, ainda que opere, não procede do amor de Deus. Neste último caso, ela não produz frutos de vida eterna.
4. O que é a fé viva?
É um dom de Deus que se fundamenta na palavra e no amor que nasce do conhecimento da palavra. Por isso, ela está também na sabedoria e na veracidade de Deus.
a) A Fé viva é dom – carisma – dado por Deus (I Cor 12,9).
b) A fé viva nasce da palavra de Cristo:
“Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo” (Rm 10,17).
c) A fé viva produz a viva esperança que se apóia no testemunho da palavra de Deus:
“Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus; para vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta para se manifestar nos últimos tempos” (I Pe 1,3-5).
d) A Fé viva é crer sem reservas e de forma incondicional:
“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e tua casa” (At. 16,31).
“Não sou digno de que entres em minha casa, basta que digas uma palavra e o meu servo será curado” (Lc 7,6-7).
e) A Fé viva é revestida da caridade do amor:
“mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada” (I Cor 13,2b).
f) A Fé viva é ainda modelo de conversão e de salvação. Quem a vive está em novidade de vida (II Cor 5,17) e em total disponibilidade nas mãos do Senhor.
A história do profeta Eliseu é um exemplo de fé viva. Ele era lavrador e estava no campo arando a terra, quando, segundo a vontade do Senhor, passou por ali o profeta Elias. Elias lançou sobre ele sua capa de profeta. Deixando tudo, Eliseu matou os bois e, fazendo um braseiro com a madeira do arado, cozinhou as carnes e distribuiu-as para alimentar o povo.
Ora, que significa para nós a atitude de Eliseu? Daquela hora em diante, ele era exclusivamente profeta do Altíssimo, Elyon. Não necessitava mais nem da terra nem dos bois, e muito menos do arado. Pela vocação, movida pela fé em Deus, passara a ser um homem de Deus, para Deus e para o seu povo. Já não se pertencia a si mesmo. (I Rs 19,19-21).
Outro exemplo de fé viva foram as atitudes de Simão Pedro, André, Tiago e João, que eram pescadores em plena atividade. Quando Jesus, passando à margem do Mar da Galiléia, lhes disse que os faria pescadores de homens (Mt 4,19), eles não titubearam:
“Pedro e André, imediatamente, deixando as redes o seguiram” (Mt 4,20).
“Tiago e João, imediatamente, deixando a barca e o Pai, o seguiram” (Mt 4,22).
Um terceiros exemplo de Fé viva foi o da vocação de Mateus. Ele se encontrava na coletoria, pois era cobrador de imposto, quando Jesus passou por ali e o chamou. Ele levantou-se e o seguiu (Mt 9,9).
A Fé viva é aquela que se incorpora ao centro da vida humano-espiritual e faz com que as nossas forças vitais, livremente, fortalecidas pelo dom do Espírito, nos leve ao testemunho da convicção firme e inabalável.
“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
“Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice, todavia não se faça como eu quero, mas sim como tu queres” (Lc 22,42).
05. O que é a fé morta?
É a fé que repousa sobre a terra e que não tem, por isso, o amor como fonte de esperança e revelação. Ela é totalmente impotente na área das obras da misericórdia, quer as corporais, quer as espirituais. A fé sem os ornamentos do amor torna-se incapaz de realizações que expressem a vontade do Senhor. E nem o pode, porquanto a lei é pelo amor (Rm 13,10), que conduz todas as coisas à perfeição (Cl 3,14), inclusive a , porque também é dom (I Cor 12,9).
Isto quer dizer que, tanto na área espiritual como material, tudo terá o toque de perfeição, a partir da caridade do amor de Deus. Assim como na Fé, também na vida; assim como na vida também na esperança; como na esperança nas obras da Fé (Tg 2,14).
Desse modo, se vivemos na esperança de algum bem celestial ou terreno, tal fé, se não estiver ordenada no amor, não trará conforto ao coração e, dessa forma, tende a desmoronar-se como miragem, muito antes que nos venha o sol brilhante e fecundo do amanhecer da vida.
Assim, se a Fé não tiver como centro o autor da vida, não for centrada no núcleo do coração como obra do Espírito Santo de Deus, ou se não estiver envolta nos laços da constante espera confiante, como a perseverança que produz virtude; ou ainda se não crescer no abandono de si mesma e na entrega incondicional no caminho da ordenação virtuosa do amor, certamente não terá suas raízes postas na graça de Deus, nem tampouco se alimentará da fonte das águas da vida. (Jo 7,37-39; Ap 22,17) .
É próprio do homem o crer e o ter fé, ainda que movido pela esperança em algum objetivo puramente terreno. Assim, mesmo quando diz que não crê em Deus, os elementos vitais, fontes da Fé, estão na vida do coração, embora latentes, pois o homem, além de ter vindo do eterno, foi de forma maravilhosamente estruturado para um vida exclusiva no amor de Deus.
A Fé é morta, quando morto estiver o coração do homem, em total desespero. Então já não existe mais nada, ainda que ele esteja fisicamente vivo.
06. A Fé como confiança.
A confiança é ornamento ou qualidade da Fé. Muitos dos pregadores nos exortam para que a nossa fé seja confiante... Da palavra de Deus nos vem o canto da vitória:
“Ponde a vossa confiança no Senhor vosso Deus, e nada tereis a temer” (Cr 20,20b).
“O Senhor é o defensor de minha vida, de quem terei medo?” (Sl 26,1b).
“Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13).
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31b)
07. A Fé com esperança.
A Fé faz crescer não apenas a confiança como também a espera perseverante. Tanto a esperança como a confiança e a perseverança formam o conjunto da Fé viva. A palavra de Deus nos ensina como devemos comfiar, esperar e perseverar sempre, com fé inabalável.
“Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirar” (Sl 36,5).
“Só em Deus repousa a minha alma, é dele que vem o que eu espero” (Sl 61,6).
“Por ele é que tivemos acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus” (Rm 5,2).
“Quanto a nós, é espiritualmente, da fé, que aguardamos a esperada da justiça” (Gl 5,5).
08. A Fé tem por objetivo crer em Jesus Cristo, o autor da vida (At. 3,15).
“Jesus Cristo disse-lhe: Se podes...! Tudo é possível ao que crê” (Mc 9,23)
“A Escritura diz: Todo o que crê nEle não será confundido” (Rm 10,11).
“O que crê e for batizado será salvo” (Mc 16,16a).
“Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6,47).
“Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (Mt 21,22).
No homem, o coração é a ponte que liga ao eterno. A razão estrutura a vida do coração, mas este possui aspirações que extrapolam a razão, mesmo porque, além de ser a fonte que incita os desejos do homem, ele exerce, por isso mesmo, um forte poder de persuasão nas decisões do intelecto.
Assim, como a Fé é doação e nos vem pelo Espírito de toda a ciência, os seus arcanos não podem ser alcançados, em grande parte, pela inteligência humana. Nesse sentido, a fé é vivida por virtude do Espírito Santo e pela razão. No entanto, na medida em que Deus nos capacita para vivê-la (II Cor 3,5), ela depende de nossa busca e entrega incondicional.
“Então procurarás o Senhor, teu Deus, e o encontrarás, contanto que o busques de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Dt 4,29)
“Procurar-me-eis e me haveis de encontrar, porque de todo o coração me fostes buscar” (Jr 29,13).
Como não gosto de dizer nada de mim mesmo, mas, principalmente, pelo Espírito Santo que inspira e revela através do dom do entendimento das coisas Santas, apóio-me na palavra de Deus para confirmar o exposto: “A nossa capacidade vem de Deus” (II Cor 3,5).
A teologia católica, que se baseia em São Tomás de Aquino, coloca a fé no pedestal do intelecto. Não me parece muito justo colocar sob a dependência da razão tudo o que vem de Deus ao alcance do homem.
Primeiro, porque nada podemos receber se não for concedido do alto (Jo 3,27; Tg 1,17). Segundo, porque Deus é infinito e nós somos finito. Assim, se a capacidade para viver e entender o infinito no finito não vier do infinito, não somos capazes de evoluir na fé nem em outro qualquer dom.
Tenho certeza que o teólogo não descartava a fé que se origina no dom de Deus, como a ciência, o entendimento, a sabedoria, o conselho, a fortaleza, a piedade e o temor de Deus. Esses dons são passivos da revelação, que, embora acolhida pela razão, excede a capacidade humana. Diríamos até que é uma outra razão, porquanto justa e misericordiosa. Embora dependa de nós, é força de Deus e virtude do Espírito Santo.
A nosso ver, a Fé como um ato da razão é sublime. No entanto, como dom que privilegia a razão e a supera na visão e na revelação da ciência divina e em suas definições, é por excelência o bem maior da vida, pois é penhor e garantia de vida eterna.
Ora, quem ler o capítulo onze da carta de São Paulo aos Hebreus, observará que, tanto o justo Abel como Raab, a meretriz, são riquíssimos exemplos de fé. Se a fé fosse apenas um ato da razão, certamente a história seria bem diferente.
A Fé, portanto, terá que ser exercitada por nós, como virtude teologal, como dom e carisma, através:
a) Caminho que é o Senhor Jesus Cristo.
“Eu sou o caminho” (Jo 14,6a)
b) Da verdade que é a palavra de Deus, o próprio Jesus revelado aos homens.
“Eu sou a verdade” (Jo 14,6b)
c) Da vida, o mesmo Jesus que é caminho e verdade de Deus.
“Eu sou a vida” (Jo 14,6c)
d) de Jesus, nossa certeza de chegarmos ao Pai (Jo 14,6d)
09. Qual é a Fé que nos salva?
São Paulo nos diz que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei (Rm 3,28).
Há um só Deus que justifica pela fé os circuncidados e que também pela fé justifica os incircuncidados (Rm 3,30).
Ora, o que são as obras da lei senão o cumprimento dos seus preceitos? Assim, toda lei tem obras, mas a Fé se apóia não somente no cumprimento dos preceitos legais, mas nos fundamentos da lei de Deus, que são a justiça, a misericórdia e a fidelidade, fundamentos maiores da lei.
Com efeito, a Fé verdadeira tem obras, pois, como nos exorta São Tiago, a Fé sem obras é morta (Tg 2,17). Desse modo, não há contradição entre os dois apóstolos. É necessário que as obras da lei sejam obras de justiça, isto é, de santidade. Obras da fé que salva.
,                                           QUESTIONÁRIO PARA REFLEXÃO E APROFUNDAMENTO
10. A Fé não é resultado do próprio esforço, mas dom gratuito de Deus. Somente este tipo de fé é autêntico. A fé não é emoção nem sentimento, mas engajamento pessoal com Deus.
Leia, copie e reflita do Cap. 3, o Vers. 27 do Evangelho de São João – Jo 3,27.
11. A Fé nos vem pela pregação, pelo conhecimento de Deus, que se comunica conosco para nos dizer algo e criar um compromisso com os homens.
Que diz a epístola aos Romanos – Cap. 10, Vers. 14 (Rm 10,14).
12. Em que cremos nós?

 
a) Cremos que a Bíblia é a palavra de Deus, escrita, infalível e inspirada. Cremos, por isso, em todas as verdades contidas na Bíblia.
b) Cremos que Jesus Cristo nasceu de Maria Santíssima e é o Filho de Deus.
c) Cremos que Jesus Cristo morreu por nossos pecados na cruz, que ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, que subiu para o lugar de onde viera, o céu, e que voltará novamente para julgar os vivos e os mortos, julgar o mundo.
d) Cremos no Espírito Santo, dinâmico e atuante no meio dos homens e, sobretudo, em seus corações.
e) Cremos na Igreja, fundada e amada por Cristo. Ela é uma, santa, católica e apostólica.
f) Cremos na nossa ressurreição e na vida eterna.
13. Copie, interiorize e medite o Cap. 11, Vers. 6 da Epístola aos Hebreus (Hb 11,6).
14. Conte um exemplo de algum fato que lhe aconteceu onde alguém tenha demonstrado ser uma pessoa de fé.
15. A fé é um dom do Pai, adesão ao Filho e ação do Espírito Santo em nós.Você conhece alguém que, em sua opinião, é uma pessoa de fé?
16. Que diz o apóstolo São Pedro na sua 1ª Epístola – Cap. 3, Vers. 15? (I Pd 3,15):
“Antes santificai em vossos corações Cristo, o Senhor. Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito” (I Pd 3,15b).
João C. Porto
Obs.: Este curso de introdução à Bíblia Sagrada se encontra na nossa Apostila – 1992.